Fanfics Brasil - Capítulo 22 Destinado - As Memórias Secretas do Sr. Uckermann (Vondy) [TERMINADA]

Fanfic: Destinado - As Memórias Secretas do Sr. Uckermann (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 22

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— Quê...? — Dulce disse, desprendendo-se de mim.
Não havia como confundi-la com outra pessoa. Eu acompanhara cada mudança em seu perfil nos últimos quinze anos. Dezessete, corrigi depressa.
— Ali, Dulce! Maite! — gritei.
Dulce se virou para onde eu apontava, os olhos arregalados, um sorriso abobalhado de início, depois largo e aliviado.
— Ai, meu Deus! Maiteeeeee!
Não sei bem como, mas minha irmã conseguiu nos ouvir. Virou o rosto, e os cabelos presos no estilo que Dulce costumava usar se agitaram em seus ombros.
Seu olhar encontrou o meu. Então ela se lançou em uma das janelas.
— Christopher? — gritou de volta, sua voz chegando um pouco abafada em meus ouvidos devido à cacofonia que os carros produziam. Sorriu, um tanto surpresa e absurdamente aliviada.
O ônibus começou a se mover mais depressa.
— Cara*lho! — Comecei a correr. Não era fácil, no entanto, com tanta gente atrapalhando o caminho e minha cabeça latejando. A cada impacto de meus pés contra o solo, parecia que uma lâmina atravessava meu cérebro.
— Desça! Puxe a cordinha! — gritava Dulce, correndo também.
— O que disse? — Maite tentou colocar a cabeça para fora da janela.
— A cordinha! Puxe a...
— Dulce, não! — Ela estava no meio do cruzamento, onde os carros vinham rápido demais. Tudo o que tive tempo de fazer foi me lançar sobre ela, pegando-a pela cintura e a empurrando para a frente a fim de evitar que um veículo de pequeno porte a acertasse em cheio. O carro guinchou a centímetros de mim, as rodas cantando e soltando muita fumaça. Outros barulhos semelhantes se seguiram, com a adição de imprecações e sons de cornetas.
Aos tropeções, o coração na garganta, conseguimos chegar inteiros ao outro lado.
— Diabos, Dulce! — Eu a segurei pelos ombros. Não sabia ao certo se a sacudia ou a abraçava. Optei pela segunda alternativa. — Você quase foi atropelad...
— Você pode gritar comigo depois! — ela resmungou em meu peito. — O ônibus tá indo embora!
Olhei para a frente. O ônibus se distanciava e Maite já não estava mais à vista.
Maldição!
Voltamos a correr, desviando dos transeuntes que disputavam espaço com placas, postes, árvores e lixeiras.
— Não, não, não! — Dulce implorou.
— O quê?
Antes que ela pudesse me responder, o ônibus fez uma curva, cruzou a avenida e sumiu em uma rua lateral. Continuei em frente até chegar a um novo cruzamento. Os carros passavam a toda, o movimento sacudindo de leve minhas roupas. Vasculhei a rua onde o veículo havia entrado, mas ele já não estava mais visível. Provavelmente dobrara em uma daquelas dezenas de ruelas.
— Por*ra! — xinguei, tomando fôlego.
Dulce me alcançou, também procurando.
— Droga! — Ela se curvou, apoiando as mãos nos joelhos, ofegante. — Tinha alguém com ela? Conseguiu ver se tinha alguém com ela?
Balancei a cabeça.
— Havia muita gente em pé, não sei ao certo se alguma delas a acompanhava.
— Não consegui ver o número do ônibus! — Ela se endireitou, os cabelos agora em desordem. — Você conseguiu? Porque podemos descobrir a rota dele.
— Havia uma porção de letras e números, mas não recordo quais eram. — Inferno. Chutei uma lata de metal azul para liberar a frustração. Alguns passantes me olharam torto.
Que se danem!
Tão perto. Estivemos tão perto! O que eu não daria por um cavalo naquele instante. Se tivesse uma montaria, jamais teríamos perdido Maite outra vez.
— Tudo bem, vamos pensar. — Os olhos de Dulce dardejavam. — Ela viu a gente, certo? Sabe que estamos aqui procurando por ela. Provavelmente não sabe como fazer o ônibus parar, por isso não desceu quando nos viu. Mas ela vai descer assim que tiver uma oportunidade. Ou seja, no próximo ponto.
— Que fica...?
Ela empurrou os cabelos para trás e bufou.
— Aí é que tá. Sem conhecer a rota não dá pra saber. Vamos ter que olhar em todos.
— Está bem. Mas, Dulce, não acredito que Maite ficará nos esperando. Ela vai nos procurar também. Estou certo de que ela tentará voltar ao local onde nos viu.
Não sei se conseguirá chegar até aqui, claro, mas ela vai tentar. Acho melhor nos separarmos. Você espera aqui, para o caso de ela aparecer, e eu procuro nos arredores.
— Tá maluco? Não vou correr o risco de perder você também. Vou ligar pra Nina e pedir ajuda.
Dulce usou o celular para mandar um recado a seus amigos, avisando sobre o ocorrido. Eles não estavam longe e em menos de dois quartos de hora se juntaram a nós. Dulce explicou o que havia acontecido em uma frase sem nenhum sentido:
— A Maite tava no busão.
Ao menos para mim. Seus amigos pareceram entender.
— Pegou o número? — Rafael quis saber.
— Não tivemos tempo — Dulce grunhiu. — E o que está me deixando maluca é não saber por que ela vendeu os brincos.
— Ou foi forçada a vender — Nina sugeriu, preocupada.
— Não — descartei a ideia imediatamente. — Breno nos disse que Maite parecia deslumbrada, mas não aterrorizada. Se ela estivesse em perigo, teria dado um jeito de pedir ajuda, e ela não fez isso. — Fitei Dulce. — Acredito que Maite vendeu os brincos pela mesma razão que levou você a querer vender suas coisas para pagar pelos vestidos, logo que nos conhecemos.
— É, pode ser isso mesmo.
— Certo. — Rafael remexeu os ombros. — Vamos procurar em todos os pontos, então.
— Ela também nos viu — expliquei a ele. — Tenho certeza de que tentará voltar a este local. Acho melhor nos dividirmos. Assim conseguiremos cobrir uma área maior.
— Parece lógico — Rafael disse, surpreso.
— Porque eu sou uma pessoa lógica. — Eu o olhei com diversão. Isso o fez revirar os olhos, mas não argumentou. — Então, Rafael e eu vamos para...
— O quê?! — Dulce me interrompeu. — Christopher, não!
Não posso negar que sua recusa em nos apartarmos me fez sorrir. Eu também não queria me separar dela nem por um instante. Entretanto, havia muito eu estava ciente da falta que a amiga lhe fazia. Nunca pude fazer nada quanto a isso, a não ser consolá-la. Agora eu podia.
— Dulce, é o melhor a ser feito.
Ela franziu a testa, examinando meu rosto.
— Precisamos de um minuto — Dulce disse aos amigos, puxando-me para longe deles. — Por que você quer se separar de mim?
— Mas eu não quero, meu amor. Você e Nina não se veem faz muito tempo.
Talvez seja a última vez em que estarão juntas na vida. Pensei que gostaria de um tempo com ela.
— Sim, mas... — Algo reluziu em seus olhos. Parecia medo. — Mas... eu não quero ficar longe de você.
Fechei os olhos e balancei a cabeça, puxando-a para meu peito.
— Sei disso, meu amor. Será apenas por algumas horas. Fazemos isso o tempo todo em casa.
— É, mas aqui é diferente. Tenho medo de te perder de vista, e você... Christopher, eu tenho pesadelos assim o tempo todo. Que você desaparece, que não me reconhece. Aqui, neste... mundo.
— Isso não vai acontecer — murmurei em seus cabelos, abraçando-a com mais força. — Confesso que sem ajuda seria muito provável que eu me perdesse, mas Rafael conhece este lugar. Ficarei bem. É com Maite que devemos nos preocupar agora.
Ela ergueu os olhos para mim, a resistência ruindo pouco a pouco, mesmo que a contragosto.
— Não era pra você ter as ideias por aqui, sabia? Era pra você estar todo atrapalhado, como eu fiquei quando cheguei na sua casa.
— Mas eu estou! — Embora saber que, de algum modo, eu estava me saindo bem aos olhos dela tenha feito meu peito estufar.
— Sei. — Ela ficou na ponta dos pés e aproximou a boca da minha. — Tome cuidado e me prometa que não vai se meter em confusão até eu voltar.
Arqueei uma sobrancelha, achando graça. A especialista nesse assunto era ela, e nós dois sabíamos disso.
Ela revirou os olhos ao notar minha expressão.
— Eu não tenho culpa que todas as confusões do planeta resolvem me encontrar.
— E me pegou pela mão.
Eu ainda ria quando voltamos para junto de Nina e Rafael. Ficou decidido que Nina e Dulce ficariam ali, e eu e Rafael procuraríamos a pé.
— Alguma ideia do que ela vestia? — perguntou Rafael assim que começamos a andar.
— O que pude ver era preto. Breno mencionou algo chamado jeans. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo.
— Falou.
— Sim, falei. — Eu o fitei, confuso.
Ele gargalhou alto, pousando a mão em meu ombro e me sacudindo de leve.
— Você é uma figura, cara!
Andamos até o ponto que ele indicara. Procurei por minha irmã, vasculhando cada cabeça que pude enxergar. Mas ela não estava ali. Perto da esquina, porém, havia uma fileira de carros, todos iguais, com um triângulo iluminado com a palavra “táxi” fixo no teto. Dulce já me falara deles. Eram como caleches de aluguel. Resolvi arriscar, com Rafael me seguindo de perto, também vasculhando os arredores, um cartaz amassado na mão.
Assim que o condutor do táxi que estava na frente da fila nos viu chegar, endireitou-se no assento e ajeitou a lapela da camisa. Ele não vestia paletó.
Quase ninguém mais vestia, constatei.
Inclinei-me para a janela, mas Rafael me deteve.
— Deixa comigo. — Então colocou meio corpo dentro do táxi. — Opa, tudo tranquilo?
— Pra onde? — o condutor quis saber.
— Na verdade queríamos uma informação, amigo.
O homem fechou a cara.
— Eu tenho credencial. — Apontou para um papel com um pequeno retrato seu pendurado em uma prancheta. — Sou legalizado.
— Fica sussa, cara. Não somos fiscais. Só queria saber se você viu uma garota. — E estendeu o panfleto amarfanhado. — Um metro e sessenta e cinco, morena, olhos azuis, pele clara — ajudei.
Ele examinou o papel pelo mais breve segundo.
— Isso é um desenho.
— É um retrato — corrigi.
— Que seja. — Ele ergueu os ombros. — Não vi essa menina. Agora, se não vão querer a corrida, fiquem longe do meu táxi ou vou perder clientes. — Com isso, ele fez a janela de vidro subir, virando o rosto para o outro lado.
— Idiota — murmurou Rafael. Eu estava de acordo.
Partimos para o segundo carro. E depois o terceiro. As respostas eram sempre parecidas, assim como as atitudes pouco corteses. Fomos para o ponto seguinte, algumas quadras mais distante. Rafael decidiu abordar os transeuntes no caminho. Pareceu-me boa ideia a princípio, mas...
— Boa tarde, senhora — perguntei a uma mulher com uma espécie de óculos de lentes escuras escondendo os olhos e grande parte do rosto. — Estou procurando uma jovem...
— Garota — corrigiu Rafael, olhando-me de um jeito esquisito. — Procuramos uma garota.
Certo.
— Procuramos uma garota. Cabelos negros, olhos azuis, estatura mediana.
— Aqui, ó! — Rafael exibiu o panfleto.
Ela ergueu os óculos, revelando ávidos olhos amarelados, que me examinaram de cima a baixo.
— Ruiva de olhos cor de mel não serve, meu bem? — E fez um biquinho.
— Hã... Não. Minha irmã se perdeu. Ela é tímida, atende pelo nome de Maite.
Ela abriu um sorriso.
— Não vi. Mas que tal me deixar o seu número? Te ligo se encontrar alguém assim. — Ela se aproximou e ergueu a mão para tocar meu braço.
Enfiei um cartaz em sua mão, amassando um pouco o papel. Ela pareceu surpresa e um pouco ofendida.
— Obrigado pela atenção. — Comecei a andar.
Rafael vinha logo atrás, rindo até os olhos lacrimejarem.
— Não tem graça — resmunguei.
— Tem sim. Já reparou como todas as mulheres reagem a você? Cara, você deve ter se divertido um bocado antes de casar, seu filho da mãe sortudo! — E deu um soco em meu braço.
Revirei os olhos. Rafael não sabia da missa a metade. As emoções eram mais contidas no meu tempo, e as damas raramente permitiam qualquer intimidade sem uma aliança no anular da mão esquerda. Naturalmente, nem todas as damas guardavam o recato que sua família desejaria. Nunca fui além de beijos e explorações da silhueta feminina, que me deixavam com uma dor insuportável na virilha por vários dias. Por isso Rafael não podia ter se equivocado mais.
— Opa, beleza? — falou ele ao abordar um senhor idoso. — Eu tô procurando uma garota.
— E quem não está, meu filho? E quem não está?
Parei um sujeito de paletó e gravata, que presumi ser um cavalheiro, e repeti as mesmas perguntas. Sorrindo, ele olhou para os lados, e meu coração se encheu de esperança.
— Olha, só vou te dar essa informação porque fui com a cara de vocês dois. — Retirou um cartão de papel do bolso e me entregou. — Só as melhores, cara! Top mesmo! E tem morena de olho azul, ruiva de olho verde, mulatas de fazer um homem perder o juízo, orientais... Ah, as orientais! Vocês vão se divertir um bocado! — E lançou uma piscadela para mim antes de sair andando.
Rafael riu tanto que teve de se encostar em um carro estacionado para manter o equilíbrio. Fitei o cartão. Havia a silhueta de uma mulher nua segurando os seios e ao lado, em letras pretas, lia-se: “Night Club Lafay ette. O universo masculino nunca foi tão prazeroso”.
Observei o cartão por um longo tempo. Será que o negócio da senhorita Anne Marie havia prosperado tanto que ainda existia?
Então um pensamento sinistro fez meus pelos ficarem em pé. Eu já ouvira falar de meninas sozinhas no mundo que foram recrutadas por bordéis, a única maneira de se manterem. Seria para um lugar assim que Maitefora levada?
— Rafael, Maite pode estar... — Engoli em seco.
— Não. — Ele parou de rir no mesmo instante. — Não, de jeito nenhum. Quer dizer, não vou mentir. A possibilidade existe, claro, mas vamos tentar não perder a cabeça. Se a sua irmã estivesse... metida com essas coisas, ela não teria vendido os brincos, certo? Porque teria grana. Além disso, ela parecia bem agora há pouco, não é?
— Diferente, mas bem. Pelo que pude ver, não se vestia como uma cortesã. — Não que eu soubesse como uma cortesã se vestia naquele lugar. — E não parecia estar ferida.
— Então pronto. Pode ficar tranquilo.
Bufei outra vez, esfregando a testa na tentativa de fazer a cabeça parar de doer.
— Só ficarei tranquilo quando ela estiver comigo. — E nós estivermos em casa, eu quis acrescentar.
E me senti mal por isso. Dulce abandonara tudo aquilo por minha causa e nunca se queixava. Eu, em contrapartida, não via a hora de escapar daquele pesadelo.
Não era nada justo, eu sabia disso. Se tivesse de viver naquele tempo para permanecer ao lado de Dulce, eu viveria, mas não estava certo se não acabaria por perder o juízo.
O que Dulce estaria pensando de verdade?, eu me perguntei. Parecia tão louca quanto eu para fugir dali, mas o impacto de rever o que deixara para trás devia ter mexido com ela. Pois mexia comigo. E muito!
Rafael começou a tossir. A crise foi longa, deixando-o vermelho e com os olhos marejados.
— Você está se sentindo bem? — Bati de leve em suas costas.
— Tô meio podre. Provavelmente vem uma gripe por aí.
— Você não deveria ficar andando o dia todo, Rafael. Devia ter ido para casa
para descansar.
— E deixar você na mão? Nem pensar, Christopher.
Não pude evitar sorrir. Acredito que, como tudo o mais na vida, as amizades sinceras surgem nos lugares mais inesperados e justamente nos momentos em que mais precisamos.
— Fico grato, Rafael. De verdade.
— Deixa disso, cara. — E socou meu braço. Ele fazia muito aquilo. Desconfiei de que fosse um cumprimento que selasse algum acordo entre cavalheiros, então retribuí o gesto. — A Dulce está diferente — ele comentou, enquanto nos dirigíamos a mais uma parada de ônibus. — Parece mais serena. Vou confessar: eu não gostava de você até te conhecer. Quer dizer, você fez minha mulher sofrer quando levou a Dulce embora. Mas, agora que te conheci, entendi por que a Dulce preferiu deixar tudo para trás. Ela nunca foi muito namoradeira, mas, cara, tinha um dedo podre para escolher namorado que eu vou te contar... Só se enroscava com idiotas.
— Suspeito de que conheci um deles ainda agora.
— Tá de brincadeira? Quem?
— Um sujeitinho esquecível. — Trinquei os dentes.
Ele concordou com a cabeça.
— Bom, fico feliz que ela tenha te encontrado. A Dulce parece finalmente estar de bem com a vida. Você faz bem a ela.
— Eu tento. Mas a decisão foi dela, Rafael. Eu não a levei embora, como você disse. Ela escolheu viver comigo. E, vendo tudo isto — fitei a cidade em constante movimento, a modernidade em cada fachada, em cada poste, em cada rosto —, tudo o que vi hoje, me espanto que ela tenha cogitado essa hipótese.
Quanto mais vejo, mais pasmo fico com o que ela deixou para trás.
— Não foi tanto assim, cara. A Dulce sempre foi muito sozinha.
Aquilo me fez andar mais devagar para poder olhar para ele.
— Você a conhecia quando os pais dela morreram, não é?
Dulce não falava muito sobre isso, da mesma maneira que eu também não mencionava a morte de meus pais.
Ele fez que sim, curvando-se como se as costas lhe doessem.
— A Nina e eu só estávamos de rolo naquela época, mas eu já conhecia a Dulce, sim. Ela recebeu a ligação contando do acidente quando estava na aula. Foi horrível. Mais ainda porque ela teve que fazer o reconhecimento dos corpos no IML. O carro pegou fogo, cara, não sobrou nada. A Nina não teve estômago, então eu fui com a Dulce. Foi a cena mais horrível que eu já vi na vida. — Seus ombros estremeceram. — Ela desmoronou. Levou meses para parar de chorar e seguir com a vida... Bom, não exatamente seguir. Ela era muito nova, teve que repensar tudo. Mudou de curso, arranjou um emprego, se virou. Não importa o que aconteça, a Dulce sempre arruma um jeito de sobreviver.
Meu coração se estilhaçou enquanto eu ouvia com mais detalhes sobre o período mais difícil da vida de Dulce. Não pela primeira vez, desejei tê-la conhecido nessa época, viver no mundo dela. Tomar as providências, aliviar sua dor emprestando meu ombro, dando-lhe meu coração se fosse necessário. Mas a vida se encarregara de nos manter em mundos opostos.
— Obrigado por cuidar dela — falei em um murmúrio, fitando minhas botas.
— Pode não parecer, porque a gente sempre brigou muito, mas eu adoro a Dulce, Christopher. E... essa não foi a única vez que eu a vi meio morta por dentro.
Ergui a cabeça. Ele estava sério, o olhar acusador.
— Ela ficou muito mal quando você a chutou. Eu quis te arrebentar mais de uma vez.
— Eu nunca a chutei, Rafael.
Ele cruzou os braços sobre o peito.
— Quer dizer que a menina ficou chorando todo aquele tempo a troco de nada?
— Não. — Esfreguei o esterno, subitamente latejante. — Fomos obrigados a nos  separar. Nenhum de nós queria isso, mas não tivemos como impedir. Você acha mesmo que eu teria rechaçado Dulce? Olhe para ela! Eu seria louco se não a agarrasse firme desde que pus os olhos nela. E foi isso o que eu fiz. Mas nem sempre a força dos braços basta.
— O que quer dizer? — Ele descruzou os braços lentamente, o cenho encrespado.
Subitamente, senti-me velho e cansado e desejei poder dividir aquilo com alguém. Nunca pude ser totalmente franco quanto ao sumiço de Dulce. Ninguém acreditaria em mim, de toda forma. Então eu sufocara com as emoções: o medo, a dor, a perda, a raiva desmedida. Esses sentimentos me acompanharam por muito tempo. E ainda me acompanhavam. Um homem não consegue esquecer uma coisa dessas, e a tortura de tê-la perdido estava mais viva do que nunca em minha mente. Era como se tivesse acontecido havia cinco minutos.
Ainda doía como se tivesse acontecido havia cinco minutos.




Girl : Ele teve dor de cabeça, quem vendeu o brinco foi a Maite kk bjss {#emotions_dlg.kiss}


 


GrazihUckermann: É a Maite, ss ele vai dormir, quando ela volta pro século dezenove, sem brigas, e ainda vai ter mais confusão kkk bjss {#emotions_dlg.kiss} S2


 


kaillany: Sim mas perderam ela de novo, ele vai no medico kkk, nem um pouco kk bjss {#emotions_dlg.kiss} 


 


 


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Autor(a): Fer Linhares

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Acontecera em uma bonita tarde de outono, o que não me parecia justo.Estávamos dançando sob a sombra do cedro onde a estrada faz a curva, sua máquina do tempo fornecendo a música. A mesma canção que Dulce cantara para mim logo depois que fizemos amor pela primeira vez.Ela tentava me ensinar a dançar de acordo ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 63



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  • tahhvondy Postado em 14/02/2017 - 17:51:28

    nossa simplismente amei!cada um dos livros maravilhosos essa historia e incrível que não tem como não ser apaixonar por ela o amor deles e lindo o Christopher e mt fofo vou sentir saudades dessas confussões deles

  • GrazihUckermann Postado em 13/02/2017 - 19:10:55

    Eu AMEI! não sei qual dos livros foi o melhor. obrigada por postar essa história incrível, essa história é muito linda. Christopher é muito fofo <3 O amor deles é incrível. Quando ele a esqueceu ele se apaixonou por ela de novo, e eu tive que me segurar pra não chorar nessa parte s2 Fiquei feliz com o final da Madelena e do Seu gomes. Espero que tenha outro Baby vondy no livro da Maite, dessa vez tem que ser menino kkjk e não terá um nome melhor que Alexander para dar ao menino neh?? Estarei na próxima fanfic com você, comentando em todos os capitulos. Tchau. um diaa eu volto para ler de novo. (Acho que não demora muito, por amei a história e quero muito ler de novo) s2

  • tahhvondy Postado em 13/02/2017 - 10:57:28

    ai já ta acabando que triste mas ainda bem q vx consequiu baixa o da Maite

  • GrazihUckermann Postado em 10/02/2017 - 20:35:51

    Continuaaaaaaaaaaaaa! s2

  • tahhvondy Postado em 09/02/2017 - 11:28:34

    chequei continua por favor

  • GrazihUckermann Postado em 09/02/2017 - 09:49:37

    Continuaaaaa! s2

  • GrazihUckermann Postado em 07/02/2017 - 16:32:39

    FINALMENTE! CONTINUAAAAAAAAAAAAAA s2

  • GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:08:32

    T-T

  • GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:02:21

    Caraca essa confusão me deixou confusa kkkjk quando ele esquecer ela, ele meio que vai sumir?? vai aparecer no século dezenove como se nada tivesse acontecido?? é isso? não entendi kkkjk Continue mulher, não me deixe ansiosa! s2

  • GrazihUckermann Postado em 05/02/2017 - 22:21:37

    ai me deus!!!! CONTINUAAAAAA T-T


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