Fanfic:  Uma Babá em Minha Vida - AyA | Tema: AyA Ponny CEO Romance Hot

No instante em que o médico apareceu, foi um daqueles momentos em que o tempo para e os ponteiros do relógio não mexem um milímetro sequer. Todos seguravam a respiração, com medo do que ouviriam, mas ao mesmo tempo ansiosos para saber o que aconteceu. Meus nervos estavam à flor da pele com toda aquela situação que fora jogada no meu colo sem paraquedas. Como era suposto eu agir sabendo que o cara que me encarava do outro lado da sala era o pai biológico da minha filha? Só que então eu respirei fundo e tentei manter o controle. Agora era tudo sobre Faith e sua saúde. Nada mais. Nem Valentine. Nem Kit. E nem mesmo Anahí. Era só sobre minha filha.

- E então? Como ela está? A cirurgia ocorreu bem? – Perguntei com ansiedade, antes mesmo do médico abrir a boca. Ele sorriu. Eu suspirei com alívio. Ouvi outros suspiros atrás de mim. Era um bom sinal.

- A cirurgia de Faith foi um tremendo sucesso. Ela ainda está sobre o efeito da anestesia, mas logo vocês poderão vê-la. Fique tranquilo pai, daqui alguns dias você estará levando sua pequena para casa. – Ele apertou meu ombro e seu olhar transmitia confiança.

Assim que se retirou, me deixei cair na cadeira. Todo cansaço, toda dor, toda dúvida, toda tristeza e também toda alegria, veio em cima de mim. Eu pude respirar sem aquela pontada no peito, que me agonizava toda vez que eu pensava em minha filha cercada de médicos e agulhas. Ela estava bem e isso seria somente mais uma luta que ela vencera. As lágrimas escorriam silenciosas pelo meu rosto e eu fechei os olhos, agradecendo a Deus pela oportunidade de ter Faith em minha vida. Aquela pequena era todo o meu mundo. Eu faria tudo por ela.

Senti uma mão quente envolvendo a minha e o perfume inconfundível da Any me cercar. Ela apenas ficou ali, calada. Enquanto eu colocava pra fora toda aflição que eu não precisaria mais.

- Viu? Nossa princesa é forte. Ela vai ficar bem e quando você menos imaginar, vai vê-la correr por todo apartamento. – Blair falou suavemente e eu abri meus olhos.

Quanto tempo havia dormido? Olhei para o relógio. Apenas uma hora. Procurei por Anahí, mas ela não estava à vista. Cocei meus olhos, ainda bastante cansado e com o corpo dolorido por estar sentado de mal jeito em uma cadeira nada confortável. Peguei o copo do Starbucks que Blair me ofereceu e tomei um gole, mesmo sem saber o que tinha dentro.

- Obrigado. Onde está Chuck? Anahí? – Perguntei com curiosidade. Ela sentou-se na cadeira ao meu lado. Dulce dormia com a cabeça apoiada no ombro de Christopher.

- Anahí foi até o apartamento tomar um banho e te trazer alguns pertences. Ela disse que você não sairia daqui até que pudesse levar Faith pra casa com você.

- E ela está completamente certa. – Confirmei, dando outro gole no meu café. Blair sorriu compreensiva, mas um pouco nervosa.

- Chuck pediu que eu lhe avisasse que ele entrou em contato com os seus advogados e eles redigiram um contrato, que está sendo assinado agora. – Ela começou, cautelosa. Eu parei com o copo no caminho da boca e a encarei, com o coração disparado.

- Que tipo de contrato? – Perguntei. Poderia ser o que eu estava pensando? Se fosse, eu teria uma dívida eterna com Charles.

- Ele fez Kit abrir mão de Faith. Ele nunca poderá pedir a guarda dela ou até mesmo vê-la, sem a sua permissão. – Ela mordeu o lábio, com os olhos úmidos.

- E ele...? – Disse duvidoso, com o punho sobre a boca.

- Aceitou de bom grado. Ele disse que não irá procurar saber de Faith, você ou até mesmo de Anahí. Só queria se assegurar que a menina estava bem. Disse que tinha a consciência pesada. – Ela suspirou – Nesse momento eles estão na sala de conferências do hospital com um tabelião e testemunhas. Tudo vai dar certo... – Ela afagou minha mão com carinho e eu assenti. Mais um peso tirado das minhas costas.

- Nem consigo descrever o apoio que você e Chuck tem dado pra mim nas últimas semanas. Quando tudo isso terminar, saibam que podem contar comigo pra qualquer coisa. – Beijei a testa dela. Eu era muito sortudo por ter amigos tão leais. Todos deveriam ter uma Blair e um Chuck em suas vidas. – Agora, me dê licença. Preciso saber se já posso visitar minha filha. – Sorri, esperançoso. Ela assentiu, entendendo.

Finalmente havia sido liberado para ver Faith. Coloquei todas as roupas esterilizadas que eram necessárias e uma enfermeira gentil me levou até o berço da minha filha. Me deu dó de ver que ela havia perdido peso em apenas dois dias. Parecia tão frágil. Haviam vários aparelhos enormes em volta dela e aquilo me assustou. A enfermeira, viu meu olhar de pânico e sorriu.

- Isso é apenas para garantir que sua filha continue bem. Ela tem se recuperado rápido, pai. Não se assuste com tudo isso, é por segurança. – Ela disse. Eu apenas assenti, engolindo o bolo na minha garganta. – Pode se sentar nessa cadeira. Converse com ela. Eles adoram ouvir a voz dos pais. – Garantiu e logo saiu. Não haviam mais pais naquele momento. Apenas algumas outras enfermeiras, checando outros bebês. Eu limpei a garganta.

- Oi minha princesa. – Segurei a pequena mãozinha e por reflexo, ela agarrou meu dedo. Eu sorri. – Você me deu um baita susto, sabia? Papai não vai te deixar sozinha, querida. Adivinha quem veio te ver...Isso mesmo. Anahí veio correndo quando soube que você estava aqui. – Soei emocionado, mas não consegui evitar. – E sabe do que mais: ela vai continuar cuidando de você, meu amor. Não me de outro susto assim, filhinha. Papai não está ficando mais novo... – Brinquei, fungando o nariz.

Ela continuou dormindo e eu apenas sai de lá, quando ameaçaram chamar os seguranças. Finalmente eu cedi e quando voltei para a sala de espera, Anahí estava lá também. Ela se aproximou e me estendeu uma mochila. Eu agradeci com o olhar e ela deu os ombros.

- Você poderá vê-la quando quiser. Sua entrada já está autorizada, Senhorita Saviñon. – Impliquei e ela sorriu sapeca – Depois que eu tomar banho, precisamos conversar. – Disse em tom sério e ela assentiu.

Agora que Faith estava fora de perigo, precisava colocar os pingos nos “is”. Depois de ter me barbeado e trocado meu paletó e camisa social por suéter e jeans, parecia renovado. Assim como minhas forças. Saber que Faith estava se recuperando era tudo que eu precisava. Anahí estava em casa e cuidaria dela junto comigo.

Eu a chamei com o olhar e ela veio até mim. Também havia tomado banho, mas seguia com outro conjunto enorme de moletom. As olheiras se faziam presente no rosto magro e ossudo. Caminhamos em silêncio até a lanchonete do hospital. Ela se sentou em uma das mesas vazias e eu comprei sanduíches e suco para comermos. Empurrei a bandeja na frente dela, que se serviu sem reclamar.

- Não pense que eu não percebi o seu estado assim que você chegou. Eu estava com muita coisa na cabeça, pra trazer à tona mais um problema. Só que chegou a hora de saber e preciso que seja sincera. Lembra do nosso acordo? – Ergui a sobrancelha, com as mãos cruzadas sobre a mesa. Ela terminou de engolir o pedaço de sanduíche que estava na boca e tomou um gole do suco.

- Se eu te contar o que aconteceu, ainda vou ter meu emprego? – Perguntou temerosa. Eu assenti. – Me deixei levar pela minha doença no último mês. Kit não sabia e por isso, não ficava me supervisionando. Isso fez com que eu me rendesse totalmente na última semana. Ele teve que vir pra cidade e me deixou sozinha lá. Eu estava fraca, sem comer a várias semanas e então... – Ela desviou o olhar, envergonhada.

- Então o que houve? – Segurei uma de suas mãos livres sobre a mesa e ela tremeu.

- Ele me encontrou fraca, quase sem vida. Durante todo o tempo, disfarcei bem, comia aos poucos quando estava na frente dele e logo colocava pra fora. Fiquei desnutrida e desidratada. Kit voltou e me encontrou praticamente desmaiada na varanda e fui levada às pressas para o hospital. Meu pulso estava fraco e eu estava desistindo. Literalmente. – Murmurou com a voz trêmula. Seu rosto estava pálido. – Eu acordei no hospital, com Dulce e Kit ao meu lado. Quando Dul me disse sobre Faith eu comecei a me desesperar para sair de lá, mas estava muito fraca ainda. Comi tudo que me davam e esperei os dois dormirem para fugir de madrugada. – Ela me olhou, com uma sombra de sorriso nos lábios. – Comprei comida no Walmart pra aguentar dirigir até aqui. – Eu ergui a sobrancelha, questionador. – Sim, eu roubei o carro de Dul. Por isso dei o nome dela na entrada.

Soltei a mão dela, que continuou a comer, mas sem desviar o olhar. Passei as mãos pelo meu rosto, sem conseguir acreditar em tudo que ela também tinha passado.

- Foi minha culpa? – Perguntei com a voz estrangulada. Eu morreria mil mortes se fosse.

- Não, não foi. Milhões de pessoas sofrem decepções amorosas todos os dias. Algumas piores do que a que eu sofri, Poncho. Mas isso não quer dizer que devemos nos deixar levar pelo que ocorreu. Foi errado o que aconteceu entre nós dois, o que tentamos fazer um ao outro. Mas a questão da minha doença, desse transtorno... – Ela suspirou, deixando o sanduíche de lado – É algo pessoal, que está dentro de mim e eu preciso resolver sozinha. Nada do que ninguém me fale ou faça, poderá mudar o que se passa na minha cabeça. Eu preciso de ajuda e eu vou consegui-la. A culpa não é sua, não sobre isso. Nunca foi. Eu tenho uma doença e preciso me curar. Apenas isso. – Falou com confiança. – Não pude doar sangue para Faith porque estou com anemia. – A tristeza transpareceu em sua voz e eu levantei, puxando-a para os meus braços.

Meu coração se apertou com tudo que ela havia passado sozinha. Aquele idiota do Kit estava lá, com ela, todos os dias e ainda sim deixou passar. Como podia ser tão estúpido? Apertei Anahí em meus braços com afinco. Ela se envolveu em mim como uma gatinha manhosa. Enfiei meu nariz em seus cabelos e acariciei suas costas. Mesmo sobre o tecido grosso do moletom, conseguia sentir seus contornos frágeis e seus ossos sobressalentes. Suspirei de tristeza. Essa mulher merecia o mundo aos seus pés e tudo que eu fiz desde que a conheci foi pisar na bola. Isso ia mudar.

- Eu sempre estarei aqui por você. – Sussurrei no ouvido dela. Ela assentiu e eu há larguei. – Agora você precisa comer se quiser ver Faith. – Sugeri e os olhos azuis de Anahí brilharam.

Que saudade eu senti de ver aquele pelo par de olhos brilhar pra mim. Bem, não era exatamente pra mim e sim pela minha filha. Mas mesmo assim, era um privilégio e tanto vê-la feliz. Anahí me obedeceu e comeu até mesmo as migalhas. Se ela continuasse nesse ritmo, iria ganhar seu peso rapidamente. Ela estava com um aspecto doentio, infelizmente.

Uma semana depois, eu saída do hospital com Faith em meus braços e Anahí ao meu lado. Todos estavam na minha casa, nos esperando. Maria não parava de me mandar mensagens perguntando se estávamos chegando. Estavam ansiosos para ver minha princesa e eu fiquei feliz por saber o quanto ela era amada.

Anahí se sentou atrás depois de colocá-la na cadeirinha como recomendara o médico. Ela também havia aprendido com as enfermeiras em como banhar a Faith e limpar seus pontos. Morria de medo de machucá-la, mas logo tomou confiança. Any não havia questionado o porquê do berço de Faith estar no seu quarto e nem mesmo o retirou de lá. Quem era eu para reclamar.

Dirigi em silêncio, mas sempre atento as duas pelo retrovisor. Anahí brincava com Faith e ostentava um panda de pelúcia na mão. A risadinha da minha filha enxia o carro de felicidade. Ela balbuciava várias palavras sem sentido, apenas tentando repetir o que nós falávamos.

- Você gosta de Buddy? Isso, linda. Bu-ddy. Repete comigo... – Anahí pediu pela milésima vez. O máximo que ela arrancava de Faith era um “baá” mas ela sorria, se divertindo com a situação.

Estacionei o carro na garagem do prédio e logo estava retirando as tranqueiras de bebê do carro, enquanto Anahí levava a cadeirinha com Faith para o elevador.

- Você está feliz? – Perguntei, mesmo sabendo que receberia uma resposta óbvia. Ela piscou rapidamente e sorriu em seguida.

- Muito. – Respondeu direta. Faith mordia um pé de silicone, enquanto continuávamos em silêncio. Ela já estava com quatro dentes apontando na gengiva e eu era um pai muito orgulhoso.

Quando as portas frias de metal se abriram no hall da cobertura, ouvimos um couro de várias vozes gritando “Bem-vinda Faith”, o que claro, chamou a atenção da minha filha por ouvir seu nome. Ela se debateu na cadeira, com as bochechas gorduchas e rosadas. Nem parecia que havia sido operada ha uma semana atrás. Observei todos os rostos familiares na minha sala de estar. Ali estava a minha família. Pessoas que no momento mais sombrio da minha vida, me ampararam, me deram carinho e forças para continuar.

Anahí segurava Faith delicadamente em seu colo e conversava com Blair em um canto afastado. Parei para admirar o quanto ela havia se recuperado em tão pouco tempo. Estava dedicada e focada em seu tratamento. A única coisa que faltava em minha vida, era que ela aceitasse ser minha. Dessa vez, sem mentiras e sem reservas. De ambas as partes. Eu a queria, não porque ela era quase uma mãe para Faith, mas porque ela era a mulher da minha vida.

  "Tú eres la única en mi alma
Tú eres el único en mi alma
Yo te quiero... 
Te adoro..
Tus labios...
Tus ojos...
Mi amor..."