Fanfics Brasil - 2ª parte A Linguagem dos Núneros

Fanfic: A Linguagem dos Núneros | Tema: romance, numeros, chines, amor


Capítulo: 2ª parte

313 visualizações Denunciar


Andava meio sem rumo pelos corredores da escola, estava chateado, com raiva e muito frustrado. Me sentia um idiota por nunca ter percebido como a minha namorada, ou melhor ex-namorada, era de verdade.


Havíamos namorado por 2 anos e eu realmente achei que estávamos bem e que o sentimento que eu tinha por ela era correspondido na mesma intensidade.


Tudo bem que nesse último ano as coisas não iam muito bem entre a gente, discutimos com mais frequência e por qualquer motivo, mas nada realmente sério, já não saiamos ou ficávamos juntos e sozinhos com tanta frequência.... Talvez ela já estivesse planejando terminar comigo a muito tempo só faltava coragem ou ela realmente estava esperando pacientemente o fim das aulas.


Suspirei derrotado, todas essas lembranças estava me deixando ainda pior.


Entrei na minha sala e fui até minha mesa, sentei e comecei a arrumar as minhas coisas que estava espalhada pela mesa.


Caderno, livros, revistas, canetas, borracha ...


Abaixe-me para pegar minha mochila que estava no chão ao lado da minha carteira e vi um pequeno papel perfeitamente dobrado em formato de coelho.


Reconheci na hora e um pequeno sorriso brotou em meus lábios. Subitamente todo o mau humor e frustação sumiram.


Pequei o pequeno coelho e um sorriso ainda maior se fez em meus lábios quando percebi os números escritos na orelha do coelho.


 


-Esse já deve ser o vigésimo se não me engano – falei sorrindo ao relembrar dos outros coelhos que já havia recebido


 


Fazia mais ou menos 6 meses que os coelhinhos comeram aparecer em minha mesa e por coincidência ou não eles sempre apareciam em momentos importantes ou específicos.


No fim das aulas antes das férias semestrais, no retorno das férias, quando meu time de basquete venceu o estadual, quando eu brigava com a Bianca, quando quebrei minha perna a dois meses ...  hoje.


Seja lá quem fosse, ela parecia se importar muito comigo e estavam sempre de olho em mim.


Pode parecer estranho ter alguém lhe mandando coelhos de papel, mas para mim era ... divertido. Não sabia o porquê deles ou o que eles e os números que sempre vinham escritos em uma das orelhas do coelho significavam, mas por algum motivo eu gostava de recebe-los.


No início achei que fosse alguma brincadeira dos meus amigos, mas nenhum deles sabia sobre isso, cheguei até a pensar que eram da Bianca, mesmo sabendo que ela jamais se daria o trabalho ou teria paciência para dobrar tão perfeitamente cada um dos coelhinhos.


Com o passar do tempo comecei a ansiar por receber novos papeizinhos com formato de coelho.


 


-Será que algum dia eu vou saber quem é você? -  perguntei olhando para o coelho em minha mão


 


Só tínhamos mais duas semanas para o fim do ano letivo e eu realmente queria saber quem era a pessoa por trás daqueles coelhos antes das aulas terminarem.


 


-Matt ... Matt – chamou-me um dos meus amigos


-O que foi? – Perguntei


-Tão lhe chamando na diretoria -  falou ele


-Tudo bem, eu já tô indo – falei


Era sempre meio estranho ser chamado na diretoria, se bem que no meu caso não era muito, já que meu pai era o diretor da escola.


Fui em direção a diretoria e no meio do caminho esbarrei sem querer na garota chinesa que estava na minha sala.


 


-Duì bù qǐ – falou ela em uma língua que eu não conhecia


-O que você disse? – Perguntei


Ela começou a dá sinais de nervosismos e mexer com suas mãos como se não soubesse o que fazer com elas, ela olhava para mim e rapidamente desviava o olhar, não aguentei e comecei a rir, ela tinha um jeito engraçado e fofo de agir quando ficava nervosa e envergonhada.


Ela abaixou ainda mais a cabeça como se fizesse uma reverencia e disse


-Me desculpe -  falou baixinho


-Ah ... é isso que significa? Você me pediu desculpas? – Perguntei tentando interagir com ela


Ela apenas acenou com a cabeça


-É chinês? A palavra que você falou antes, era em chinês? – Perguntei


-Shi ... que dizer, sim – Disse ela atrapalhada


Ri novamente e ela me olhou dando um pequeno sorriso


-Eu te deixo nervosa? -  perguntei curioso


-Bù shì , bù shì – falou ela em chinês balançando a cabeça negativamente


Ri ainda mais alto, ela era muito engraçada


Ao ouvir minha risada ela me olhou de olhos arregrados como se estivesse surpresa, mas logo baixou novamente a cabeça envergonhada.


-Imagino que o que você acabou de dizer significa ... não? – falei tentando adivinhar


Ela novamente apenas acenou com a cabeça.


-É Mei Lin, seu nome, não é? – Perguntei


Ela novamente me lançou um olhar supresso


-Shì ... sim – ela respondeu ainda surpresa


Era tão surpreendente assim eu não saber o nome dela? Tudo bem que nunca conversamos, mas estudávamos na mesma sala a quase um ano, o mínimo que eu deveria saber era seu nome.


-Bom, acho que nunca fomos devidamente apresentados, não é? – Falei esticando minha mão em direção a ela – Me chamo Matt


Ela olhava para mim e para minha mão esticada a sua frente ainda surpresa.


-Mei Lin -  respondeu ela segurando minha mão


Eu sorri


Ela continuou a segurar minha mão e quando se deu conta de que estava demorando mais que o necessário soltou minha mão de forma quase brusca, fez uma nova reverencia e saiu apresada.


Não pude deixar de rir do jeito dela e acompanhei com os olhos a garota baixinha e apressada até que ela sumiu entre os alunos que transitavam pelo corredor.


Baixei a cabeça olhando para a mão que eu havia cumprimentado a garota e lembrei-me de seu olhar, seu jeito tímido, seus cabelos caindo sobre os ombros ... uma sensação familiar tomou conta de mim, a mesma sensação que eu tinha quando recebia os coelhinhos de papel.


Uma sensação de ... conforto


Sorri e segui rumo a diretoria.


 


 


 


 


-E então Matheus, já pensou quando irá para os Estados Unidos? – Perguntou o diretor, ou melhor, meu pai


-Por que eu preciso fazer uma faculdade no exterior pai? As Universidades aqui do Brasil também são boas – argumentei


Meu pai era obcecado pela ideia de me ver fazendo uma faculdade fora do pais e eu ... bom, por mais que eu soubesse das vantagens, não tinha a menor vontade de deixar meu pais e ir morar em um lugar desconhecido.


-Por favor Matheus, não á como comparar, você terá muito mais portas abertas se tiver uma formação no exterior. -  falou ele – Não percebe que isso é o melhor pra você?


-Eu sei pai -  responde resignado


-Além do mais, com o currículo esportivo que você tem poderá ganhar uma bolsa em uma universidade americana que tenha bons times de basquete. Não é esse seu sonho? Continuar jogando? – Falou ele, ciente de que esse ponto era o que mais me deixava balançado


Permaneci calado por um tempo e depois me levante da cadeira


-Vou pensar sobre isso – falei já virando de costas para ele


-Não demore muito, sabe como é difícil arrumar toda papelada e ter aprovação do seu visto – falou ele antes que eu saísse da sala


-Shì


-O que disse? – Perguntou ele sem entender


-Nada – falei


Sai da sala meio confuso e surpreso.


 


Eu realmente acabei de falar uma palavra em chinês?


 


Sorri e automaticamente me veio a mente o rosto envergonhado de uma garota baixinha de olhos puxados que trocava o português por chinês quando ficava nervosa.


 


-Que legal, então se você substituir os números por palavras você vai ter uma mensagem? Isso é tipo um código? – Falou uma voz feminina e animada


 


O assunto automaticamente me chamou atenção.


A mulher, no caso secretaria do diretor, estava em sua mesa toda animada conversando com um homem que reconhece como sendo professor de inglês da minha sala.


 


-Mais ou menos isso – respondeu ele rindo – Na verdade, essa é uma forma muito comum de expressar os sentimentos em alguns países asiáticos – completou ele


 


E então um estalo se deu em minha mente.


Lembrei-me dos números que sempre viam escritos na orelha dos coelhos de papel que eu recebia.


Seria esse o significado dos números? Seriam mensagens?


Aproximei-me do meu professor e perguntei


-Pôr a caso essas mensagens com números são usadas na china? – Perguntei quando uma ideia passou por minha cabeça


Ele virou-se em minha direção surpreso com minha abordagem


-Na verdade elas são usadas principalmente na China – falou ele


-Obrigado professor


Sai de lá e corri para minha sala


Na pressa esbarrei em alguns alunos, mas não parei até chegar na porta da sala.


Entrei e vasculhei com os olhos a procura dela, mas sua mesa estava vazia e sua mochila não estava mais lá.


Suspirei e fui em direção a sua mesa


Aproximei-me da mesa e um misto de sensações se apoderou de mim


 


Surpresa, euforia, tristeza, culpa ...


 


Minha única reação foi rir


Escrito na mesa dela estavam conjuntos de números muito bem ordenados e que eu reconhecia muito bem.


-Como não percebi antes? -  perguntei passando a mão sobre a mesa


E em minha cabeça as coisas começavam a se encaixar.


OS coelhos haviam começado a aparecer pouco depois dela chegar na escola, ela era sempre reservada, mas eu já havia reparado que vez ou outra ela olhava em minha direção, sem falar que ela com certeza seria a única a fazer tal coisa.


Sorri sem graça. Com exceção de hoje eu jamais havia prestado atenção e muito menos falado com a garota enquanto ela constantemente reparava em mim.


Eu precisava falar com ela, agradecer por cada coelho que ela tinha feito pra mim e lhe dizer o quanto eu gostei e me senti bem ao recebe-los.


Mas antes eu precisava fazer uma coisa, descobrir o que aqueles números significavam.


 


 


 


 


Coloquei todos os coelhinhos de papel que havia recebido sobre a minha cama e pequei meu notbook


Pesquisei sobre o alfabeto chinês e números chinês e comecei a tentar entender como tudo aquilo funcionava.


 


Uma .... Duas ... Três horas


Já estava a mais de 3 horas tentando decifrar aqueles números sem nenhum progresso.


-Hãaaaa ... porque ela tinha que fazer algo tão difícil? Porque ela simplesmente não escreveu com palavras o que queria me dizer? – Falei chateado


Suspirei tentando me acalmar


Me sentia frustrado e derrotado


Olhei para os coelhinhos espalhados a minha frente


-Ela deve ter tido tanto trabalho pra faze-los ... não posso desistir agora


Tentei me motivar novamente e recomecei minha pesquisa.


 


 


 


Algumas horas depois, ou melhor, muitas horas depois ....


 


-Não pode ser


Não conseguia acreditar o que estava diante de mim. Em uma folha de papel eu havia colocado todos os números que estavam escritos nos coelhos e ao lado escrevia as traduções a medica que eu ia conseguindo traduzir.


Olhei novamente para a folha de papel, não conseguia acreditar no que eu via, ela realmente havia escrito isso?


Seus sentimentos, estavam ali ...  Escondidos por trás daqueles números.


Reli novamente


 


045692 – Você é quem eu mais amo


53770 – Gostaria de poder beija-lo


05643355 – Você poderia pensar em mim?


135 – Você sente minha falta?


530 – Eu sinto sai falta


7758 – Me dê um beijo


3880 – Eu quero te abraçar


02825 – Você me ama?


 


Eu já havia recebido muitas cantadas e até declarações de amor de várias garotas, mas essa ...


Não sabia bem o que eu sentia, era uma mistura de tristeza e felicidade ao mesmo tempo.


Estava feliz por ver o quanto uma garota era capaz de amar um garoto de uma maneira tão bonita e doce sem pedir nada em troca, mas também me sentia triste por saber que todo esse tempo ela amou alguém que nunca a olhou, nunca havia realmente notado que ela estava lá observada ele e sofrendo silenciosa por ver o garoto que ama com outra garota.


-O que eu faço agora?


Era essa minha maior divida


 


 


 


Eu a olhava a cada 5 minutos como que para me certificar de que ela estava realmente lá e também ... porque gostava de olha-la.


Havia chegado atrasado na sala por conta da noite mal dormida, havia um turbilhão de pensamentos rondando minha cabeça. Quando cheguei na sala a prova já estava para começar e não pude falar com ela. Teria que esperar até o fim da prova, isso se eu conseguir responder alguma coisa.


 


 


 


 


Procurava por ela em cada canto da escola até que a avistei sentada em um banco de pedra perto do pátio, mau deu pra vê-la devido as plantas.


Aproximei-me de onde ela estava.


 


-Querido, esse papo de amor é pra gente velha. Essa história de pra sempre não existe. Além do mais somos muito jovens e tá na hora de termos novas experiências e experimentar novas coisas.


 


Lembrei-me das palavras da minha ex enquanto me aproximava da garota sentada no banco


 


-Não acha que já ficamos juntos tempo demais? Além do mais o ano letivo está acabando e eu não pretendo e pra faculdade com um namoradinho do ensino médio


 


Talvez Bianca não acreditasse em amor verdadeiro, talvez neim eu mesmo acreditasse, mas havia uma garota que acreditava e ela havia me mostrado que ele realmente existe e que pode durar, mesmo com dificuldade.


Lembrei de uma das mensagens que ela havia me mandando


 


829475 – Felicidade é ser amado


 


E eu estava feliz, por ter alguém que me amava de verdade


 


-Nǐ hǎo! (Olá) – Cumprimentei ao ficar ao lado dela


 


Enquanto pesquisava os números na noite anterior, havia aprendido algumas palavras básicas do mandarim


 


Ela me olhou surpresa com seus pequenos olhos arregalados


Ela permaneceu em silencio como se não soubesse o que dizer ou se aquilo realmente estava acontecendo.


Sentei-me ao seu lado no pequeno banco e nossos braços se tocaram devido à proximidade. Inclinei-me um pouco sobre ela afim de ficar ainda mais próximo e sussurrei em seu ouvido


- Eu disse ... nǐ hǎo! – Falei deixando escapar um sorriso ao notar a reação espantada da garota.


Ela continuou sem reação por mais alguns segundos até que se pronunciou


-Nǐ hǎo! – Falou ela completamente envergonhada


Abrir um enorme sorriso


Demorei a percebe-la, demorei a notar quem realmente merecia ser notada, mas agora eu estava no lugar certo, olhando para a garota certa.


E eu estava apenas começando.


 


-Xiè xiè! – Falei olhando em seus olhos


Ela me olhou sem entendo do por que eu estar agradecendo-a


-Apenas ... obrigado -  falei


-Bù yòng xiè! (De nada) – respondeu ela com um sorriso


 


O Sorriso mais lindo que eu já tinha visto na vida.


 


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): ninasantos

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).




Loading...

Autor(a) ainda não publicou o próximo capítulo



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 0



Para comentar, você deve estar logado no site.


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais