Fanfics Brasil - Capitulo 5 - Dulce O Acordo - Vondy (Adaptada)

Fanfic: O Acordo - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 5 - Dulce

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DULCE


 



Anahi mantém a palavra. Faz vinte minutos que chegamos à festa, e ela não
desgrudou de mim, apesar de o namorado estar implorando para dançar desde que
pusemos o pé aqui.
Estou me sentindo uma idiota.
“Tá bom, isso é ridículo. Vai dançar com Poncho de uma vez.” Tenho de gritar
mais alto que a música — que, por incrível que pareça, até que é decente. Estava
esperando umas batidas de boate de quinta categoria ou um hip-hop vulgar, mas
quem quer que esteja cuidando do som parece ter alguma afinidade com rock
indie e punk inglês.
“Nem pensar!”, Anahi grita de volta. “Vou ficar aqui, curtindo o som com você.”
Claro, porque ficar de tocaia junto da parede feito uma maníaca e me observar
agarrada à garrafa de água mineral que trouxe do alojamento é muito melhor do
que dançar com o namorado.
A sala está lotada de gente. Garotos e garotas de fraternidade aos montes, mas há
muito mais variedade do que o normal nesse tipo de evento. Vejo alguns alunos
de teatro em volta da mesa de sinuca. Meninas do hóquei de grama conversando
junto à lareira. Um grupo de rapazes que tenho certeza que são do primeiro ano
perto do bar. Os móveis foram todos empurrados contra as paredes forradas de
painéis de madeira para dar espaço para a pista de dança no centro da sala. Para
onde quer que olhe, vejo gente dançando, rindo e falando besteira.
E a pobre Anahi está grudada em mim feito velcro, incapaz de aproveitar um
segundo da festa a que ela queria vir.
“Anda”, insisto. “É sério. Você não vê Poncho desde que as provas começaram.
Merece um pouco de tempo livre com seu homem.”
Ela hesita.
“Vou ficar bem. Katie e Shawna estão bem aqui… Vou conversar com elas um
pouco.”
“Tem certeza?”
“Claro. Vim aqui para socializar, lembra?” Sorrindo, dou um tapinha em sua
bunda. “Sai pra lá, gata.”
Ela sorri de volta e começa a se afastar, em seguida pega o iPhone e acena para
mim. “Manda um S.O.S. se precisar de alguma coisa”, grita. “E nem pense em ir
embora sem me avisar!”
A música encobre minha resposta, mas ela me vê acenando antes de se virar.
Observo seu cabelo louro movendo-se entre a multidão, e ela logo está ao lado de
Sean, que, feliz, a leva para o meio da multidão na pista.
Viu só? Também posso ser uma boa amiga.
Só que agora estou sozinha, e as duas meninas a quem planejava me juntar estão
falando com outros dois garotos bem bonitinhos. Não quero interromper o
festival do flerte, então procuro em meio à aglomeração algum conhecido — até
Cass seria um alento para meus olhos cansados neste momento —, mas não vejo
ninguém familiar. Contendo um suspiro, me encolho em meu cantinho e passo
alguns minutos observando as pessoas.
Depois de vários caras olharem na minha direção com interesse descarado, me
recrimino por ter deixado Anahi escolher minha roupa para a festa. O vestido está
longe de ser indecente, bate no joelho e tem um decote comportado, mas marca
minhas curvas mais do que eu gostaria, e os saltos pretos com que completei o
visual fazem minhas pernas parecerem bem mais longas do que de fato são. Não
discuti, porque queria chamar a atenção de Justin, mas, em minha aflição por
despontar no radar dele, não pensei nos outros radares todos em que poderia
aparecer, e essa atenção toda me deixa nervosa.
“Ei.”
Viro a cabeça e acompanho um garoto bonitinho de cabelos castanhos
ondulados e olhos azul-claros caminhando na minha direção. Está de camisa polo,
segurando um copo de plástico vermelho na mão, e sorri para mim como se nos
conhecêssemos.
“Hmm. Oi”, respondo.
Quando percebe minha expressão confusa, abre ainda mais o sorriso. “Sou
Jimmy. A gente faz literatura inglesa juntos, lembra?”
“Ah. Claro.” Sinceramente, não lembro de tê-lo visto antes, mas essa turma tem
uns duzentos alunos, então, depois de um tempo, todos os rostos se misturam.
“Você é Dulce, não é?”
Aceno, me ajeitando, desconfortável, pois seu olhar já baixou para os meus seios
uma dezena de vezes nos cinco segundos em que estamos conversando.
Jimmy para, como se estivesse tentando pensar no que dizer. Nada me vem à
cabeça também, porque sou péssima em jogar conversa fora. Se tivesse algum
interesse nele, perguntaria sobre suas aulas, ou se trabalha, ou que tipo de música
ouve, mas o único cara por quem me interesso no momento é Justin… e ele ainda
não apareceu.
Eu me sinto uma total idiota procurando seu rosto na multidão. Verdade seja
dita, Anahi não é a única que está estranhando meu comportamento. Também me
vejo diante da mesma dúvida, porque, sério, que obsessão é essa? O sujeito nem
sabe que existo. Além do mais, é um atleta. Que merda. Seria melhor me
interessar por Christopher Uckermann — pelo menos ele se ofereceu para sair comigo.
E adivinha? No segundo em que penso em Christopher, o diabo em pessoa entra na
sala.
Não achei que fosse vê-lo esta noite, e, na mesma hora, abaixo a cabeça para que
não note minha presença. Talvez, se me concentrar bastante, consiga me camuflar
de parede, e ele nem vai saber que estou aqui.
Por sorte, Christopher não repara em mim. Para e conversa com um grupo de
garotos, então caminha descontraído até o bar do outro lado da sala, onde, na
mesma hora, é cercado por meia dúzia de meninas piscando e empinando os
peitos para chamar a atenção.
Jimmy, ao meu lado, revira os olhos. “Nossa. O posto de fortão da universidade
não cansa, né?”
Percebo que também está acompanhando Christopher com os olhos e vejo o
desprezo patente em seu rosto. “Você não é muito fã do Ucker?”, pergunto,
secamente.
“Quer saber a verdade ou a resposta oficial?”
“Resposta oficial?”
“Ele é membro desta fraternidade”, explica Jimmy. “O que, tecnicamente, faz de
nós irmãos.” Ele reforça a palavra desenhando aspas no ar. “E um membro da
Sigma ama todos os seus irmãos.”
É impossível não rir. “Certo, então essa foi a resposta oficial. E a verdade, qual
é?”
A música aumenta, então ele se aproxima de mim. Seus lábios estão a
centímetros de minha orelha, quando confessa: “Não suporto o cara. Tem um ego
maior do que esta casa”.
Ora, vejam só… encontrei um semelhante. Outra pessoa que não é fã de
carteirinha de Christopher.
Só que ele interpretou errado o sorriso de cumplicidade que ofereci, porque
suas pálpebras tornaram-se pesadas. “Então… quer dançar?”, pergunta, com a voz
mole.
Não quero. Nem um pouco. Mas quando abro a boca para dizer não, noto um
lampejo de cor preta no canto de minha visão. A camiseta de Christopher. Droga. Ele
me viu e está vindo na nossa direção. A julgar pelo passo determinado, está pronto
para duelar comigo de novo.
“Claro”, disparo, pegando depressa na mão de Jimmy. “Vamos dançar.”
Um sorriso lento se abre em seu rosto.
Ih… Talvez eu tenha soado empolgada demais.
Mas agora é tarde para mudar de ideia, porque ele está me levando em direção à
pista. E, que sorte a minha, a música muda no instante em que chegamos a ela.
Ramones dão lugar a Lady Gaga. E não é uma das faixas mais rápidas, mas a
versão lenta de “Poker Face”. Ótimo.
Jimmy pousa as mãos em meus quadris.
Um segundo depois, seguro seus ombros, relutante, e começamos a nos mover
ao som da música. É embaraçoso pra caramba, mas pelo menos consegui me
livrar de Christopher, que está nos encarando com a testa franzida, os dedos
envolvendo os passadores da calça jeans desbotada.
Quando nossos olhares se cruzam, abro um meio-sorriso e uma cara de “o que
posso fazer”, e ele semicerra os olhos, como se soubesse que só estou dançando
com Jimmy para não ter que falar com ele. Em seguida, uma loura bonita toca seu
braço, e ele interrompe nosso contato visual.
Jimmy vira a cabeça para ver para quem estou olhando. “Você conhece
Christopher?”, pergunta, soando um pouco mais que receoso.
Dou de ombros. “Faz uma aula comigo.”
“São amigos?”
“Não.”
“Bom saber.”
Christopher e a loura saem da sala, e, na mesma hora, me parabenizo pelo sucesso da
minha tática de evasão.
“Ele mora aqui com vocês?” Meu Deus, essa música não acaba, estou tentando
puxar papo porque me sinto obrigada a terminar a dança, depois de ter parecido
tão “animada”.
“Não, nem brinca”, responde Jimmy. “Mora fora do campus. Está sempre
tirando onda por causa disso, mas aposto que é o pai que paga o aluguel.”
Enrugo a testa. “Por que você diz isso? A família dele é rica ou algo assim?”
Jimmy parece surpreso. “Você não sabe quem é o pai dele?”
“Não. Por quê? Deveria saber?”
“Phil Uckermann.” Quando o vinco em minha testa se aprofunda, Jimmy explica.
“Atacante do New York Rangers? Duas vezes campeão da Copa Stanley? Lenda do
hóquei?”
O único time de hóquei de que já ouvi falar é o Chicago Blackhawks, e isso
porque meu pai é torcedor fanático e me faz assistir às partidas com ele. Portanto,
nunca ouvi falar num cara que jogou pelos Rangers há, o quê, vinte anos? Mas
não é surpresa saber que Christopher vem da realeza do esporte. O senso de
superioridade dele deve estar no sangue.
“Por que não fez faculdade em Nova York, então?”, pergunto, educadamente.
“O pai terminou a carreira em Boston”, explica Jimmy. “Imagino que a família
tenha decidido ficar em Massachusetts depois que ele se aposentou.”
Finalmente a música acaba, e invento a desculpa de que preciso usar o banheiro.
Jimmy me faz prometer dançar com ele de novo, então dá uma piscadinha e se
afasta para junto de um grupo que está jogando beer pong.
Como não quero que pense que menti a respeito do banheiro, sigo com a farsa
da vontade de fazer xixi, deixando a sala de estar para vagar pela sala de visitas por
um tempo, que é onde Anahi me encontra, alguns minutos depois.
“Ei! Está se divertindo?” Seus olhos estão brilhando e tem as bochechas coradas,
mas sei que não estava bebendo. Anahi prometeu se manter sóbria, e ela nunca
quebra suas promessas.
“É, acho que sim. Mas estava pensando em ir embora.”
“Ah, não, você não pode ir agora! Acabei de te ver dançando com o Jim Paulson.
Parecia estar se divertindo.”
Sério? Então sou melhor atriz do que tinha imaginado.
“Ele é bonitinho”, acrescenta ela, com um olhar sugestivo.
“Ah… não faz o meu tipo. Mauricinho demais.”
“Bom, eu sei de alguém que faz o seu tipo.” Allie mexe as sobrancelhas antes de
baixar a voz para um sussurro. “Não vire agora, mas ele acabou de entrar.”
Meu coração dispara feito uma pipa num tufão. Não vire agora? As pessoas não
entendem que dizer esse tipo de coisa é garantia de conseguir exatamente o
oposto?
Giro em direção a porta, então giro de volta para minha amiga, porque, ai, meu
Deus. Ela tem razão. Justin finalmente apareceu.
E já que a olhadela que dei foi rápida demais, preciso de Anahi para conseguir
informações adicionais. “Está sozinho?”, murmuro.
“Está com alguns colegas do time”, sussurra ela de volta. “Mas nenhum deles
está acompanhado.”
Faço minha melhor interpretação de alguém apenas conversando com uma
amiga e que não tem nenhum interesse no cara a três metros de distância. E
funciona, porque Justin e os amigos passam direto por mim e por Anahi, as risadas
altas logo encobertas pela música.
“Você está vermelha”, provoca ela.
“Eu sei.” Solto um gemido baixo. “Droga. Essa paixonite é tão idiota, A. Por que
você me deixa me envergonhar desse jeito?”
“Porque não vejo nada de idiota. E não tem vergonha nenhuma… é saudável.”
Ela pega meu braço e começa a me arrastar de volta para a sala de estar. O som da
música está mais baixo agora, mas o burburinho continua a ressoar pelo
ambiente. “Sério, Dul, você é jovem e bonita, e quero que se apaixone. Não
importa por quem, desde que… Por que Christopher Uckermann está encarando você?”
“Ele está me seguindo”, resmungo.
Ela ergue as sobrancelhas. “Jura?”
“É, pois é. Está reprovando em ética e sabe que fui bem na prova, então quer
que eu dê aulas para ele. O cara não aceita ‘não’ como resposta.”
Ela prende o riso. “Acho que você deve ser a única que deu um fora nele.”
“Se o restante da população feminina fosse tão inteligente quanto eu…”
Olho por cima do ombro de Anahi e vasculho a sala em busca de Justin, e meu
pulso dispara assim que o vejo perto da mesa de sinuca. Está de calça preta e um
suéter cinza e grosso de lã, o cabelo bagunçado cobrindo a testa larga. Nossa,
como adoro esse visual “acabei de acordar”. Não é cheio de gelzinho no cabelo
como os amigos, nem está usando a jaqueta do uniforme do time como os outros.
“Anahi, traz essa bundinha linda de volta pra cá!”, grita Poncho da mesa de pinguepongue.
“Preciso de minha parceira de beer pong!”
Seu rosto se colore com um rubor bonito. “Quer ver a gente detonar na mesa de
pingue-pongue? Sem a cerveja”, acrescenta depressa. “Poncho sabe que não tô
bebendo hoje.”
Sinto outra pontada de culpa. “Não tem a menor graça sem cerveja”, digo,
descontraída.
Ela faz que não com a cabeça, resoluta. “Prometi que não vou beber.”
“Não vou ficar muito mais mesmo”, argumento. “Então não tem por que você
não se divertir.”
“Mas quero que você fique”, reclama ela.
“E se a gente fizer assim: eu fico mais meia hora, mas só se você se permitir se
divertir de verdade? Sei que fizemos um acordo no primeiro ano, mas não quero
mais te atrapalhar, A.”
Falo do fundo do coração, porque realmente odeio que ela tenha de ficar de
babá toda vez que a gente sai. Não é justo. E depois de dois anos na Briar, está na
hora de relaxar, pelo menos um pouco.
“Anda, quero ver você exibindo essas habilidades no beer pong.” Engancho meu
braço no dela, que ri e me arrasta até Poncho e seus amigos.
“Dulce!”, exclama Poncho, animado. “Você vai jogar?”
“Não”, respondo. “Só vim torcer pra minha melhor amiga.”
Anahi se junta a Poncho de um dos lados da mesa, e, pelos próximos dez minutos,
assisto à partida mais intensa do planeta. Mesmo assim, não me desligo um
segundo da presença de Justin conversando com os amigos do time do outro lado
da sala.
Acabo me afastando, porque, enfim, realmente preciso usar o banheiro. Tem um
no segundo andar da casa, perto da cozinha, mas a fila está imensa, e demora uma
vida até a minha vez. Faço o que tenho de fazer depressa e saio do banheiro…
batendo de cara com um peito musculoso.
“Cuidado por onde anda”, uma voz rouca me repreende.
Meu coração para.
Os olhos escuros de Justin brilham divertidos, enquanto ele pousa a mão em
meu braço para me equilibrar. No instante em que me toca, um calor percorre
meu corpo e me deixa arrepiada.
“Desculpa”, gaguejo.
“Sem problemas.” Sorrindo, ele dá uma batidinha no próprio peito e acrescenta:
“Você não quebrou nada”.
De repente, me dou conta de que não há mais ninguém na fila do banheiro e
somos só eu e Justin no corredor. Deus do céu, ele é ainda mais bonito de perto. E
também muito mais alto do que eu tinha percebido — tenho de deitar a cabeça
para trás para conseguir encará-lo nos olhos.
“Você está na turma de ética comigo, não é?”, pergunta, em sua voz grave e
sensual.
Assinto com a cabeça.
“Justin”, se apresenta, como se houvesse alguém na Briar que não soubesse seu
nome. Mas acho a modéstia uma graça.
“Dulce.”
“Como foi na prova?”
“Dez”, admito. “E você?”
“Sete.”
Não consigo esconder a surpresa. “Sério? Então acho que somos sortudos. Todo
mundo se deu mal.”
“Acho que isso faz de nós inteligentes, não sortudos.”
Seu sorriso me faz derreter. Sem brincadeira. Sou uma poça de meleca no chão,
incapaz de me desviar daqueles olhos escuros e magnéticos. E que cheiro
maravilhoso, parece sabonete e loção pós-barba com essência de limão. Seria
muito estranho se eu enfiasse o rosto em seu pescoço para me sentir melhor?
Hmm… acho que sim. Seria.
“Então…” Tento pensar em algo inteligente ou interessante para falar, mas estou
muito nervosa para ser espirituosa no momento. “Você joga futebol americano,
né?”
Ele faz que sim. “No ataque. É uma fã?” Uma covinha surge em seu queixo. “Do
jogo, digo.”
Não sou, mas acho que posso mentir e fingir que gosto do esporte. O problema
é que é uma jogada arriscada, porque ele pode tentar puxar assunto comigo, e não
sei o suficiente para conduzir uma conversa inteira sobre futebol americano.
“Na verdade, não”, confesso, com um suspiro. “Já assisti a uma partida ou duas,
mas, para ser sincera, é devagar demais pro meu gosto. Parece que os jogadores
correm por cinco segundos, alguém sopra um apito, e eles ficam parados por
horas antes da próxima jogada.”
Justin ri. Tem uma risada fantástica. Baixa e rouca, e posso senti-la até o dedão
do pé. “É, já ouvi essa reclamação antes. Mas é diferente quando se está jogando.
Muito mais intenso do que você pode imaginar. E quando você se interessa por
um time ou alguns jogadores específicos, aprende as regras muito mais depressa.”
Ele deita a cabeça de lado. “Você deveria assistir a um de nossos jogos. Aposto que
iria se divertir.”
Caramba. Ele está me chamando para uma de suas partidas?
“Hmm, é, quem sabe eu…”
“Kohl!”, uma voz me interrompe. “Está na nossa vez!”
Nós dois viramos, e um gigante de cabelos louros passa a cabeça pela porta da
sala. É um dos colegas de time de Justin, está com uma expressão de total
impaciência.
“Já vou”, responde Justin. Em seguida, abre um sorriso arrependido ao dar um
passo na direção do banheiro. “Big Joe e eu precisamos mostrar para todo mundo
como que se joga sinuca, mas antes tenho que ir ao banheiro. Mais tarde a gente
se fala?”
“Claro”, respondo, casualmente. Mas não há nada de casual no jeito como meu
coração está disparado.
Assim que Justin fecha a porta atrás de si, corro para a sala de estar com as
pernas bambas. Estou doida para contar a Anahi sobre o que acaba de acontecer,
mas não tenho oportunidade. No segundo em que entro na sala, me deparo com
os noventa quilos e os quase dois metros de Christopher bloqueando meu
caminho.
“Savis”, diz, animado. “Você é a última pessoa que esperava ver aqui hoje.”
Como sempre, sua presença me faz ficar tensa de novo. “Ah, é? Por quê?”
Ele dá de ombros. “Não achei que festas de fraternidade fossem a sua cara.”
“Bom, você não me conhece, lembra? Talvez eu seja arroz de festa.”
“Mentirosa. Teria visto você antes.”
Ele cruza os braços sobre o peito, uma pose que faz os bíceps flexionarem.
Reparo na pontinha de uma tatuagem aparecendo debaixo da manga, mas não dá
para ver o que é, só que é preta e parece complexa. Chamas, talvez?
“E aí, sobre esse negócio das aulas… acho que a gente devia parar um minuto
para montar uma agenda.”
Uma onda de irritação sobe a minha coluna. “Você não desiste, não é?”
“Nunca.”
“Pois pode começar a desistir, porque não vou dar aula para você.” Estou
distraída. Justin voltou para a sala, o corpo alto e ágil movendo-se pela multidão
em direção à mesa de sinuca. Está na metade do caminho, quando uma morena
bonita o intercepta. Para minha surpresa, ele para e conversa com ela.
“Por favor, Savis, ajude o cara aqui”, implora Christopher.
Justin ri de algo que a menina disse. Do mesmo jeito que estava rindo para
mim há um minuto. E quando ela toca seu braço e se aproxima, ele não se afasta.
“Olha, se você não quiser se comprometer com o semestre inteiro, pelo menos
me ajude a passar na prova. Vou ficar te devendo essa.”
Já não estou mais prestando a menor atenção em Christopher. Justin se abaixa para
sussurrar junto à orelha da menina. Ela ri, suas bochechas se coram, e meu
coração desce até a barriga.
Tinha tanta certeza de que a gente tinha tido uma… conexão. E ele já está
flertando com outra pessoa?
“Você não tá me ouvindo”, acusa Christopher. “Tá olhando pra quem?”
Afasto os olhos de Justin e da morena, mas não rápido o suficiente.
Christopher abre um sorriso ao notar o meu olhar. “Qual deles?”, exige saber.
“Qual deles o quê?”
Ele aponta com a cabeça para Justin, em seguida, vira um metro e meio para a
direita, onde vejo Jimmy conversando com seus amigos de república. “Paulson ou
Kohl… com quem você quer trepar?”
“Trepar?” Ele consegue minha atenção de volta. “Eca. Quem fala esse tipo de
coisa?”
“Tudo bem, prefere que diga de outro jeito? Com quem você quer transar — ou
fazer amor, se essa for a sua praia.”
Faço uma cara feia. O cara é um babaca.
Quando fico em silêncio, ele responde por mim. “Kohl”, conclui. “Vi você
dançando com Paulson antes, e, definitivamente, seus olhos não estavam
brilhando por ele.”
Não confirmo nem nego. Simplesmente me afasto. “Tenha uma boa noite,
Christopher.”
“Odeio ser eu a dar a notícia, mas não vai acontecer, Savis. Você não faz o tipo
dele.”
Uma sensação de raiva e vergonha toma conta de minha barriga. Uau. Ele
acabou mesmo de dizer isso?
“Obrigada pela dica”, respondo com frieza. “Agora, se me dá licença…”
Christopher tenta me segurar pelo braço, mas eu o atropelo e o deixo no vácuo.
Procuro por Anahi pela sala e não demoro a vê-la aos beijos com Poncho no sofá. Não
quero interrompê-los, por isso dou meia-volta em direção à porta.
Meus dedos tremem ao digitar uma mensagem para ela, avisando que fui
embora. A avaliação direta de Christopher — você não faz o tipo dele — ecoa em minha
mente como um mantra depressivo.
Mas, verdade seja dita, é justamente o que eu precisava ouvir. E daí se Justin
falou comigo no corredor? É claro que não significou nada, porque no minuto
seguinte ele xavecou outra pessoa. É hora de encarar a realidade. Justin e eu não
vamos ficar, não importa o quanto eu queira.
Que burrice a minha vir aqui hoje.
Ondas de vergonha varam meu corpo, enquanto deixo a casa Sigma e saio na
brisa fria da noite. Me arrependo de não ter trazido um casaco, mas não queria
ficar com as mãos ocupadas a noite inteira e achei que aguentaria as temperaturas
de outubro nos cinco segundos entre o táxi até a porta da frente.
Anahi me responde assim que piso na varanda, oferecendo-se para sair e me fazer
companhia até o táxi chegar, mas digo a ela para ficar com o namorado. Pego o
número do serviço de táxi da faculdade e, quando estou prestes a digitar no
celular, ouço o meu nome. Digo, uma variação irritante dele.
“Savis. Espere.”
Desço os degraus da varanda dois de cada vez, mas Christopher é muito mais alto do
que eu, o que significa que tem uma passada mais comprida e me alcança em dois
segundos.
“Por favor, espere.” Ele me detém pelo ombro.
Afasto sua mão e me viro para encará-lo. “O que foi? Resolveu me ofender um
pouco mais?”
“Não queria ofender você”, reclama ele. “Só estava constatando um fato.”
Que ódio. “Nossa. Obrigada.”
“Merda.” Ele parece frustrado. “Ofendi você de novo. Não foi minha intenção.
Não estou tentando dar uma de babaca, o.k.?”
“Claro que não está tentando. Você já faz isso naturalmente.”
Ele tem a cara de pau de sorrir, mas seu bom humor desaparece depressa.
“Olha, conheço o cara, tá legal? É amigo de um dos meus colegas de república e já
foi lá em casa algumas vezes.”
“Que bom pra você. Pode ficar com ele então, porque não estou interessada.”
“Ah, está sim.” Ele parece muito confiante, e o odeio por isso. “Só estou dizendo
que Kohl tem um tipo.”
“Tudo bem, então me diga, qual é o tipo dele? Não que eu esteja interessada ou
qualquer coisa assim”, acrescento depressa.
Ele sorri como quem entendeu tudo. “Ah, sim. Claro que não está.” Em seguida,
dá de ombros. “Faz uns dois meses que entrou na universidade, não é? Até agora
só o vi com uma líder de torcida e duas integrantes da Kappa Beta. Sabe o que isso
me diz?”
“Não, mas isso me diz que você passa tempo demais prestando atenção em quem
os outros caras pegam.”
Ele ignora as farpas. “Isso me diz que Kohl está interessado em garotas de certo
status social.”
Reviro os olhos. “Se isso é mais uma proposta de me fazer popular, vou ter que
deixar passar.”
“Ei, se você quer chamar a atenção de Kohl, vai ter que fazer algo drástico.” Ele
faz uma pausa. “Tô dizendo que a proposta de sair com você ainda está de pé.”
“E continuo recusando. Agora, se me dá licença, preciso chamar um táxi.”
“Não, não precisa.”
A tela do meu celular apagou, e digito minha senha depressa, para desbloqueálo.
“É sério, não precisa”, insiste Christopher . “Te deixo em casa.”
“Não preciso de motorista.”
“É isso que taxistas são. Motoristas.”
“Não preciso de você como meu motorista”, me corrijo.
“Você prefere pagar dez dólares para voltar para casa do que aceitar uma carona
minha de graça?”
Sua observação sarcástica acertou na mosca. Porque sim, definitivamente confio
mais num taxista empregado pela universidade para me levar para casa do que em
Christopher. Não entro em um carro com estranhos. Ponto.
Christopher  semicerra os olhos como se tivesse lido meus pensamentos. “Não vou
tentar nada, Savis. É só uma carona para casa.”
“Volte para a festa, Christopher. Seus amigos devem estar se perguntando onde você
se meteu.”
“Vai por mim, eles não ligam a mínima para onde estou. Só estão interessados
em encontrar uma menina bebaça pra comer.”
Engasgo. “Meu Deus. Você é nojento, sabia?”
“Não, só sincero. Além do mais, não disse que eu estou interessado nisso. Não
preciso embebedar uma mulher para dormir comigo. Elas aparecem sóbrias e por
vontade própria.”
“Parabéns.” Solto um grito quando ele puxa o telefone da minha mão. “Ei!”
Para minha surpresa, ele vira a câmera na sua direção e tira uma foto.
“O que você está fazendo?”
“Pronto”, diz, me devolvendo o aparelho. “Pode mandar essa carinha bonita para
toda a sua lista de contatos e dizer que eu estou te levando para casa. Se você
aparecer morta amanhã, todo mundo vai saber quem foi o responsável. E, se
quiser, pode deixar o dedo no botão de chamada de emergência o tempo inteiro,
caso precise ligar para a polícia.” Ele solta um suspiro exasperado. “Posso te levar
pra casa agora?”
Embora a ideia de ficar esperando um táxi em pé do lado de fora, sem casaco,
não me agrade, faço uma última exigência. “Quanto você bebeu?”
“Meia cerveja.”
Ergo uma das sobrancelhas.
“Meu limite é uma”, insiste ele. “Tenho treino amanhã de manhã.”
Minha resistência se esvai diante do olhar de franqueza em seu rosto. Já ouvi
muitos boatos a respeito de Christopher, mas nenhum deles envolvendo álcool ou
drogas, e o serviço de táxi da universidade é famoso por demorar horrores, por
isso, sério mesmo, acho que não vou morrer se passar cinco minutos no carro
com o cara. Se eu me irritar, posso ignorá-lo sem problemas.
Ou melhor, quando eu me irritar.
“Tudo bem”, aceito. “Pode me levar pra casa. Mas isso não significa que vou dar
aulas para você.”
Seu sorriso é o cúmulo da presunção. “No carro a gente discute.”



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Autor(a): srta.uckermann

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Prévia do próximo capítulo

CHRISTOPHER   Dulce Saviñón está a fim de um jogador de futebol americano. Não dá paraacreditar nisso, mas como já a ofendi uma vez hoje, tenho de pisar em ovos se quero dobrar a menina.Espero até estarmos no Jeep e coloco o cinto antes de lançar, com cuidado, apergunta. “E aí, há quanto ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 7



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  • SweetPink ♡ Postado em 01/02/2017 - 12:07:10

    POR FAVOR CONTINUA LOGO!

  • SweetPink ♡ Postado em 01/02/2017 - 12:06:53

    Leitora nova e apaixonada!!!

  • candydm Postado em 01/02/2017 - 01:32:11

    Leitora nova, continua por favor, já estou amando!

  • tahhvondy Postado em 19/01/2017 - 16:57:43

    continua assim esta bom

  • minhavidavondy Postado em 18/01/2017 - 22:53:23

    Assim está ótimo

  • tahhvondy Postado em 17/01/2017 - 20:23:48

    continua amado

    • srta.uckermann Postado em 18/01/2017 - 20:43:40

      Continuando...


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