Fanfic:  Uma Babá em Minha Vida - AyA | Tema: AyA Ponny CEO Romance Hot

- Quando você vai parar de estupidez e conversar de verdade com Alfonso sobre vocês? – Me assustei com a voz de Blair baixinha no pé do meu ouvido, e coloquei a mão sobre o peito. Meu coração havia disparado com o susto. Eu apenas a ignorei.

- Blair, hoje não. Por favor. – Pedi, tirando a chupeta da boca da Faith e procurando na minha bolsa uma bombinha de asma para aplicar seu remédio. Alfonso havia comprado várias e distribuído para todos, além de colocar em lugares estratégicos como carro, quarto, sala, cozinha...toda a casa, para ser mais realista.

- Any, vocês dois estão perdendo tempo ficando longe dessa forma. Pensei que estava tudo bem agora. – Ela cruzou os braços, sentando-se no sofá. Eu sentei ao seu lado, com Faith em meu colo e sorri para minha pequena que tentava balbuciar animadamente. Limpei sua boca com uma toalhinha e ela riu, mostrando os dentinhos.

- Está tudo bem, mas por hora, ficou resolvido que eu seria somente babá da Faith. – Falei evasiva e ela continuou me encarando. Dulce se aproximou, sentando-se no tapete felpudo aos meus pés, ouvindo nossa conversa. Pela cara que fazia, ela já sabia do que se tratava.

- Eu sei que você tem todo o direito de ficar chateada, mas olha...Alfonso passou por um inferno sem você. – Dulce falou, me surpreendendo. Eu mordi o lábio e guardei a bombinha da Faith novamente, depois de aplicar a dose certa. – Você não tem ideia, Any. Acho Alfonso um homem muito corajoso por estar enfrentando isso de cabeça erguida. Qualquer um no lugar dele, teria colocado Faith para adoção...ainda mais por ela ainda ser tão pequena. – Continuou, fazendo meu coração doer.

Apertei Faith contra meu peito, querendo que aquele sentimento fosse embora. Jamais eu deixaria que isso acontecesse. Sei que Alfonso a amava com todas as forças e eu também.

- Me admira muito você dizer isso Dulce. Pensei que fosse minha amiga e estava do meu lado. Entendo Blair, em querer defender Alfonso, mas você é minha irmã.... Como pode dizer isso? – Perguntei com mágoa na voz.

Aninhei Faith em meus braços e Mah nos interrompeu, trazendo banana amassada para minha bebê e uma bandeja com fatias de bolos em pratinhos de porcelana chinesa. O ideal era colocar Faith no cadeirão, mas eu não conseguia soltá-la mais. Fora tanto tempo separada e tantas horas de agonia no hospital, que agora, só queria mimá-la.

- É por isso que eu estou dizendo isso Any. Ver você daquele jeito, te ver naquela cama de hospital, pálida e fraca...Meu Deus, você não tem noção do quanto acabou comigo te ver assim. – Ela falou baixinho, com lágrimas nos olhos e abraçou as pernas contra seu corpo. Me encolhi no sofá, envergonhada. Acariciei os cabelos de Faith, tirando dos olhos a franjinha que começava a crescer demais. Dei mais uma colherada de banana e ela se lambuzou. Eu sorri. Para ela, meus sorrisos eram mais do que sinceros.

- O que? Porque você estava no hospital? O que houve? – Blair perguntou desesperada, enquanto me checava – Porque ninguém me disse antes?

Eu suspirei e continue com a minha tarefa de alimentar Faith. Aquele momento era especial. A primeira vez de fruta da minha ursinha. As vozes foram ficando distantes, enquanto Blair escutava atentamente o que Dulce dizia, entre garfadas.

- Por favor, querem parar de falar nesse assunto na frente da Faith? Não quero que ela absorva essa negatividade de vocês. – Pedi, rude. E era totalmente verdade. Se houvesse alguma possibilidade, mesmo que remota, de que Faith pudesse se lembrar disso, então que elas fossem para outro lugar bem longe.

Elas resmungaram, então Dulce se levantou e arrastou Blair para a cozinha com ela.

- Elas não entendem, ursinha. Não quero que você lembre-se do que passou e sim do que está por vir. A única coisa que importa é o quão amada você é. Entendeu? – Perguntei, acariciando sua bochecha rosada. Dei a última colherada de banana e sorri para ela, que agarrou minha mão com as suas mãozinhas.

Ao olhar para o lado, vi Alfonso tirando fotos.

- Ai não, por favor. Eu estou horrível! – Tampei meu rosto com uma mão e apertei Faith junto a mim.

- Tenho certeza que alguma dessas que eu tirei está ótima. Você não quer que Faith não tenha recordações da sua primeira papinha de frutas, né? – Ele perguntou, me chantageando. Eu revirei os olhos, abaixando a mão.

- Você é um chantagista barato, Herrera. Sabe que eu nunca negarei nada a ela... – Comentei, limpando o rosto de Faith com o babador. Ela havia se divertido e se lambuzado bastante. – Acho que alguém gostou de banana. – Beijei seu nariz e ela riu. – Agora precisamos de um banho e dormir mocinha.

- Se você quiser, eu posso fazer isso. Você deve estar cansada... – Ele ofereceu e eu o encarei, de expressão fechada.

- Eu sou a babá aqui, Herrera. Você quem deveria ir descansar, está com uma cara horrível. – Me levantei com Faith nos braços e coloquei a alça da sua enorme bolsa em meu outro ombro. Quem diria que uma pessoinha tão pequena precisaria sair de casa com tantas coisas. Sem dar tempo para Alfonso reclamar, fui em direção ao meu antigo quarto depois de me despedir de todos na sala.

Quando vim aqui buscar roupas para Alfonso e para mim, foi como entrar em uma máquina do tempo. Em apenas dois meses meu mundo fora jogado de cabeça pra baixo por um homem e um bebê. Vivi aqui meus dias mais felizes e meu pior pesadelo. Descobri o amor, aprendi a rir mais e buscar soluções para todos os problemas do meu dia a dia. Em troca, foi quando abri meu coração e pela primeira vez, sofri e chorei por amor. Fiquei vulnerável e exposta. Ainda não sei dizer se me arrependo ou não. Aliás, sim. Eu me arrependo. Não de ter vindo para cá e ter começado esse trabalho como babá, mas sim de ter tido um plano estúpido na minha mente desde o princípio. Me arrependo de ter feito Alfonso de idiota muitas vezes, enquanto poderíamos ter sido sinceros um com o outro. Sei que tiveram momentos verdadeiros entre nós, muitos da minha parte, mas a questão é: quais momentos ele fora verdadeiro comigo? E se ele, algum dia confessar isso, será que eu acreditarei? Talvez sim, talvez não. Se algum dia, tiver algum recomeço para nós dois, esse, deverá ser escrito em uma página totalmente nova. Um recomeço. Como uma rajada de ar fresco, depois de uma noite quente de verão.

Sacudo minha cabeça, tirando os pensamentos da mente e coloco Faith no berço, enquanto preparo seu banho. É quase uma missão impossível dar banho em um bebê recém operado e com pontos. Nas primeiras vezes, quase caguei na roupa de tanto medo de machucá-la, mas as enfermeiras me garantiram que estava tudo certo, desde que ela tomasse seus remedinhos para dor.

Testei a temperatura da água e tirei sua roupa com delicadeza. Tirei minha própria roupa, assim tomaríamos banho juntas e eu teria mais tempo para cuidá-la. Havia jogado sais perfumados e sabão especial para bebês, para caso caísse espuma nos olhos da ursinha, eles não ardessem. Entrei com ela com cuidado e a coloquei de bruços em meu peito. Seu cansaço era evidente, já que assim que sentiu a água morninha em contato com seu corpo, ela fechou os olhos. Eu suspirei, feliz por ter aquele corpinho, tão dependente de mim, dormindo ali. Encostei minha cabeça contra a cabeceira da banheira e fui jogando pocinhas de água nas costas dela com a mão.

- Posso entrar? – Ouvi a voz de Alfonso vindo do meu quarto. Suspirei. Era óbvio que ele viria atrás da filha, ainda mais depois de tudo que acontecera.

- Claro, a casa é sua. – Respondi, me cobrindo com espuma para que ele não visse meu corpo à mostra.

Apesar de ter ganhado alguns quilinhos, meus ossos ainda estavam bastante salientes e seu corpo ainda não estava como antes. Era como olhar em um filme de terror ou algo assim.

- E quem vive nesse quarto é você. – Rebateu. Que abusado! Tentei relaxar, mas meu corpo estava tenso. Era assim que eu ficava cada vez que Alfonso chegava perto de mim. Supostamente esse era um banho relaxante, mas ele tinha que estragar tudo.

Assim que entrou no banheiro, tomou conta com sua presença. Ele ainda vestia jeans, mas estava descalço e sem camisa. Mordi a língua para não dizer um impropério na frente da ursinha. Alfonso sorriu e se sentou na borda da banheira, e substituiu meu serviço de banhar Faith. Agarrei o frasco de sabonete e o entreguei, deitando Faith de lado.

- Por favor... – Falei, como se fosse um favor. Sabia que ele estava doido para dar banho nela, mas assim como eu no início, tinha medo. – Quer me substituir aqui? Tenho certeza que ela vai gostar... – Sugeri.

- Quer que eu entre ai com vocês? – Perguntou esperançoso, colocando um pouco de sabão na mão e esfregando, para dar espuma. Eu revirei os olhos.

- Óbvio que comigo aqui dentro não. Somente vocês dois. Não banque o engraçadinho... – Me arrumei na banheira, trazendo mais espuma para perto.

- Desculpe, só queria tentar. – Ele deu uma risadinha e começou a ensaboar Faith. – Olha só, dormiu tomando banho.

Eu ri e assenti.

- O dia foi muito cheio pra uma pessoinha tão pequena. Logo, logo, vai começar a andar. – Suspirei, enxaguando o corpinho ensaboado.

- Eu nunca vou deixar de tentar, Anahí. – Alfonso murmurou, ainda com o olhar voltado para a filha. Me calei, porque não sabia o que dizer. – Por favor, olhe pra mim. – Ele segurou meu queixo, erguendo-o.

- O que quer que eu diga, Poncho? Já conversamos sobre isso e deixei esse assunto bem claro. De fato, você nem poderia estar aqui nesse momento. Um patrão não vê a babá da filha tomando banho. Você está ultrapassando os limites e até agora eu não reclamei, mas não insista. – Pedi, já perdendo a paciência. Se ele falasse mais alguma coisa, seria capaz de me jogar nos braços dele e esquecer de tudo como um passe de mágica.

A vida não era assim, tão simples. Mas meu coração não deixava de disparar toda vez que eu olhava dentro daqueles olhos verdes, exatamente como estava fazendo agora.

- Eu não consigo Any. Não consigo deixar de pensar em nós, quando vejo você aqui, de volta na nossa casa, com Faith nos seus braços... – Ele acariciou minha bochecha e fechei meus olhos, me entregando as carícias. A mão dele desceu pelo meu pescoço e pelo meu ombro, passou um dedo delicadamente sobre minha clavícula, mas tão de leve, que parecia uma pluma. Eu tremi. Tanto tempo sem aquele toque, sem aquela sensação...

- Poncho... – Sussurrei, em um pedido.

- Shh... – Me fez calar. A mão grande e quente de Alfonso, escorregou em direção ao meu seio livre. Coloquei Faith apoiada em meu outro ombro novamente, ela nem ao menos se mexia. Gemi quando ele apertou o bico do meu seio entre o polegar e o indicador, e logo o acariciou.

Eu quase voei, mesmo sem sair do lugar. Estava tão saudosa e necessitada de Alfonso. Ele continuava com as carícias sem fim, deixando meu seio ardente com seus toques. Faith choramingou, me trazendo a realidade. Afastei a mão de Alfonso com delicadeza, suplicando que se afastasse com o olhar. Ele respirou profundamente e assentiu.

Se levantou, pegando meu roupão e uma toalha para Faith, enrolando-a em seguida e colocando-a sobre o trocador que havia no meu quarto. Me levantei em seguida, grata pela privacidade que ele me deu. Se Alfonso olhasse meu corpo como estava, sairia correndo, com toda certeza. Olhei com saudade para a banheira, pensando que de relaxante, esse banho não teve nada.

Entrei no quarto, amarrando meu roupão.

- Estou fazendo certo? – Ele perguntou, quando me aproximei. Alfonso limpava os pequenos pontos com um cuidado e delicadeza incríveis para um homem de seu porte.

- Isso, perfeito. – Elogiei, enquanto ele começava com o curativo. Acariciei os cabelos de Faith, secando-os em seguida. Ela dormiu rapidamente, assim que colocamos seu pijama e a deitamos no berço. Coloquei seu móbile de bichinhos para girar, com uma música suave.

Agora estava na hora de eu tomar meu lugar na cama. Meu corpo estava cansado, doído, depois de tantas noites em cadeiras do hospital. E agora, tenso, bem tenso, depois da massagem intima que Alfonso havia me dado. Ele agarrava com força à beira do berço, enquanto me encarava.

- O que foi dessa vez? – Perguntei, cansada.

- Eu preciso...necessito...te pedir mais uma chance. – Murmurou, soltando o berço e me puxando pela cintura. Grudou seu corpo ao meu e eu segurei meu fôlego. – Em um mês nos conhecemos e nos apaixonamos, então eu estraguei tudo, te ferindo. Em um mês, sofremos separados, em nossa própria solidão. Então, me dê mais um mês para te recuperar. Se você estiver disposta, podemos fazer isso acontecer Any, eu juro... – Pediu, segurando meu rosto em suas mãos.

- Poncho...- Lamentei, à ponto de ceder. Meu coração estava disparado, em minha barriga haviam borboletas por todos os lados.

- Vamos lá Any, vamos tentar outra vez. Te prometo que se não der certo, eu nunca mais volto a te incomodar e serei somente o seu patrão. – Segurou minhas mãos e as levou até sua boca, beijando carinhosamente. Fechei meus olhos, indecisa. Eu queria ser feliz, precisava ser feliz.

Mas eu sabia no fundo do coração, que a minha felicidade estava toda ali, dentro daquele quarto. Com Faith e Alfonso. Eu sorri e assenti, então abri os meus olhos para ver os olhos verdes que eu tanto amava, cheios de lágrimas.