Fanfic: Era la musica - Portiñon/AyD | Tema: Rebelde, Lesbico

Ei meninas, tudo bom? Então, apenas um recadinho rápido: Peço desculpa pela demora da postagem. Não pretendo abandonar a fic, mas eu tenho algumas crises de existencia e as vezes tudo fica desnimado pra mim. Peço a paciência de vocês e o apoio. Obrigada a todas que estão comentando, isso dá muito apoio para que eu continue postando.

Se vocês puderem deixar sempre um comentário eu agradeço muito!

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Sálvame del olvido, sálvame de la soledad

Sálvame del hastío, que estoy hecho a tu voluntad

Sálvame, RBD

Acordei no dia seguinte mais cedo que o habitual, pois ainda tinha que passar em casa e me aprontar para ir a televisa. Deixei um anjo loiro dormindo na cama e, acreditem, essa foi a parte mais difícil. Ainda bocejando, fui dirigindo até minha casa. Os pensamentos da noite passada começando a me atormentar. Ela estava ficando com alguém e isso deixava meu coração descompassado. Quando estamos sozinhas, sinto um ar diferente, quase como mágica, quase como se não dependêssemos de mais nada, mas logo vem o banho de água fria. Sabe o dia ensolarado após a chuva? Eu via a chuva após o dia ensolarado. Ela estava saindo com alguém e eu não podia fazer nada para impedir, não podia nem ao menos demonstrar a minha insatisfação.

- Droga – Disse enquanto passava a mão no rosto limpando as lágrimas que desciam livremente. Nesse momento, me permitia cair. Eu estava sozinha e só assim meus sentimentos afloravam. O que não tornava tudo mais fácil. Era frio demais, angustiante demais, doloroso demais passar por tudo isso sozinha, mas eu não podia contar a ninguém. NUNCA.

Cheguei até minha casa com um gosto amargo na boca, um aperto no peito. Suspirei, entrei em casa e olhei as mensagens na minha secretária eletrônica. Nada demais, apenas convites para eventos, agenda e essas coisas. Não estava com cabeça para isso agora.

Tomei um banho rápido e fiquei me olhando no espelho. Eu era muito expressiva e nesse momento minha expressão era de pura tristeza, as olheiras contribuíam para esse feito. Não dormi nada bem. Era claro que não ia deixar Anahí dormir fora da cama dela e, então, dormimos juntas. Nós dormíamos abraças, mas naquele momento eu só queria ficar com meus pensamentos. Não consegui descansar nem um pouco, pois assim que ela apagou ao meu lado a tristeza tomou conta. Ainda fiquei pensando na minha falta de controle perto dela. Encostei a testa no espelho.

- Não posso perder o controle, não posso – senti mais algumas lágrimas descerem

[...]

- Dia Candy – Chris disse me dando um beijo na cabeça. Ele me apertou em seus braços como se eu precisasse daquilo, aliás, como se ele soubesse que eu precisava daquilo. Não estava disfarçando muito bem? Respirei profundamente enquanto me aconchegava em seus braços.

Sentia meu corpo fraco, meus braços pendiam para baixo como um peso, meu andar era descompassado. Eu não conseguia mais disfarçar e isso ficou bem claro para mim hoje: Meu humor estava péssimo. Normalmente, eu andava cheia de sorrisos pela televisa, saltitante, por mais que meus sentimentos estivessem destroçados, mas dessa vez não conseguia controlar minhas emoções. Eu estava me sentindo sozinha, apesar de mil pessoas me cercando.

Porque a ideia desse cara me desagradava tanto? Pensei numa pausa faz gravações. Era só mais um carinha com quem Anahí saia. Era só mais um carinha que saia com o amor da minha vida. Olhei para cima desesperada pedindo aos céus meu autocontrole de volta. O quanto pode suportar um coração? Sinto que não muito, pois estou quase explodindo.

[...]

- Dulce! Concentração – Pedro gritou irritado por eu ter errado a fala mais uma vez. Minha vida fora da novela nunca me atrapalhou e isso estava me deixando cada vez mais irritada. Eu não estava suportando mais. Sentia meu rosto esquentando cada vez que eu era chamada atenção. Pedro estava certo, é claro, o que me irritava era eu mesmo.

- Pedro, posso dar uma pausa? – Disse chorosa. Ele me olhou avaliativo, com certeza tentando ler minha mente. Suspirei exausta quando ele confirmou. A novela estava chegando ao fim e eu gravava muitas cenas com Anahí, mas parece que o universo não era tão ruim assim, pois hoje quase não a vi, ainda bem.

É uma sensação esquisita. Ao mesmo tempo que não estou suportando vê-la eu sei que ela é a única que pode curar essa dor. É como se eu a quisesse, mas não quisesse ao mesmo tempo. Estou surtando, com certeza.

- Dul... – Ucker disse me oferecendo um copo d’água. Sua expressão era tão preocupada, tão sincera que eu quase chorei em seus ombros. Agradeci dando um sorriso fraco. – Se você precisar de algo...

Concordei com a cabeça tomando um gole. Estava cansada de pensar, cansada de analisar, cansada de esconder, cansada mentalmente e fisicamente. Deus, vou explodir. Massageei minha têmpora suspirando mais uma vez. Era como se várias vozes estivessem em minha cabeça, mas não estava ouvindo nenhuma. Meus pensamentos viam a todo instante, descontrolados, minha vontade era de gritar, chutar, bater. Vou enlouquecer.

- Ar... Preciso de ar – disse respirando fundo, sentindo o ambiente ficar mais fechado. Fui tomando pequenos goles indo em direção ao ambiente externo. O ar estava mais pesado ou eu estava com problema?

Andei até um lugar vazio e me encostei na parede. Nesse momento tentei apagar todos os pensamentos da minha mente. O ar realmente estava mais pesado. Tentei me restaurar, mas a cada instante o ambiente parecia se fechar mais, o mundo parecendo sumir ao meu redor. Olhei para o céu começando a ficar desesperada. Senti lágrimas molhando meu rosto, caindo livre sem que eu tivesse nenhum controle. Estava tão cansada de segurar.

- Dulce? – Ouvi a voz do Christian invadindo meu pensamento. Mas algo parecia querer que eu não me mexesse. Tentei respirar novamente, as lágrimas caindo com mais vontade, meu desespero aumentando. – Dulce, fala comigo – O desespero dele estava me deixando pior. Eu soluçava livremente. Meus olhos se encontraram com os deles. Continuei chorando agora sem querer disfarçar, eu não aguentava mais esconder. Precisava de alguém. O mundo me engolindo cada vez mais, minha vista ficando embaçada, os soluços aumentaram tornando a respiração ainda mais difícil.

E então.... Eu senti o calor do corpo de Chris. Ele me abraçou forte, me protegendo do mundo. Foi como se um anjo tivesse me tirado da escuridão. Seu corpo me ergueu do chão, me abraçando mais forte.

- Eu estou aqui Dul. Eu sei o que você está passando – ele sussurrou em meu ouvido – Não deixe isso te engolir – me apertou mais, de forma carinhosa – Ela precisa saber. Você precisa soltar isso! Vai te matar

Não questionei como ele sabia. Onde eu havia falhado? Não me importava. Me importava somente o carinho que aquele abraço me transmitia. O abracei mais forte permitindo as lágrimas saíssem com mais facilidade

[...]

Christian conversou com Pedro sobre meu estado que, preocupado, parou a gravação. Anahí e Poncho estavam fazendo uma externa nesse dia, por isso, ainda não havia encontrado os dois. Uma boa parte do pessoal se encontrava nas lanchonetes ao redor e espalhados pelo pátio. May e Ucker ficaram um pouco com a gente, me dando apoio, mesmo sem saber o motivo, porém, naquele momento, tudo que eu queria era conversar com Christian.

- Então... – Ele me disse, bebendo um gole do suco e me observando atento.

Contei tudo para ele. Desde quando me percebi apaixonada, até o que me fez chorar escandalosamente hoje. Contei meus medos, objeções, receios, desesperos. Desabafei como nunca na minha vida, despejei tudo sem ao menos respirar. Ao ser questionada sobre minha sexualidade fiquei meio receosa, nunca tinha pensado nessa situação como: ‘ual, sou lésbica’. Por esse motivo, fui meio rude:

- Christian, se você tem algum preconceito não me imp...

- Sou gay – ele disse, bebendo um gole do suco calmamente. Eu parei de falar nesse instante e minha boca se abriu sem que eu permitisse

- O que? – Disse ainda impressionada e um pouco chateada, é verdade. Eu e Chris sempre fomos muito amigos e não saber dele me deixou um pouco cabisbaixa.

- Sou Gay. Dul, eu te vi se afastar de tudo e de todos pela Anahí. Suspeitei disso a muito tempo. O modo como olha para ela, como a trata... Isso vem desde muito tempo. Nos conhecemos a quanto tempo? É lindo o que você sente, mas eu vi você se destruir por conta disso. Você se colocou em uma máscara e uma bolha. Esperei esse tempo todo, pois tinha que perceber isso sozinha - Abaixei a cabeça envergonhada, ouvindo suas palavras. Chris não dizia em tom de briga, mas pude notar um tom chateado no fundo da sua voz. Suspirei parando para analisar a situação, Chris, percebendo, me deu um tempo na fala.

Sim, éramos amigos a muito tempo. Fizemos vários projetos juntos, éramos próximos. Eu o amava. Fercho, a muito tempo, fora meu confidente. Olhei para ele admirada, o que eu havia perdido? O quanto de mim se perdeu nesses anos? Tentei lembrar de nossa última conversa como amigos e fiquei chateada comigo mesma percebendo que a anos não dedico a minha vida a outros amigos. Tudo bem que Anahí era o amor da minha vida, mas, do modo como estamos hoje ela é somente minha amiga. Melhor amiga, é verdade, mas não única.

- Não se culpe Dul – ele disse acariciando meu rosto – cada um tem um jeito de lidar com isso. Somos novos, famosos e carregamos um peso enorme – ele sorriu, meio triste

- Me desculpe Fercho – disse sincera, apesar de não saber o que dizer realmente. Ainda tinha muitos pensamentos me cercando, mas me sentia mais calma.

Passei tanto tempo crendo que Anahí era a única que podia me tirar da escuridão que esqueci que os anjos aparecem em nossas vidas de várias formas.