Fanfic: Destinado - As Memórias Secretas do Sr. Uckermann (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy [Adaptada]
— Senhora Uckermann! Senhora Uckermann! — chamava a senhora Bernadete, acenando freneticamente ao se aproximar, desviando das mesas que margeavam o jardim em frente à casa.
Dulce continuou a admirar as bandeirolas presas aos cordões sobre nossa cabeça, como se não fosse com ela. Acabei sorrindo. Tudo bem. Estávamos casados havia uma hora. Levaria um pouco mais que isso para que ela se habituasse a ser tratada como senhora Uckermann.
Isso se acontecesse.
— Senhora Uckermann!
— Suponho que a senhora Portilla esteja falando com você, minha esposa — murmurei.
Dulce olhou ao redor e piscou uma vez.
— Ah, certo.
Reprimi o riso quando a mulher nos abordou.
— Minha querida senhora Uckermann, nunca vi noiva mais encantadora. — Bernadete pegou sua mão e a apertou. Seu marido, que a seguia sem tanta pressa, chegou depois e ergueu a taça em um brinde.
— Um belo casamento — elogiou ele. — Inusitado, mas uma bela cerimônia, senhor Uckermann.
— Obrigado — respondi com uma mesura.
— É, pois é. — Dulce corou. — É bem a minha cara não conhecer latim e quase ferr... hã... estragar tudo.
— Você não tinha como saber — garanti a ela mais uma vez. — O erro foi todo meu.
Eu era um estúpido. Um maldito estúpido arrogante que presumiu que duzentos anos não teriam alterado a cerimônia de casamento. Quase tive um ataque do coração no momento em que entendi que Dulce não sabia uma única palavra de latim. Por sorte ela dera um jeito de contornar a situação, e padre Antônio acabou nos casando em uma cerimônia singular, realizada em português.
— Não se torture, senhor Uckermann. Tudo se resolveu magnificamente bem. Estão casados. E, a julgar pelo sorriso de sua noiva e o seu, muito felizes.
Graças aos céus, pensei com meus botões. Dulce tinha entrado em pânico desde que os preparativos tiveram início. Ela havia sugerido um casamento ali mesmo, na fazenda, com alguns poucos convidados. Mas tive de rejeitar a ideia. Dulce despertava uma curiosidade quase irresistível nas pessoas, e isso a transformava em fonte de interesse e, infelizmente, de mexericos. Não havia muito que eu pudesse fazer a não ser colocá-la sob a proteção e o respeito de meu nome.
Ninguém se atreveria a destratá-la depois que ela fosse a minha senhora Uckermann.
Por isso insisti em um casamento grandioso, comentado por toda a vila, e imaginei que assim as especulações cessariam. Ou ao menos se tornariam mais discretas.
Os primeiros acordes do quarteto de cordas ecoaram pelo jardim. Era minha deixa.
— Peço que me perdoem — dirigi-me aos Portilla —, mas terei de roubar a noiva por alguns instantes. Me concederia a honra desta dança, minha esposa?
Ela se retesou ligeiramente, olhando para o casal como se implorasse ajuda.
— Não se detenha por nossa causa, minha cara. — O pai de Anahí ofereceu o braço a sua mulher. — Vamos, Bernadete. Minha garganta está seca.
— Há mais de vinte anos, eu suponho — rebateu ela —, pois o senhor sempre diz a mesma coisa. Com licença, senhor Uckermann. Senhora Uckermann. — Depois de um ligeiro aceno de cabeça, eles partiram.
Dulce colocou a mão na minha.
— Isso vai ser embaraçoso, Christopher.
— Não vejo como. Já fizemos isso antes. Entretanto, nunca como marido e mulher.
— Você tá usando botas bem reforçadas? — Ela abriu um sorriso tímido encantador.
— Não se preocupe com os meus pés. Eles ficarão bem.
Levei-a para o centro do círculo rodeado por mesas. Começamos a valsar. Dulce pisou em meus pés mais vezes do que pude contar, mas isso apenas a tornava ainda mais adorável para mim.
— Sabe, até que estou gostando dessa parte — ela disse depois de um rodopio.
— Dançar com você, minha esposa, também é minha parte favorita.
Um sorriso largo se espalhou por seu rosto.
— Sabe quantas vezes você disse “minha esposa” hoje?
— Não. Umas três?
— Tá mais pra trinta! — E riu. — E olha que a gente tá casado não tem nem uma hora!
— Não tenho como contradizê-la, pois estou sem meu relógio, mas aposto que estamos casados há mais de uma hora, minha esposa.
Ela deitou a cabeça em meu ombro.
— Eu gosto quando você me chama assim. Minha.
— Mas não gosta que a chamem de senhora Uckermann — provoquei.
Ela fez uma careta, endireitando-se.
— Já te expliquei, Christopher. Não tô acostumada com isso, além de me fazer parecer uma velha de trezentos e oitenta anos. E, bom, eu sou mais velha que você, então não é lá muito legal ficarem me chamando de senhora.
— Dulce, eu nasci em dezembro de 1808 e você, em maio de 1985. Não vejo como possa ser mais velha que eu.
— Você entendeu o que eu quis dizer. — E fechou a cara. — Você só tem vinte e um anos, e eu logo vou fazer vinte e cinco!
Exalei pesadamente.
— Isso realmente importa, meu amor?
Ela ponderou por um momento, então suspirou com desânimo.
— Não muito. Só me lembra que eu vou ficar cheia de pelancas bem antes de você. E os homens nem têm pelancas, no fim das contas. Ficam distintos quando envelhecem.
— Por Deus, Dulce. — Lutei para me manter sério. — Não acredito que queira discutir pelancas em nossa festa de casamento.
— Só estou constatando um fato. — Ela ergueu os ombros.
— Não, minha esposa, não está. Você é linda, perfeita, e eu jamais a verei de outra maneira. Não importa quantos anos passem...
— Ou a quantidade de pelancas que apareçam?
Disfarcei a gargalhada beijando sua testa, demorando-me um pouco mais do que o decoro permitia.
— Sim, Dulce. Não importa quantos anos passem ou a quantidade de pelancas que
apareçam. Você sempre foi e sempre será a coisa mais linda em que já pus os
olhos.
— Obrigada, Christopher. — Seu olhar reluzia. — E, só pra você saber, também vou amar suas pelancas, se por acaso você tiver algumas.
— Isso é um consolo.
A valsa terminou, mas Dulce não percebeu. Eu teria ficado ali com ela pelo resto do dia, mas Maite tinha outra ideia.
— Lamento interromper, mas vocês precisam falar com os convidados — minha irmã disse, já arrastando Dulce para o outro lado.
— Ah, Maite, tem que ser agora? — reclamou Dulce. — Eu estou tendo uma conversa muito séria aqui.
Tive de apertar os lábios com força para não gargalhar. Sem se dar conta de meu bom humor, minha irmã me fitou com aflição, desculpando-se.
— Infelizmente a conversa terá de ser adiada. Não é de bom-tom os noivos passarem a festa inteira dançando. Ainda tem muita gente esperando para cumprimentá-los.
Beijei o dorso da mão de Dulce.
— Nos vemos daqui a pouco, então.
— A gente não vai falar com eles juntos? — perguntou, horrorizada.
— Tristemente, não.
— Vocês precisam falar com os convidados — explicou Maite, levando Dulce por entre as mesas. — Separados, conseguirão cumprimentar todas as pessoas.
— Eu preferia ficar dançando com o seu irmão...
— Sei exatamente como se sente, meu amor — murmurei, observando-a se afastar.
Diabos, eu devia ter seguido seu conselho, no fim das contas, e feito apenas um almoço para os amigos mais chegados. Agora só me restava desempenhar o papel de noivo e saudar todos os convidados que pudesse no menor espaço de tempo possível. E foi o que fiz. Detive-me um pouco mais apenas com meu velho amigo Almeida.
— Sua noiva é a criatura mais encantadora que eu já vi, Christopher. — Ele a observava do outro lado do jardim, falando com os Albuquerque. Ela parecia desconfortável, mas se esforçava ao máximo para aparentar tranquilidade. Dulce nunca deixaria de me surpreender. — Teve muita sorte em encontrá-la — Almeida acrescentou.
— Tive sorte, mas foi ela quem me encontrou.
— Suponho que esteja certo.
— Senhor Uckermann — acenou a senhora Herbert, proprietária da única pensão da vila. Ela era miúda, mas sua figura era imponente. Talvez pelo fato de sempre estar vestida de preto e trazer os cabelos em um penteado austero. — Meu querido, que festa maravilhosa! Estou impressionada com o talento de sua irmã para organizar uma festa.
— Maite tem muitos talentos, senhora Herbert.
— Se tem! — Então seu olhar cansado se voltou para meu rosto. — Perdoe-me se estou sendo intrometida, mas não paro de pensar no senhor. Sabe que tenho sua família na mais alta conta, e não suporto imaginar a aflição em que o senhor se encontra agora. Não é uma posição em que qualquer outro gostaria de estar.
Mas era só o que faltava!
— Não me encontro em agonia, senhora. Ao contrário, quase não posso me manter parado de tanta felicidade. E aposto que qualquer cavalheiro que olhasse para minha esposa agora lhe diria o mesmo, caso Dulce lhe pertencesse.
Ela arregalou os olhos.
— Por Deus, senhor Uckermann, o senhor me entendeu mal. Jamais quis ofender sua esposa. Eu a acho fascinante. Um tanto excêntrica, mas sua Dulce é um encanto!
E forte como poucos homens, devo dizer. Eu estava me referindo à maldição!
— Hummm?
— Admiro sua postura. Fico feliz que ela não lhe tire o sono. — E pousou em meu braço a mão fina coberta de manchas marrons. — Não podemos ir contra os desígnios da divina providência, não é mesmo? Se for o desejo de Nosso Senhor que sua noiva sucumba à maldição, assim será. E não haverá nada que o senhor ou qualquer outro possa fazer. Repasse à noiva os meus cumprimentos e lhe diga que estará em minhas orações.
Ela se foi, deixando-me atônito. Anelize, a ajudante de madame Georgette,
dissera a Sofia algo semelhante no dia anterior.
— Maldição? — Virei-me para o doutor Almeida.
Ele pressionou os lábios e desviou o olhar para os casais que valsavam.
— Alberto, o que há? — insisti.
— Creio que acabaria ouvindo os rumores de uma maneira ou de outra. — Os ombros dele caíram enquanto soltava o ar com força e voltava a atenção para mim. — Circula na vila que uma maldição se abateu sobre as recém-casadas.
Um calafrio percorreu minha espinha, deixando-me mudo.
— Parece que algumas jovens morreram logo após o casamento — prosseguiu —, na lua de mel. Dizem que a mãe de um barão rogou a praga depois que o filho se casou em segredo com uma atriz, pois sabia que a mãe não permitiria tal união. No dia em que soube do ocorrido, a baronesa proferiu uma porção de impropérios e garantiu que o casamento não teria longa duração. No dia seguinte, a jovem noiva foi atingida por um raio enquanto cavalgava sob a chuva.
Estremeci quando meu cérebro substituiu a moça que eu não conhecia pela imagem de Dulce cavalgando sob a tempestade, a luz faiscante a atingindo.
— O senhor não acredita nisso. — Não podia acreditar.
— Não. Claro que não. — Mas sua testa estava encrespada. — Contudo, admito que as circunstâncias dos acidentes foram muito similares, Christopher. E provavelmente foi a razão de o boato ter se espalhado tão depressa. Algumas jovens estão adiando o casamento. Estão assustadas.
— Quantas noivas morreram? — exigi saber.
— Três.
— Três?!
— Minha intenção não é preocupá-lo, meu caro. Não há razão para isso. Sabe como o povo é, alguém planta uma boa fofoca e ela se alastra mais depressa que a peste negra.
Três jovens haviam morrido da mesma maneira durante a viagem de lua de mel. Uma parte de mim rejeitava por completo a ideia da maldição. Era absurda! A outra parte, aquela que se apavorava com a mera ideia de perder Dulce por qualquer motivo, estava em pânico.
Ergui os olhos e encontrei os de Dulce do outro lado do gramado. Ela sorriu para mim, mas seu sorriso congelou enquanto me observava.
— Sua noiva já ouviu os rumores? — perguntou Almeida.
— Duvido muito. Ela teria dito alguma coisa. — Ou rido, o que era mais provável.
— Então não a importune com bobagens e nem perca seu sono se preocupando com tolices, sim?
Assenti com a cabeça, os olhos ainda presos aos de Sofia.
— Se me der licença, doutor. Minha esposa parece ansiosa para falar comigo.
— Não se detenha por minha causa. — Mas Almeida tocou meu ombro, impedindo-me de seguir em frente. — Christopher, estou certo de que tudo isso não passa de mais um boato criado por alguma matrona desocupada. Não perca a cabeça.
— Não perderei. E agradeço por ter sido franco.
Dulce se adiantou, vindo em minha direção. Minha esposa se deteve algumas vezes, retribuindo mesuras e cumprimentos de alguns convidados.
Minha esposa.
Minha encantadora e linda esposa, que voltara para mim fazia apenas três semanas e agora era minha perante Deus e os homens. Isso era real. A maldição não. Decerto devia existir uma explicação plausível para a morte das jovens.
Naturalmente, eu faria tudo o que estivesse a meu alcance para que aquela história absurda ficasse bem longe dos ouvidos de Dulce.
Quando finalmente nos encontramos no meio do caminho, eu soube que ela percebera, mesmo a distância, que havia algo errado.
— Estou longe de minha esposa há mais de um quarto de hora, é esse o problema
— justifiquei.
— Tem certeza? Você parece meio... tenso. Dei bola fora?
Tive de correr as mãos pelos cabelos para deter a incontrolável vontade de beijá-la.
Por que ela não percebia como era adorável? Como as pessoas a admiravam, até mesmo aquelas que não a compreendiam por completo, como a senhora Herbert?
— Não, está sendo absolutamente perfeita e encantadora. Mas me ocorreu agora que dançamos apenas uma vez. Me concederia a honra?
— Pensei que nunca fosse perguntar!
Infelizmente, a música que se iniciava era uma quadrilha, e Dulce ainda não aprendera os passos. Foi nesse instante que tia Cassandra chegou. E a irmã de meu pai se mostrou tão delicada e educada como eu me lembrava. Fazia Storm parecer um cordeirinho adestrado. Ela foi desagradável com Dulce, e fiz o melhor que pude para mantê-la longe do veneno de Cassandra.
Enquanto isso, minha cabeça zumbia, a conversa com Almeida ia e voltava, impedindo-me de pensar em qualquer outra coisa.
Não, eu não acreditava na maldição. Não por completo. Mas desde que conhecera Dulce coisas de que eu nunca tinha ouvido falar aconteceram. Era tão absurdo assim pensar que uma maldição estava agindo e matando as moças?
Talvez sim. Tanto quanto acreditar que o amor de sua vida nasceu dois séculos à frente do seu.
Então, não, eu não arriscaria, decidi. Não haveria viagem alguma até me assegurar de que ela não correria riscos. Perguntei-me qual seria a reação de Dulce quando eu lhe contasse do adiamento da lua de mel. Ela ficaria decepcionada, por certo, e eu odiava decepcioná-la. Entretanto, eu preferia ver a desolação em seu rosto a colocá-la em perigo, por menor ou mais maluco que fosse.
Tomar essa decisão me acalmou. O medo começou a ceder, sobretudo porque Dulce me distraía com seus sorrisos e o olhar repleto de mistério conforme a festa chegava ao fim. Por isso, quando ela propôs que deixássemos a festa e pela primeira vez atravessei a casa com minha esposa nos braços, meu coração batia no ritmo de meus passos apressados.
— Uau! — ela exclamou, admirando nosso quarto pela primeira vez.
Era a mesma expressão que me surgia na mente enquanto eu a admirava. Seus cabelos pendiam em suas costas em cachos brilhantes, e meus dedos tremiam na ânsia de se enterrar neles. O vestido que ela escolhera a envolvia como uma nuvem etérea que a deixava tão angelical quanto sedutora. E os olhos, os grandes olhos castanhos, nunca estiveram mais brilhantes que naquela noite. Sua beleza, aliada ao fato de estarmos trancados em um quarto, a sós, com uma grande e confortável cama à disposição, fez meu sangue já fervilhante zunir em meus ouvidos de maneira selvagem.
Eu havia me mantido afastado de sua cama na última semana em respeito a ela, mas chegara ao limite. Cruzei o quarto, colocando-me tão próximo que o calor de seu corpo e seu perfume me envolveram como um manto.
Ela perguntou alguma coisa, que respondi automaticamente. Não consegui desviar os olhos de sua figura. Parte de seus ombros estava exposta, a pele marcada por delicadas pintas aqui e ali. Minha boca formigou em antecipação.
Eu beijaria cada uma daquelas pintas.
Mas alguém bateu à porta. Maldito seja.
No fim das contas, era Madalena, querendo me privar do prazer de despir minha esposa pela primeira vez. Ideia que imediatamente refutei, para eterno horror e constrangimento de minha governanta. Com algum custo, consegui colocá-la para fora do quarto. Fechei a porta e esperei um pouco. Quando ouvi os passos de Madalena se afastando, respirei aliviado.
— Essa foi por pouco.
— Não entendi bem o que ela quis dizer com “ajudar a me vestir apropriadamente” — Dulce me disse, inclinando a cabeça para o lado. Um cacho caiu-lhe graciosamente pelo ombro. Aquele rugido dentro de mim despertou com força.
Mas, diabos, fomos interrompidos novamente, dessa vez por meu mordomo, que havia se esquecido de deixar uma garrafa de hidromel. Uma tradição tola, mas que eu queria seguir.
Quando ficamos sozinhos de novo, servi dois cálices e entreguei um deles a ela.
Dulce estava com sede, tomou tudo em um trago só. Era isso ou sua tensão era maior do que deixava transparecer. Tudo bem, eu sabia bem como fazê-la relaxar. Mal podia esperar por isso.
Porém, curiosa como só, Dulce começou a fazer perguntas por não ter reconhecido a bebida. E eu, o idiota apaixonado que não sabia lhe negar nada, expliquei.
— Segundo a tradição... — juntei-me a ela aos pés da cama — isso garantirá muitos filhos ao casal.
Dulce engasgou, seu rosto adquirindo um tom vermelho preocupante. Apresseime em acudi-la, dando-lhe tapinhas gentis nas costas.
— Fi-filhos? — O horror empalidecera seu rosto.
Ah, Deus. Ela não queria filhos.
Assegurei que ainda era cedo para pensarmos no assunto. Mas aquilo me incomodou um pouco. Por que ela não queria filhos? Sim, eu também planejava ter um pouco mais de tempo com ela antes que um bebê chegasse exigindo atenção, mas, a julgar por sua expressão, a ideia a horrorizava. Teríamos de discutir a questão em algum momento, mas não naquela noite.
Acariciei seu rosto perfeito, seu lábio inferior, querendo varrer aquele medo súbito de seu olhar. Ela prendeu o fôlego por um instante, então sua respiração se tornou rápida como as batidas das asas de um beija-flor. O medo se esvaiu de seus olhos, suplantado por um brilho que provinha do fundo da alma.
Ela ergueu a mão e alcançou o véu preso em seus cabelos para tirá-lo.
— Espere! — implorei. — Por favor, permita-me. Sonho com este momento há semanas.
Tomei o cálice vazio de suas mãos e o coloquei em um canto qualquer. Dulce deixou os braços penderem devagar enquanto eu a admirava por inteiro.
Linda. Dulce era absolutamente linda e nem ao menos se dava conta disso.
Eu a ajudei a se levantar, ficando às suas costas. Inspirando fundo, levei os dedos a seus cabelos e com um suave puxão soltei suas madeixas das forquilhas. Uma pesada cortina dourada lhe recobriu os ombros. Não resisti e enterrei os dedos nos fios sedosos, empurrando-os para o lado, expondo a coleção de botões de pérolas e também seu pescoço gracioso. A urgência falou mais alto, e não consegui me impedir de saborear aquela pele delicada.
Abri os botões sem pressa enquanto Dulce se mantinha imóvel, tentando controlar a respiração irregular, que combinava com a minha. Quando todos os botões estavam abertos, fiquei de frente para ela e a beijei. Por muitas vezes havíamos feito amor, mas sempre com pressa, sempre com medo de um flagrante que poria em risco sua reputação. De minha parte, ao menos. Naquela noite, não. Eu pretendia amá-la lentamente, até nós dois desmaiarmos de exaustão.
Empurrei as mangas do vestido por seu braço, tomando cuidado para que não se enroscassem na bandagem em seu antebraço. Ela quase fora atropelada dias antes, e eu, em minha tentativa desajeitada de salvá-la, acabara por provocar a queda brusca e o corte, que resultara em sete pontos.
Sacudi a cabeça para me livrar da memória desagradável e me concentrei em Dulce. Conforme o tecido caía, revelava pouco a pouco sua roupa de baixo.
Santo Deus. Dulce estava usando um espartilho!
Depois de sua primeira e única experiência com a peça, ela tinha jurado jamais vestir outra na vida. E não, eu não a queria desconfortável, mas não podia negar que havia gostado muito de vê-la em um daqueles.
Recuei um passo para poder absorver o que via. Meus batimentos cardíacos enlouqueceram, e temi que meu coração não fosse aguentar. Meus dedos coçavam na urgência de tocá-la. E pintá-la. Eu queria imortalizá-la na tela como estava agora: os olhos faiscando, o espartilho branco marcando sua cintura e ressaltando os seios perfeitos, a pequena calça de renda presa a ligas, meias de seda se abraçando a suas longas pernas. Daquela maneira, com os cabelos lhe caindo na altura dos seios, ela era uma contradição, algo entre etérea e profana, que estava me fazendo perder o juízo.
— Eu poderia admirá-la pelo resto da vida e ainda não me seria suficiente.
Dulce estremeceu, o olhar preso ao meu se inflamando ainda mais e a pressão em minha virilha se tornando intolerável.
Hora de pôr fim à brincadeira.
Livrei-me de minhas roupas em um piscar de olhos. Tomei-a nos braços e a levei para a cama, beijando cada pedacinho dela enquanto, lentamente, terminava de despi-la. A cada gemido que lhe escapava eu me tornava menos gentil, menos paciente. Beijei-lhe o pescoço, mordisquei-lhe um mamilo, saboreei a doçura de seu umbigo. Então Dulce separou as coxas...
tahhvondy: Cada vez que ele dorme ele sonha com uma coisa que já aconteceu e quando acorda ele perde aquela parte não lembra mais nada do que aconteceu depois do sonho incluindo o próprio sonho. bjss
GrazihUckermann: Ele vai esquecer de muita coisa que já aconteceu depois que a Dulce chegou. bjss
Comentem!!!
Autor(a): Fer Linhares
Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
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Acordei de súbito. Eu estava queimando.Meu corpo todo parecia imerso em lava, a virilha pulsava no mesmo ritmo irregular de meus batimentos cardíacos. Eu estava completamente teso e, por todos os demônios, explodiria a qualquer momento.O colchão se moveu, algo quente e muito macio se encaixou em mim. Entreabri os olhos e me deparei c ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 63
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tahhvondy Postado em 14/02/2017 - 17:51:28
nossa simplismente amei!cada um dos livros maravilhosos essa historia e incrível que não tem como não ser apaixonar por ela o amor deles e lindo o Christopher e mt fofo vou sentir saudades dessas confussões deles
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GrazihUckermann Postado em 13/02/2017 - 19:10:55
Eu AMEI! não sei qual dos livros foi o melhor. obrigada por postar essa história incrível, essa história é muito linda. Christopher é muito fofo <3 O amor deles é incrível. Quando ele a esqueceu ele se apaixonou por ela de novo, e eu tive que me segurar pra não chorar nessa parte s2 Fiquei feliz com o final da Madelena e do Seu gomes. Espero que tenha outro Baby vondy no livro da Maite, dessa vez tem que ser menino kkjk e não terá um nome melhor que Alexander para dar ao menino neh?? Estarei na próxima fanfic com você, comentando em todos os capitulos. Tchau. um diaa eu volto para ler de novo. (Acho que não demora muito, por amei a história e quero muito ler de novo) s2
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tahhvondy Postado em 13/02/2017 - 10:57:28
ai já ta acabando que triste mas ainda bem q vx consequiu baixa o da Maite
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GrazihUckermann Postado em 10/02/2017 - 20:35:51
Continuaaaaaaaaaaaaa! s2
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tahhvondy Postado em 09/02/2017 - 11:28:34
chequei continua por favor
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GrazihUckermann Postado em 09/02/2017 - 09:49:37
Continuaaaaa! s2
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GrazihUckermann Postado em 07/02/2017 - 16:32:39
FINALMENTE! CONTINUAAAAAAAAAAAAAA s2
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GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:08:32
T-T
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GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:02:21
Caraca essa confusão me deixou confusa kkkjk quando ele esquecer ela, ele meio que vai sumir?? vai aparecer no século dezenove como se nada tivesse acontecido?? é isso? não entendi kkkjk Continue mulher, não me deixe ansiosa! s2
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GrazihUckermann Postado em 05/02/2017 - 22:21:37
ai me deus!!!! CONTINUAAAAAA T-T