Fanfic: MiniWeb - Aqueles Olhos Verdes. (AyA) TERMINADA!

À uma e meia, Anahi deixou a redação. Lanbridge era na verdade pouco mais do que um subúrbio de Witherton, um vilarejo dominado pelas altas torres da igreja do século XVII, onde Lionel Rodriguez se casara com Linda Herrera.
Estacionou diante da igreja no exato momento em que os sinos bateram duas horas. Depois de ver a casa, faria uma visita à igreja, resolveu. Sem- dúvida, aprenderia um pouco mais ali sobre a família Herrera, vendo as inscrições gravadas na pedra de que o pai de Alfonso falara.
O vento suave da tarde sacudia as altas copas das árvores quando caminhou, sozinha, pela estradinha estreita que levava à propriedade, às margens do rio.
Os enormes portões de ferro estavam abertos. Entrou e seguiu pelo caminho sombreado de rododendros até a casa construída em pedra, no início da era vitoriana.
Havia um pequeno carro estacionado em frente à porta e imaginou que Audrey Ramsbotham já havia chegado. Bateu duas vezes. Uma mulher alta, vestida de negro, abriu a porta.
—  Sou Anahi Portilla. Conversamos pelo telefone hoje de manhã e você disse que eu podia vir ver a casa.
A outra sorriu, amigável.
— Oh, sim. Sou Audrey. Entre, por favor. Estamos esperando o sr. Herrera. Ficou de vir, assim que terminar o almoço em sua homenagem, na Prefeitura.
—  Bem, então é melhor eu não entrar. Não quero incomodar.
—  Não é incômodo nenhum. Essas coisas demoram,  e ele não deve chegar antes das três e meia. Talvez eu possa lhe dar algumas informações sobre a família. Conheci Linda Herrera, quando menina. Frequentamos juntas a mesma escola de equitação. Gostava muito dela e estou ansiosa para conhecer o filho.
Hesitante, Anahi entrou no hall de mármore, dominado por uma escada. O sol entrava pelas altas janelas de vitrais coloridos, dando ao ambiente uma aparência fantástica.
—  Não faz muito tempo que Daniel Herrera morreu, e tudo ainda está exatamente como ele deixou — disse Audrey.
Abrindo uma pesada porta de correr em carvalho trabalhado, levou Anahi para uma espaçosa sala de visitas, onde a peça mais bonita, que logo chamava a atenção, era uma imensa lareira de ferro e mármore branco.
—  Providenciei ontem para duas mulheres limparem tudo, de modo que o sr. Herrera vai encontrar a casa arrumada como nos velhos tempos. Parece que elas fizeram um bom trabalho. Não é fácil polir peças tão trabalhadas como as daqui. Verdadeiros tesouros da época vitoriana, como você vai ver.
Passaram de uma sala à outra e então subiram ao segundo andar. Anahi tomava notas num caderninho e fez algumas perguntas sobre Linda Herrera.
—  Lembro que havia um retrato dela aqui em cima, em um dos quartos — respondeu Audrey, abrindo uma porta. — Sim, é aqui   mesmo, veja.
Entraram num quarto na parte de trás da casa, que dava para o rio e a ponte.
—  Não era uma beleza? Tinha um cabelo lindo. — A mulher parou diante de um quadro e Anahi levantou os olhos para a pintura.
Era uma jovem mulher, vestindo roupas de montaria: muito alta, muito esbelta, muito elegante.
—  Tinha só dezoito anos, quando casou com Lionel Rodriguez — informou Audrey. — Ele era vinte anos mais velho e um homem de negócios riquíssimo e respeitado no mundo inteiro. Claro que o casamento foi um arranjo financeiro entre as duas famílias, um meio de Daniel Herrera sair de grandes dificuldades financeiras. Fico imaginando se ela terá sido feliz.. .
Ouviram uma voz de homem em alguma parte no primeiro andar da mansão.
— É Arthur — disse Audrey. — Continue olhando tudo por aí, enquanto desço para ver o que ele quer. Se quiser perguntar alguma coisa, estou à disposição. Ficarei contente de lhe dar todas as informações sobre a família.
Saiu do quarto e desceu. Anahi deu mais um olhar para o lindo e enigmático rosto de Linda. Stacey era muito parecida com a mãe, com a diferença de que, nela, a felicidade era evidente.
Subiu outro lance de escada. Era uma água-furtada, dividida em três pequenos quartos, obviamente antigos aposentos dos criados. No fundo de um deles havia uma porta. Anahi abriu, curiosa, e descobriu uma escada estreita, de degraus de madeira, construída na pedra viva. Imaginou que devia levar à cozinha e era reservada aos criados, que não usavam a escada principal.
Fechou a porta e desceu para o segundo andar. Não havia muito mais que desejasse ver. A casa era imensa e muito mobiliada, com uma atmosfera um pouco depressiva mesmo, e achou melhor ir embora, antes que Alfonso chegasse.
Quando chegou no alto da escadaria que dava para o hall ouviu vozes. Olhando para a entrada, sentiu um aperto no coração, ao ver o brilho de uma cabelo negro. Alfonso estava parado no meio do hall e conversava com Audrey. Um Alfonso diferente do que conhecera nas Bahamas, vestido elegantemente, como um homem de negócios.
Audrey veio na direção da escada e ele a seguiu, sempre conversando. Quando subiu o primeiro degrau, olhou para cima, e Anahi deu um passo atrás. Devagar, recuou pelo corredor acarpetado: se chegasse ao fundo da casa sem ser vista nem ouvida, poderia descer pela escada da água-furtada e escapar pela cozinha.