Fanfic: Meu amigo, meu amor... {terminada}
Christopher entrou no apartamento, fechou a porta, despiu a jaqueta esportiva e largou-a em uma cadeira. Então, pensando melhor, pegou a peça, foi ao quarto e pendurou-a no guarda-roupa, no lugar certo, obedecendo a uma ordem por cores.
De volta à sala, sentou-se no sofá, porém levantou-se novamente e passou a andar em círculos, inquieto.
— Mulheres — resmungou. — Quem precisa delas? São todas volúveis. Esquisitas. Totalmente irresponsáveis, imprevisíveis, incompreensíveis… in… in… ininteligíveis. Oh, céus, as mulheres me deixam maluco!
Estacou, passou as mãos nos cabelos e caminhou até a parede da sala, na qual bateu três vezes com força.
— Esteja em casa — murmurou, fitando a parede. — Em uma hora dessas, é preciso conversar com o melhor amigo. Vamos, vamos, avise que está.
Duas batidas abafadas soaram em resposta, Christopher bateu mais uma vez, confirmando a recepção.
Ótimo, pensou. Mensagem enviada, recebida e respondida. Três batidas indagando se havia alguém em casa, duas do destinatário em resposta e a última sua, pedindo ao amigo que se achegasse para conversarem. Primitivo, sim, mas funcionava. Além disso, era divertido, um código secreto conhecido apenas por ele e o vizinho.
Em poucos minutos, teria alguém para ouvir suas lamúrias, oferecer-lhe o ombro e bater em suas costas.
Sem dúvida, era adulto e perfeitamente capaz de lidar com as próprias emoções, lamber as próprias feridas, reerguer-se e seguir em frente. Sim, claro que era. Mas por que sofrer sozinho se tinha com quem partilhar a miséria?
Bateram na porta, e Christopher apressou-se a atender.
— Que bom que estava em casa! Estou mesmo pedindo água e… Opa, tem algo errado. Está de robe verde, o que significa que está se sentindo péssima a ponto de tirar esse desastre do armário. O que houve, Dulce?
Christopher estreitou o olhar, avaliando atentamente a vizinha.
Dulce definitivamente não estava no normal, concluiu. A figura esguia se cobria do pescoço aos pés com aquele robe horrível, verde-ervilha, um péssimo sinal. Aquele robe equivalia ao cobertor a que todas as crianças se apegam na infância, consolo nos momentos de debilidade física ou emocional.
Dulce trazia um rolo de toalha de papel debaixo do braço e assoava o nariz avermelhado, parecendo doente. Completavam o quadro o rosto delicado muito pálido e os olhos castanhos, normalmente brilhantes, meio embaçados.
— Posso entrar, Christopher? — Dulce suspirou e enxugou o nariz com a toalha de papel mais uma vez.
— Como? Oh, claro. Desculpe-me. — Ele se pôs de lado, abrindo passagem. — Só estava dando uma olhada em você. Parece péssima, Dul.
A amiga o fitou irada e entrou, os pés protegidos por meias esportivas que na verdade pertenciam a ele.
— Muito obrigada — ironizou Dulce, atirando-se no sofá. — Era exatamente o que eu precisava ouvir. Você faz maravilhas para levantar o moral de uma mulher.
Christopher sentou-se na mesinha diante dela, deixando-se avaliar pela vizinha, que, a exemplo dele, torceu o nariz.
— Você também não ganha nenhum concurso com essa aparência, Christopher — vingou-se. — Seus cabelos estão espetados, o que significa que andou passando as mãos neles, nervoso. Também apresenta olheiras, e o seu bronzeado sumiu enquanto estava em Kansas City.
— É, bem…
— Ainda é bonito, como todo solteiro… mas precisa cortar os cabelos. Francamente, são belos cabelos, castanho-claros e aloirado em alguns pontos, mas, no momento, como já observei, parece que você levou um choque elétrico. Numa escala de zero a dez, você leva cinco.
Christopher ajeitou os cabelos com as duas mãos e inclinou-se para a amiga.
— Você está doente? — questionou, preocupado. — Por isso está assim horrível e rabugenta, mas é alguma doença terminal?
— Sim. Estarei morta à meia-noite. Adeus, Christopher. Eu só queria que soubesse que foi um amigo maravilhoso nestes últimos catorze meses, e que eu…
— Quer parar? — pediu ele. — O que você tem?
— Uma infecção nasal — resumiu Dulce. Suspirou e apalpou o nariz. — Estava péssima ontem, fui ao médico e ele me receitou antibiótico. Mas, destemida que sou, fui a um primeiro encontro às cegas ontem à noite, mesmo assim.
— Pensei que tivesse jurado que nunca mais aceitaria encontro às cegas.
— Estava desesperada — confessou ela, suspirando. — Trata-se de um amigo de um primo de um dos clientes lá da agência de turismo. Dentista. Passou a noite inteira examinando meus dentes.
Christopher riu, mas ficou sério quando Dulce o fuzilou com o olhar.
— E sério! — protestou ela. — Toda vez que eu sorria, ele focava nos meus dentes da frente. Só queria saber dos meus dentes, entende o que quero dizer? Na despedida, pousou o braço nos meus ombros e disse que eu tinha os dentes mais bonitos que ele já tinha visto. Aí, beijou-me na testa.
Decidiu detalhar:
— Arrastei-me para fora da cama para conhecer um esquisitão! Nunca mais. Chega de encontro às cegas para mim. Nunca mais. Na verdade, posso até ter desistido dos homens…
— Bem-vinda ao clube — replicou Christopher, desolado.
— Como assim? Você também está desistindo dos homens? — provocou Dulce.
— Muito engraçado. —Christopher levantou-se e levou a mão ao pescoço. — Estou por aqui com a espécie feminina. — Deteve-se e atentou à vizinha. — Mas por que está usando toalha de papel no seu pobre nariz vermelho?
— Não tenho lenços de papel — explicou Dulce. — Coloquei na listinha do supermercado, mas…
— Já sei, perdeu a lista. O que aconteceu com o ímã de pingüim que eu lhe trouxe do Alasca? Aquilo deveria prender sua lista de compras na geladeira.
— Não sei… O ímã! Não sei onde o ímã foi parar. Mas a geladeira continua no mesmo lugar.
— Espere. Não vou permitir que continue punindo esse lindo narizinho arrebitado. —Christopher atravessou a sala.
— Lindo narizinho arrebitado? — Dulce voltou os olhos ao teto — Primeiro, aquele dentista fascinado por meus dentes. Se aparecer algum maníaco que se apaixone pelos meus olhos, terei o rosto inteiro venerado por malucos!
Christopher voltou pouco depois com um lenço de algodão lavado e perfumado. Ao mesmo tempo que o cedia à amiga, confiscou-lhe o rolo de toalha de papel, que pousou na mesinha central, antes de se acomodar no sofá, também.
— Obrigada. —Dulce aninhou o nariz no tecido macio. — Oh, que fresco e macio… Tem fragrância de limão. Vou lavá-lo e devolvo depois.
— Vai nada — contrariou Christopher. Recostou a cabeça e fitou o teto. — Vai perdê-lo em algum lugar entre a máquina de lavar e a secadora.
— Não é justo — protestou a amiga, suspirando indignada. — Não quer acreditar que as máquinas da lavanderia do prédio somem com as coisas, mas elas realmente somem. Claro, não sabe porque manda tudo para uma lavanderia profissional. Grande coisa.
— Que seja — cedeu ele. — As máquinas somem com suas roupas.
Dulce franziu o cenho e olhou-o carrancuda.
— Vai aceitar assim? — questionou. — Sem discutir. Céus, está mesmo deprimido. O que aconteceu? Ou melhor, quando aconteceu? Eu nem sabia que tinha voltado de Kansas City.
— Cheguei hoje no final da tarde — contou Christopher, ainda fitando o teto. — Exausto. Telefonei para Brenda de Kansas City ontem à noite e marquei um encontro. Estava mesmo ansioso, queria vê-la, divertir-me e… Ha! Que piada.
— O que aconteceu? Ele encarou a amiga.
— Brenda rompeu comigo, Dul. Conheceu outro camarada enquanto eu estava fora, um corretor de ações na bolsa de valores. Disse que namorar um especialista em computação equivalia a ser uma freira em um convento, porque ela só ficava em casa, esperando que eu voltasse de minhas viagens.
— Não posso condená-la — falou Dulce, pensativa.
— Oh, muito obrigado — ironizou Christopher. — De que lado está, afinal? Acabo de ser dispensado, Dul. Gostaria de um pouco de solidariedade, se não for pedir demais, amiga.
— Bem, o que quer que eu diga? Vamos analisar a questão com frieza. Você foi para o Alasca logo após o ano-novo, assim que soube que seu tio Roberto ia se recuperar do ataque cardíaco e da cirurgia que se seguiu.
— E daí?
— Ficou fora por quase dois meses — prosseguiu Dulce, contando nos dedos. — Voltou para casa, conheceu Brenda em uma festa e saíram quase todas as noites por… quanto tempo?… Três semanas?
— Mas foram três semanas fantásticas! — assegurou Christopher, saudoso. — Quando me lembro…
— Poupe-me dos detalhes. —Dulce assoou o nariz no lenço macio. — Então, partiu para Kansas City e ficou lá um mês. — Fez pausa. — O que esperava que Brenda fizesse? Só saíram juntos por algumas semanas e então… puf… você desaparece, nem sabe dizer quando estará de volta a Ventura.
— Nunca sei quanto tempo vou ficar fora. Sabe como é… — resmungou Christopher. — Depende do que eu encontrar lá, depende do problema no sistema computacional da empresa.
— Eu entendo, Christopher, mas sinto saudade quando você está longe. Imagine o que uma namorada sente. Brenda obviamente gostava de você, mas o relacionamento era muito recente para ela suportar esse tipo de separação. Provavelmente, resolveu romper antes que se magoasse. Lamento, amigo, mas entendo a posição dela.
— Não está me ajudando a sair da depressão, Dulce — acusou Christopher, de cenho franzido.
— Lamento, querido, mas prefiro ser franca. —Dulce deu de ombros. — Encare, Christopher. Vai ter muita dificuldade em encontrar uma mulher com a qual se case e tenha filhos, se insistir nesse trabalho.
E continuou, franca:
— Todas essas viagens estão malogrando suas tentativas de envolvimento romântico, devido à falta de atenção adequada… Céus, viro psicóloga quando estou com infecção nasal.
— Agora estou oficialmente deprimido — declarou Christopher, fitando o teto novamente. — Que grande amiga você é, Dulce Saviñon. Lançou-se do limite da minha miséria a um abismo profundo.
— Não exagere, Christopher.
— Bem, não quero mais falar sobre isso. — Ele se levantou. — Vamos comemorar.
— Comemorar o quê? —Dulce espantou-se ao vê-lo rumo à cozinha.
— Não faço idéia — respondeu ele. — Mas havemos de encontrar um motivo. E aí, alguma cultura inútil para mim?
— Tenho uma ótima. — A vizinha endireitou-se no sofá.
Christopher voltou com uma garrafa de vinho e duas taças de cristal. Serviu a bebida, passou uma para Dulce e ergueu a dele.
— A nós — brindou. — Aos melhores amigos… nos bons e maus momentos… e esta noite de sábado definitivamente é um dos maus. — Fez pausa de repente. — Opa. Espere. Acho que você não deve misturar álcool com antibióticos.
— Há um aviso no frasco, mas isto não é uísque cem por cento. Um pouco de vinho não fará mal. Pode até me relaxar, e me sentirei melhor… porque estou péssima.
— Está bem — concordou Christopher, cauteloso. — Mas vou limitar sua cota, senhorita.
Bateram os cálices de leve e provaram o vinho. Delicioso. Christopher sentou-se perto de Dulce outra vez.
— E a cultura inútil? Talvez me anime um pouco…
— Que vinho gostoso — elogiou Brenda. — O antibiótico me deixa com tanta sede… O vinho desceu como veludo, acariciando minha garganta ressecada.
Christopher reabasteceu a própria taça.
— Uma trivialidade, por favor, srta. Saviñon.
— Claro, sr.Uckermann . Que tal esta… Sabia que os elásticos de borracha duram mais se os guardar na geladeira? Que tal?
— Nada mal — avaliou Christopher, satisfeito. — Nada mal mesmo. Lembre-me de colocar os elásticos na geladeira. Não, esqueça. Vai escrever um bilhete para si mesma para se lembrar de me avisar e acabar perdendo o papel.
— Isso mesmo. — Dulce riu e esvaziou a taça em três goles. — Um vinho muito, muito suave. Está me aquecendo toda. — Ergueu os pés e agitou os dedinhos, fazendo a meia escapar e cair no chão. — Trouxe alguma trivialidade de Kansas City?
— Claro, minha pobre amiga.
Christopher pegou as meias, dobrou-as, colocou-as sobre a mesinha e passou o braço ao redor de Dulce. Ela se aninhou junto dele, enxugando o nariz enquanto buscava uma posição confortável.
— Pronta para a trivialidade, com os cumprimentos de Kansas City?
— Estou. —Dulce sorriu. — Mas pode me servir mais vinho, por favor?
— Não. Mais um dedinho e só. Não vamos nos arriscar misturando álcool e antibiótico, Dul. Isso me deixa preocupado.
— Só mais um dedo e está ótimo — prometeu ela. — Já estou bem alegre só com isso.
Christopher mediu a dose para Dulce e voltou a se aninhar junto dela no sofá.
— Pois bem, srta.Saviñon, saiba que existem 293 formas de fazer troco para um dólar.
Christopher esvaziou a taça, pousou-a na mesinha, voltou-se e deu um beijo rápido no nariz da amiga.
— Que tal essa trivialidade, garota? — gabou-se. — Ficou por baixo, não é? E sem fala? — Deteve-se. — Bom, cancele essa parte. Nada a deixaria sem fala. Ainda vai estar dando sua opinião diante dos portões do paraíso.
— Provavelmente. —Dulce riu e, então, soluçou.
— E então? O que achou da trivialidade sobre o dólar?
— Legal — afirmou ela. — Definitivamente, vence a minha sobre elástico. — Inclinou-se para a frente e beijou o amigo no rosto. — Você venceu esta rodada, sem dúvida.
— Ah, doce vitória! — Com isso, Christopher abafou um bocejo. — Céus, estou exausto. Trabalhava dezesseis, dezoito horas em Kansas e, na volta, ainda levo um fora de Betty. A vida realmente é uma mer… às vezes.
— Christopher, o nome dela era Brenda. Brenda, não Betty.
— Oh, sim… Brenda — corrigiu ele, e franziu o cenho. — É a vida: vem fácil, vai fácil. Será? Não. Se acredito que às vezes a vida é uma grande mer…? Sim.
— Ora, não fique tão deprimido — consolou Dulce. — Ganhou nossa disputa de hoje com sua trivialidade. Isso é muito importante, sabe? É, hoje, você tinha uma das boas.
— E qual é o meu prêmio? — cobrou Christopher.
— Um beijo da perdedora — ofereceu Dulce. Fez um beicinho exagerado e fechou os olhos.
Continua....
Autor(a): aninhadyc
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Christopher deu um beijo sonoro nos lábios da amiga, hesitou por uma fração de segundo e, então, beijou-a novamente, com mais gentileza. Dulce sentia os lábios se derretendo à pressão suave. Ele a provocava com a língua gentilmente, pedindo passagem. Ela correspondeu ao beijo sensual e às carícias com a l ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1333
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rss Postado em 09/03/2010 - 22:22:55
aaaaaaaaaaaaamei o final desculpa não comentar muitomais ficou maraaaaaaaaaaaaa.
besosssssss -
rss Postado em 09/03/2010 - 22:22:54
aaaaaaaaaaaaamei o final desculpa não comentar muitomais ficou maraaaaaaaaaaaaa.
besosssssss -
rss Postado em 09/03/2010 - 22:22:54
aaaaaaaaaaaaamei o final desculpa não comentar muitomais ficou maraaaaaaaaaaaaa.
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aaaaaaaaaaaaamei o final desculpa não comentar muitomais ficou maraaaaaaaaaaaaa.
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kahdarone Postado em 09/03/2010 - 22:05:44
Aninha, acabeii de ler a Web agora. Ameii o final!
beijos -
kahdarone Postado em 09/03/2010 - 22:05:43
Aninha, acabeii de ler a Web agora. Ameii o final!
beijos -
kahdarone Postado em 09/03/2010 - 22:05:43
Aninha, acabeii de ler a Web agora. Ameii o final!
beijos -
girbd Postado em 09/03/2010 - 16:04:46
Parabens
pela web e pelo aniversario :P
muito linda sua web eu ameiii
e continue escrevendo WN tah.
tchau -
girbd Postado em 09/03/2010 - 16:04:45
Parabens
pela web e pelo aniversario :P
muito linda sua web eu ameiii
e continue escrevendo WN tah.
tchau -
aninhadyc Postado em 09/03/2010 - 14:56:00
Kahdarone, obrigado!!!
besitos!!!