Fanfic: Destinado - As Memórias Secretas do Sr. Uckermann (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy [Adaptada]
Isso seria possível? O que já foi vivido desaparecer como a chuva que apaga pegadas na estrada?
— O que foi, Christopher? — indagou Dulce, o olhar preocupado buscando o meu.
Era difícil tentar deduzir qualquer coisa que fosse com tantas lacunas em minha mente. E a pessoa que poderia me ajudar a entender era a única que eu não queria que soubesse os rumos que meus pensamentos tomavam.
No entanto, não era algo que dizia respeito apenas a mim.
— Como conseguiu esta máquina? — apontei para a peça em sua mão.
— Ah... ganhei da minha fada madrinha.
— O quê?
Dulce revirou os olhos.
— Eu disse que só ia te confundir ainda mais.
— Não se preocupe com a minha sanidade. Prossiga.
Então ela me contou a história mais maluca e extraordinária. Ouvi tudo com atenção, mas, em determinado momento de sua narrativa, tive de me levantar, pois estava agitado demais para permanecer sentado. Comecei a andar de um lado para o outro tentando juntar os fatos. O olhar de Dulce me acompanhava, e tive a impressão de que ela ocultou algo importante. Relacionado a nós dois, talvez? Afinal, ela não disse uma palavra sobre a aliança que carregava no pescoço.
— Christopher, quer parar de andar de um lado para o outro e me dizer no que você está
pensando?
— Sendo franco, senhorita?
— É claro!
— Estou pensando que esse anel em seu pescoço se encaixaria em meu dedo com perfeição.
Ela piscou algumas vezes antes de perguntar:
— O que te fez pensar nisso?
— A maneira como retribuiu meu beijo. A menos que esteja brincando comigo, e não acho que seja o caso, não me beijaria daquela maneira se seu coração pertencesse a outro homem. Além disso, há o relógio.
— Saco, esqueci dele. — Ela estalou a língua.
— Estou certo, senhorita? — Aproximei-me até ficar de frente para ela. — É o meu nome que está gravado nessa aliança?
Ela não disse nada, apenas ficou ali sentada, observando-me. Mas seus olhos estavam límpidos como uma fonte natural, e neles eu vi... Ah, Deus do céu, eu vi tudo o que ela não disse.
Lentamente, agachei-me até estar sobre os joelhos. Até meu rosto estar na altura do dela.
— Por que não me contou? — murmurei.
— Porque isso tudo é confuso! — Uma cortina de lágrimas anuviou seu olhar. — Deixei você aflito das outras vezes em que contei, então pensei que, se eu não dissesse nada... sei lá, te protegeria. Além disso, você acordou me chamando de “senhorita”. E você não me chama assim já tem muito tempo. Desde que me beijou pela primeira vez. Deduzi que você tinha esquecido que me ama. Como é que eu podia te contar que éramos casados?
Ali estava. A palavra que eu andava evitando com medo de assustá-la. No entanto, se ela já sabia...
Espere um momento.
— Nós nos casamos?
— Sim. Não foi o que você quis dizer? — E pareceu confusa.
— Não! Pensei que estivéssemos noivos!
— Ah...
Ergui a mão e toquei seu rosto. Ela inclinou a cabeça para o lado. Quando fechou os olhos, duas lágrimas silenciosas escorreram por suas bochechas. Inclinei-me e as sequei com os lábios.
— Você devia ter dito — murmurei contra sua pele. — Eu a amo, Dulce.
Ela segurou meus ombros e me empurrou de leve, apenas o suficiente para que pudesse ver meu rosto. Seu olhar cintilava.
— Você lembra?
— Eu sinto. Bem aqui. — Peguei sua mão esquerda de meu ombro e a reposicionei, apertando-a sobre meu peito. — Onde cada batida parece gritar seu nome. Eu a amo, Dulce.
— Ah, Christopher... — Ela se lançou sobre mim, abraçando-se a meu pescoço, a boca buscando a minha.
Aquele beijo foi diferente. Como se eu tivesse acabado de voltar para casa. A doçura dos lábios de Dulce era inebriante, assim como pensar que aquela mulher era minha. E me amava. Ela não havia dito isso, mas não era preciso. Dulce era inteligente e determinada. Mas, acima de tudo, era teimosa feito uma mula. Uma de suas mais desconcertantes qualidades, em minha opinião. Se ela aceitara minha mão, só podia haver uma razão.
— Eu te amo tanto, Christopher.
Ali estava. A emoção que me dominou deve ter sido a mesma que os grandes conquistadores sentiam ao avistar uma terra inexplorada. Mas ela rapidamente foi suprimida pelo medo. Segurei seu rosto entre as mãos, e com muito custo me afastei o bastante para poder olhar em seus olhos.
— Dulce, eu temo ter encontrado a resposta para as suas dúvidas. A respeito do que vimos na mansão.
— Você encontrou?
Assenti uma vez. Estávamos tão próximos que a ponta do meu nariz resvalou em sua bochecha.
— Então me fala, Christopher! Porque eu já estou ficando louca aqui.
— Acho que o que vimos vai acontecer. E o que vivemos, não.
— Hã?
Tive de concordar com ela. Inspirei fundo e então soltei:
— A única maneira de eu me casar com alguém que não seja você seria se eu nunca a tivesse conhecido. E eu ando me esquecendo de um bocado de coisas.
— Sobre mim — completou.
— Sobre você. — Acariciei com o polegar a lateral de seu rosto. — A única explicação que me ocorre é que talvez... de algum modo, o passado está se apagando. Por isso não consigo me lembrar das coisas que você me contou.
— Como a carta que eu te mostrei e que tinha... — Ela engoliu em seco, os olhos dardejando conforme a compreensão a atingia. Enroscou os dedos em minha camisa. — Ai, meu Deus! Você pode ter razão! Como não percebi isso antes?
— O que eu não compreendo é como isso é possível. Por que está acontecendo e por que apenas um de nós está se esquecendo.
— Mas eu entendo, Christopher! — Ela se remexeu até ficar sobre os joelhos, a mão ainda agarrada à minha roupa. — Imagino que foi isso que ela quis dizer com perigoso. Ela nos avisou!
— Ela quem?
— A minha fada madrinha! — Dulce respondeu, impaciente. — Ela avisou que seria perigoso! Por quê? Por que seria perigoso para você e não para mim?
Abri a boca algumas vezes, piscando uma dezena delas.
— Não tenho certeza se ainda estou acompanhando tudo o que me diz, Dulce.
— Eu sei! Mas pensa comigo, Christopher. Eu pertenço a este tempo tanto quanto ao século dezenove. Para mim, ambos são o presente, mas para você não, ele acontece de maneira diferente. Seu presente é lá, e aqui é o futuro. Pra Maite também deve ser assim! E neste exato momento a Maite está sozinha aqui no futuro, mas não pode ficar por muito tempo. Vai acabar voltando pra casa de um jeito ou de outro, e você também, porque este tempo não é o de vocês. E quanto a mim... Ah, meu Deus!
— Você...?
Seu olhar se fixou no meu. Sua voz estava baixa e trêmula:
— Se a gente não fizer nada, eu serei deixada aqui! E... — Ela começou a tremer. — Não, não é isso. Eu não serei deixada para trás. Eu nunca terei ido ao seu encontro! Ah, meu Deus, é por isso que as suas memórias estão sumindo!
Porque o que nós vivemos está se apagando, como aquela carta que você escreveu para mim! O acordo que eu fiz com a minha fada madrinha está sendo desfeito!
Eu a abracei, pois foi tudo o que pude fazer enquanto tentava acompanhar seu raciocínio.
— Por que teria sido desfeito?
— Porque... Eu não sei. Acho que alguma coisa deu errado — ela murmurou em meu peito. — Temos que encontrar a Maite, Christopher. É o único jeito de impedir que o que vimos naquela mansão aconteça... — O mais absoluto horror lhe contorceu as feições quando ela arfou um nome: — Marina!
— Quem?
— Nossa filha! Meu Deus, se não encontrarmos a Maite, nossa bebezinha... ela...
— Dulce começou a tremer.
Tínhamos uma filha? Eu era pai?
A julgar pelo desespero que dominava Dulce, sim, tínhamos. E, sim, eu era pai. E essa era a questão. Se nosso passado estava se desfazendo, então...
— Não, isso não pode acontecer! Não vou deixar. Temos que fazer alguma coisa!
— Ela balançou a cabeça, consternada. — Mas não temos muito tempo, Christopher.
Você já mal lembra que me ama.
— Mas eu sinto, Dulce, já lhe disse.
— Você não vê, Christopher? Em pouco tempo você não vai mais lembrar que me conhece. E esse deve ser o nosso prazo final. Ela disse que não teríamos muito tempo. Temos que encontrar a Maite antes que você me esqueça por completo!
Acho que assim tudo volta ao curso, como foi quando eu soube o que tinha acontecido com você, e aí consegui voltar e o futuro que eu vi deixou de existir.
Mas, se não conseguirmos achar a Maite, então aquilo que vimos... Então aquele baile, justo na época em que o William estava visitando o doutor Almeida, seria diferente. Ele e Maite não ficariam a sós por algumas danças, porque eu não estaria lá pra atrapalhar com toda aquela história do Santiago. E você estava procurando uma esposa na época em que nos conhecemos. Se isso não aconteceu, pelo que diz aquela mansão, você acabou fazendo a escolha que eu achei que faria, tempos atrás. Escolheu a Valentina. Aí a sua tia deve ter aparecido com o Alfonso no seu casamento, e, como a Maite não tinha ninguém no coração, aceitou o pedido do primo.
— Não gosto dessa hipótese. — O gélido arrepio que subiu por minha espinha me fez tremer. — Por infinitas razões.
— Eu também não, Christopher! — Ela se inclinou para poder me olhar nos olhos. Seu rosto delicado estava pálido. — A gente precisa encontrar a Maite de qualquer jeito. Não se trata só de nós dois. Não sei o que pode acontecer com a Marina, mas, seja lá o que for, não vou deixar que aconteça. Temos que encontrar Maite a qualquer custo!
Eu concordava. Resgataria Maite, a colocaria em segurança e não permitiria que o futuro que aquela mansão abrigava se concretizasse, ou que qualquer coisa ruim acontecesse com a filha de quem eu não me lembrava. Ainda que para isso eu tivesse de fazer o impensável, o impossível!
— Então, deixe-me ver se entendi — comecei. — Se sua conjectura está correta, o resultado do passado depende do que será feito aqui, no que para mim é o futuro.
— Isso!
— O que vimos naquela mansão, então, se deve ao fato de não termos encontrado Maite. E realmente não a encontramos ainda. Então, assim que descobrirmos onde ela está, tudo voltará ao lugar certo. Inclusive minha memória e o nosso... hã... passado. É isso mesmo? — Já que, àquela altura, pouca coisa fazia sentido para mim.
— É! O que vimos ali dentro foi o passado baseado no que estamos fazendo agora, no presente. Ou no futuro, no seu caso. É como da outra vez, quando eu soube que você tinha... — Seu rosto se contorceu em agonia. Ela sacudiu a cabeça. — E então eu voltei para você e mudei o seu destino. Aquilo que eu vi nunca chegou a acontecer.
Esfreguei a testa. “Confusão” não seria a palavra para descrever o que eu sentia.
Não estou certo se havia uma palavra que pudesse fazê-lo. O que Dulce dizia era absurdo. E, ainda assim, ali estava eu, respirando no ano 2011.
— Se encontrarmos Maite a tempo, então o que vimos naquela mansão nunca chegará a se concretizar — concluí.
— Podíamos tentar a rádio! — Ela estalou os dedos. — Fazer um apelo. De repente alguém acaba ouvindo e funciona, já que os cartazes não deram em nada. Tinha uma aqui perto, a umas cinco quadras. Quer tentar?
O único rádio que eu conhecia era o osso que todo ser humano tem no antebraço, mas estava quase certo de que não era a ele que Dulce se referia. Porém, àquela altura, minha cabeça dava um nó. Uma coisa a mais sem sentido, que diferença faria?
— Faça o que achar necessário. Apenas me diga uma coisa: quando encontrarmos Maite, o que acontece?
Porque a Dulce da qual eu me lembrava era hesitante e reticente. A Dulce de quem eu me lembrava só desejava uma coisa: voltar para casa. Mesmo se sentindo atraída por mim, ela lutava contra e fazia de tudo para me manter afastado.
A Dulce que estava diante de mim ainda era a mesma, mas, de certa maneira, não era mais. Esta Dulce era minha esposa, me amava, dividia a vida comigo e havia abandonado aquele mundo para viver no meu. E eu não sabia como ela se sentia a respeito de tudo isso; se sentia falta daquele lugar desesperadamente ou se conseguira se adaptar em meu mundo, se sentia falta dos amigos, se sonhava um dia voltar a viver ali. Eu não sabia absolutamente nada sobre como ela pensava agora.
— Não sei bem, Christopher. Acho que minha fada madrinha vai saber quando localizarmos a Maite e vai mandar a gente de volta pra casa — ela respondeu, sem ter compreendido o que eu havia perguntado. Mas o que disse a seguir era resposta mais que suficiente para mim. — Meu Deus, eu espero que seja mesmo isso, porque não vejo a hora de dar o fora daqui.
Aliviado a ponto de sentir os dedos dos pés dormentes, fiquei de pé e a ajudei a se levantar, a resolução dentro de mim ganhando força, refletida em meus músculos.
Naquele dia eu acordara e pensara que Dulce pertencia a outro. Depois descobri que eu pertenceria a outra. E agora era informado de que a única coisa que já desejei nesta vida me seria tomada sem deixar vestígios. Ao diabo com isso.
Pouco me importava se estávamos lidando com forças misteriosas, uma profecia ou o raio que fosse. Nada nem ninguém poderia me manter afastado de Dulce.
Não enquanto eu respirasse.
Ofereci o braço a ela e começamos a andar na direção da tal rádio.
Caminhamos por algumas ruas, e percebi que o número de pessoas nas calçadas aumentava vertiginosamente. Um calafrio percorreu minha espinha, como se anunciasse uma profecia. Quando dobramos uma esquina e avistei a confusão que nos aguardava, já era tarde demais.
Dulce se deteve no instante em que percebeu que havia algo errado.
— Que diabos... O que está acontecendo aqui? — perguntei, examinando a multidão que se esparramava pela rua. Alguns gritavam, mãos erguidas em punho. Outros levavam cartazes. Os ânimos pareciam alterados demais. — Não sei. Parece algum tipo de protesto. — Dulce estudou a algazarra, os olhos astutos ganhando um brilho novo.
— Vamos sair daqui, senhorita.
— Não, Christopher. Espera! — Ela se colocou a minha frente, as mãos espalmadas em meu peito, mas o olhar fixo em um canto da larga praça, onde um homem equilibrava um artefato no ombro, apontando-o para uma jovem que falava sem parar segurando uma espécie de escova de cabelos próxima à boca. — Tive uma ideia.
* * *
— Repita outra vez por que não podemos simplesmente pedir que eles nos ajudem — eu disse a Dulce.
— Porque eles não nos dariam ouvidos, ainda mais com tudo isso acontecendo. Ninguém vai ligar para o sumiço da Maite.
O sol já havia se posto, e os ânimos naquela praça permaneciam exaltados.
Estávamos perto do homem com a câmera, segundo me dissera Dulce. Eram “gente da TV”. Isso queria dizer que contavam as notícias por meio de imagens, uma espécie de jornal teatral ou algo semelhante, e ela achava que essa poderia ser a nossa grande chance.
— Esses protestos costumam dar bastante audiência — ela seguiu explicando. — Todas as emissoras vão exibir. A chance de alguém nos ver, da própria Maite nos ver, é imensa, Christopher!
— Assim como a chance de acabarmos presos. — Olhei para dois guardas não muito distantes da “gente da TV”, que observavam a algazarra com postura firme. — Não gosto do seu plano.
— Eu também não, mas temos que tentar, e você é a única arma de que dispomos no momento.
Expirei com força.
— Isso não vai funcionar, Dulce.
— Faça como eu falei. — Ela alisou minha camisa. — Fique bem atrás da câmera e só seja você.
Praguejei durante todo o tempo conforme nos aproximávamos da “gente da TV”. A jovem segurando o microfone — seja lá o que isso queria dizer — parecia muito concentrada em sua missão de contar o que estava acontecendo.
Por isso eu tinha certeza de que o plano de Dulce não funcionaria. Ainda assim, seguindo suas instruções, parei bem atrás do homem com a câmera ao passo que Dulce o contornava e se aproximava o máximo que podia da correspondente, sem atrair muita atenção.
— ... já reúne cerca de duas mil pessoas — dizia a jovem da TV —, segundo a contagem da polícia. A maioria são professores que reivindicam aumento de salário e condições melhores de trabalho. A manifestação é pacífica até este momento, mas a estimativa é de que mais de cinco mil pessoas se concentrem aqui na praça até o fim da noite. O governo ainda não se pronunciou...
Ela mantinha o olhar fixo na câmera, sem se permitir distrair pela algazarra a seu redor. Corri os dedos pelos cabelos, praguejando. Sabia que aquilo não daria certo.
Exceto que seu olhar se desviou pelo mais breve instante, acompanhando meu movimento. Fixei os olhos nos dela e tentei fazer o que Dulce tinha pedido. Sorri.
— ... mas uma coletiva foi marcada para... hãã...
Ela não teve tempo de voltar a atenção para a câmera. Antes que a jovem pudesse piscar, Dulce havia se lançado entre as pessoas aglomeradas em torno da gente da TV e tomado o microfone.
— Mas o quê... — começou a repórter, lutando para manter seu artefato, mas Dulce já o segurava em frente ao rosto.
— Maite, se você estiver me vendo agora, por favor, venha nos encontrar depressa. Eu e o Christopher estamos te esperando aqui na pr... Ei, me solta! Me larga! — Um homem de camisa preta e com a palavra “APOIO” escrita nas costas passou os braços em torno de Dulce e a arrastou para longe da câmera, ao mesmo tempo em que a repórter recuperava seu microfone.
Abandonei meu posto e corri para acudi-la. Dulce se debatia sob o abraço do sujeito.
— Solte-a — ordenei a ele.
O homem não discutiu e empurrou Sofia para os meus braços.
— Mantenha essa maluca longe da minha equipe!
Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, eu já tinha passado um braço pelo ombro de Dulce e a levado para o outro extremo da praça.
— Deu certo! — ela comemorou. Alguém a empurrou. Desfiz o abraço e a peguei pela mão, tentando mantê-la um pouco mais atrás, onde eu poderia protegê-la. — Agora é torcer para que ela tenha me visto e venha encontrar a gente.
Olhando um pouco mais à frente, não tive certeza se tinha sido boa ideia. Os ânimos, antes exaltados, agora estavam inflamados. Cerca de trinta homens uniformizados sobre cavalos imponentes tomavam a rua e se aproximavam.
— Merda — Dulce murmurou ao seguir meu olhar. — Vem, Christopher. — Ela me puxou na direção oposta e começou a seguir para o meio da multidão.
— Dulce, não. Não me parece seguro.
— Ficar na linha de frente da tropa de choque também não. Temos que nos afastar o máximo que pudermos.
— Então eu vou primeiro. — Tomei a dianteira, abrindo caminho com o corpo e segurando sua mão com força. Levei diversas cotoveladas e muitos esbarrões.
Palavras que eu preferia que Dulce não tivesse ouvido foram ditas. Tudo o que eu queria era tirá-la daquele tumulto, mas nosso avanço foi lento conforme nos embrenhávamos mais. Um empurra-empurra tornou difícil seguir adiante, de modo que, mesmo alterando um pouco a rota, escolhi um caminho que parecia mais livre. Este nos levava direto para a frente da igreja, e tive a impressão de que aquela torre era muito semelhante à da capela da vila, exceto pelo relógio no alto dela.
Um ruído ensurdecedor ecoou atrás de nós. Tudo o que pude fazer foi puxar Dulce para mais perto e cobrir sua cabeça.
Então o inferno explodiu.
— Meu Deus!
Os manifestantes se avolumavam para a frente, em uma onda humana. Na outra ponta, homens de preto empunhando escudos e cassetetes tentavam conter os ânimos. Fogos de artifício pareciam ser direcionados contra eles. A cavalaria havia chegado e se enfileirara, jogando os cavalos sobre a multidão.
Eu precisava tirar Dulce dali imediatamente.
— Vamos! — eu disse a ela, ainda a abraçando, tentando perfurar a barreira humana.
Um grupo se amontoou, travando nosso caminho. Alguém me empurrou para a frente. Dulce foi puxada para trás. Nossas mãos se desprenderam. Virei-me para pegá-la, mas ela estava sendo levada pelo grupo.
— Dulce! — Tentei alcançá-la, mas o bando marchava como um único ser, obrigando-a a acompanhá-lo.
— Pra frente, cara — um deles me disse.
— Christopher! — O braço de Dulce estava esticado, como se pudesse me tocar, e seus
olhos espelhavam o desespero que os meus deviam refletir.
Os sinos da igreja dobraram e eu os senti badalando em meu cérebro.
Blem! Blem! Blem!
A dor de cabeça me atingiu, fazendo-me ver estrelas, mas lutei contra ela, passando por cima de um ou dois idiotas no caminho. Dulce estava mais longe agora.
— Christopher! Christopheeeeer!
Blem! Blem!
Minha visão ficou borrada, outras imagens se sobrepondo às reais. Pisquei algumas vezes, sacudindo a cabeça. Não funcionou.
Blem!
Cambaleando, busquei apoio ao redor e não encontrei nada.
Blem! Blem!
Senti como se uma espada atravessasse meu crânio. Pressionei os punhos nas têmporas, tentando deter a dor, mas foi inútil.
— Dulceeeeeeeeeee! — o grito irrompeu em minha garganta no exato instante em que fui tragado para as imagens em minha cabeça.
GrazihUckermann: Complicado? só observa agr kkk bjss
Comentem!!!
Autor(a): Fer Linhares
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 63
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tahhvondy Postado em 14/02/2017 - 17:51:28
nossa simplismente amei!cada um dos livros maravilhosos essa historia e incrível que não tem como não ser apaixonar por ela o amor deles e lindo o Christopher e mt fofo vou sentir saudades dessas confussões deles
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GrazihUckermann Postado em 13/02/2017 - 19:10:55
Eu AMEI! não sei qual dos livros foi o melhor. obrigada por postar essa história incrível, essa história é muito linda. Christopher é muito fofo <3 O amor deles é incrível. Quando ele a esqueceu ele se apaixonou por ela de novo, e eu tive que me segurar pra não chorar nessa parte s2 Fiquei feliz com o final da Madelena e do Seu gomes. Espero que tenha outro Baby vondy no livro da Maite, dessa vez tem que ser menino kkjk e não terá um nome melhor que Alexander para dar ao menino neh?? Estarei na próxima fanfic com você, comentando em todos os capitulos. Tchau. um diaa eu volto para ler de novo. (Acho que não demora muito, por amei a história e quero muito ler de novo) s2
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tahhvondy Postado em 13/02/2017 - 10:57:28
ai já ta acabando que triste mas ainda bem q vx consequiu baixa o da Maite
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GrazihUckermann Postado em 10/02/2017 - 20:35:51
Continuaaaaaaaaaaaaa! s2
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tahhvondy Postado em 09/02/2017 - 11:28:34
chequei continua por favor
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GrazihUckermann Postado em 09/02/2017 - 09:49:37
Continuaaaaa! s2
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GrazihUckermann Postado em 07/02/2017 - 16:32:39
FINALMENTE! CONTINUAAAAAAAAAAAAAA s2
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GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:08:32
T-T
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GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:02:21
Caraca essa confusão me deixou confusa kkkjk quando ele esquecer ela, ele meio que vai sumir?? vai aparecer no século dezenove como se nada tivesse acontecido?? é isso? não entendi kkkjk Continue mulher, não me deixe ansiosa! s2
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GrazihUckermann Postado em 05/02/2017 - 22:21:37
ai me deus!!!! CONTINUAAAAAA T-T