Fanfics Brasil - Capítulo 10 Destinado - As Memórias Secretas do Sr. Uckermann (Vondy) [TERMINADA]

Fanfic: Destinado - As Memórias Secretas do Sr. Uckermann (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 10

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A algazarra naquele lugar era infernal, e ao que parecia todo aquele barulho incomodava apenas a mim. As pessoas passavam — falando sozinhas com a mão na orelha — como se nada estivesse acontecendo, como se fossem imunes à cacofonia. Também não davam a mínima atenção às carruagens sem cavalos — seriam os tais carros, que Dulce tinha mencionado certa vez? —, os quais produziam zunidos de todos os tipos, dos mais agudos aos mais graves.
E havia o cheiro. Não era nada que eu reconhecesse.
Dulce e eu nos sentamos devagar. Eu me preparava para ajudá-la a ficar de pé quando um homem que falava com a mão quase passou por cima dela.
— Put/a que pari/u! Saiam do meu caminho! Esses pedintes me tiram do sério, viu? Não, não foi isso que eu pedi. Por que não anota o que estou falando, porr/a?
— Isso não é jeito de... — Comecei a me levantar na intenção de socá-lo até lhe ensinar bons modos, mas Dulce, delicada como sempre, devolveu um alto e claro:
— Vai se fode/r, babaca!
— Dulce! — censurei, embora eu mesmo tivesse pensado em algo semelhante.
— Ah, aqui a gente se vira como dá. Vai se acostumando. Vamos, Christopher. Levanta daí ou vou ter que enfiar meu punho no nariz de algum idiota mal-educado. — Ela fitou o homem, que seguiu em frente sem parecer ter escutado.
Eu me pus de pé, então ajudei Sofia, correndo as mãos por seu corpo.
— Você está bem? Se feriu?
— Não. Tá tudo bem. E você?
Alguém esbarrou nela, jogando-a para a frente. Eu a segurei firme pelos ombros, endireitando-a, e rapidamente me voltei em direção ao suposto cavalheiro, que nem mesmo se dera o trabalho de se desculpar.
Dulce me deteve pelo braço.
— Opa, peraí, senhor Esquentadinho. É assim mesmo por aqui. Tô acostumada com os encontrões. Foi daqui que eu vim, lembra?
Muito a contragosto, fiz que sim com a cabeça.
— Você tá bem? — ela repetiu.
— Eu... não sei ao certo.
Observei a cidade caótica do século vinte e um. Se passa muito tempo pensando no futuro, conjeturei, é próprio do ser humano. Porém, mesmo com tudo o que Dulce antecipara, mesmo eu tendo informações que a maioria das pessoas que eu conhecia não tinha, o que eu via me deixou sem palavras. Como era possível que o mundo tivesse mudado tanto em tão pouco tempo? Menos de duzentos anos separavam aquele mundo do meu. Não era tanto assim, se você parasse para pensar. Como as construções podiam ter ganhado tanta altura? Como os veículos podiam ser tão pequenos e velozes? E as roupas... bem, haviam encolhido e muito, embora nem as damas nem os cavalheiros parecessem constrangidos ao exibir tanta pele. E como as pessoas se tornaram tão... tão... apressadas e pouco corteses?
Não. Nem em um milhão de anos eu teria imaginado que era aquilo que o futuro guardava.
— Eu não consigo pensar direito — respondi, por fim. — Muito barulho, muitas cores e... esse cheiro.
— Acho melhor a gente nem saber. — Ela tomou meu rosto entre as mãos, tentando capturar minha atenção. — Olha, Christopher, eu sei quanto você se sente confuso e desorientado agora, e como tudo isso parece assustador e... bom, surreal. Mas eu estou aqui, tá? Nós vamos passar por isso juntos. Vai ser igualzinho à primeira vez.
Não pude evitar sorrir.
— Isso significa que terei de conquistá-la novamente?
Os cantos de sua boca se curvaram para cima também.
— Não. Mas também não vou me opor, se quiser tentar a sorte.
— Olha, mamãe! Um príncipe e uma princesa! — Uma garotinha de pouco mais de um metro, com cabelos castanhos brilhantes, apontava para nós.
— Não aponta, Juliana. É feio. — A mãe, um tanto sem graça, arrastou a menina para longe. Eu as analisei enquanto se afastavam. A mulher vestia algo estranho, uma espécie de camisa larga colorida que ia até os joelhos. A criança usava suspensórios e calças que mal alcançavam seus tornozelos finos.
— Humm... Ela tem razão. — Dulce tocou a saia longa de seu vestido verde. — Acho melhor trocarmos de roupa. Não podemos procurar Maite vestidos desse jeito. Ninguém nos levaria a sério.
— Sabe onde começar a procurá-la? — Naturalmente, eu não fazia ideia.
— É claro que sei. E vamos rezar pra que eu esteja certa.
— Tudo bem. Para onde devo levá-la?
— Não tenho mais casa aqui desde que parei de pagar o aluguel, imagino. Então, acho que vou ter que pedir emprestado de novo.
Duas senhoras passaram por mim. Ambas sorriam enquanto me examinavam.
Fiz uma mesura — ainda que estivesse um pouco atordoado, os bons modos sempre falavam mais alto. Dulce me puxou em direção à rua.
— Dulce, não! — Eu a puxei de volta. Não parecia seguro.
Ela manteve o braço livre esticado.
— Calma. Só estou chamando um táxi. Um carro de aluguel. — Quase no mesmo instante, um daqueles veículos parou bem perto dela. — Vamos?
Examinei o táxi. Era baixo, com rodas pequenas demais e feito de metal.
Aproximei-me, tocando a carroceria fria, sólida e perfeitamente lisa.
— Nossa!
Dulce revirou os olhos.
— Homens... — Então abriu a porta e esperou. — Vem, Christopher.
Olhei para ela e fechei a cara.
— Isso não está certo. Sou eu quem deve ajudá-la a entrar, não o contrário.
Ela piscou.
— Hã... Tudo bem. — Fechou a porta e deu um passo para o lado.
— Vocês vão entrar ou não? O taxímetro já tá correndo — avisou o condutor, atrás de um círculo preto. Uma mulher.
— Só um segundo — respondeu minha esposa.
Observei a porta e encontrei uma espécie de alavanca oculta. Pressionando-a para cima, ela se abriu. Ah.
— Minha senhora. — Fiz uma reverência.
Dulce ainda ria enquanto se acomodava. Eu a acompanhei, mas não foi fácil. Era baixo demais, e o espaço interno era minúsculo. Não dava para se levantar, muito menos para esticar as pernas. Fiquei com os joelhos presos entre os dois assentos. O dianteiro estava de costas para mim, pois a condutora ia ali dentro também. No entanto, tenho de admitir que a ideia de uma janela frontal era bastante engenhosa. E os bancos eram muito confortáveis.
Dulce se esticou sobre mim e puxou a porta que eu, equivocadamente, deixei aberta, enquanto dizia um endereço à condutora. A mulher deu uma boa olhada em mim por meio de um pequeno espelho preso ao teto do táxi. Algo a divertia. Lancei a ela um olhar interrogativo, e o mais intenso tom de rosa coloriu suas bochechas antes que ela desviasse o olhar. Então o movimento aconteceu, e foi de imediato registrado por meu estômago. A náusea era leve, apenas um incômodo, fácil de ignorar. Dulce já me explicara sobre motores movidos a combustível, mas eu jamais teria imaginado tamanha força e velocidade.
— Espantoso!
— Sério? Você acha mesmo?
Voltei-me para ela.
— É um pouco apertado aqui dentro, mas é inegavelmente esplêndido. E a ideia de uma janela bem à frente é bastante agradável.
Dulce me fitou com confusão.
— Por que está me olhando assim? — Segurei a mão dela.
Ela sacudiu a cabeça, um pequeno sorriso nos lábios.
— De todas as reações que você podia ter, de todas as diferenças que podia apontar, você escolheu se maravilhar...
— Posso falar sobre as diferenças, se preferir.
E podia mesmo. O mundo que passava voando pela janela era tão diferente que era quase impossível encontrar algo que eu reconhecesse. No entanto, não era isso o que mais me chamava atenção. Não. Eram as pessoas. Elas passavam umas pelas outras sem se notar, cumprimentar, sorrir. Como se fossem completos estranhos. A julgar pela altura das construções que bloqueavam a linha do horizonte, bem podia ser isso mesmo. E minha irmã estava ali, em algum lugar.
Será que uma dessas pessoas apressadas a tinha notado? Será que alguma delas havia parado para lhe oferecer ajuda? Deus do céu, eu rezava que sim.
— Prefiro que me diga o que realmente pensa — disse Dulce, achando graça. — E nem sei por que me surpreendi. Você sempre agiu assim comigo. Me aceitou da forma como sou e nunca se assustou. Só ficou... deslumbrado.
Foi a minha vez de sorrir.
— Meu deslumbramento por você não pode ser comparado com o que estou sentindo agora. Isto tudo é a evolução. Minha cabeça dói, pois estou tentando entender como foi que chegamos a tanto. — Apontei para a janela. — Agora, no que diz respeito a você, meu amor, não há o que tentar entender. Como eu poderia não me sentir fascinado por você? Você é extraordinária, única, Dulce.
— Aqui eu não sou, não — ela resmungou baixinho.
Eu estava pronto para dizer que ela estava enganada quando a condutora se virou e disse:
— Olhaí! Eu também me chamo Dulce.
Minha esposa soltou um longo suspiro, virando o rosto para a janela lateral. Então algo lhe atraiu a atenção e ela começou a discutir com a jovem condutora. O percurso que esta escolhera fazer era o mais longo e caro, segundo minha mulher.
O táxi parou em frente a um prédio alto cinzento. Contei doze janelas. A rua estava menos apinhada que antes, como se o centro do caos tivesse ficado para trás. Gostei do lugar.
— Trinta paus — avisou a motorista, batendo o dedo em uma placa preta onde piscava o número trinta em um vibrante e luminoso laranja.
— Me dá só um segundo? — Dulce me empurrou para fora do carro de aluguel, já que a condutora não desceu para abrir a porta.
Dulce seguiu direto para a entrada do prédio, mas, em vez de entrar, dirigiu-se a uma caixa prateada presa à parede do edifício. Apertou um círculo azul e uma sineta ecoou pela rua.
— Por favor, esteja em casa — murmurou, mordendo o lábio inferior.
— Alô! — berrou a caixa.
Dei um pulo, automaticamente passando os braços na cintura de Sofia e a puxando para longe do que quer que fosse aquilo.
Ela deu risada, desprendendo-se com delicadeza.
— Tá tudo bem. Juro! — ela me garantiu, ao mesmo tempo em que a caixa falante berrava um “Alôôu?”.
Dulce voltou a se aproximar da parede, a diversão estampada nos cantos da boca.
— E aí? Será que pode me emprestar uma grana?
— Mas era só o que me faltava. Pedintes agora interfonam?
Já que minha esposa gargalhou, achei que ela não corria nenhum risco. Mas, diabos, ela estava falando com uma caixa! E o mais espantoso era que a caixa respondia! Um meio de comunicação, certamente, como Dulce me dissera uma vez. Como o telefone.
Talvez aquilo até fosse um telefone.
— Caramba, Nina! Tá certo que eu tô sem um tostão, mas me chamar de pedinte já é demais! Sempre devolvi o que peguei emprestado. Hã... Exceto as roupas.
A caixa ficou em silêncio. Então se seguiu o ruído de coisas batendo contra a parede. E passos pesados e rápidos.
— Dulceeee! — A voz agora veio do alto.
— Nina! — Minha esposa olhou para cima e eu acompanhei seu olhar, colocando a mão na frente dos olhos para protegê-los do sol. Debruçada no balcão do terceiro andar, a jovem bonita que eu vira uma vez por meio de fotos gritou um “Aimeudeeeeeeeeeeeeeee...” antes de desaparecer de vista.
— Suponho que esta seja Marina. — Coloquei as mãos nos bolsos da calça.
— É, mas ela fica brava se você a chamar assim. A grana já tá vindo! — Dulce acenou para a condutora, que assentiu uma vez. — Você vai adorar a Nina, Christopher.
— É claro que vou. Será um prazer conhecer sua família. — Pois era isso que aquela jovem era.
Minha esposa fez que sim, os olhos subitamente brilhantes. Então, um borrão de tecido azul, rosa e púrpura passou pela porta de vidro alta e se chocou em cheio com Dulce.
— Ai, meu Deus! Ai, meu Deus! Ai, meu Deus! — Nina pulava abraçada a Dulce.
— Eu sei! Eu sei! Eu sei! — Sofia respondia em seu pescoço. — Também morri de saudade de você!
Nina se afastou um pouco, mas manteve as mãos nos ombros de minha esposa.
— Eu recebi suas cartas. Fico obcecada esperando o carteiro agora. O Rafa até quis me levar num psi...
— Cadê minha grana, moça? — A motorista do táxi se debruçou na janela, interrompendo o reencontro das duas amigas. — O taxímetro ainda tá correndo.
— Aqui! O dinheiro tá aqui! — Nina estendeu um punhado de notas de papel, parecidas com as que Dulce me mostrara tempos antes.
Então ela me notou. E seus olhos verdes, que pareciam ainda mais cristalinos em contraste com os cílios longos e escuros e sua pele de cacau, estavam fixos em mim. Sua boca se abriu e ela tentou dizer alguma coisa, mas precisou de algumas tentativas.
— Christopher — ela arfou.
Endireitei os ombros e sorri para ela.
— É um prazer finalmente conhecê-la, senhora Nina. — Fiz uma mesura.
Seu olhar perdeu o foco e um rubor suave coloriu suas bochechas. Ela piscou eentão sacudiu a cabeça. Seus cachos dançavam.
— Ai, meu Deus do céu! — Ela olhou para Dulce, deixando-me confuso. Eu tinha feito algo errado?
— Eu sei — minha esposa suspirou. — Tem o mesmo efeito em mim.
Que efeito? Do que elas estavam falando?
Pigarreei e recomecei minha apresentação.
— Dulce fala muito sobre a senhora. Não imagina quanto estou honrado por finalmente ter o privilégio de...
Sem aviso, Nina se jogou sobre mim e enlaçou os braços em meu pescoço. Os babados de sua camisa florida fizeram cócegas em meu nariz.
— Você é de verdade! — Ela desfez o abraço, mas continuou segurando meus braços. — Você é mesmo real! E, caramba, é ainda mais gostoso do que eu tinha imaginado. E mais alto também. É daqui que vem todo o borogodó do Rafa, então. Minha Nossa Senhora, Dulce! Agora entendo por que você nem pensou duas vezes pra ir viver com ele.
Foi a minha vez de ruborizar. Eu não havia entendido patavinas do que ela dissera, mas tinha a impressão de que acabara de me elogiar. E eu não estava habituado a ser tocado daquela maneira por ninguém, exceto Dulce e às vezes Maite. No entanto, temi magoá-la se me esquivasse.
Quais eram as regras daquele lugar?
Se eu levasse em conta tudo o que sabia sobre Dulce, poderia deduzir que não havia muitas.
Já que Nina o mencionara, minha curiosidade acerca de Rafael se intensificou ainda mais. Pouco depois do nascimento de Marina, Dulce descobrira algo a respeito de nossos futuros descendentes. Rafael, o marido de sua melhor amiga, era um deles. Naturalmente, meu cérebro ultrapassado demorou mais que o dela para compreender tudo. O fato de Dulce ter convivido com ele por tanto tempo dificultava as coisas para mim. Ela, no entanto, seguia uma linha de raciocínio maluca como tudo o que a cercava. Por um capricho do destino, Dulce fora colocada no tempo errado. Em vez de ter nascido na primeira década do século dezenove, como eu, nasceu no ano de mil novecentos e oitenta e cinco. Tudo o que vivera a levara ao momento em que deveria fazer a escolha que decidiria seu destino. E ela me escolheu. Rafael era fruto dessa escolha.
— O Rafa tá em casa? — perguntou Dulce, como se adivinhasse o rumo de meus pensamentos. — Ele tá bem?
— Tá na academia dando aula. — Nina me soltou.
Ajeitei as roupas e tentei me recompor. Era assim que as pessoas se cumprimentavam agora, com toda aquela intimidade? Deus do céu, por muito menos eu ficava constrangido. Beijar Dulce em público ainda me causava certo embaraço — apesar de isso nunca ter me detido, é claro.
— Ele fica por lá até o fim da tarde, mas vou ligar avisando que vocês estão aqui.
— Nina puxou a amiga para um abraço. — Nem acredito que eu tô te vendo de novo, Dulce!
— Eu também, Nina.
— Como é que vocês vieram parar aqui? É uma visita? Férias ou...
— Uma missão de resgate — completei.
— Ih, não gostei disso. — Nina fez uma careta. — Como assim, missão de resgate?
— Bom... — Dulce afastou alguns fios de cabelo que lhe caíam no rosto e os prendeu atrás da orelha. — Nós estávamos vivendo nosso felizes para sempre e...
— Ainda estamos — eu a corrigi.
Ela fixou aqueles olhos castanhos em mim.
— É. Ainda estamos. E o motivo de estarmos aqui é a Maite.
— Não entendi — Nina soltou Dulce. — O que a Maite tem a ver com vocês terem vindo para cá?
— Longa história. E vou explicar tudo com calma depois, mas basicamente o celular voltou, a Maite encontrou, veio pra cá por engano e nós temos que achá-la de qualquer jeito. Só que eu tô vestida assim. — Ela abriu os braços para que a amiga visse seu vestido. Era um de meus favoritos. O tecido era encorpado, aderindo a seu torso em todos os lugares certos, e a saia balançava levemente quando ela andava, de modo que vez ou outra me permitia vislumbrar um de seus tornozelos bem feitos.
— Pelo menos você não foi parar na ala psiquiátrica dessa vez. E a Maite também tá aqui?
Dulce e eu assentimos.
— Deus, que confusão! — Sacudiu a cabeça. — Vamos subir e aí vocês me explicam tudo direito.
Naturalmente, ofereci o braço às duas. Dulce o aceitou sem hesitar. Já Nina...
— O quê? O que eu devo fazer? — Ela olhou para Dulce, em pânico.
— Apenas me imite.
— Certo. — Ela pegou meu cotovelo.
Levei as duas para dentro do edifício. Logo na entrada, reparei na mobília colorida e florida destoando da nudez das paredes brancas. Franzi a testa. Será que os quadros não existiam mais? Ou apenas haviam caído em desuso?
— Agora vamos lá, Dulce. Comece a falar. Se você está aqui, é porque encontrou a fada de novo, não é?
— Ela me encontrou, Nina. Aqui, Christopher. — Dulce me fez parar diante de um painel prateado e apertou um botão enquanto atualizava a amiga sobre os últimos acontecimentos.
A divisória se moveu, revelando uma minúscula saleta. Não gostei daquilo. Era pequeno, sem janelas e o ar não parecia entrar em abundância, sobretudo quando a porta se fechou conosco lá dentro. A sala sofreu um baque e então tive a impressão de que começou a subir. Pelo vão entre os painéis metálicos, eu vislumbrava rápidos feixes de luz. Minhas mãos começaram a suar. A saleta na verdade era uma espécie de elevador, mas muito diferente das cabines cercadas de grades por onde o ar entrava livremente.
Dulc esoltou meu braço e apertou minha mão, tranquilizando-me com o olhar enquanto continuava a narrar os últimos acontecimentos para a amiga.
— ... minha fada madrinha não tem nenhuma ligação com ela. Então eu tive que vir. Sou o elo. Era o único jeito de resgatar Maite.
— E o Christopher?
O ar não estava entrando em meus pulmões.
— Ah, ele ficou maluco e se jogou sobre mim no momento exato em que a máquina funcionou. Ele não devia estar aqui, mas não foi capaz de me ver partir outra vez.
Então respire, seu grande idiota.
— Meu Deus, Dulce! — arfou Nina. — Isso foi a coisa mais romântica que eu já ouvi!
Inspirar. Expirar. Inspirar... É claro que o ar não está acabando... Expirar. Inspirar...
— E é por isso que estamos aqui. Estou morta de preocupação, Nina. Nem quero pensar nas possibilidades.
Depois do que me pareceu ser uma eternidade, as portas do elevador se abriram. Peguei Dulce pelo braço e a arrastei porta afora aos tropeções, recostando-me na parede, a cabeça pendendo para trás. Puxei uma grande lufada de ar. E mais uma. E outra ainda.
Senti os dedos de Sofia trabalhando em minha gravata e abrindo o botão de meu colarinho. Enchi os pulmões mais uma vez.
— Melhor? — ela me perguntou, preocupada.
— Sim. — Sua mão ainda estava em minha camisa. Eu a levei aos lábios. — Obrigado.
Ela arqueou as sobrancelhas.
— Claustrofobia?
— Não estou certo se entendi o que me perguntou, mas não gosto do que foi feito do elevador.
— Tá tudo bem. — Ela correu a mão por minha testa agora suada. — A gente vai de escada da próxima vez, se você quiser.
Assenti, um tanto acabrunhado. Nem Nina nem Dulce pareciam ter problemas com o novo elevador. Mas, Deus do céu, o ar ali dentro simplesmente desaparecia!
Tentando manter alguma dignidade, aprumei-me e ajeitei as roupas. A gravata, porém, foi para o bolso do meu paletó.
— Deixa eu ver se eu entendi. — Nina encaixou a chave em uma das quatro portas do pequeno átrio. — Então vocês vão sair por aí sem nenhuma pista?
— Eu tenho uma ideia de onde ela pode estar. — Dulce passou pela porta assim que me afastei para lhe dar passagem. — Só precisamos trocar de roupa antes, pra não correr o risco de pensarem que eu sou uma maluca que nem da outra vez.
Dentro do apartamento, consegui ter uma vaga ideia do que quase duzentos anos podiam alterar. As mudanças estavam em cada móvel, cada superfície daquele lugar. A mobília reta e de aparência frágil não me parecia confortável; o lustre que pendia do teto não permitia o uso de velas. Claro que não. Dulce me explicara sobre a luz elétrica mais de uma vez. Eu só não tinha compreendido que ela se parecia com um rabicho de porco leitoso. Uma imensa tela negra estava presa à parede branca em frente ao sofá, e eu me peguei tentando adivinhar que tipo de emoção o artista pretendera despertar ao criá-la. Desesperança? Frustração?
Medo? A interminável e inútil busca pela verdadeira essência do universo?
Acabei desistindo e, dentre tantas peculiaridades naquela sala miúda, a menor delas foi a que capturou meu interesse. Uma minúscula fonte se espremia em um canto, próximo ao sofá. Agachei-me até ficar a centímetros da peça, analisando-a por todos os ângulos possíveis.
— Ah! — Toquei o bambu que levava a água para cima, em um ciclo constante.
— Por um instante pensei que a água simplesmente brotasse como mágica, mas é um sistema de bombeamento semelhante ao que usamos na propriedade.
Não sei por que aquilo me causou alívio. Talvez pelo fato de compreender seu funcionamento, ou por perceber que, por mais que o mundo tivesse evoluído e mudado, algumas coisas ainda eram como eu as conhecia. A verdade é que desvendar o pequeno enigma daquela fonte me deu esperanças de poder fazer o mesmo com o misterioso desaparecimento de Maite. Eu só precisava entender o mecanismo e então seria capaz de encontrá-la.
— Não dá pra acreditar que você saiba disso e eu não — Dulce disse logo atrás de mim. — É uma fonte japonesa. O barulho da água ajuda a relaxar. Mas eu não acredito muito nisso, já que a Nina tem essa aí já faz muito tempo e está sempre uma pilha.
— Ei! — resmungou sua amiga.
Dulce colocou as mãos em meus ombros, apertando-os gentilmente.
— Acho que você vai encontrar muitas coisas curiosas por aqui, Christopher.
— Não tenho dúvidas quanto a isso, Dulce.
— Querem beber alguma coisa? — Nina ofereceu enquanto eu me levantava. — Estão com fome?
— Não. Só quero achar a Maite logo. — Dulce se acomodou no braço do sofá.
— Não, obrigado.
— Certo. O que faremos primeiro, então? — perguntou Nina.
— Você vai com a gente? — minha esposa indagou.
Nina cruzou os braços sobre o peito, uma expressão ofendida no belo rosto.
— Você pensou por um momento que eu fosse te deixar sozinha, Dulce?
Se eu já não tivesse muito apreço por aquela moça, por tudo o que Dulce tinha me contado a seu respeito, naquele momento eu a teria amado.
— Não. Nem por um minuto — respondeu Dulce. Apesar da aparência de uma não lembrar em nada a da outra, era visível que se adoravam feito irmãs. Da mesma maneira que Dulce e Maite.
Aonde minha irmã estaria agora?
— O que tem em mente, Dulce? — Eu a fitei com expectativa.
— Bom, vamos até a sua casa.
— Nossa casa — corrigi, magoado. Havia muito tempo que ela não se referia a nossa casa como minha. Eu não queria que, agora que estávamos longe, as coisas regredissem.
— Eu sei, Christopher. — Ela corou, constrangida. — É que eu achei que, se dissesse “minha casa”, a Nina ia pensar que eu estava me referindo ao meu antigo apê.
— Ia mesmo — concordou Nina. — Beleza. Vai se trocar, então. Você sabe onde fica tudo. Acho que o Rafa e o Christopher têm quase a mesma altura. Pega alguma coisa mais contemporânea pra ele também, só por garantia. Vou aproveitar e ligar pro Rafa enquanto vocês mudam de roupa. Ele vai pirar! Também sente a sua falta e é louco pra conhecer o Christopher. Ainda não acredito que você tá aqui, Dulce!
— Nem eu. — E, pela primeira vez desde que vira a amiga, sua voz soou melancólica.
Se Nina notou sua tristeza, não deixou transparecer e desapareceu por uma porta estreita. Dulce me empurrou para o outro lado da sala, até um ínfimo corredor, e eu me surpreendi com o tamanho da casa. Era menor que qualquer residência em que eu já tivesse entrado. Até a mais modesta habitação de qualquer criado era maior que aquele apartamento.
Dulce fechou a porta e se dirigiu a um armário de mogno que ocupava toda a parede clara, do chão ao teto. Abriu as portas e puxou algumas peças de roupa.
Então começou a se contorcer para alcançar os botões nas costas do vestido.
— Porcaria! — reclamou quando não conseguiu abri-los.
— Eu faço isso.
— Não entendo o porquê de tantos botões num local onde minhas mãos não alcançam. A madame Georgette nunca me deixa colocar eles na frente. Seria tão mais prático! É sempre um suplício tentar tirar a roupa sozinha.
— Talvez a intenção seja essa. Que as damas não consigam se despir com tanta facilidade. Suponho que seja parte de um plano ardiloso, uma armadilha de sedução enlouquecedora à qual homem nenhum é capaz de resistir. Mas daqueles botões miudinhos eu não gosto. Sempre há centenas, me toma muito tempo abrilos.
— Empurrei seu cabelo para o lado e comecei a remover os botões de suas casas.
— Vai ver é para você desistir de tirar minha roupa antes de chegar ao último.
— O mais provável é que eu perca a paciência e os arranque com um puxão, Dulce. — Inclinando-me, rocei os lábios em seu pescoço ao desocupar a última casa. Ela estremeceu de leve.
— Ainda acho que tem a ver com dificultar as coisas, mas enfim. Tira a roupa, Christopher.
Não consegui deixar de rir.
— Temos tempo para isso agora?
Encantado, vi suas bochechas ganharem o mais delicioso tom de rosa. Corada e seminua, Dulce era minha perdição.
— Não foi isso que eu quis dizer, Christopher!
Apenas uma coisa me fez tirar as mãos de cima dela naquele instante. Maite.
— Eu sei. — Retirei a arma do cós da calça e a coloquei sobre a cama, então comecei a me despir. Arranjei-me com as roupas de Rafael: uma calça azulada do mesmo material daquele pedaço de pano que Dulce usava quando eu a conheci, e que havia muito eu escondera em meu escritório, pois volta e meia ela insistia em vesti-la, e uma espécie de camisa sem botões e de mangas curtas, vermelha como um tomate. Nada de paletó ou gravata. Nada de colete, muito embora eu o odiasse e usasse somente quando era necessário. Mesmo tendo apenas os braços expostos, eu me sentia nu. Nunca tinha vestido tão pouca roupa na vida. Peguei meus pertences nos bolsos do paletó e me vi sem espaço para guardar tudo nos quatro pequenos bolsos daquela calça.
Quando calcei minhas botas outra vez, Dulce se arrumava em uma coisa minúscula que deixava seu colo e ombros à mostra. A peça preta se colava a seu peito como tinta, assim como a que havia coberto a parte de baixo de seu corpo.
Uma calça, percebi. Uma maldita calça justa que fez a palma de minhas mãos pinicar na ânsia de tocar aquele delicioso traseiro.
Era sempre assim, uma tortura, quando ela usava minhas calças. Vez ou outra ela as pegava e saía pela propriedade. Nunca ia além, pois sabia que aquilo me deixaria louco. Sim, ela sempre era atraente, não importava o que vestisse, mas usando calças Dulce era um deleite aos olhos, e meu corpo reagia instantaneamente a todas aquelas curvas bem marcadas, tornando impossível olhar para outra coisa que não ela. Esse era o problema. Outros homens
reagiriam da mesma maneira, eu estava certo. Outros teriam problemas para organizar os pensamentos. Outros sentiriam a palma das mãos pinicar.
Intolerável, de fato.
Ela sentiu que eu a olhava, mesmo estando de costas.
— Nem vem, Christopher. Lá no século dezenove eu faço as coisas do jeito que você me
pede, porque não quero brigar com você e, de certa forma, consigo entender seu argumento. Mas aqui as coisas são diferentes. Toda mulher usa calça e ninguém dá a mínima. Além disso... — Ela enfiou a máquina do tempo no bolso de trás da calça e se virou.
E arfou. Seu olhar viajando por meu corpo.
Ah, diabos. Eu sabia que tinha algo errado.
— Vesti alguma coisa de maneira inadequada, não é?
— Não... hã... não... — Dulce chegou mais perto, o olhar fixo em mim, a mão esquerda indo repousar sobre meu peito. Seus dedos escrutinaram meu tórax de um lado a outro. — Você fez tudo direitinho.
— Não é o que parece. Não estou apresentável, é isso? Porque não me sinto apresentável.
Seu olhar subiu para o meu rosto com alguma dificuldade. Eles cintilavam com...
Acabei sorrindo... Fome. Muita fome.
— Você está além de apresentável. Está... lindo! Só é diferente te ver assim, dentro desse jeans surrado e dessa camiseta. Te faz parecer mais com um cara comum.
Um cara comum. Meu contentamento evaporou.
— Quer dizer, um cara comum pra você! — Ela voltou a correr as mãos pelo meu torso, o olhar acompanhando seus movimentos como se estivesse enfeitiçada. Meu batimento cardíaco, naturalmente, foi à loucura. — Se eu te visse vestido assim numa balada, no supermercado, na farmácia, no ponto de ônibus, na fila do banco ou onde quer que fosse, meu coração teria se portado do mesmo jeito que agora.
— E como ele está se portando?
Ela alcançou minha mão e a levou ao centro do peito. As batidas eram instáveis, rápidas e fortes como se ela estivesse em grande perigo.
Um sorriso lento se abriu em meu rosto. Ser um cara comum era bom!
— Entendo o que quer dizer — me ouvi dizendo. — Estou aqui lutando contra a vontade de amarrá-la ao pé desta cama para que nenhum outro homem ponha os olhos em você. Apenas uma coisa me impede.
— Maite — Dulce murmurou.
Anuí com a cabeça.
Ela me pegou pela mão, conduzindo-me para a porta. O celular capturou a luz que entrava pela janela e faiscou como uma estrela em seu bolso. Levei a mão ao seu traseiro e apanhei a máquina do tempo. Dulce se virou, surpresa.
— Eu fico com isto. — Movi-o até o peito para guardá-lo e reprimi um xingamento ao lembrar que não vestia um paletó. Então o deixei cair no bolso dianteiro da calça, com o lenço. — Não vou correr o risco de ele voltar a funcionar e a mandar para sabe Deus onde.
Ela não se ofendeu. Na verdade, pareceu entender o que eu estava sentindo melhor do que eu mesmo. Porém mordeu o lábio inferior. Algo estava errado.
— O que foi, meu amor?
— Christopher, eu espero de verdade que minha linha de raciocínio esteja certa e que Maite esteja na nossa casa agora, só esperando a gente chegar.
— Mas...? — Porque havia um mas.
Ela inspirou fundo.
Mas, se eu estiver enganada, as coisas vão ficar bem difíceis. — Ela me levou até as cortinas, empurrando o tecido fino para o lado a fim de revelar a janela.
— Meu Deus! — Do alto, a cidade era ainda mais impressionante, derramando-se além do que a vista alcançava.
— Nossas chances não serão nada boas. Quase nenhuma.
Fixei os olhos nela e apertei sua mão.
— Nossas chances eram ruins meia hora antes, quando cento e oitenta anos nos separavam de Maite. Estamos aqui. Vamos conseguir, Dulce. Uma chance é tudo de que precisamos, e não vamos desperdiçá-la.
Ela concordou com a cabeça.
— Está pronto para enfrentar o meu mundo?
Eu estava?
Provavelmente não. Pensei em tudo o que vi até aquele instante. Pensei em Maite vislumbrando tudo aquilo, sem ter ninguém para lhe explicar o que estava acontecendo. Pensei em Marina em casa, esperando que retornássemos. Apenas uma coisa me trazia alento: o impossível acontece se você acreditar. Prova disso era Dulce ter uma aliança com o meu nome em seu anular da mão esquerda. Por isso eu estava certo de que encontraria minha irmã. Era apenas uma questão de tempo. Não falharia com ela outra vez.
Então, levei aos lábios a mão que Dulce entrelaçara na minha, beijando-lhe a palma macia.
— Mais do que você imagina, Dulce.




kaillany: vão só que não agr, a Marina não ficou só tem a Madalena o Gomes o Isaac, muita gente kk bjss {#emotions_dlg.kiss}


 


tahhvondy: As coisar vão ficar meio complicadas bjss {#emotions_dlg.kiss}


 


GrazihUckermann: Se eles não voltarem nada ficará bem, como a fada madrinha de Dulce disse "eles nunca deveriam tem deixado aquele presente" bjss {#emotions_dlg.kiss} S2


 


 


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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 63



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  • tahhvondy Postado em 14/02/2017 - 17:51:28

    nossa simplismente amei!cada um dos livros maravilhosos essa historia e incrível que não tem como não ser apaixonar por ela o amor deles e lindo o Christopher e mt fofo vou sentir saudades dessas confussões deles

  • GrazihUckermann Postado em 13/02/2017 - 19:10:55

    Eu AMEI! não sei qual dos livros foi o melhor. obrigada por postar essa história incrível, essa história é muito linda. Christopher é muito fofo <3 O amor deles é incrível. Quando ele a esqueceu ele se apaixonou por ela de novo, e eu tive que me segurar pra não chorar nessa parte s2 Fiquei feliz com o final da Madelena e do Seu gomes. Espero que tenha outro Baby vondy no livro da Maite, dessa vez tem que ser menino kkjk e não terá um nome melhor que Alexander para dar ao menino neh?? Estarei na próxima fanfic com você, comentando em todos os capitulos. Tchau. um diaa eu volto para ler de novo. (Acho que não demora muito, por amei a história e quero muito ler de novo) s2

  • tahhvondy Postado em 13/02/2017 - 10:57:28

    ai já ta acabando que triste mas ainda bem q vx consequiu baixa o da Maite

  • GrazihUckermann Postado em 10/02/2017 - 20:35:51

    Continuaaaaaaaaaaaaa! s2

  • tahhvondy Postado em 09/02/2017 - 11:28:34

    chequei continua por favor

  • GrazihUckermann Postado em 09/02/2017 - 09:49:37

    Continuaaaaa! s2

  • GrazihUckermann Postado em 07/02/2017 - 16:32:39

    FINALMENTE! CONTINUAAAAAAAAAAAAAA s2

  • GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:08:32

    T-T

  • GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:02:21

    Caraca essa confusão me deixou confusa kkkjk quando ele esquecer ela, ele meio que vai sumir?? vai aparecer no século dezenove como se nada tivesse acontecido?? é isso? não entendi kkkjk Continue mulher, não me deixe ansiosa! s2

  • GrazihUckermann Postado em 05/02/2017 - 22:21:37

    ai me deus!!!! CONTINUAAAAAA T-T


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