Fanfic: S2 *ROSAS À MEIA NOITE* S2 vondy *( adptada)* terminada

- Dulce estava me roubando – murmurou, sem ânimo para qualquer explicação mais aprofundada da história.

- O que... o que disse?

Ao abrir os olhos novamente, Christopher deu de cara com um Jack pálido e assustado.

- Foi o que ouviu. Ela estava roubando peças da Estância, peças da mamãe que ficavam no grande salão, e vendendo para um negociante aqui da cidade.

Jack se mexeu nervosamente na cadeira:

- Você... tem certeza disso? – os olhos de Jack pareciam querer saltar.

- Eu vi com meus próprios olhos. Encontrei duas peças numa loja do centro.

- E que peças foram? – Jack apertou as mãos da cadeira em que estava sentado.

- Não vem ao caso, Jack. O fato é que ela roubou.

- E como sabe que foi ela? Ela disse isso?

- Acabou confessando. Não teve como negar diante da evidência que coloquei diante dela.

- Mas então ela disse que roubou tudo? – Jack se mexeu mais uma vez na cadeira; parecia incomodado.

- Eu comecei a sentir falta de algumas peças na Estância já faz algum tempo, Jack. Pensei que pudesse ser algum dos empregados... não imagina a minha surpresa ao ver a estatueta de mármore na vitrine de uma loja.

- Então o que ela roubou foi a estatueta? – Jack perguntou, mas parecia que estava falando consigo mesmo.

- E mais algumas coisas. Mas na loja eu só encontrei duas peças. Uma que eu nem esperava que estivesse ali... – o olhar de Christopher se fixou por instantes na marca da parede onde antes ficava o quadro, agora destruído graças a seu acesso de fúria.

- Bom, mas então... você deduziu que ela roubou todo o resto... foi isso?

Christopher voltou o olhar para Jack. Ele continuava nervoso, e parecia muito curioso em saber sobre as outras peças. Para tranqüilizar o irmão, Christopher balançou a cabeça afirmativamente:

- Sim, foi ela. Ela não precisou declarar que roubou um por um dos objetos para que eu soubesse. Foi ela.

Apesar de estar certo de que ela havia roubado todas as peças que haviam sumido, por um instante a cabeça de Christopher pareceu dar voltas estranhas... de fato só havia encontrado uma das peças da Estância na loja, a estatueta... o colar tinha sido um acaso, nem sequer fazia idéia de que ela pudesse ter vendido a jóia. Mas se lembrava muito bem de que o vendedor havia dito que um par de candelabros de ouro havia sido vendido... pela descrição eram os mesmos que ficavam sobre o piano no grande salão... mas Dulce não havia mencionado nenhum daqueles outros objetos... apenas havia dito que vendera a estatueta e o colar...

- Se é assim, é mesmo muito triste. Pensei que Dulce era perfeita para você - a voz de Jack arrancou Christopher daqueles pensamentos.

- Ela disse que agiu assim por causa do irmão – o conde se ouviu dizer – o menino estava doente e ela queria pagar um tratamento caro fora do país. E me escondeu a verdade todo esse tempo.

- Se foi assim mesmo não foi um motivo tão ruim – Jack ponderou.

- Você acha? – Christopher encarou o irmão, sério – Ela podia ter confiado em mim e pedido o dinheiro!

- Talvez. Mas se ela não disse nada deve ter tido seus motivos. Sua reputação não deve ter ajudado muito para que ela confiasse em você.

Por um instantes Christopher ficou apertando as mãos. Ela havia dito a mesma coisa... sua reputação, que ele sempre havia usado como uma forma de se proteger, poderia ter sido responsável por afastá-la dele? Por não permitir que confiasse?

- Ela chegou a dizer isso – ele confessou ao irmão.

- Bom, mas e agora? O que pretende fazer? – Jack quis saber.

- Mandei Gastão investigar a vida dela novamente. O incompetente não foi capaz de descobrir sobre a doença do menino, só espero que agora ele faça um trabalho decente! Fiz esta exigência na minha última conversa com ele.

- Você tem visto o Dr. Green? – Jack perguntou, quase atropelando as palavras.

- Fui ao escritório dele ontem e pedi que reabrisse a investigação sobre Dulce. E deixei bem claro que desta vez não vou admitir falhas.

Jack voltou a se mexer na cadeira, como se estivesse desconfortável:

- Melhor você deixar isso comigo. Agora que estou de volta posso continuar fazendo a ponte e tratando dos seus assuntos para você com o Gastão – Jack se ofereceu.

- Não. Eu mesmo vou cuidar desse assunto. E já me cansei de deixar tudo nas suas mãos, não estou inválido e ainda não morri! Enquanto estiver vivo quero cuidar das coisas como sempre fiz.

A declaração de Christopher pareceu deixar o irmão pálido outra vez.

- Tem certeza, Christopher? Eu posso te ajudar, para mim não tem problema. Não quero que você se incomode com essas coisas e...

- Já disse, Jack – o conde se levantou, decidido – Quero voltar a tomar conta dos negócios até o dia.... enfim, enquanto estiver aqui. Estou me sentindo bem e não vejo razão para me manter afastado das coisas.

- Acho que devia pensar melhor... – o protesto de Jack morreu ao ver o irmão se dirigir à janela, como se não o estivesse escutando; com um suspiro, ele mudou de assunto – E quanto a Dulce? O que pretende fazer?

- Nada – Christopher estava de costas, olhando para fora da janela – Ela foi muito inteligente... conseguiu engravidar.

- O que? – Jack agora se levantou – Isso é uma boa notícia, não?

- Seria... em outra ocasião – a voz de Christopher era baixa e apertada.

- Bom, era o que você queria. Se casar, ter um filho... – Jack murmurou.

Christopher sentiu o coração se apertar. Era tudo o que queria, o que mais queria nos últimos meses... meses em que havia descoberto em Dulce uma mulher encantadora, uma companheira para todos os momentos... mas agora nem sabia mais o que sentia.

- Eu quero ficar sozinho agora, Jack – ele pronunciou as palavras com um tom baixo, mas suficiente para ser ouvido pelo irmão.

- Eu já vou - disse Jack – Mas antes queria dizer uma coisa... Apesar de tudo o que você disse, de tudo o que deve estar pensando, acho que Dulce se apaixonou por você. É o que penso... – e dizendo isso ele se retirou.

Aquelas palavras apenas pioraram as coisas para Christopher. Seria possível? Dulce teria realmente se apaixonado por ele? Será que era assim tão óbvio que até seu irmão tinha percebido e ele não?

Fechando os olhos, respirou fundo, numa tentativa de ordenar a confusão de pensamentos. E sem querer, sem pensar, um sussurro apertado escapou de seus lábios:

- Dulce...

* fim do Capítulo Vinte *

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