Fanfics Brasil - Capítulo 42 Destinado - As Memórias Secretas do Sr. Uckermann (Vondy) [TERMINADA]

Fanfic: Destinado - As Memórias Secretas do Sr. Uckermann (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy [Adaptada]


Capítulo: Capítulo 42

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Dulce tinha adormecido havia muito tempo, mas, apesar do esgotamento, eu ainda estava bem desperto naquela madrugada. Já não temia fechar os olhos.
Porém, apesar de estar em casa, os problemas não haviam desaparecido como mágica. Não todos.
Escapei da cama sem fazer barulho, vestindo uma calça e uma camisa qualquer.
Na ponta dos pés, fui até o cofre e peguei o celular. Tanto se devia a ele. Tudo o que eu tinha, na verdade. Mas ele também quase me deixara sem nada, sem vida. Era perigoso demais. Aquele tempo não estava preparado para ele. Eu não estava preparado para ele.
Detive-me em frente à cômoda por um instante e coloquei no bolso os brincos de Maite. Então passei a mão nas botas abandonadas ao lado da banheira e saí. Parei para calçá-las já na cozinha, onde peguei uma lamparina e uma caixinha de madeira em que Madalena costumava guardar linhas e agulhas. Eu a esvaziei sobre a mesa e joguei o celular ali dentro. Não gostava da sensação de tê-lo em minhas mãos.
Desci para o estábulo e verifiquei cada baia. O pangaré que eu comprara do senhor Bernardi levantou a cabeça, desinteressado. Fiz um rápido exame. Ele estava se recuperando bem. E eu ainda não sabia o que fazer com ele. Talvez o aposentasse. O pobre já tivera de lidar com muito mais do que deveria nas mãos daquele animal.
Storm, ao me ouvir chegar, alvoroçou-se.
— Também senti saudades, amigo. — Eu o trouxe para fora, selando-o com um pouco de pressa.
O cavalo sacudiu a crina, que eu tentava manter desembaraçada com algum custo. Assim que ele ficou pronto, deixei a lamparina pendurada em um gancho e peguei uma pá.
— Vamos lá, Storm. — Acomodei-me em seu lombo. Deus, como eu sentira falta daquilo! — Vamos enterrar esse assunto de uma vez por todas.
Como se soubesse o que eu tinha em mente, Storm nos levou para o canto mais longínquo de minha propriedade. Um pedaço de terra onde o dente-de-leão crescia desordenado e que, muitas décadas antes, meu avô julgara ser o ponto ideal para enterrar os animais. Quase ninguém vinha ali. Apenas eu e Isaac, quando um dos meus cavalos morria.
Desmontei de Storm, jogando a pá no ombro, e passei pelo local onde deixara Meia-Noite, uma das melhores montarias que já tive, mais de um ano atrás.
Segui em frente, as botas roçando nas flores brancas, fazendo as sementes se desprenderem e espiralarem no ar úmido da noite. Parei onde a mata terminava, onde nada crescia devido à grande quantidade de cascalho no solo. Retirei a pá do ombro e comecei a cavar.
Eu não sabia o que o futuro guardava. E nem queria saber. Se havia uma coisa que eu tinha aprendido era que, mesmo que se possa dar uma boa olhada no que está por vir, ele ainda pode mudar de rumo, tomar outra direção e se tornar algo totalmente inesperado. Então, não. Eu não destruiria aquela máquina como tinha feito com a outra. Mas tampouco permitiria que minha família convivesse com algo tão perigoso.
Por isso, escavei as pedras até encontrar a terra e ali depositei a máquina do tempo dentro da caixa de madeira, cobrindo-a com uma espessa camada de cascalho. Aquele pesadelo não voltaria a me perseguir. Não mais.
Amarrei a pá no alforje da sela e me afastei dali caminhando, sem olhar para trás, puxando Storm pelas guias. Colhi alguns dentes-de-leão no caminho, usando um dos talos para mantê-los unidos. De todas as flores que conhecia, aquela sempre fora a preferida de minha mãe.
Caminhei por um quarto de hora até deixar o campo de dentes-de-leão para trás e adentrar um jardim no meio do nada. Gomes cuidava do canteiro com esmero, e não havia uma única erva daninha à vista. Amarrei Storm em um arbusto e andei por entre as flores até encontrar as lápides, uma ao lado da outra. Abaixei-me, depositando o singelo buquê sobre a de minha mãe. Na de meu pai apenas senti a frieza do mármore na ponta dos dedos antes de me endireitar. Meti as mãos nos bolsos.
— Sei o que devo fazer, e isso entra em conflito com tudo o que vocês me ensinaram. Suponho que, se ainda pudessem fazer alguma coisa, agiriam diferente. Mas eu não sou como você, pai. E vou fazer o que acho certo. Sou pai agora e, se isso estivesse acontecendo com Marina, eu não pensaria duas vezes.
Por isso vou ter de quebrar uma das promessas que lhe fiz. Lamento muito, mas a felicidade de Maite é mais importante que a honra dela para mim.
Um projétil passou zunindo por minha orelha. A princípio pensei que pudesse ser um morcego, mas ele pousou na lápide de Vícrtor  Uckeemann. Era pequeno e, com a parca iluminação fornecida pela lua, suas penas reluziam em um tom de preto líquido. O azulão abriu o bico e começou a cantar.
Eu ainda ria quando subi no lombo de Storm. O animal abaixou a cabeça, o peito inflando, a cabeçorra se sacudindo.
— Ah, eu me lembro. Eu lhe devo uma corrida. Está pronto agora, Storm? — perguntei, já encurtando as rédeas e me inclinando ligeiramente para a frente.
Imagino que ele tenha apreciado o convite, pois jogou o corpo para trás, sacudindo as patas dianteiras no ar. E então cavalgamos, tão rápido que senti como se nos fundíssemos à escuridão da noite.


 


                                                                  * * *


 


Passei pela porta da cozinha quando a madrugada já começava a se retirar e dar lugar ao amanhecer.
Uma mão pequena tocou meu ombro. Olhei para o rosto de minha irmã, iluminado pela luz da vela. Ela colocou um dedo sobre os lábios murmurando um “shhhh”.
Não entendi o que ela estava fazendo até que a risadinha de Madalena me chegou aos ouvidos. Logo seguida pelo gemido rouco de Gomes.
Mas que diabos.
Peguei Maite pelo braço, arrastando-a para longe da cozinha e da ala de meus empregados desavergonhados.
Levei minha irmã para dentro da sala de música e fechei a porta.
— Há quanto tempo isso está acontecendo? — exigi saber.
— Eu não sei. Suponho que seja recente. A senhora Madalena não é muito boa em ocultar seus sentimentos. Eu teria notado se ela tivesse começado a agir diferente.
— Não sei se me divirto com a situação ou se fico furioso. — Afinal, aquela senhora havia tomado para si a responsabilidade sobre a reputação de Dulce, já que eu não fora capaz de manter minhas mãos longe dela, e fizera da minha vida um inferno.
— Não entendi.
Balancei a cabeça.
— O que fazia na cozinha assim tão cedo?
— Não consegui dormir. E você, por onde esteve? — Ela examinou minhas botas sujas de terra.
— Cavalgando sem rumo para clarear as ideias.
— Há muito o que pensar nos últimos tempos. — E se sentou na poltrona, brincando com uma das fitas de sua camisola de dormir.
Tomei fôlego e puxei a banqueta do piano, sentando-me de frente para ela. Seu olhar se fixou nos meus, questionando.
— Casar-se pode não ser a única solução, Maite — soltei. Ela franziu a testa, surpresa. — Pensei que você gostaria de se afastar por uns tempos. Ainda temos parentes fora do Brasil. Talvez gostasse de visitar nossa tia-avó Margareth. Ela vive convidando para uma temporada em sua casa, sempre que nos escreve.
Você pode gostar de lá. Dizem que York é muito bonita e animada.
— Mas, Christopher, tia Margareth mora na Inglaterra!
— Eu sei — concordei calmamente.
Ela se levantou e começou a andar pela sala.
— Não posso ir para a Europa agora. Os boatos só se confirmariam. Certamente diriam que você me mandou para longe a fim de que eu tivesse um bebê em segredo.
— Isso não importa, Maite.
Ela se deteve, os enormes olhos azuis maiores do que nunca.
— Desde quando?
— Desde que a ideia de casar com William a entristece tanto. Andei pensando e acho que essa é a melhor solução. Fique com tia Margareth por um ano. Dois, se lhe agradar. E então poderá decidir o que fazer. Uma vez Dulce sugeriu que você fizesse um curso. Há excelentes conservatórios na Inglaterra. Talvez pudesse frequentar um deles.
Ela se aproximou, os dedos retorcidos na altura da cintura, a boca escancarada.
— Você faria isso, Christopher? Permitiria que o escândalo se torne ainda maior apenas para me fazer feliz?
— Sim. Você estava certa. A sua felicidade é mais importante que a sua reputação. Você não tem que ir para a Europa se não quiser. Foi apenas uma ideia. Pode ficar aqui conosco, se preferir. Apenas receio que a rejeição à qual será submetida a faça ainda mais infeliz do que está agora. E eu prometi ao nosso pai que faria o impossível para mantê-la feliz. E vou cumprir ao menos essa promessa.
— Ah, meu irmão! — Ela se lançou sobre mim, aninhando-se em meu colo como havia muito tempo não fazia, a cabeça enterrada em meu pescoço. — Lamento tanto ter brigado com você. Todos esses dias, quando me era possível lembrar, eu me senti miserável por aquela discussão estúpida.
— Não foi estúpida.
Ela desalojou a cabeça de meu ombro, escorregou para a banqueta, então pegou minha mão.
— Foi sim, Christopher. Agora entendo. Você fez o que o nosso pai teria feito. E nada disso seria preciso se eu não tivesse... não tivesse...
— Seguido seu coração — completei, quando o embaraço a impediu.
Ela concordou com a cabeça.
— Agradeço pela oferta que me fez, é muito generosa, mas não quero me afastar de vocês. Eu não suportaria ficar longe de Dulce, e não ver Marina todos os dias me mataria de tristeza.
Eu havia imaginado isso.
— Então você ficará e enfrentará as consequências?
— Sim, mas não da maneira que você está pensando. — Ela se levantou e andou pelo cômodo antes de parar diante da janela e cruzar os braços. — Eu vou me casar com o William, Christopher. Amo esta família, e não vou jogar o nosso bom nome na lama. Não seria justo com nenhum de nós. Sobretudo com Marina. Além disso, eu... eu amo o William. Amo demais para não me casar com ele. Tenha ele pedido minha mão por coação ou por amor.
— Está certa disso?
Ela assentiu vigorosamente, ainda de costas.
— Bem, então verei o que posso fazer a esse respeito. — Eu me levantei, exalando pesadamente.
Ela me fitou por sobre o ombro, mordendo o lábio.
— Eu preferiria que não fizesse isso.
— Por que não?
— Eu me coloquei nesta posição. E devo sair dela sozinha! — E ali estava. O orgulho dos Uckermann finalmente vindo à tona.
— Maite, não posso não fazer nada. Sou o seu irmão, o seu tutor! Não posso ficar apenas assistindo enquanto você tenta sair dessa confusão por conta própria.
Ela se virou, descruzando os braços e se aproximando. A determinação reluzia em seu olhar.
— Pode sim, Christopher. Eu sou capaz de cuidar de mim mesma. Se fui capaz de me
arranjar no tempo de Dulce, sou perfeitamente capaz de me arranjar aqui também, onde conheço todo mundo e a maneira como pensam. Sei que não mereço, mas confie em mim, meu irmão.
Corri os dedos pelos cabelos e engoli uma imprecação.
— Concordo com relação a William. Mas vou fazer algo a respeito desse boato, quer você goste ou não.
— Mas...
— Diabos, Maite! Está querendo me destituir do posto de irmão mais velho?
Ela acabou rindo e então me abraçou.
— Jamais, Christopher. Isso nunca. Faça como achar melhor, então. Apenas me pergunto como pretende deter esses mexericos.
Eu sabia como.
— Confie em mim. — Beijei sua testa, levando a mão ao bolso. De lá retirei o delicado par de brincos. — Creio que isso lhe pertence.
— Meus brincos! — Ela os pegou sem hesitação, os olhos sorrindo. — Como os conseguiu de volta?
— Eu lhe disse, estive no antiquário. E quase tive um ataque do coração quando vi estes brincos. Pensei em mil possibilidades, Maite. Nenhuma delas me trouxe paz.
— Desculpe. Eu só tentei ajudar alguém que estava sendo muito gentil comigo.
— Sei disso. Agora vá para a cama. Assim que a notícia sobre o seu retorno se espalhar, vai receber várias visitas.
Ela concordou e eu abri a porta para ela. No entanto, antes de sair, Maite se deteve sob o umbral e fixou os olhos em mim.
— Posso fazer uma pergunta, Christopher?
— Certamente.
— Por que razão aquele aparelho retornou à vida de Dulce?
Eu me fazia a mesma pergunta desde que o vira brilhando em nosso quarto dias atrás. Meu Deus, fazia mesmo apenas cinco dias?
Esfreguei o rosto, soltando uma pesada lufada de ar.
— Francamente, Maite, eu não sei. E acredito que jamais descobriremos. — Assim eu pensava naquele momento.
Naturalmente, eu não podia ter me enganado mais. O pesadelo ainda não tinha terminado.



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Autor(a): Fer Linhares

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A vila estava quente e movimentada naquela manhã. O sol a pino me fazia suar e sonhar com uma boa caneca de cerveja, mas isso teria de esperar até mais tarde.Maite se abrigava sob a sombrinha. Dulce ajeitava a capota do carrinho de bebê, para proteger melhor a pele de nossa filha. Marina, naturalmente, tentava escapar de seu cativeiro ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 63



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  • tahhvondy Postado em 14/02/2017 - 17:51:28

    nossa simplismente amei!cada um dos livros maravilhosos essa historia e incrível que não tem como não ser apaixonar por ela o amor deles e lindo o Christopher e mt fofo vou sentir saudades dessas confussões deles

  • GrazihUckermann Postado em 13/02/2017 - 19:10:55

    Eu AMEI! não sei qual dos livros foi o melhor. obrigada por postar essa história incrível, essa história é muito linda. Christopher é muito fofo <3 O amor deles é incrível. Quando ele a esqueceu ele se apaixonou por ela de novo, e eu tive que me segurar pra não chorar nessa parte s2 Fiquei feliz com o final da Madelena e do Seu gomes. Espero que tenha outro Baby vondy no livro da Maite, dessa vez tem que ser menino kkjk e não terá um nome melhor que Alexander para dar ao menino neh?? Estarei na próxima fanfic com você, comentando em todos os capitulos. Tchau. um diaa eu volto para ler de novo. (Acho que não demora muito, por amei a história e quero muito ler de novo) s2

  • tahhvondy Postado em 13/02/2017 - 10:57:28

    ai já ta acabando que triste mas ainda bem q vx consequiu baixa o da Maite

  • GrazihUckermann Postado em 10/02/2017 - 20:35:51

    Continuaaaaaaaaaaaaa! s2

  • tahhvondy Postado em 09/02/2017 - 11:28:34

    chequei continua por favor

  • GrazihUckermann Postado em 09/02/2017 - 09:49:37

    Continuaaaaa! s2

  • GrazihUckermann Postado em 07/02/2017 - 16:32:39

    FINALMENTE! CONTINUAAAAAAAAAAAAAA s2

  • GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:08:32

    T-T

  • GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:02:21

    Caraca essa confusão me deixou confusa kkkjk quando ele esquecer ela, ele meio que vai sumir?? vai aparecer no século dezenove como se nada tivesse acontecido?? é isso? não entendi kkkjk Continue mulher, não me deixe ansiosa! s2

  • GrazihUckermann Postado em 05/02/2017 - 22:21:37

    ai me deus!!!! CONTINUAAAAAA T-T


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