Fanfic: Era la musica - Portiñon/AyD | Tema: Rebelde, Lesbico

Me duele tanto ser solo un amigo

Cuando me muero por estar contigo

Quisiera ser una canción para tocar tu corazón

Quisiera ser, RBD

Assim que desliguei senti uma vontade enorme de ligar e pedir desculpas. Mas essa ligação tinha mexido comigo de uma maneira complicada. Pela primeira vez desde quando percebi que a amava tudo estava muito confuso para mim. Era como se antes bastasse Anahi estar lá, como se ela estivesse me fazendo um favor de estar ao meu lado, mas desde a minha conversa com Chris eu percebo que estava vendo a relação de uma maneira errada. Anahí é minha amiga e isso é recíproco. Não é um favor. Eu estou com ela e ela comigo, certo? Estamos aqui uma para a outra, uma pela outra e bom... Isso deve bastar pra mim. Deve e vai. Mas se eu pareço tão convicta em meu pensamento, por que meu coração insistia em me dizer o contrário?

Cheguei na Televisa com um óculos escuro que não permitia ver meus olhos. Dormi mal essa noite e com certeza as olheiras estavam aparecendo. Não podia deixar ninguém me ver assim, pois com certeza estava horrível. Fiquei a noite inteira pensando e, para ser sincera, não estou nem um pouco arrependida de ter feito o que eu fiz. Quer dizer... Um pouco, mas... Por qual motivo ela podia me pedir exclusividade? Caminhei em passos largos sentindo meu rosto se contrair, fechei a cara inconscientemente quando a vi conversando com Juan ao lado do camarim. Eles estavam bem próximos por sinal.

- Bom dia – disse mais por educação do que por tudo. Podia fingir que estava chateada por ontem. Não que eu fosse ficar assim por muito tempo, afinal, bastava um sorriso dela para toda minha raiva passar. Se querem saber: Tirando o fato de ter um homem pegando na cintura da mulher da minha vida, era isso que me incomodava. Não tinha mais controle sobre minhas ações, não perante a ela. Estava tão cansada de ser a durona, a protetora. Chris estava certo: Isso ia me matar. Afinal, apesar de responsável, dedicada e consciente... Eu ainda era uma pessoa.

- Oi minha ruivinha preferida – May disse ao me olhar – Nossa. Que bicho te mordeu?

- Oi morena – sorri pra May, mesmo que ainda tivesse um leve aperto no peito. Sabem? Aquela dorzinha que não vai embora. Eu não estava de fato chateada com ela, era mais comigo. Pensamento, pensamento, pensamento. Quando vou ficar em paz? – Estou cansada May, essa semana está sendo bem cansativa, né? – Tentei mudar de assunto que, como eu esperava, foi bem recebido por May.

- Nossa, nem me fale. Esse final de novela está no mínimo... Intenso, né? Pelo menos final de semana será livre. – Ela sorriu trocando de blusa. May tinha um corpo fenomenal, mas apesar disso tudo, nunca tinha a olhado com outros olhos. Reparei em seu colo, busto, seios, barriga. Era atraente, diga-se de passagem, porém nada que me fizesse acender – Você está olhando meus peitos? – May disse incrédula.

- Que? – Eu disse assustada, não esperava ter sido pega no flagra. Não estava a olhando com desejo, mas meus olhos estavam olhando para um lugar bem chamativo. Comecei a gaguejar qualquer coisa. – May. Não. Eu... Que... Não... Claro. Ér, olhando? -  

- Calma Dulce – ela disse rindo muito – só estava brincando. Deixo você me admirar, ok? Mas eu namoro, não esquece – começou a rir mais ainda. Soltei umas risadas sem graça, mas logo seu riso me contagiou. Acho que foi o alívio tomando conta de mim, mas caí numa gargalhada tão gostosa.

- Idiota – joguei uma toalha nela enquanto ríamos.

- Dul? Podemos conversar? – Estávamos rindo tanto que nem percebemos Anahí entrar. Eu não sei por qual motivo, mas assim que ouvi sua voz meu corpo travou. Não consegui virar para ela e nem expressar nenhuma reação, sentia que a estava traindo. Cômico, não? Meus músculos estavam até doendo de tão contraídos. May nos olhou percebendo um clima estranho. O riso morreu no ar e um silêncio constrangedor surgiu.

- Bom... To indo. Beijos – May saiu apressada – ér... Cabelo – apontou para os cabelos que deveriam ser escovados para a Lupita. Fechou a porta e só assim consegui virar para Anahí. Senti o ar escapar de meus pulmões e o oxigênio voltar. Será que ela ouviu algo? Meu primeiro pensamento foi soltar um “não é nada disso que você está pensando”. Nós olhamos por um momento.

- Dul? – Ela insistiu. Olhei para os lados e até consegui achar graça dessa situação. Logo eu, que não queria dramas, estava aqui “brigada” com minha melhor amiga sem nem saber o motivo de fato. Aliás, sem ela nem saber o motivo. O quanto terei que sacrificar de nós para salvar tudo? Dulce. CHEGA.

- Quer marcar hora? – Tentei ser engraçada. Podia tentar evitar o assunto e fingir que nada aconteceu, certo? – Ela me olhou avaliando meu humor. Ergueu uma sobrancelha como sempre faz quando está desconfiada. – Tanta formalidade para falar comigo – sorri de lada sem graça. Esse olhar dizia uma coisa: Estou te avaliando. Isso me tornava transparente e transparente eu tinha medo de demonstrar tudo que eu sinto por ela, afinal, é tão puro, tão intenso, tão real... Só não ver quem não quer e, acreditem, Anahí não queria.

Os olhos claros continuavam me fitando e eu estava ficando realmente sem graça. Anahí nunca me olhou tão profundamente. A cada minuto sentia que ela tirava um pedaço da minha alma. Ela estava me despindo e isso não poderia ocorrer, ela não poderia descobrir. Seus lábios se abriram lentamente, mirei sua boca com intensidade. Puro reflexo de seus atos. Meu coração acelerou quando vi sua língua passar pelo lábio inferior lentamente para logo em seguida seus dentes o morderem. Leve, com calma e leveza. Observei sua respiração ficar descompassada, seu peito subia e descia rapidamente. Voltei a mirar seus olhos e vi aquilo que mais me doía: Lágrimas. Antes que eu pudesse tomar qualquer medida sua voz frágil chegou até mim

- Não aguento te perder, Dul. – Seus olhos agora estavam fixos no meu, as lágrimas brotavam de seus olhos sem querer disfarçar. – Eu não sei o que te fiz, como te magoei. Mas... Eu peço desculpas. Eu só – engoliu um pouco as palavras – só fiquei com medo de te perder.

Senti meu peito se inflar e meu ego subir. Quantas vezes podemos ouvir isso da pessoa que sabemos ser o amor de nossas vidas? Me emocionei. Senti meus olhos esquentarem e lágrimas brotarem de meus olhos. Eu queria ser para Anahí o céu, queria ser quem ela pensasse em primeiro lugar, queria ser o seu amor. A declaração era de amizade e isso eu sabia. Tinha em mente isso. Tinha certeza que o que Anahí sentia por mim era a mais pura e sincera amizade. Eu deveria me emocionar, de fato.  Eu só deveria seguir em frente para encontrar alguém que preenchesse o buraco do amor. Ao fim, sua amizade deveria sim me bastar.