Fanfic:  Uma Babá em Minha Vida - AyA | Tema: AyA Ponny CEO Romance Hot

Aquele dia estava ficando cada vez mais louco. Cada bomba que Alfonso me contou naquele dia, me deixou boquiaberta. Eu nunca poderia imaginar que ele estava passando por tudo aquilo, ainda por cima sozinho. Quer dizer, não tão sozinho, já que ele tinha a Blair e o Chuck, seus ‘primos’ emprestados de Valentine.

Eu nunca poderia pensar que a dita cuja faria algo assim com Alfonso, pra começar. Sei que fui idiota com aquele plano estúpido, que desejei ter tudo que ele tinha e que planejei pra que fosse meu também. Mas cara, eu nunca mentiria dessa forma. Pegar o bebê de alguém que não fosse meu e mentir para o meu esposo, que o nosso verdadeiro bebê havia morrido, sem lhe dar uma chance de se despedir? Jesus amado, essa mulher era louca! Eu seria uma pessoa muito, muito, ruim por estar grata dela não estar mais entre nós? Porque, em primeiro lugar, Faith não merecia uma mãe insana igual a Valentine. Ela não tinha uma boa intenção. Ela não tinha a intenção de cuidar de um bebê desamparado, ela apenas queria enganar Alfonso.

De qualquer maneira, que merda é essa do Kit ser o pai dela? Nesse momento, estamos aqui no quarto, reunidos em torno da cama do Alfonso, esperando ele acordar. Aproximei um pano com álcool em seu nariz, que me fora fornecido por uma enfermeira e ele abriu os olhos. Pedi com o olhar, que Blair, Chuck e Dulce que se afastassem um pouco, e eles fizeram. Kit ficou no canto do quarto, apenas observando. Ele tinha um olhar triste, como se lamentasse realmente toda a situação. Mas minha confiança com ele estava mais do que abalada. Eu não conseguia nem mesmo olhá-lo depois do que ele disse. Ele fingiu esse tempo todo? Ele está falando mesmo a verdade? Quando é que o mundo, o meu mundo, virou de cabeça pra baixo assim? Maldito dia em que peguei aquele jornal e li a sessão de empregos.

Só não lamento mais, pela minha bebê. Por ela, eu faria tudo de novo.

- Any? O que aconteceu? – Perguntou Alfonso, se sentando. Ele passou a mão pelo rosto, como se tivesse acabado de acordar. Eu apertei os lábios. – Eu tive o sonho mais estranho...Que aquele seu amigo, o Kit, disse que era pai da Faith. – Ele riu, como se o que falasse, fosse uma barbaridade de tão impossível. Seu sorriso sumiu do rosto, quando ele viu que eu estava séria.

Sei que já passei por muita merda nessa vida, coisas que a maioria das pessoas não conseguiriam lidar e eu era apenas uma adolescente. Mas eu não vivi uma vida baseadas em mentira. Meus pais eram o que eram. Eles nunca mentiram sobre gostarem de mim ou contaram mentirinhas brancas sobre eu ser a filha que eles sempre desejaram. Henrique e Marichello sempre foram claros sobre o quanto eu atrasava a vida deles. Agradeço a Deus, por não ter ido parar nas mãos do sistema. Parece loucura, não é? Considerando que minha vida era caótica. Só que eu sei que, as crianças que rodam pelo sistema de adoção, bem, a maioria delas, tiveram uma vida bem pior que a minha. Principalmente as meninas, que são as mais frágeis e indefesas. Mas o que Alfonso está passando agora...meu Deus, eu já teria entregado a toalha.

Ainda estou brava com ele, por ter me feito de idiota e tudo mais, mas eu o amo e nunca iria querer ver ele sofrendo da forma que está agora. Desde que nos conhecemos, senti que eu mudei demais. Mudei minha forma de pensar, de agir, de viver... Me tornei uma pessoa melhor, assim que coloquei meus olhos em Faith também. Eu quis ser melhor pra ela, pra cuidar dela, como ela merecia ser cuidada. Eles não merecem toda essa bomba de merda que o destino resolveu jogar em cima deles. Não importa o que ele tenha feito pra mim ou o quanto ele tenha me machucado com suas atitudes estúpidas. Eu o amava por completo e estaria aqui.

- Alfonso, eu não sei como te dizer isso, mas... – Respirei fundo e segurei suas mãos. – Não foi um sonho. Kit realmente disse que é o pai biológico de Faith. O quanto disso é verdade, ainda não sabemos, pois você desmaiou antes que pudéssemos perguntar. – Dei um sorriso sem graça, que ele não correspondeu.

Alfonso puxou suas mãos da minha e eu me afastei, assustada. Ele não tinha uma cara muito boa. Até mesmo parecia que havia comido algo estragado. Ele foi até Kit e o empurrou novamente na parede. Eu revirei os olhos, mas não poderia culpa-lo.

- Alfonso, por favor, outra vez não... – Chuck se pronunciou, tocando-lhe no ombro.

- Você não está me pedindo pra ter calma, não é Charles? Esse infeliz aparece aqui do nada, dizendo que é pai da minha filha e você me pede calma? – Disse sarcástico e empurrou Kit, soltando-o em seguida. – Se você pensa que vai tirar Faith de mim, está enganado seu otário. Ela é minha filha... – Apontou o dedo em riste, ainda encarando Kit.

Kit riu. Jesus...péssima hora. Eu apenas balancei a cabeça e passei as mãos pelo cabelo, com medo de que aquilo virasse um banho de sangue. A parte boa, é que, já estávamos no hospital.

- Será que você poderia explicar isso por favor, Kit? Aliás, você pode provar o que está falando pelo menos? – Perguntei direta e olhei ao redor, sabendo que era o que todo mundo queria perguntar também.

Ele arrumou a roupa, que Alfonso deixara amassada e passou a mão entre os cabelos selvagens. Durante todo aquele mês, até mesmo tinha considerado ele um tanto charmoso, mas depois disso, o encanto havia acabado.

- Acha mesmo que se eu quisesse Faith, você já não estaria sem ela, Herrera? – Perguntou Kit, com arrogância. Alfonso avançou pra cima dele novamente, mas Chuck o deteve. – Se querem saber a verdade, tentem deter esse troglodita pelo menos.

Alfonso bufou e eu parei ao seu lado. Todos os olhares do lugar, estavam focados em Kit. Por um instante, ele pareceu se perder nos próprios pensamentos e seus olhos se tornaram nublados. Ele limpou a garganta e começou o seu relato. Entrelacei meus dedos entre os de Poncho e ele apertou. Sabia que eu estava com ele ali, isso bastava.

- Bom, como dá pra perceber, eu sou britânico. – Disse sarcástico, em referência ao sotaque carregado. Eu revirei os olhos e Alfonso apertou minha mão novamente. Se ele tentasse bater em Kit novamente, eu deixaria. – Minha família mora toda lá, com exceção da minha avó...a que me deixou a casa nos Hamptons...e a minha irmã, que tem uma grife aqui na américa. Nós, os Harington, temos uma linhagem muito antiga. Minha família tem muito dinheiro e poder na Inglaterra, são muito conhecidos por lá, principalmente por fazerem parte da família real. A dois anos atrás, eu decidi passar umas férias com a minha irmã aqui e decidi que queria ficar, trabalhar aqui. – Ele se sentou, ainda com os olhos nublados, como se estivesse tentando lembrar dos detalhes da própria história. – Nesse tempo, eu ainda era um pouco...selvagem, digamos assim, e muito irresponsável. – Ele deu um sorriso de lado, como se fosse algo bom. – Então eu conheci a mãe de Faith. – Kit se levantou e começou a andar pelo quarto, como um animal enjaulado.

- E então, quando vocês decidiram ter um bebê? – Blair perguntou, com deboche. Kit a olhou, com a sobrancelha erguida.

- Não decidimos. Muito pelo contrário. Deixe-me explicar uma coisa... Há homens que nascem pra ser pais e eles são ótimos fazendo isso. E a há homens como eu. Eu nunca quis ser pai e nunca vou querer ser. – Ele suspirou. – Quando conheci Camila, nunca pensei que ela fosse se transformar em uma puta louca do caralho. Ela era doce, gentil, carinhosa à primeira vista... Mas então eu descobri que ela era uma viciada e que havia descoberto que eu tinha dinheiro, muito dinheiro. Provavelmente, ela engravidou de propósito pra tentar me extorquir, porque meus pais ficaram sabendo e vieram de Londres pra cá, para...resolver...a situação. – Kit cruzou os braços e parou de andar, agora encarando Alfonso. – Eles não queriam uma drogada na família, ainda mais uma que estivesse gerando um bastardo com sangue meio nobre. De comum acordo, demos dinheiro pra Camila e em troca, ela colocaria o bebê na adoção. – Kit riu, sem humor e passou a mão pelo rosto, agora com raiva. – Me senti mal e culpado, por deixar uma criança nas mãos daquela desnaturada. Eu nunca amei o bebê, mas me importava com a segurança dele, até então não sabia que era uma menina. Depois de vários meses, resolvi procurar Camila e descobri que ela havia morrido, mas o seu traficante e também namorado, me disse que ela apenas vendeu a menina por um punhado de dinheiro pra sustentar o vício.

- Oh, Deus... – Blair murmurou, se agarrando a Chuck, que estava com o celular na mão a postos, creio que pra ligar para algum advogado.

Alfonso estava com as mãos frias e úmidas, respirando com dificuldade do meu lado. Ouvir a história de Faith, deixou meus olhos úmidos. Eu me vi ali, naquela história. A bebê indesejada pelos pais, quase abandonada. Só que a história da minha pequena tinha um final feliz. Ela tinha Alfonso, que lhe amava incondicionalmente e lhe amaria pra sempre. Ela também tinha a mim, que a amaria da mesma forma. Mordi os lábios, tentando conter o soluço. Vi Blair escondendo o rosto do peito de Chuck e ele a acalmando. Nem mesmo havia percebi que Ucker tinha chegado e consolava Dulce também. Me agarrei ao braço de Alfonso e beijei seu ombro. Ele não se mexia. Se não fosse pela sua respiração pesada, pensaria até mesmo que ele não estava ali. Vi as lágrimas pelo rosto dele, mas eu não mexeria um centímetro pra tirá-las. Queria ficar ali, agarradinha a ele.

Minha pequena fora vendida por um pouco de dinheiro por uma drogada sem coração, a uma mulher sem noção, que escondeu a morte da própria filha. Era demais pra mim...demais, demais, demais...

- E depois, o que aconteceu...? – A voz de Alfonso saiu arrastada, rouca. Continuava parado como uma estátua, igual os vampiros da família Cullen.

Eu devo ser muito retardada, porque estava pensando nisso agora? Jesus...

- Enfim... – Kit sacudiu a cabeça, tentando limpar os pensamentos. – Foi ai que eu descobri que a sua esposa desesperada, havia comprado Faith no mesmo dia que ela havia dado a luz. Não me pergunte, não sei detalhes de como foi esse tratado obscuro entre elas, mas fiquei momentaneamente feliz ao ver que ela tinha ido para uma família boa. Até que sua esposa morreu e o fato de não saber se o bebê estava bem ainda me incomodava demais. A culpa não me deixava em paz, era como se eu precisasse desse desfecho pra seguir em frente. – Kit me olhou e deu um sorriso sincero, pela primeira vez desde que começara a história. Alfonso rosnou. – Foi então uma coisa de destino, quando encontrei você no metrô aquele dia Any. A primeira vista, não havia percebido que você era a babá da filha do multimilionário Alfonso Herrera. Não havia planejado conhecer você, mas aconteceu e eu...me aproveitei. – Falou com um tom de desculpas. Fechei meus olhos por um momento, respirando fundo.

O que tinha de errado comigo, que fazia com que todos tentassem me enganar? Será que eu tinha uma placa invisível na testa que piscava ou emitia algum tipo de sinal pra homens cafajestes se aproximarem? Que merda. Alfonso me olhou, ainda confuso com a história do metrô e eu expliquei rapidamente. Ele não tinha uma cara muito boa quando terminei, falando que havia marcado de encontrar Kit no dia seguinte, afinal, aquele fora o dia do nosso noivado fake, que na época era bem real pra mim.

- Depois desse dia, eu sempre estava pelo Central Park, tentando ver você ou algum momento de me aproximar e saber algo sobre Faith. O mês que passamos juntos no Hamptons, com você se abrindo e falando sobre como ela era bem cuidada e feliz na casa do Herrera, me deixou... tranquilo. – Ele se aproximou, mas eu me aconcheguei em Alfonso, em busca de apoio. – Me perdoe por ter te usado dessa forma. Ter conhecido uma pessoa como você...tão verdadeira e com sentimentos tão puros, foi realmente um dos pontos altos da minha vida. Eu cuidei de você, bom, não tão bem como deveria... – Insinuou sobre minha ida ao hospital – Mas eu amo você como minha amiga e eu estou sendo completamente verdadeiro quanto a isso.

Alfonso respirou fundo, sabendo agora de toda à verdade. Mas eu estava com medo de que Kit quisesse ter algum direito sobre ela, então eu apertei seu braço, com meus olhos arregalados de pânico. Acho que Kit fora mais rápido em me entender, porque logo se adiantou.

- Antes que você ligue para o advogado, Chuck - Falou sem olhá-lo e Chuck ergueu uma sobrancelha - quero deixar claro que eu nunca tive a intenção de tirar Faith de vocês. Posso assinar o que for para assegurar isso, mas antes que eu vá, eu só queria...conhecê-la, só isso. – Kit pediu gentilmente. Eu olhei pra Alfonso e ele parecia um pouco mais relaxado agora.

- Tudo bem. Eu só não posso pensar nisso agora, preciso focar na cirurgia de Faith... – Alfonso falou, com o punho sobre a boca e rapidamente saiu do quarto. Eu fui atrás dele, quase correndo pra alcançar seus passos. Ainda estava um pouco fraca, mas pelo menos o café da manhã ainda estava todo dentro da minha barriga. Ponto pra mim.

  Eu vou mantê-lo seguro
Tente bastante se concentrar  

- Poncho, por favor me espera... – Pedi, enquanto andava mais rápido, mas acabei me trombando com as costas dele, quando parou de repente. - Outch.

- Any, eu quero ficar sozinho agora... – Ele falou em um murmúrio.

  Não tenha medo
Nossos erros, eles foram compelidos a serem feitos
Mas eu prometo que vou mantê-lo seguro  

- Não vou deixar você sozinho, lembra? Você não precisa enfrentar isso sozinho, eu estou aqui. – Ele se virou, com lágrimas nos olhos.

- E porquê? Por que você está aqui, depois de tudo que eu te fiz? Acho que isso que eu tenho passado, é somente o universo me devolvendo tudo de ruim que eu fiz você passar... – Falou, desolado. Meu coração se apertou ao vê-lo destruído daquela forma. Era sofrimento demais pra um homem só carregar. Segurei uma de suas mãos, acariciando.

  Não tenha, não tenha medo
Deus sabe, nossos erros serão feitos  

Porque eu amo você. – Respondi com a voz firme. Esperava que ele entendesse tudo que aquela frase significava. Alfonso me abraçou com força e mais uma vez eu o consolei ali, no corredor do hospital. Mas agora, eu sentia que era um choro de alívio, por ver pelo menos um problema resolvido, misturado com um pouco de medo, pois Faith estava em cirurgia e eles não tiveram tempo de deixa-lo vê-la.

Acariciei seus cabelos sedosos e grandes, sua barba malfeita de vários dias, roçava meu pescoço.

Mas eu prometo que vou mantê-lo seguro

- Shh...vai ficar tudo meu amor, eu prometo. Eu estou aqui. – Murmurei e ele assentiu, ainda com o rosto escondido. – Tudo vai voltar pro seu devido lugar e logo estaremos indo pra casa com a nossa pequena. – Era o que eu mais desejava, com todas as minhas forças. Seria uma tortura viver debaixo do mesmo teto que Alfonso, mas eu faria por Faith.

- Ainda tenho um bebê perdido por ai, enterrado em qualquer lugar, sem nem mesmo uma lápide... - Murmurou, com a voz rouca. Oh Deus, ainda tinha isso...

- Nós vamos encontrá-lo. - Falei com firmeza.

Ele levantou a cabeça, passando o nariz pelo meu rosto. Sentia sua respiração pesada e segurei a minha, pela expectativa. Mas Alfonso apenas beijou minha testa, como havia prometido, ele não me beijaria até que eu pedisse. Respirei fundo, sabendo que ele cumpriria aquela promessa e me perguntando quando tempo levaria para eu ceder, afinal de contas.

  E eu vou mantê-lo seguro  

Voltamos para a sala de espera e todos já estavam lá. Alfonso estava melhor e Chuck o arrastou para o canto, falando aos sussurros. Kit se aproximou de mim, com um copo de café. Eu peguei, sem agradecer. Ele me enganou e me usou, eu merecia um maldito café sem ter que agradecer no final, inferno!

- Any, me perdoa vai... – Ele começou e eu comecei a rir.

- Eu acho que tenho cara de otária mesmo. Olha, Alfonso armou todo um plano pra me derrubar e eu ainda não o perdoei, mesmo o amando mil vezes mais que você, que é só um amigo, sendo que ele não conseguiu nem mesmo o colocar em prática. – Disse, sem ainda o encarar. Minha voz estava fria como gelo e dura como aço. – Você, por outro lado, me usou durante um mês inteiro sem me contar a porra da verdade e agora vem aqui, pedindo que eu lhe perdoe. – Ri sem humor. – Pense de novo, Christopher Harington. – Tomei o resto do café e joguei o copo de plástico no lixo.

Estava cercada de homens mentirosos. Preciso realmente, realmente, dar um up na minha vida. Me encostei em uma parede qualquer, que me dava uma visão geral sobre todos, enquanto esperávamos notícias sobre Faith. Então de repente, o médico chegou, ainda vestido com a roupa de cirurgia. Ele tirou uma touca de cachorrinhos da cabeça, parecendo bem cansado. Alfonso se adiantou, com os olhos aflitos e eu segurei a respiração.