Fanfic: Sem Você *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Naquela noite, fui para casa e comi uma tigela de miojo. Eu queria afogar minha tristeza numa taça gigante de cereal com três colheres de açúcar, mas a maldita caixa só tinha alguns grãos.

Só em olhar dentro da caixa de papelão me vazia chorar.

Meu mau hábito sempre deixava Alfonso louco.

Quando eu terminei com o macarrão, deixei meu prato sujo na pia e tomei um longo banho quente de chuveiro.

Eu não tinha tomado banho na noite anterior e no período da manhã. Tive a sorte de sair de casa com meus dentes escovados.

Eu estava operando no piloto automático com defeito. Meu senso de consciência ia e vinha.

Às vezes eu ficava completamente ligada, enquanto outras vezes eu estava presa em um transe. Mas, principalmente, eu era uma bagunça.

Quando eu fui para a cama, liguei o ar condicionado e me aconcheguei no meu edredom, precisando sentir o calor de algo me segurando apertado.

Eu cochilei pensando que eu sairia dessa, e que no dia seguinte seria melhor.

Mas, quinta-feira não foi diferente.

Eu juro que ele estava tentando me matar com suas letras.

Se a dor em sua voz não era o suficiente quando o ouvia cantar as canções, ficava ainda pior quando era rabiscada no papel.

Eu tracei a borda do cartão com os dedos. Meu peito apertou com mágoa, meus olhos latejavam por segurar as lágrimas.

Eu ainda o amava. E eu queria ir para casa, voltar para ele, mas algo me segurava.

Eu li o verso novamente.

"Mas estou disposto a lutar

Fazer todas as coisas que são corretas

Eu preciso que você seja minha luz

Porque eu não quero nunca ficar...

Sem você."

Sexta-feira as flores chegaram como um relógio. Elas eram bonitas, um pequeno arranjo de flores silvestres.

Quando eu li o cartão, havia pouco que eu pudesse fazer para me afastar dos soluços que abalaram todo o meu corpo.

Eu tive que ir para casa.

Alfonso me bateu com um novo verso.

"Diga-me que você ainda me ama

Como você sabe que eu te amo

Não adianta ficar...

Sem você."

As palavras rasgaram através do meu coração como uma bomba cheia de estilhaços. Eu estava machucada em todos os lugares.

Os tremores que ele costumava enviar, moviam-se rapidamente da minha cabeça para os dedos dos pés como punhais devastando nosso amor.

Tentando soar afetada, liguei para o escritório para pedir um substituto pelo restante do dia. Eu abri minha escrivaninha, peguei os outros cartões, joguei tudo na minha bolsa e saí.

Eu estava quase no meu carro quando eu ouvi alguém gritando o meu nome.

Olhei por cima do meu ombro, eu podia ver que era Abbi. Ela correu para baixo da colina gramada até o estacionamento restrito.

Eu tentei apagar a evidência de meus soluços excessivos.

— O que há Abbi? — eu perguntei quando ela aproximou-se.

Ela estava sem fôlego, mas ela falou de qualquer maneira.

— Eu estava tentando alcançar você. — ela colocou as mãos nos joelhos, respirando profundamente. — Eu quero convidá-la para o meu show de domingo. Eu não tinha certeza se eu seria capaz de fazê-lo, mas foi resolvido.

— Show? Do que você está falando?

Ela se levantou, segurando as mãos na lateral dela. Felizmente eu estava com os meus óculos de sol, por isso que, quando ela eventualmente prendeu a respiração e levantou os olhos, ela não veria minhas lágrimas.

— Eu vou cantar. É uma noite para crianças amadoras. É algo novo eu acho. Você tem que ter dezessete anos ou ser mais jovens para participar, e eles o fazem apenas nas tardes de domingo. Não quando o clube está aberto para a "vida noturna". — ela levantou os dedos para pendurar aspas no ar sobre vida noturna, como se fosse tão trivial para ela. — Por favor venha. Algumas das outras crianças da classe irão também. Significaria muito para mim ter você lá.

— Que tal você me enviar um e-mail com o endereço, e eu vou tentar o meu melhor?

Eu não podia dizer a garota que eu estava de luto pela perda do único relacionamento que eu sempre quis ter. Esta era sua hora de brilhar, e eu tinha certeza que ela seria ótima.

Eu só não sabia como me sentiria no domingo. Até agora, esta semana foi uma montanha russa de altos e baixos, dias bons e ruins, momentos em que eu mal conseguia erguer a cabeça do travesseiro, para dias em que eu tentei fingir fazê-lo.

Eu não tinha ideia de qual versão de mim eu mostraria no domingo.

— Obrigada Srtª. Portilla. Vejo você no domingo. — com um longo suspiro, ela olhou para cima da colina e, em seguida, começou a correr.

Quando cheguei em casa, eu pulei no meu sofá e li cada um dos cinco cartões.

Na minha cabeça, eu podia ouvir Alfonso tocando piano. Eu podia ouvi-lo cantar as palavras. E eu podia senti-las novamente.

Especialmente depois da que veio hoje.

Talvez ele não estivesse indo embora, e agora eu estava empurrando-o para longe novamente.

Eu não queria que ele fosse. Eu queria que ele ficasse. Comigo.

Eu queria voltar no tempo para àquela manhã de domingo, e não ter lido a maldita mensagem de texto. Ele, provavelmente, me diria o que significava.

Em vez disso eu li, assumi o pior, e arruinei tudo.

Não importa o quanto tentei dizer a mim mesma que ele havia mentido, que ele não havia mudado em nada, o que eu estava lutando para acreditar.

Não havia nenhuma verdade nesses maus pensamentos, apenas visões da minha mente com medo, preocupada que ele pudesse me deixar de novo. E caramba, eu sabia que ele não iria. Eu o conhecia. Ele não faria isso.

Foda-se, eu fui estúpida.