Fanfics Brasil - Capítulo 17 Destinado - As Memórias Secretas do Sr. Uckermann (Vondy) [TERMINADA]

Fanfic: Destinado - As Memórias Secretas do Sr. Uckermann (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 17

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— Você acha que consegue encarar o elevador? — Dulce perguntou ao entrarmos no prédio de fachada amarela. Rafael e Nina tinham nos deixado lá antes de retornar para casa. — Tô exausta. Não consigo enfrentar seis andares de escada.
— Claro. — Embora sua pergunta tenha me deixado confuso. Não demorou para que eu descobrisse o motivo. Assim que entrei no elevador, percebi que muito havia mudado. As grades foram substituídas por maciças paredes de metal. Não havia uma única janela.
Dulce pressionou um botão no painel, e o número seis se iluminou em um tom rosado.
— Por que sempre tem um botão?
— Onde?
— Em tudo. Já nem sei quantos vi hoje. — Eu ainda não compreendia a fixação da humanidade daquela época por botões e luzes.
Esfreguei a testa quando as portas se fecharam. Tudo bem, era apenas um lugar apertado sem janelas. O ar continuava fluindo. Meus pulmões continuavam trabalhando. Nada de mais. Não havia razão para supor que eu não conseguiria respirar, já que Dulce respirava normalmente. Uma fina camada de suor recobriu minha pele e a tontura me fez apoiar em uma das paredes frias.
Dulce  me observou com atenção e então se lançou sobre o painel de números, apertando freneticamente um botão que tinha um desenho de dois triângulos equiláteros separados por uma linha, dando a ideia de um olho.
— Ah, Christopher, desculpa. Não dá mais.
Com um solavanco, senti que nos movíamos para cima. Tentei manter a atenção no funcionamento da máquina e assim me distrair da sensação agonizante de estar me afogando em pleno ar. Roldanas. E cabos grossos, para poder suportar o peso da estrutura e de seus ocupantes. Ao menos dois cabos: um para tração e outro de comando. Os botões provavelmente substituíam as alavancas que eu conhecia.
Misericordiosamente as portas se abriram para revelar um pequeno átrio com quatro portas. Eu me lancei para fora daquela caixa, buscando ar. Ali fora, ele chegava ao fundo dos meus pulmões.
Dulce se aproximou e, ficando na pontinha dos pés, esticou-se para beijar meu queixo.
— Tá legal, acho que você tem mesmo claustrofobia. Vamos evitar o elevador daqui pra frente, tá bem?
— Humm — foi minha resposta. Mas o que eu podia dizer a ela? Que não conseguia respirar dentro daquela coisa?
Dulce pegou no bolso da calça a chave que Rafael lhe dera e a encaixou na porta, abrindo-a. Com um toque de seus dedos em uma tecla presa à parede, a sala se iluminou de maneira desconfortável. Era quase dia ali dentro.
Se cheguei a pensar que aquela cidade era um verdadeiro caos, era porque ainda não tinha entrado no apartamento de Dulce. Tudo estava fora do lugar. Receoso com o que pudesse ter causado tamanha desordem, eu trouxe Dulce para trás, usando meu corpo para protegê-la.
— A Nina não estava de brincadeira quando disse que tudo estava “do jeitinho que eu deixei”. — Ela examinou o ambiente por sobre meu ombro, bastante sem jeito.
— O que aconteceu aqui?
— Bom, é... hã... É assim que a nossa casa vai ficar se a Madalena pedir as contas.
— Ah. — Relaxei a postura e tentei não rir. Tentei mesmo.
Dulce me contornou e começou a andar pela sala, olhando sua casa como que pela primeira vez, um dedo correndo pelo encosto do sofá.
— Nunca pensei que voltaria a ver este apartamento — murmurou, contemplativa.
— Nunca imaginei que um dia eu veria seu apartamento.
Meu comentário a trouxe de volta de onde quer que estivesse. Então ela analisou o ambiente e corou, disparando em direção a uma mesa. Ao menos as pernas de madeira se pareciam com as de uma mesa. O tampo estava coberto por todo tipo de coisa, então eu não tinha como ter certeza. Ela abraçou um punhado de itens — roupas, na maioria — e olhou em volta, como se procurasse um lugar melhor.
Franziu a testa e acabou colocando tudo de volta na mesa.
— Tá legal. Você já sabe que eu não sou muito boa com organização.
Dei alguns passos, analisando o aposento.
— Então era aqui que você morava. — Levei as mãos aos bolsos da calça.
Diabos, de que serviam bolsos tão apertados? Desisti deles.
— Meu palacete de quarenta e dois metros quadrados — Dulce abriu os braços.
— Gostaria de conhecer minha propriedade, senhor Uckermann? Tá certo que não é exatamente minha, mas você pegou o espírito da coisa.
— Sou todo seu. — Sorri para ela. Ela foi para o centro da sala, chutando para baixo da mesinha de centro uma roupa de baixo de renda branca que estava no caminho. Com o rosto sério, ajeitou suas ondas antes de começar.
— Bem, aqui temos a incrível sala de estar, jantar, TV, escritório e... hã... depósito de coisas cujo destino ainda não foi decidido.
— Muito aconchegante. — Lutei contra o riso.
Pegando-me pela mão, ela me puxou e dois passos depois se deteve diante de uma porta aberta. Acionou a tecla na parede. A luz preencheu o ambiente.
— E aqui é a cozinha. O lugar menos frequentado desta casa.
— É bastante...
— ... pequena? — ela arriscou, arqueando as sobrancelhas.
— Diferente. O que é isto?
— Ah, é a geladeira. — Ela abriu a porta e uma luz se acendeu. Deus do céu, tudo tinha luz própria no futuro? — Serve pra guardar comida — apontou para as prateleiras quase vazias —, mas a Nina deve ter tirado tudo daí pra não estragar.
Olha, temos refrigerante! E aquele ali é o micro-ondas, a invenção mais importante da humanidade.
— Humm... — murmurei, observando a caixa retangular para onde ela apontava, repleta de (que surpresa) mais botões. Mas, se ela dizia que era importante, devia ser mesmo. Perdi as contas de quantas vezes a ouvi mencionar o utensílio.
Voltamos para a sala, mas ela seguiu em frente, até outra porta.
— Meu quarto. — E me puxou para dentro.
Eu não sabia o que encontraria ali. Não fazia ideia do que esperar do quarto de uma mulher moderna. No entanto, aquele foi o cômodo que menos me espantou.
A cama era alta, parecia confortável e, surpreendentemente, estava arrumada. O armário tinha uma das portas recoberta por um espelho e ia até o teto. Todas as portas estavam abertas. Roupas se penduravam e ameaçavam cair de uma das gavetas. Havia muita coisa sobre a mesa de cabeceira. Livros, na maioria. E, entre eles, um retrato. Eu o peguei, percorrendo com o dedo o lindo rosto da jovem sorridente espremida entre um casal.
— Meus pais — Dulce disse por sobre meu ombro. — Essa foto foi tirada quando fiquei sabendo que tinha conseguido entrar na faculdade.
— Quantos anos tinha?
— Dezessete.
— Você se parece com a sua mãe. — Sobretudo o sorriso. A mulher tinha os cabelos castanhos e lisos, mas os traços delicados do queixo e do nariz eram inegavelmente semelhantes aos da filha. Seu pai trazia uma bagunça de cachos dourados sobre a cabeça, mas os traços eram duros, e a única semelhança que encontrei com Dulce foi o olhar.
— Verdade? Sempre achei que fosse mais parecida com meu pai, por causa do cabelo. Quer ver uma coisa maluca?
— Uma a mais, uma a menos, que diferença fará? — brinquei, colocando o retrato de volta no lugar.
Isso a fez ficar séria.
— Eu sei quanto isso tudo deve estar sendo difícil pra você, quanto deve estar confuso. Deve ser ainda pior do que foi pra mim, porque pelo menos eu não tive amnésia.
— Você me contou a respeito de muito do que vi hoje. Preciso admitir, porém, que muitas dessas coisas não são como eu havia imaginado.
Ela me abraçou pela cintura, enterrando o rosto em meu peito.
— Quando esse pesadelo vai acabar, Christopher? Só quero que a Maite esteja bem, que
possamos encontrá-la logo e então voltar para casa. Estou preocupada com a nossa Nina.
— Pareceria estranho se eu dissesse que eu também? — Eu tentava me convencer de que Madalena era mais do que capaz de cuidar de um bebê. Ela fizera isso com Maite desde o dia de seu nascimento. Ainda assim, eu queria ter certeza de que minha filha estava sendo bem cuidada. Eu podia não me lembrar dela, mas o sentimento estava ali.
— Nem um pouco estranho. — A voz de Dulce tremeu. Pressenti que ela estava à beira de perder o controle.
— O que pretendia me mostrar antes? — perguntei, querendo mudar o rumo de seus pensamentos.
E os meus. Havia muito rondando minha cabeça. A preocupação com Maite, com a filha de quem eu não me lembrava e, sobretudo, com Sofia. O que estava se passando em sua cabeça naquele instante?
— Ah, é. — Dulce se desvencilhou de mim, inspirando fundo algumas vezes.
Quando pareceu voltar ao controle das emoções, inclinou-se e abriu a gaveta do criado-mudo. De lá de dentro retirou um papel obscurecido pelo tempo e me entregou. — Você escreveu pra mim.
A tal carta que ela sempre mencionava. Aquela que a fizera lutar por mim com unhas e dentes. Aquela da qual eu não tinha lembrança, pois acontecera em um futuro que jamais chegou a existir.
Desdobrei a folha com cuidado para não rasgar o papel frágil. Então, franzi a testa.
— Mas está em branco.
— O quê? Impossível! — Dulce o pegou e o examinou dos dois lados. — Mas... mas... estava aqui! Com a sua caligrafia linda e tudo!
— Talvez você esteja confundindo com outro papel.
— Não! É esse, Christopher, tenho certeza. Guardei aqui na cabeceira, porque assim eu sentia que você estava comigo e... — Ela mordeu o lábio inferior com força, os olhos fixos na folha, como se esperasse algo surgir na página.
Suspirei, exausto, e delicadamente retirei a suposta carta de suas mãos. Dulce me encarou, aturdida.
— Escute, você está muito cansada, precisa dormir. Ficar pensando nesta carta só vai deixá-la ainda mais confusa.
— Mas...
Pressionei um dedo sobre seus lábios macios.
— Amanhã você vai encontrar uma explicação razoável para o que aconteceu.
Agora, se me mostrar como, terei um imenso prazer em lhe preparar um banho quente.
— Aqui não tem muito isso de preparar o banho. Mas você tá certo, acho. Minha cabeça tá dando um nó. Vamos lá, vou te mostrar o banheiro.
Naturalmente, não era nada parecido com o que eu havia imaginado. As paredes revestidas de azulejos brancos sem nenhum desenho faziam o pequenino ambiente parecer mais amplo. Havia um toucador, uma bica sobre ele, um vaso que eu deduzi ser a tão sonhada privada de Dulce. Uma cortina florida cortava o banheiro ao meio. Eu a afastei e dei uma espiada.
— Chuveiro. — Dulce se apoiou em minha cintura para alcançar uma alavanca.
Assim que ela a girou, a água começou a jorrar de uma espécie de regador preso a um cano que saía da parede. Estendi a mão sob o fluxo. Água quente, como ela um dia prometera.
— Extraordinário!
Colocando as mãos em minha cintura, Dulc eagarrou a estranha camisa que eu vestia, suspendendo-a. Ajudei puxando o tecido pela gola. Ela o amassou até formar uma bola enquanto permanecíamos assim, olhando um para o outro, e por um momento achei que ela fosse sair para me dar privacidade. Mas eu não precisava de privacidade, precisava de Dulce.
Como de costume, não tive de dizer uma palavra. Ela me compreendia e também parecia precisar de mim. Não sei ao certo qual de nós dois agiu primeiro. Em um instante estávamos em pé de frente um para o outro. No seguinte? Dulce estava enrolada em mim, os braços em meu pescoço e as deliciosas pernas em meus quadris...


 


                                                                 * * *


 


Segundo Dulce, as roupas que eu vestia quando cheguei ao século vinte e um ficaram na casa de Nina e Rafael, pois estivemos lá antes. Então, depois que saímos do banho, ela se enfiou em uma daquelas camisas de mangas curtas — camisetas, ela me explicou — e me arranjou um roupão branco decorado com corações vermelhos, já que nenhuma de suas roupas coube em mim. Nunca estive mais ridículo em toda a minha vida.
Dulce penteava os cabelos, examinando-me de alto a baixo, e começou a rir, confirmando minhas suspeitas.
— A gente precisa arrumar roupas pra você.
— Concordo. Minha masculinidade está agonizando dentro disto aqui.
Ela riu ainda mais, derrubando o pente. Agachei-me para pegá-lo e o devolvi a ela.
— Valeu. Vou colocar a calça e a camiseta pra lavar e então vamos pra cama, onde você poderá se livrar do roupão fofinho e salvar sua virilidade.
— Eu pretendia fazer o retrato de Maite antes.
— Mas você está exausto, Christopher.
— Não vem ao caso. Não podemos perder tempo.
Ela jogou o pente sobre a pia.
— É, tem razão. — Pegou nossas roupas molhadas, retirou tudo o que encontrou nos bolsos, inclusive o celular, secou os objetos e então saiu.
Fui para a sala e recolhi algumas peças de roupa do sofá, colocando-as sobre a mesa, pois aquele parecia ser o lugar favorito de Dulce para guardar a maior parte delas. Ela retornou instantes depois.
— Onde encontro papel e grafite? — perguntei.
— Grafite eu não tenho. Serve um lápis? — Ela se pôs a vasculhar a bagunça sobre a mesa.
Acabei rindo.
— Explique-me por que você preferia guardar suas roupas na mesa de jantar.
— Não é que eu preferisse. — Seu rosto se retorceu em uma careta. — Mas eu sempre chegava em casa bem tarde. Comia alguma coisa e caía na cama. Vivia prometendo que ia arrumar tudo no fim de semana, mas nunca cumpria a promessa. Aqui, serve esse papel?
A folha estava amassada e tinha algo escrito no verso.
“Prezada srta. Dulce Saviñón, não confirmamos o pagamento da fatura do seu Visa...”
— Ah, esse não. — Tirou-o de minha mão e continuou procurando. Um caderno surgiu. — Eu sabia que tinha um. Agora o lápis. — Ela foi até a estante de livros, a única coisa que parecia seguir alguma ordem ali. — Tinha um aqui em algum lugar...
Enquanto ela procurava, flagrei-me perguntando o que poderia ocupá-la tanto nos fins de semana que a impediam de arrumar a casa. Não que Dulce não gostasse de ordem; ela só não sabia o que fazer com ela.
— Aqui. — Ela me estendeu o lápis e percebeu que meus pensamentos divagavam. — O que foi?
— Estava me perguntando como você passava seus fins de semana.
— Ah, lendo, vendo TV, às vezes saía com a Nina e o Rafa.
— Os homens com os quais você... hã... — Inferno, eu não queria perguntar. Na verdade, preferia nem pensar nisso, muito obrigado. Mas a curiosidade acabou falando mais alto. — Os homens com quem se envolveu nunca a visitavam?
Ela riu.
— Meu Deus, não! Nem foram tantos homens assim. Mas todos, sem exceção, eram idiotas.
Eu não poderia discordar dela. Se a deixaram escapar, não passavam de tolos completamente cegos.
— Então a minha vida se limitava a trabalho — prosseguiu —, algumas saídas com meus poucos amigos, livros e internet.
— Parece solitário.
— É, era, sim. Mas aí eu te encontrei. — Ela me beijou de leve e em seguida me arrastou para o sofá.
Nós nos acomodamos e eu tentei convencê-la a ir se deitar. Não que tenha funcionado. Quando foi que consegui convencer Sofia a fazer alguma coisa?
— Não gosto de ir pra cama sem você. Vou ficar aqui, bem quietinha, Christopher. Você nem vai perceber que eu estou do seu lado.
— Não é com isso que estou preocupado. Você parece estar a ponto de desmaiar.
— É que... — Ela encolheu os ombros, o dedo acompanhando a trama do tecido do sofá. — A Marina não me sai da cabeça, Christopher. Se eu ficar sozinha, vou ficar fantasiando um monte de absurdos, e aí...
Joguei o caderno sobre a mesa.
— Está tudo bem. — Passei um braço por seu ombro e a puxei para perto, beijando-lhe a testa. — Eu entendo. Mas não precisa se preocupar, meu amor.
Marina está sendo bem cuidada. Além disso, iremos para casa antes que ela possa sentir nossa falta. Agora vamos para a cama. Posso fazer o retrato de Maite amanhã.
— Não! De jeito nenhum! — Ela se afastou para me encarar, as mãos apoiadas em meu peito. — Quanto antes tivermos o desenho da sua irmã, melhores serão nossas chances, e então poderemos ir pra casa mais depressa. Eu tô bem. Sério, Christopher. — E lutou o melhor que pôde para manter as emoções sob controle.
Tão corajosa. Tão frágil e ao mesmo tempo tão forte. Meus batimentos cardíacos pararam por um instante, então dispararam enquanto eu sentia como se caísse e me apaixonasse por ela outra vez.
E, decerto, eu não podia deixar de concordar com sua lógica. Então me obriguei a pegar o caderno, o abri à procura de uma página em branco e encontrei todas elas sem uso. Consegui algum espaço na mesa de centro e me inclinei. Dulce imitou meus movimentos, as mãos comprimidas nos joelhos, os olhos muito abertos, um minúsculo sorriso se insinuando nos olhos.
Ah. Dulce e seu estranho fetiche de me ver pintar. Bem, se isso a agradava, não seria eu quem lhe tiraria esse prazer. Mas confesso que era difícil me concentrar com seus olhos em mim.
Desenhar Maite foi fácil, porém. Eu conhecia seu rosto desde sempre, e, enquanto seus traços surgiam no papel, eu rezava em silêncio para que, onde quer que ela se encontrasse, estivesse em segurança.
Conforme a hora ia passando, Dulce foi cedendo ao cansaço, bocejando cada vez com mais frequência.
— Venha aqui — eu disse, acomodando sua cabeça em meu colo depois de me certificar que o roupão nada exibia.
— Eu sonhei com isso — ela murmurou, olhando para algo que poderia ser uma TV, embora o formato fosse diferente do que eu vira no restaurante pouco mais cedo.
— Com o quê? Eu vestido com seu roupão de coraçõezinhos?
— Não. A gente exatamente nessa posição. — Ela então me fitou, o furinho em sua testa indicando que algo estava errado.
— E o que aconteceu no sonho?
Seu olhar adquiriu um brilho diferente, quase de medo. Mas então ela sacudiu a cabeça.
— Nada. Foi só um sonho bobo. — Ela se aconchegou a mim, bocejou e fechou os olhos.
Apoiando o caderno no braço do sofá, continuei a rabiscar. O rosto de Maite foi tomando forma, profundidade e textura, e não demorou muito para que eu o finalizasse. Não lhe fazia justiça, por certo. Nem tinha a vivacidade de seu olhar, mas serviria a seu propósito.
Voltei-me para Sofia a fim de mostrar-lhe o resultado, mas ela tinha adormecido.
Deixei o caderno sobre a mesa de centro e escorreguei para o lado com delicadeza, tomando cuidado para não acordá-la. Tomei-a nos braços. Ela resmungou alguma coisa, mas não despertou. Levei-a para o quarto e a coloquei no colchão macio, jogando o lençol sobre ela.
Voltei para a sala e tentei apagar as luzes usando a tecla na parede. Com um
único e simples toque, vi-me no mais completo breu. Apertei de novo e a luz voltou a se acender. Um invento e tanto a tal eletricidade.
Fiz o mesmo com as outras luzes da casa e voltei para o quarto. A luminosidade que vinha da janela me permitiu ver que Dulce havia se remexido, uma das pernas nuas estendida sobre o lençol. A camisa que vestia ainda agora jazia esquecida no chão. Suas ondas douradas estavam úmidas, portanto mais escuras, adquirindo um tom avermelhado, e se derramavam na fronha como cobre líquido.
Enquanto tirava o roupão ridículo, peguei-me estudando suas curvas e linhas. O artista em mim sempre estava disposto a retratar sua musa. Um artista que andava em falta, censurei-me. Ainda me aporrinhava não ter conseguido retratar Dulce em nossa noite de núpcias. Aquela imagem estava marcada a fogo em minha memória, e eu sentia que explodiria de frustração se não a colocasse na tela logo. Assim que voltarmos para casa, prometi ao me deitar na cama e me aconchegar ao corpo macio e quente de minha esposa adormecida. Eu a pintaria em uma tela pequena, que coubesse no cofre do quarto. Não dividiria aquela lembrança com mais ninguém, exceto ela. Assim que voltarmos para casa, eu a retratarei.
E isso vai acontecer amanhã, pensei, já imerso em uma espessa nuvem de torpor.
Encontraríamos Maite e voltaríamos para nossa vida de antes no dia seguinte.




tahhvondy: vai ter mais confusão ss kk bjss {#emotions_dlg.kiss}


 


GrazihUckermann: Eles teriam que dormir alguma hr né kkk bjss {#emotions_dlg.kiss} S2


 


Só uma coisinha, toda vez que o Christopher dorme ele perde uma parte da memória 


 


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Autor(a): Fer Linhares

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— Senhora Uckermann! Senhora Uckermann! — chamava a senhora Bernadete, acenando freneticamente ao se aproximar, desviando das mesas que margeavam o jardim em frente à casa.Dulce continuou a admirar as bandeirolas presas aos cordões sobre nossa cabeça, como se não fosse com ela. Acabei sorrindo. Tudo bem. Estávamos ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 63



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  • tahhvondy Postado em 14/02/2017 - 17:51:28

    nossa simplismente amei!cada um dos livros maravilhosos essa historia e incrível que não tem como não ser apaixonar por ela o amor deles e lindo o Christopher e mt fofo vou sentir saudades dessas confussões deles

  • GrazihUckermann Postado em 13/02/2017 - 19:10:55

    Eu AMEI! não sei qual dos livros foi o melhor. obrigada por postar essa história incrível, essa história é muito linda. Christopher é muito fofo <3 O amor deles é incrível. Quando ele a esqueceu ele se apaixonou por ela de novo, e eu tive que me segurar pra não chorar nessa parte s2 Fiquei feliz com o final da Madelena e do Seu gomes. Espero que tenha outro Baby vondy no livro da Maite, dessa vez tem que ser menino kkjk e não terá um nome melhor que Alexander para dar ao menino neh?? Estarei na próxima fanfic com você, comentando em todos os capitulos. Tchau. um diaa eu volto para ler de novo. (Acho que não demora muito, por amei a história e quero muito ler de novo) s2

  • tahhvondy Postado em 13/02/2017 - 10:57:28

    ai já ta acabando que triste mas ainda bem q vx consequiu baixa o da Maite

  • GrazihUckermann Postado em 10/02/2017 - 20:35:51

    Continuaaaaaaaaaaaaa! s2

  • tahhvondy Postado em 09/02/2017 - 11:28:34

    chequei continua por favor

  • GrazihUckermann Postado em 09/02/2017 - 09:49:37

    Continuaaaaa! s2

  • GrazihUckermann Postado em 07/02/2017 - 16:32:39

    FINALMENTE! CONTINUAAAAAAAAAAAAAA s2

  • GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:08:32

    T-T

  • GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:02:21

    Caraca essa confusão me deixou confusa kkkjk quando ele esquecer ela, ele meio que vai sumir?? vai aparecer no século dezenove como se nada tivesse acontecido?? é isso? não entendi kkkjk Continue mulher, não me deixe ansiosa! s2

  • GrazihUckermann Postado em 05/02/2017 - 22:21:37

    ai me deus!!!! CONTINUAAAAAA T-T


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