Fanfic:  Uma Babá em Minha Vida - AyA | Tema: AyA Ponny CEO Romance Hot

Tentei não fazer barulho ao descer as escadas e percebi que não havia nenhuma movimentação no primeiro andar, a não ser Mah dando ordens na cozinha. Não haviam flores, não havia tapete, não havia altar. Só algumas cadeiras posicionadas em direção a uma simples e pequena mesa. Será que o pessoal da decoração ainda não havia chegado? Meu coração se apertou com o pensamento de Alfonso ter escolhido apenas aquilo ali para o nosso grande dia. Olhei novamente meu anel e passei a mão pela minha roupa. Queria muito estar errada.

Continuei pelo caminho que só percorri apenas uma vez durante aquele mês, quando fui assinar meu contrato. A porta estava destrancada, mas mesmo assim tive a sensação de estar fazendo algo errado. Talvez seja porque ele nunca me chamou aqui após aquele dia, sei lá. Comecei a vasculhar pela mesa super organizada e sem querer derrubei algumas pastas. Coloquei a babá eletrônica sobre a mesa de madeira e me abaixei para recolher, mas o conteúdo chamou minha atenção.

Correndo o olho pude perceber que tudo ao meu respeito, estava ali. Páginas e páginas de tudo que aconteceu em minha vida, desde infância, até o dia em que comecei a trabalhar para Alfonso. Fotos minhas em diversos lugares, acompanhantes que eu já nem me lembrava mais, eventos de anos atrás. Um bolo ficou preso em minha garganta a medida que eu lia em cada linha, toda minha vida. Alfonso sabia de tudo, sempre soube. As lágrimas encheram meus olhos e borraram minha visão. Tentei mais uma vez entender, afinal, ele era um cara rico. A gente vê esse tipo de gente vasculhando a vida dos seus funcionários o tempo todo nos filmes afinal.

Olhei em outras pastas e mais fotos surgiram. Dessa vez eram atuais, de dentro da casa. Fui até a porta e olhei para os cantos do apartamento, só agora percebendo a presença das câmeras ali. Que porra era aquela? Porque ele não contou? Será que ele tinha tanta pouca fé em mim com Faith dessa forma? Joguei os papéis sobre a mesa como se de repente eles fossem feitos de brasa quente. Eu só queria saber onde estava Alfonso naquele momento e saber que merda era aquela. Ele sabia que eu era acompanhante de luxo, será que pensou que teria sexo fácil? Eles sempre pensam assim...

O telefone da mesa começou a tocar e eu me assustei. Limpei meu rosto e tentei me recompor. Aquilo teria uma explicação, com certeza teria. Apertei a seda contra o meu peito, tentando acalmar as batidas do meu já frágil, coração. O bipe soou e finalmente uma voz delicada surgiu.

- Poncho, é a Blair. Tentei corrigir a burrada que você fez e com uma pitada de incentivo, consegui arranjar de última hora um decorador disponível. Você é realmente um merda, sabia? Graças a Deus você tem a mim e ao Chuck por perto, porque se não esse seu casamento seria um desastre com essa sua ideia de vingança contra Anahí. Eu fui pessoalmente ao estúdio da Vera verificar o que você escolheu para ela e realmente você se superou com a roupa. Mais novamente, graças a mim, um novo vestido será entregue no lugar daquele terno horroroso que você mandou sua assistente escolher para ela. Ah, mais uma coisa. Chuck já providenciou um novo par de alianças para substituir aquilo que você chama de anel de noivado... – Blair suspirou e tomou uma pequena pausa – Você me deve, muito. – O bipe soou novamente, indicando o final da mensagem.

Eu segurei o encosto da primeira cadeira que vi em minha frente. Minha visão escureceu e precisei respirar profundamente até que tudo voltasse ao normal. Meu sangue parecia gelo percorrendo minhas veias e o vazio que tomou meu peito só se aprofundou com a segunda mensagem que veio da secretária eletrônica.

- E ai cara, você chegou bem? Ucker ficou de deixar você em casa. Espero que você tenha mudado de opinião sobre Anahí, meu amigo. Ninguém merece se casar só para se vingar de alguém. É, liguei para Blair depois que nos encontramos ontem a noite e ela me explicou tudo, já que você estava bêbado como um gambá e não falava nada com nada. – a voz masculina que eu não conhecia riu, mas novamente seu tom se voltou sério – Não sei onde você estava com a cabeça de querer punir ela dessa forma, mas toda mulher merece o dia perfeito em seu casamento, me ouviu? Não essa mentira toda que você está planejando para ela... Espero que coloque a cabeça no lugar e tome juízo. Nem todas as mulheres são iguais Valentine.

Então era verdade. Alfonso estava se casando comigo por vingança. Mas pelo que? Isso que eu não entendia, pois com respeito aos meus sentimentos eu sempre fui honesta. Canalha, eu sabia que algo estava errado! Essa roupa ridícula, esse anel, essa decoração, tudo!

- AHHHHHH! – Gritei e retirei a droga do anel, que agora parecia queimar em minha mão, jogando-o contra a parede. – Mentiroso, imbecil... – murmurei.

Aquilo tudo parecia surreal, parecia estar acontecendo em outro tempo, em outra dimensão. A fúria tomou conta de mim e antes que eu pudesse me parar, papéis estavam voando por toda parte, assim como todos os objetos do escritório que eu via em minha frente.

- Any. – A voz sussurrada de Alfonso me chamou a atenção. Minha visão estava embaçada, eu estava descabelada e desarrumada. Respirei fundo e simplesmente apertei o botão da secretária eletrônica, fazendo com que as duas mensagens fossem tocadas novamente, uma após a outra.

Os ombros de Alfonso caíram no exato momento que ele percebeu que eu sabia de tudo. De toda sua farsa do caralho.

- Porque? – Era a única coisa que eu conseguia pensar naquele momento. Porque ele faria aquilo comigo...

- Ouvi sua conversa com Dulce no telefone no nosso primeiro dia de viagem ao Canadá. – Ele falou baixinho e lentamente entrou no escritório. Jogou o paletó e uma pasta preta sobre o sofá de couro que havia no canto e me encarou, ainda mantendo distância.

Era a melhor decisão que ele poderia tomar naquele momento.

Tentei puxar na minha mente novamente a conversa e fechei meus olhos.

- O quanto você escutou daquela conversa, Alfonso? – A dor que tomava todo meu corpo estava me destruindo lentamente. Eu errei, sabia disso. Mas naquele dia tudo mudou.

- Toda conversa, Anahí. – Falou, e eu podia sentir seus olhos me encarando. Sentia o seu cheiro masculino misturado com a bebida, ele já não estava mais bêbado como o homem da segunda ligação falou.

Tinha vergonha de encará-lo, sabia que havia errado. A partir do momento que disse aquelas palavras para Dulce naquele dia, quis retirá-las imediatamente.

- Aquilo foi dito em um impulso Alfonso, foi uma ideia louca de quem não queria admitir que estava apaixonada, muito menos para a melhor amiga. Tudo mudou naquela noite, eu me entreguei a você, seu idiota! – Abri meus olhos novamente, a raiva havia voltado ao pensar que tudo que vivemos durante esse mês havia sido uma completa farsa planejada por ele. – Só porque eu fui acompanhante, não significa que eu iria sair por ai transando com qualquer um. Muito menos com você! – De repente eu senti frio, muito frio. Me abracei, tentando me fazer parar de tremer. Eu queria sumir dali.

- Eu sei, Any. Olha, me perdoa... Eu vi a tempo o erro que eu estava cometendo ok? Eu te amo, me apaixonei por você e ouvir aquela ligação, com você falando que nunca ia me amar me quebrou. – Alfonso deu um passo para frente e eu um para trás. Ele recuou e seu olhar brilhava com lágrimas não derramadas. Devia ser mais um dos seus truques pra tentar me fazer casar com ele e me fazer lamber o chão que ele pisava. – Você ser acompanhante não mudou nada, Anahí. Pelo contrário, quis dar uma chance de você mudar de vida, por isso te ofereci o emprego. – Ele estendeu a mão, mas eu não iria encostar nele de novo nem que ele me oferecesse toda merda do seu dinheiro.

- Aé? Percebeu bem no dia que íamos casar, que conveniente, não é? – Limpei meu rosto e sabia que ele devia estar uma bagunça vermelha e inchada. Que humilhação, meu Deus. – Vocês ricaços acham que podem manipular a vida das pessoas da maneira que bem entendem. Mas escuta uma coisa, Herrera. Eu não quero a porra do seu dinheiro, algum dia sim eu quis, mas tudo mudou. Você poderia muito bem ter que confrontado, ter dito alguma coisa e não ter tentado bancar o rei do mundo! – Gritei, com a respiração alterada.

Alfonso olhou para o lado e novamente para mim. Sua veia no pescoço estava saliente, o que indicava que ele também estava com raiva.

- Você acha que eu ia acreditar em alguma palavra que saísse dessa sua boca mentirosa? EU FIZ O QUE TINHA QUE FAZER, ANAHÍ E AGORA ESTOU AQUI PEDINDO DESCULPA PELO MEU ERRO, MAS VOCÊ É TÃO ORGULHOSA QUE NÃO CONSEGUE ADMITIR QUE ERROU TAMBÉM! – Gritou de volta, agora bem próximo do meu rosto. – Eu ouvi com todas as letras você dizendo que apenas queria o meu dinheiro e não a mim, como queria que eu me sentisse? Não passa de uma mercenária, caçadora de fortunas!

Minha mão agiu sozinha e quando vi, a marca estava estampada no rosto de Alfonso.

- Não se atreva a me comparar com você, seu lixo. Você planejava me torturar com esse casamento sem sentido só por uma mera conversa que escutou, o quão infantil você é? Meu Deus, isso parece um pesadelo... – Murmurei e Alfonso segurou com força o meu braço. Eu tremi, mas dessa vez era de medo. Não reconhecia o homem que estava a minha frente. – Eu nunca mais quero ter que lidar com você na minha vida, eu te odeio. Você quebrou a droga do meu coração... – Sussurrei e me soltei bruscamente. – E sim, não admiti antes porque eu nunca amei antes Alfonso. Era difícil admitir pra mim mesma, quanto mais pra outra pessoa. – Expliquei relutante, enquanto o observava passar a mão sobre a marca na bochecha. Bem feito. Aquele ato me fez sentir um pouquinho mais poderosa que antes, ainda de coração partido, mas poderosa.

Ele foi o primeiro cara que eu deixei se aproximar, que eu me deixei apaixonar profundamente. No fundo, sabia que ia dar merda. Sempre dá. Essa coisa de amor não é pra mim e eu já devia ter aceitado a muito tempo. Mas agora, não irei cometer o mesmo erro duas vezes. Caminhei em direção a porta, queria sair dali o mais rápido possível.

- E Faith? Vai abandoná-la também? – Perguntou Alfonso, com uma pontada de dor na voz. Não me dei o trabalho de olhá-lo para responder.

- Ela vai me esquecer, todos sempre fazem. – Minha voz saiu tremida. Como eu ia viver sem Faith? Tampei minha boca com a mão, tentando não soluçar. - Além do mais, está mais do que claro que você não confia em mim com ela. - Olhei para baixo e vi uma das fotos das câmeras de segurança da casa. Empurrei com o pé em sua direção e ele suspirou, sabendo que havia sido pego em mais uma de suas mentiras.

- Any, por favor me perdoa, vamos tentar de novo. Do zero, por favor... – Alfonso implorou e pude sentir que chorava. Não queria olhar ele novamente, pois a raiva só conseguia aumentar toda vez que eu me lembrava das promessas que ele me fez. De todas as mentiras que contou. Foi apenas um mês, mas foi o mês mais intenso da minha vida. – Eu te amo.

- Eu posso não entender muito sobre relacionamentos Alfonso, mas eu tenho certeza que isso... não é amor. – Minha voz soou quebrada até mesmo para os meus ouvidos naquele momento.

Apenas corri para o meu quarto, juntando todos os meus pertences pessoais. Depois Dulce poderia vir pegar minhas malas e as outras coisas. Vi Faith dormindo placidamente na cama e meu choro se intensificou. Como poderia viver sem essa coisinha linda? Sem acordá-la, a peguei no colo e a embalei, como fazia sempre. Enchei seu rosto com beijos suaves e tentei afastar inutilmente as lágrimas grossas que rolavam dos olhos.

- Eu vou te amar, sempre, sempre, sempre... – Sussurrei em seu ouvido – Mas eu preciso ir, eu não posso mais ficar aqui. Seu pai é um idiota, mas ele é um bom pai pra você. Eu sou quebrada demais pra vocês, você merece alguém melhor como mãe... – Me despedi com o coração na mão, doía saber que eu nunca mais a veria.

Desci as escadas apressada e pude ver Blair saindo do elevador com um homem muito elegante, de mãos dadas. Acho que deveria ser o tal Chuck, graças a Deus não teria tempo de descobrir. Queria que todo mundo fosse se foder naquele momento. Antes que ela pudesse falar algo, eu rapidamente entrei no elevador. Pude ouvir meu nome ser gritado assim as portas se fecharam e soltei a respiração que estava segurando. Apertei o primeiro andar do prédio e ai sim, pude me soltar. Escorreguei pela parede da caixa metálica até sentar no chão e abracei os meus joelhos contra o corpo.

Então era assim a dor de um coração partido...