Fanfic:  Uma Babá em Minha Vida - AyA | Tema: AyA Ponny CEO Romance Hot

Entro no meu quarto e tento com todas as minhas forças não bater à porta com força como uma criança birrenta. Penso em Faith dormindo no quarto da frente e me contenho. Seria só uma pequena revolta, mas tudo bem, existem outros modos de me rebelar contra Alfonso.

Encosto minha testa na porta, pensando nas palavras de Alfonso. Tudo que eu queria era dizer que o compreendia agora, que poderia esperar o tempo dele. Kit me fez enxergar tudo com outros olhos e eu realmente quero ser uma pessoa melhor por ele. As lágrimas queimam meus olhos, mas eu seguro. Não vou chorar por isso, já passei por tanta coisa na minha vida, que isso é o de menos.

Jogo meus saltos em qualquer lugar pelo chão e sigo direto para o banheiro, largando minhas roupas pelo chão. Precisava esfriar a cabeça, antes que fizesse uma loucura, tipo ir atrás do Poncho. Ele tinha um pouco de razão em ficar preocupado, mas não precisava desse drama todo. Eu fui criada em um dos bairros mais perigoso de NY, andava sozinha o tempo todo quando criança e adolescente. Sei muito bem me defender quando preciso. Não me safei do meu último cliente por mim mesma? E olha que nem precisei estar nas ruas para que o ataque acontecesse. Graças a Deus me contive em dizer que Kit tinha me ajudado a ver as coisas de modo ângulo, se não Alfonso ia literalmente comer meu fígado.

Me encarei no espelho e o que vi foi o reflexo de uma mulher triste, perdida, solitária. Minha luz estava sumindo por causa de um homem que ainda amava outra mulher. Molhei me rosto com a água gelada da pia e me encarei novamente. Eu tinha mesmo muito azar, já que esse era para ser o dia mais feliz da minha vida. O dia em que eu finalmente começaria a ter uma família de verdade, oficialmente.

Eu amava Alfonso, amava com todas as minhas forças e tão perdidamente que estava me perdendo por ele. Eu esperaria mais um pouco, amanhã seria um novo dia e iríamos conversar tranquilamente. Me lembrei do convite de Kit, será que seria certo eu ir encontra-lo? Ainda não tinha decidido, tomaria essa decisão amanhã depois da minha corrida matinal.

Corrida...Peso.... Emagrecer.

Me lembrei de todo excesso de comida durante o jantar e me senti mal de novo. Sem pensar duas vezes, me agachei ao lado do vaso e automaticamente meu indicador foi direto para a garganta. Faziam alguns dias que não vomitava, estava até me sentindo bem, me aceitando. Mas toda essa confusão com Alfonso me deixou mal novamente e eu não aguentei. Convulsionei para fora toda a comida do dia que havia consumido. Agora sim havia deixado as lágrimas contida serem derramadas. Me encostei na borda do vaso, percebendo o quanto eu era patética.

Passei minha mão pelo meu rosto e vi que minha maquiagem estava borrada. Puxei meus joelhos contra o meu corpo e abracei minhas pernas. Tentei conter meus soluços, para que Alfonso não conseguisse escutar caso viesse atrás de mim. Não queria que pensasse que isso era por ele, infelizmente era por mim mesma. Eu era totalmente estragada, como poderia pensar que ele me amaria? Que iludida...

Outra onda de enjoo me tomou e novamente me agarrei ao vaso, mas dessa vez só suco gástrico. Eu estava suando depois de alguns minutos e engatinhei até o armário da pia, em busca de uma toalha de rosto. Ouvi batidas na porta e congelei.

- Oh merda...- falei baixinho, molhando a toalha e passando pelo meu rosto.

- Any...Vamos conversar? Está tudo bem? – Ouvi a voz de Alfonso, abafada pela porta. – Pensei ter ouvido algum som estranho vindo do seu quarto.

- Eu estou bem, só preciso ficar um pouco sozinha. – Me levantei e molhei novamente a toalha, passando delicadamente por todo meu rosto.

- Tem certeza? Porque parecia que você estava vomitando. – Insinuou e ouvi a fechadura girar. – Ok, entendi. Você quer ficar sozinha. Mas olha, irei fazer um chá e já volto aqui.

- Não precisa, já disse que estou bem. Deve ter sido algo que comi no jantar. – Rebati, tentando fazer com que desistisse. Deixei a toalha de lado e caminhei até a porta, tocando-a suavemente.

Me sentia fraca e debilitada, e mesmo depois de toda aquela discussão, ainda queria Alfonso perto de mim. Queria que ele cuidasse de mim.

- Não, eu já volto. Tome um banho e deixe a porta aberta. – Ouvi seus passos se afastando e deixei a porta encostada como pediu.

Corri para o banheiro e dei uma limpeza rápida no vaso sanitário, escovei meus dentes duas vezes, me certificando de que o gosto amargo houvesse saído totalmente. Tomei banho um banho gelado, ainda estava trêmula, mas os anos me fizeram aperfeiçoar minha técnica. Não digo isso com orgulho.

Assim que sai do box, enrolada em meu roupão felpudo rosa, vi Alfonso sentado na beirada da cama, ainda vestido com a roupa que fomos jantar. Havia uma bandeja de prata na minha mesa de cabeceira e uma xícara de chá fumegante repousava sobre ela. Apertei meu roupão contra o meu corpo, tentando de alguma forma me proteger por puro instinto. Alfonso levantou a cabeça e me olhou nos olhos. Ele estendeu a mão e eu fui ao seu encontro. Tentei sentar ao seu lado, mas ele me puxou para o seu colo. Fechei os olhos quando ele passou o dorso de sua mão pelo meu rosto com carinho, me inclinei em sua direção.

- Está melhor?

- Sim, está tudo bem. Já disse...

Ele não parecia muito convencido da minha resposta, e não seria eu a tentar continuar essa conversa.

- Você me deixou tão preocupado, Any. Me desculpa se me excedi tanto com você, não queria que brigássemos logo hoje. – Ele segurou minha mão e acariciou meus dedos. Eu permaneci calada, o olhando. Já falei tudo que estava entalado em minha garganta, agora era sua vez.

- Eu entendo, mas você não precisa se preocupar comigo Poncho. Cresci praticamente sozinha nas ruas da periferia, nunca tive ninguém se preocupando comigo, aliás, nunca precisei. – Falei com um pouco de orgulho na voz. A verdade era que doía nunca ter tido alguém que se preocupasse comigo. Depois que cresci, só a Dulce fazia isso. Mas já estava desacostumada com esse tipo de carinho.

- A questão não é se você precisa, a questão é que você tem alguém que se preocupa com você. Eu preciso de você... – Ele encostou sua testa na minha, ainda com uma mão tocando o meu rosto. Senti sua respiração ofegante tocando meu nariz.

- Você me magoou essa noite. Muito.

Ele fechou os olhos e suspirou rasamente. Me olhou novamente em meus olhos, parecia procurar algo lá. Tentei pensar no amor que eu sentia por ele, por Faith. Não me passou desapercebido que ele disse que precisava de mim e não que me amava. Eu não seria a primeira, ainda tinha um pouco de orgulho.

- Eu sei e peço perdão por isso. Quero que tudo fique bem entre nós bebê. – Sua mão deslizou pelo meu pescoço, segurando minha nuca. Senti um comichão na barriga e praticamente ronronei em seu colo. Com a outra mão, ele alisou meu joelho por debaixo do roupão. – Quero me casar o mais rápido possível com você, o que acha? – Murmurou, quase encostando seus lábios nos meus.

Nesse ponto já não conseguia pensar em mais nada. Ter Alfonso tocando várias zonas sensíveis do meu corpo ao mesmo tempo estava me deixando louca. Qualquer coisa que ele me pedisse, eu daria.

Sim, eu tinha chegado no fundo do poço por um cara.

-Eu te perdoo. Me perdoe também, fui muito grossa com você. Mas não me trate assim de novo, na frente de ninguém. Sou sua noiva e espero ser tratada como tal. – Falei, enquanto tentava sair da névoa de luxuria que ele me envolveu. Ele apenas afirmou com a cabeça, por enquanto serviria.

- Então, o que acha de semana que vem? Algo só nosso, bem íntimo, só os amigos. – Comentou, ainda me excitando. Seus dedos se arrastavam por dentre meu cabelo e eu inclinei a cabeça para trás, com os olhos fechados.

- Algo íntimo? Só amigos? Eu pensei que poderíamos fazer algo um pouco maior... – Sugeri, ainda de olhos fechados.

- Desculpe se eu soar um pouco rude, bebê. Mas meu primeiro casamento foi muito grande, com muito glamour. Cedi todos os desejos de Valentine e não quero repetir. Você sabe que a imprensa logo irá descobrir e não quero eles fazendo comparações em cada capa de revista do país... – Explicou, com um tom de voz duro.

Eu queria tanto um casamento grande, véu e grinalda. Queria entrar andando pelo corredor da igreja, ao som da marcha nupcial. Eu merecia isso, por tudo que eu já passei, eu merecia. Mais do que merecer, eu queria. Mas por Alfonso, eu abriria mão desse sonho. Por que no final o que importava mesmo era estar do lado dele e de Faith. Se eu não tivesse me apaixonado, realmente faria um escândalo ali agora nos braços dele. Não aceitaria menos do que merecia. Mas mais uma vez, eu abriria mão do que queria porque eu o amava.

Abri meus olhos e enrosquei meus braços ao redor do seu pescoço. Sorri timidamente e assenti com a cabeça. Ele me pareceu um pouco surpreso e desconfiado, o que estranhei. Não era isso que ele queria afinal?

- Você então concorda em algo pequeno? – Perguntou para confirmar, com o cenho franzido.

- Claro que sim. O que importa é que no final do dia eu serei Anahí Herrera, casada com o homem mais lindo de NY e madrasta da coisa mais lindinha do mundo. – Abri um enorme sorriso e Alfonso sorriu também, mas não parecia tão verdadeiro assim. Será que havia falado algo errado?

- Você só precisa se preocupar em me passar o contato dos seus amigos e cuidar de Faith. Eu providenciarei o resto. – Concluiu.

- Como assim? Eu não vou poder escolher o meu vestido? Cabelo? Sapatos? – Perguntei, ainda confusa.

- Não, não se preocupe com isso querida. Eu providenciarei o que você merece, fique tranquila...- Desfez o laço do meu roupão lentamente e empurrou uma parte dele para fora do meu corpo. Arrepiei com seu toque na minha pele nua e mordi o lábio.

A mão de Alfonso desceu do meu pescoço para o meu colo, até chegar em um dos meus seios. Sua mão deixava um rastro quente por onde passava e eu estava derretendo como barro em suas mãos. Era isso que ele sempre fazia comigo. Ele me moldava da forma que queria somente de me tocar.

Agarrei um punhado de seu cabelo quando senti o bico do meu seio apertado entre seu polegar e indicador. Ele se aproximou com a boca e o sugou, mordiscou até chegar no limite do prazer e da dor. Ronronei novamente e segurei seus braços com força, me agarrando a ele.

- Eu queria muito, muito mesmo, terminar o que estamos fazendo agora. Mas a questão é que, você ainda está mal pelo que comeu mais cedo. Então vou ficar aqui com você, me assegurando de que você tome todo seu chá e durma. Não quero que trabalhe amanhã, quero que descanse. – Me colocou sentada na cama, com várias almofadas atrás. Se afastou com dificuldade e eu ainda respirava rapidamente. Ele estava me deixando totalmente confusa nessa altura do campeonato.

Antes que eu pudesse rebater, ele colocou a xícara nas minhas mãos.

- Tome tudo, vai acalmar o estômago. – Ele sorriu e empurrou a xícara nas minhas mãos, me incentivando a tomar o primeiro gole.

Continuei o observando à medida que engolia o líquido cor de âmbar. Me senti muito culpada por ele estar cuidando de mim quando eu claramente não merecia. Eu havia causado aquilo, eu havia forçado. Não era culpa da comida se eu tinha um distúrbio estúpido fodendo com a minha cabeça de merda. Mas Alfonso não sabia e eu não tinha coragem o suficiente para admitir na sua cara.

A única coisa que conseguia admitir, era que eu era uma pessoa bem fodida e egoísta demais para me afastar dele e de Faith.

Suspirei assim que terminei de beber tudo, Alfonso parecia satisfeito. Ele resolveu levar a bandeja para a cozinhar e tomar um banho rápido, para voltar a ficar do meu lado novamente. Assim que ele saiu do quarto, vi a hora no celular. Era bem tarde, mas eu sabia sobre os hábitos de Dulce nos fins de semana. Disquei seu número e esperei que chamasse.

- Ei D, sou eu. – Falei, enquanto brincava com a linha solta na beirada do roupão.

- Any, você está bem? Porque está me ligando essa hora? Aconteceu algo? – Perguntou em um tom preocupado. – Pera aí Christopher, Jesus...

Eu tampei minha boca, escondendo minha risadinha. Ela estava tão apaixonada que nem sabia.

- Está tudo bem, fique tranquila. Só liguei pra contar uma novidade. – Sorri ao telefone, com expectativa.

- Ah, que você foi jantar com o Herrera? – Debochou – Christopher já havia me dito. – Respondeu antes que eu perguntasse como soube.

- Sim, é bem. Quase isso. Se lembra do que eu te contei quando estava no Canadá? – Ela afirmou e continuou calada – Então, depois que jantamos hoje, Alfonso propôs.

- Propôs o que? – Perguntou confusa. – Christopher se você tocar nesse pote de nutella sozinho, você está ferrado. – Revirei os olhos, a garota não era muito esperta.

- Casamento Dulce. Alfonso me pediu que casasse com ele.

A linha ficou muda por alguns minutos e eu afastei o celular da orelha só para conferir se a chamada ainda estava ativa. Recoloquei na orelha e chamei Dulce novamente.

- Dulce? Tá ai ainda?

- E o que você disse? – Sua voz estava séria e eu estranhei.

- Que sim, ué. Você sabe que era o que eu mais queria na vida... – Falei, me sentindo culpada pelo plano inicial. – Mas as coisas mudaram na viagem Dul, especificamente depois da nossa conversa, sabe.

- Mudaram mesmo Any? Você não acha que é somente empolgação da sua parte? Tem uma criança no meio disso tudo Anahí, você está sendo completamente irresponsável. E se Alfonso gostar de verdade de você?

- Tudo mudou Dul, eu juro. Eu o amo. – Murmurei, conferindo a porta.

- Ama? – Soou espantada. Eu nunca havia dito que amava nenhum cara, nunca.

- Eu realmente o amo Dul e amo Faith também, pra caramba. Já desisti de todas aquelas ideias de ir atrás de dinheiro, luxo... Me sinto até envergonhada de ter pensado naquilo, meu Deus. – Passei a mão pelo meu rosto, desgostosa. – Mas agora estou tentando me redimir, dá pra ficar feliz por mim? – Ouvi um suspiro e sabia que havia ganhado.

- Claro que sim, você é minha irmã de coração e eu te amo. Oh meu Deus, minha melhor amiga vai se casar! – Gritou e eu ri, feliz.

Ela não levou muito bem a ideia de que Alfonso iria cuidar dos preparativos do casamento e que ela como minha madrinha, não iria poder ajudar em nada. Eu tentei explicar e ainda disse que como era ele que iria pagar por tudo, estava ótimo. Eu estava muito feliz, muito bem.

Só que nesse dia eu ainda não sabia que havia tomado a pior decisão de toda minha vida.