Fanfic: Destinado - As Memórias Secretas do Sr. Uckermann (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy [Adaptada]
— Precisamos conversar — disse a recém-chegada.
— Precisamos mesmo. — Percebi o esforço que Dulce fez para se recompor. Ela não estava nada contente por rever aquela mulher. Eu muito menos por conhecêla.
— Sim, Dulce. Maite encontrou mesmo o celular — a mulher falou como se respondesse ao pensamento de minha esposa. Ou ao meu.
— Que droga! — Dulce se desprendeu de meus braços. A confirmação fez meu coração congelar. — Por que o celular voltou? Você disse que era pra sempre! — Ela tentou impor alguma autoridade na voz, aproximando-se da fada. — Que o meu lugar era aqui, ao lado do Christopher. E é mesmo! Então como aquela porcaria voltou, se você prometeu que não voltaria? Eu não vou a lugar nenhum, entendeu? Você não pode me obrigar.
Ela suspirou. O vento sacudiu algumas mechas de seu cabelo cinzento.
— Sim, Dulce, é permanente, querida. Ou ao menos era. Eu não lhe enviei o
celular.
Dulcepiscou algumas vezes antes de conseguir perguntar:
— O quê?
— Ele não é meu.
— O quê?! — repetiu Sofia.
— Como isso aconteceu? — eu quis saber, sem esperar pelas apresentações.
Presumi que as regras aplicadas à sociedade em geral não lhe valessem de nada, já que ela podia aparecer e desaparecer quando bem entendesse.
— Quem dera eu soubesse, Christopher. Sinto muito que a gente se conheça em uma situação assim. Me desculpe, querido. Mas tem ideia do que fez ao esconder a máquina do tempo? Faz alguma ideia do tamanho da confusão em que nos meteu?
— Eu não sabia do que se tratava. A senhora não podia esperar que eu arriscasse perder Dulce outra vez.
— E agora nós temos um problema imenso! Há uma garota do século dezenove perdida no século vinte e um. Uma garota que jamais deveria ter deixado este presente.
— Diga-me o que é preciso para reavê-la e eu o farei. A senhora precisa ajudar Maite — murmurei.
— É! — concordou Dulce. — Você tem que trazê-la de volta. E nem adianta dizer que não pode fazer isso, porque eu sei que você pode.
— Se ela fosse minha, sim, eu poderia. — A mulher sorriu tristemente. Achei aquilo um mau presságio.
Péssimo, aliás.
— Lá vem você de novo — Dulce jogou as mãos para o alto — me irritando com essa coisa de falar em código.
Mas eu havia entendido. Todos os contos de fadas, todas as histórias falavam disso. Aquela mulher era a madrinha de Dulce. Não de Maite.
— Não tenho nenhuma ligação com ela, Dulce — explicou a fada, confirmando meu raciocínio. — Não consigo localizá-la. Ela não me pertence, querida.
— Então procure o responsável por ela! — exigi.
A mulher sacudiu a cabeça.
— Não existe um, Christopher. O destino de Maite estava muito bem traçado. Até ontem ela não precisava de ajuda alguma. Estava no caminho certo. Eu não consigo localizá-la.
— Mas você tem que fazer alguma coisa! — gritou Dulce. — Rastrear o celular ou...
— Foi a primeira coisa que eu tentei assim que percebi que algo estava errado.
— A mulher fitou o horizonte. — Mas Maite abandonou a máquina do tempo logo que chegou ao século vinte e um. E quem quer que seja o responsável por ele já o pegou de volta. — Ela soltou um suave suspiro e então focou aquele olhar cinzento em minha esposa. Sem saber bem o porquê, passei um braço em torno de Dulce. — Preste bastante atenção, Dulce. Eu não tenho como localizar Maite.
Mas ela precisa ser encontrada, ou algo muito grave vai acontecer.
— Mais grave do que minha irmã estar perdida em um lugar completamente estranho sem saber como voltar para casa? — perguntei com ironia.
— Muito mais grave, Christopher. E não temos muito tempo. — Suas próximas palavras fizeram meu coração parar de bater. — Dulce precisa voltar para o século vinte e um para tentar localizar Maite.
— Não! — soluçou Dulce.
— Não! — Intensifiquei o aperto ao redor de minha esposa. — Esta não é uma possibilidade.
— Dulce é a única esperança de Maite. — Sua expressão era triste agora.
Não. De jeito nenhum. Dulce não iria a parte alguma.
— Deve haver outra maneira.
— Não há, meu querido. Dulce é a única que pode ajudar Maite agora.
Dulce abriu a boca e tentou falar, mas apenas ruídos indistintos escaparam de sua garganta. Senti seu olhar recair sobre mim, mas eu enfrentava a mulher com olhos injetados, os braços ainda ao redor de minha esposa. Nunca em toda minha vida pensei que a ira pudesse me dominar a ponto de eu perder o juízo. Porém nunca ninguém tentara tomar aquilo que eu tinha de mais precioso.
— Por que eu? — A voz de Dulce mal passou de um sussurro. — Por que você não a procura?
— Eu vou procurar, mas veja, Dulce, eu preciso de um elo. Como eu disse, Maite não é uma das minhas. Sem uma ligação, ainda que eu a encontre, não poderei fazer nada. Minha magia não teria relevância alguma. Você é a única chance que temos de trazê-la de volta e evitar uma catástrofe.
Eu ouvia o que elas diziam. Eu compreendia o que havia sido dito. Para que minha irmã pudesse ser resgatada, eu teria de deixar Dulce partir.
Escolhas. Dizem que a vida é feita disso, mas ninguém nunca ensina a lidar com as consequências. Eu tinha de escolher entre perder minha irmã para sempre e arriscar perder a mulher que eu amava. Não havia garantias de que nenhuma das duas fosse voltar. Não havia nada além da certeza de que minha vida perfeita acabava de se desfazer como um castelo de cartas.
O pulsar doloroso em meus ouvidos fazia minha cabeça girar enquanto eu admirava a mulher que eu amava, via seu medo e desespero se misturando à fúria e à impotência.
— Você é um em um milhão, Christopher — a fada madrinha de Dulce murmurou afetuosamente. — E eu sei como se sente. Se fosse possível, eu jamais voltaria a interferir no destino de vocês. Juro. Mas Maite precisa de Dulce.
E eu também.
— Muito bem. — Minha voz saiu grave. — Neste caso, irei com ela.
— Você não pode ir, Christopher. — A mulher pegou algo no bolso da calça esvoaçante.
— Não é o seu tempo. Seria perigoso. Chega de confusão.
— Então Dulce ficará exatamente onde está!
— Christopher, me escuta. — Sofia girou em meus braços para tocar meu rosto. — Não podemos deixar Maite perdida no século vinte e um. Não que seja um lugar horrível, mas ela não tá preparada para o que encontrou. Acredite em mim. Não tem muitas famílias Uckermann por lá. Ela deve estar apavorada.
— Eu sei. — Trinquei a mandíbula. — Mas não posso, Dulce. Não posso... arriscar perder vocês duas. — Tentei engolir o nó que obstruía minha garganta.
— Eu sei, e não vai. Eu vou voltar pra você. Eu sempre vou voltar pra você. — Ela pousou a mão sobre meu coração, que batia ensandecido. — E vou trazer sua irmã pra casa.
— Dulce, não...
Ela me beijou. Por várias razões, creio eu. Para sentir meu calor afugentando seu tremor. Para assegurar a veracidade de suas palavras e selar sua promessa.
De que voltaria para mim, não importava como.
Eu estava zonzo, aturdido, meio dormente. Minha irmã se fora. Agora Dulce pretendia partir também.
— Muito bem, Dulce — disse a fada. — Você tem apenas alguns dias para encontrar Maite. Não faço ideia de onde ela está, mas, caso você a localize, eu saberei e as trarei de volta imediatamente. Boa sorte, querida. Vou tentar descobrir quem fez isso e por quê. Quem sabe assim nossas chances melhoram. — E ofereceu a Dulce um celular idêntico ao que eu encontrara na noite anterior.
— Você já sabe como funciona.
Sentindo como se minhas entranhas estivessem sendo arrancadas e jogadas no chão, assisti Dulce esticar o braço e pegar aquela maldita coisa com os dedos trêmulos. A realidade me acertou como um murro no queixo, fazendo-me abraçar minha esposa com mais força.
— Preciso fazer isso — ela sussurrou quando percebeu que eu não a soltaria. — Por Maite, por você, por mim. Vou voltar mais rápido do que você imagina.
Meus batimentos entraram em colapso, a respiração curta com o que eu estava prestes a fazer. Aquele arranjo era a única alternativa para recuperar Maite.
Eu poderia fazer isso? Seria capaz de deixá-la ir?
— O tempo está passando, Dulce. É melhor começar sua busca logo — a mulher alertou.
Relutante, Dulce segurou meus pulsos e com muita dificuldade conseguiu se desprender de mim. Meu peito subia e descia rápido demais, o tum-tum-tum-tum em meus ouvidos era tão ensurdecedor que não ouvi algo que ela disse, mas, pela forma como seus lábios se moveram, pareceu ter sido “amo você”. Dando um passo para trás, Dulce inspirou profundamente antes de pressionar a parte escura do celular prateado.
Maldição, não! Eu não era capaz de deixá-la ir.
— Christopher, não! — as duas mulheres gritaram ao mesmo tempo.
Mas, diferentemente da outra vez, eu estava perto o suficiente de Dulce para alcançá-la antes que aquela luz a tragasse. Nossos corpos se chocaram com brutalidade, e ela se desequilibrou. A explosão branca nos engoliu. Em plena queda, prendi os braços ao redor dela como um torniquete. Eu sabia que a apertava com demasiada força, que talvez ela não conseguisse respirar, mas não arriscaria. Não podia. Tentei girar o corpo para não esmagar Dulce. Ela enterrou o rosto em meu peito e eu rezei. Rezei para que dessa vez ela não escapasse por entre meus dedos.
Senti o impacto da queda contra o chão duro nas costelas, o peso de Dulce recaindo sobre mim. Ela gemeu, mas se manteve imóvel. Meus olhos não funcionavam direito, e os sons de confusão e desordem me atingiram primeiro.
Dulce era tudo o que eu podia sentir.
— Você está bem? — perguntei, ainda a segurando com força.
— O que foi que você fez?
— Eu nunca conseguiria deixar você partir. Não importa quantos motivos você tenha. Não consigo, Sofia. Eu jurei perante um padre que estaria ao seu lado em todas as circunstâncias. Dei minha palavra. E não vou descumprir. Também prometi ao meu pai em seu leito de morte que cuidaria de Maite. Se ficasse, estaria quebrando duas das promessas mais sagradas para mim.
Ela beijou meu pescoço, inspirando fundo, os dedos se retorcendo em minha camisa.
— Eu amo você — respondeu. Ou ao menos acho que foi isso. Os ruídos que nos cercavam eram altos demais.
Levou alguns minutos para que minha visão se ajustasse. E o que meus olhos me mostraram...
— Meu bom Deus!
Construções que atingiam o céu nos rodeavam. Placas coloridas se penduravam deles, algumas gigantescas, outras pequenas, perdidas em meio a tanta informação. Espécies de veículos sem cavalos, de todos os tamanhos e cores, espremiam-se na rua. Pessoas, muitas delas, passavam apressadas, sem olhar para qualquer lugar que não fosse em frente. E as luzes. Tantas luzes em pleno dia. Os sons se fundiam e eu não conseguia entender o que via ou ouvia.
Abracei Dulce com mais força, como se com isso pudesse protegê-la. Ela soltou um pesaroso suspiro ao divisar a paisagem peculiar.
— Um sábado comum... — resmungou, ainda em meus braços. — É isso aí. Totó, acho que não estamos mais no Kansas.
— Como disse?
— Da Dorothy. De O mágico de Oz... Ah, deixa pra lá.
Assenti, contemplando a cidade, tentando fazer meu cérebro entender que aquela bagunça generalizada não se tratava de uma ameaça. Era apenas o futuro.
O futuro.
Tínhamos conseguido. Estávamos no século vinte e um.
Autor(a): Fer Linhares
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A algazarra naquele lugar era infernal, e ao que parecia todo aquele barulho incomodava apenas a mim. As pessoas passavam — falando sozinhas com a mão na orelha — como se nada estivesse acontecendo, como se fossem imunes à cacofonia. Também não davam a mínima atenção às carruagens sem cavalos ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 63
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tahhvondy Postado em 14/02/2017 - 17:51:28
nossa simplismente amei!cada um dos livros maravilhosos essa historia e incrível que não tem como não ser apaixonar por ela o amor deles e lindo o Christopher e mt fofo vou sentir saudades dessas confussões deles
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GrazihUckermann Postado em 13/02/2017 - 19:10:55
Eu AMEI! não sei qual dos livros foi o melhor. obrigada por postar essa história incrível, essa história é muito linda. Christopher é muito fofo <3 O amor deles é incrível. Quando ele a esqueceu ele se apaixonou por ela de novo, e eu tive que me segurar pra não chorar nessa parte s2 Fiquei feliz com o final da Madelena e do Seu gomes. Espero que tenha outro Baby vondy no livro da Maite, dessa vez tem que ser menino kkjk e não terá um nome melhor que Alexander para dar ao menino neh?? Estarei na próxima fanfic com você, comentando em todos os capitulos. Tchau. um diaa eu volto para ler de novo. (Acho que não demora muito, por amei a história e quero muito ler de novo) s2
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tahhvondy Postado em 13/02/2017 - 10:57:28
ai já ta acabando que triste mas ainda bem q vx consequiu baixa o da Maite
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GrazihUckermann Postado em 10/02/2017 - 20:35:51
Continuaaaaaaaaaaaaa! s2
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tahhvondy Postado em 09/02/2017 - 11:28:34
chequei continua por favor
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GrazihUckermann Postado em 09/02/2017 - 09:49:37
Continuaaaaa! s2
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GrazihUckermann Postado em 07/02/2017 - 16:32:39
FINALMENTE! CONTINUAAAAAAAAAAAAAA s2
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GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:08:32
T-T
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GrazihUckermann Postado em 06/02/2017 - 21:02:21
Caraca essa confusão me deixou confusa kkkjk quando ele esquecer ela, ele meio que vai sumir?? vai aparecer no século dezenove como se nada tivesse acontecido?? é isso? não entendi kkkjk Continue mulher, não me deixe ansiosa! s2
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GrazihUckermann Postado em 05/02/2017 - 22:21:37
ai me deus!!!! CONTINUAAAAAA T-T