Fanfics Brasil - Capítulo Único Bedtime (Kuroshitsuji)

Fanfic: Bedtime (Kuroshitsuji) | Tema: Kuroshitsuji


Capítulo: Capítulo Único

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As noites na mansão dos Phantomhive eram todas iguais. Primeiro, havia o jantar leve do Conde, recém-saído de seu minucioso banho, que acabava mais ou menos às 20:00, após uma deliciosa sobremesa doce e uma xícara de chá quente. Dirigia-se então para a biblioteca, se ainda estivesse com disposição para tal, e se rendia a uma leitura descompromissada e uma partida de xadrez com seu fiel mordomo.


Por fim, às 21:30, ele seguia para seu quarto e era preparado para dormir.


 


Era devidamente despido e tinha seu pijama colocado em seu corpo. Entrava debaixo das cobertas macias e retirava o tapa-olho incômodo. Posicionava-se da forma que preferia, fechava os olhos e escutava o suave "Boa noite" de Sebastian, seguido do som das velas apagando-se e dos passos do mordomo para fora do quarto. A porta se fechava e mais uma noite de sono se iniciava.


 


Ou era isso que todos pensavam que acontecia.


 


Por que decididamente o orgulhoso Ciel Phantomhive nunca admitiria que precisava de seu mordomo para dormir às vezes.


 


Mas era um fato. Todas às noites, lá estava Sebastian.


 


O que, de início era apenas um singelo pedido para que ele o velasse até o sono chegar, agora incluía o demônio em sua cama, abraçando-o com força e acariciando seus cabelos.


 


Tentava não se sentir culpado ou errado com aquilo. Não se sentia, na verdade. Aquele era o momento onde o pequeno Ciel, o que perdera seus pais tão cedo e passara por toda sorte de coisas cruéis, aparecia, com toda sua carência e inocência, altamente dependente daquele ser de olhos vermelhos.


 


Geralmente não falava nada, apenas abraçava o corpo do mais velho com força, como se ele pudesse de alguma forma ser tirado de si, e fechava os olhos. Não demorava muito para dormir após isso. A sensação de conforto, de calor humano (uma bela ironia. Humano era tudo o que Michaelis não era), sempre acabava por acalentá-lo.


 


Sebastian continuava ali por mais algumas horas após isso. "Para garantir que ele não irá acordar novamente" poderia responder caso alguém o perguntasse, mas alguém nunca o fez. Era uma mentira.


 


A verdade é que gostava de ficar ali. Gostava de observar o sono do menor, tão profundo e, por vezes, infantil. Ciel disfarçava-se de adulto, mas não passava de uma criança. Não inocente, não pura, mas uma criança.Escutava o ressonar delicado do menino, às vezes com um chiado incômodo, fruto da asma que possuía, e aquilo preocupava o outro quase que involuntariamente.


 


Demônios não se apegam uns aos outros, e muito menos, se apegam a humanos. Mas eles podem fascinar-se por eles. Encantarem-se por eles.


 


E nenhuma dessas palavras ainda conseguia descrever o que Sebastian sentia por aquele menino.Ter um mestre teimoso, infantil e mimado definitivamente não era o que Sebastian chamaria de contrato dos sonhos. Mas com uma alma suculenta daquelas...


 


Divertia-se, com Ciel. Gostava dos desafios em que ele o punha, gostava do brilho malicioso no olho azul quando ele lhe pedia algo praticamente impossível, e logo depois a revolta, ao ver que ele havia conseguido.Gostava de irritá-lo. Gostava de provocá-lo. Gostava dele.


 


E gostava ainda mais da forma como o garoto buscava esconder seus sentimentos por si. Como se ele não soubesse. Quantas vezes já não vira o rubor discreto nas bochechas do menor enquanto o banhava? Quantas vezes já não o ouvira murmurar o nome que ele lhe dera durante o sono? Ciel estava perdidamente apaixonado por ele, e sequer sabia.


 


Sebastian o deixaria perceber sozinho. Seria divertido, não é? E quem sabe não fosse promovido a amante secreto além de mordomo, talvez?


 


Lambia os lábios perfeitamente desenhados quando pensava nisso. Pensar que, talvez, pudesse desfrutar do corpo imaculado do menor...


 


Ainda não, lembrava-se. Ciel ainda era uma criança, e embora aquilo não lhe fosse empecilho algum, queria aguardar as ordens. Queria vê-lo implorar por seus beijos, clamar por seu corpo.


 


Esperaria o quanto fosse preciso para isso.


 


- S-sebastian... - murmurou seu jovem mestre, remexendo-se em seus braços.


 


Se fosse outro, talvez, suspirasse com aquela visão. A tão doce criança com os cabelos azulados bagunçados em ângulos estranhos e os lábios róseos entreabertos. Dormindo, parecia até um pequeno anjo.


 


- Durma, bocchan. Continuarei aqui com você até o amanhecer.


 


Um sorriso, talvez involuntário, desenhou-se no rosto infantil. Até o amanhecer. Ele nunca havia passado tanto tempo assim consigo, e mesmo não estando plenamente consciente, aquele fato o contentava.


 


Adormeceu de verdade outra vez, deixando Sebastian com seu divagar em relação ao menino.


 


O pequeno de alma suculenta de quem estava começando a gostar.


 


Gostar de verdade.


 


Oras, quem disse que demônios não podem amar?


 


Aquele ali, estava aprendendo.


 



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Autor(a): olivethehobbit

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