Fanfic: Em nome do Amor - 2° TEMPORADA | Tema: AyA Ponny Cowboy Hot

Anahí se admirava em frente ao grande espelho na sala separada exclusivamente para a noiva. Seu dia finalmente havia chegado. Ela sorria para o reflexo no espelho, seus olhos brilhavam com a expectativa de se entregar ao único homem que, em sua opinião, amava. A porta foi aberta e um rosto familiar surgiu sorrindo.

- Como está linda minha princesa!

Henrique Portilla, seu pai, era viúvo. Perdara a mulher em um acidente de carro quando Anahí tinha somente dois anos de idade. Mesmo com a dor de perder sua metade, lhe restou a incumbência de criar o fruto do seu amor com Tisha. Sua pequena, desamparada e doce Anahí... Como ela cresceu e se tornou uma mulher bem em frente aos meus olhos? Ele indagou a si mesmo quando observou sua filha em um lindo vestido de noiva estilo princesa.

- Papai! – Anahí rapidamente o puxou para dentro da sala e o abraçou. – Queria que a mamãe estivesse aqui também. – ela sorriu tristemente com a cabeça apoiada no peito do pai.

- Eu também querida. Eu tenho um presente dela pra você! – Anahí rapidamente levantou a cabeça e seus olhos já estavam rasos pelas lágrimas.

- Pra mim? Mas...co-como? – ela gaguejou.

- Algo que ela guardou pra você desde que estava grávida, pra te entregar no dia do casamento. – Lhe entregou uma caixinha pequena de veludo.

Pegando a pequena caixa, Anahí se sentou na poltrona mais próxima. Com as mãos tremendo abriu a caixinha e arfou. Um lindo cordão de ouro branco com um pingente de topázio em forma de coração. Ela levantou a delicada peça e passou o indicador pelo coração. Uma lágrima solitária escorreu pela sua face e ela rapidamente limpou.

- Deixe-me... – seu pai estendeu a mão e retirou o cordão de sua mão, abrindo-o e colocando em seu pescoço. – Essa pode ser sua coisa antiga e sua coisa azul. – Ele beijou a têmpora da filha.

- Obrigada por ter guardado isso todos esses anos papai, é perfeito. – Ela se levantou novamente para se olhar no espelho. Agora teria algo da sua mãe pra lhe trazer sorte na nova etapa da sua vida.

- Toc, toc... estou invadindo! – Dulce, sua melhor amiga desde a infância abriu a porta e entrou. – Any você está maravilhosa! – com a mão na boca, emocionada ela se aproximou da amiga. – Nem acredito que esse dia chegou.

Anahí e Dulce se conheceram no jardim da infância, e desde então se tornaram inseparáveis. Sempre românticas e apaixonadas, planejavam o casamento dos sonhos. Os livros que Anahí pegava emprestado na biblioteca em que trabalhava as deixavam fascinadas por mocinhos e heróis em cavalos brancos. Pra Anahí havia finalmente chegado a hora, os detalhes minuciosamente preparados, escolhera com a ajuda da amiga até mesmo os guardanapos que seriam utilizados no jantar.

- Eu vou te dar seu algo novo. – se ajoelhou e levantou a barra do vestido de Anahí.

- Dulce, o que está fazendo? – piscou atordoada.

- Estou colocando o seu algo novo sua boba, uma cinta liga. – piscou maliciosamente pra amiga e riu. Anahí instantaneamente se pôs vermelha como uma pimenta. Dulce Maria era impossível, como se atrevia lhe colocar algo tão... íntimo na frente de seu pai? – Relaxa Any, seu pai nem está prestando atenção em nós, ele está no telefone. Porque diabos você foi colocar tantas anáguas nesse vestido? – bufou e continuou com sua missão.

- Dulce vai ver se estou na esquina ok? – se segurou no ombro da amiga para se equilibrar. Dulce terminou de colocar seu presente na amiga e se levantou novamente.

- E agora gatinha, seu algo emprestado. – Tirou uma pequena caixa de dentro do vestido e Anahí levantou uma sobrancelha. – Não me pergunte. Enfim, esses são meus brincos favoritos e eu quero que você use hoje no seu dia especial minha amiga. – sorrindo, pôs os simples diamantes nas orelhas de Anahí. Ela se admirou no espelho mais uma vez, olhou ao relógio e estava na hora. Ela já podia ouvir a música tocar na igreja. Podia imaginar todos seus amigos, sua família, todos que a amavam, e principalmente seu futuro esposo Derrick James, em um terno impecável que ela tinha escolhido a dedo, no altar.

Ajeitou seu véu e virou para chamar seu pai. Quando viu seu rosto contorcido, suas vísceras se apertaram. Algo estava errado.

- Papai, o que houve? Papai, me responde por favor... Está me deixando nervosa? Aconteceu algo com Derrick? – ela observava a face do seu pai, o desgosto estampado, o vinco de preocupação na testa. Em seus olhos ela encontrou raiva, ódio, frustração, angustia e por último, pena. Se aproximou do pai, puxando a calda do vestido. – Papai, quer me dizer AGORA o que aconteceu com Derrick? Ele está ferido?

- Any, filha... – Ele não sabia como dizer.

Como explicar pra sua única filha, que o casamento que ela preparara com tanto amor não iria mais se concretizar? Nenhum livro no mundo o preparara pra realidade que era ser pai, muito menos um pai viúvo. Tantas e tantas vezes ele pensou que fracassara na criação da filha, os sacrifícios que tivera que fazer, as noites mal dormidas por pura preocupação... Nada havia lhe preparado para a coisa mais difícil que teve que fazer em sua vida: quebrar em pedaços o coração da sua menina.

- Filha, não sei como dizer isso. – ele a olhou no fundo dos seus olhos, a expectativa, a preocupação com o noivo. Antes tivesse acontecido algo com Derrick. Mas ele iria pagar, pensou Henrique. Ninguém machucaria sua filha a tal ponto que sairia intacto para contar a história.

Dulce se aproximou da amiga, a confusão estampada no rosto. Segurando a mão da Anahí, como tantas vezes fizera, para dar força a amiga.

- Só diz papai.

- Derrick fugiu. – Anahí se aparou em Dulce. O ar lhe faltou dos pulmões e por um momento pensou ter ouvido errado. Derrick passou mal, Derrick está com diarreia, Derrick está atrasado, Derrick está no transito...Não, Derrick fugiu.

Derrick fugiu, Derrick fugiu, Derrick fugiu... Duas pequenas palavras que ecoavam em sua mente.

Ela segurou seu vestido pela barra e saiu desesperada pela porta. Não podia ser verdade. Seu doce e querido Derrick não faria isso com ela. Não hoje.

Correndo pelo corredor, abriu a porta que dava acesso a igreja. Ela observou o altar vazio. Todos a olharam e ela viu os rostos cheios de pena e piedade, obvio, dirigidos a ela. A pressão exercida naquele ambiente era demais pra ela, o ar estava pesado e ela não conseguia respirar. Seu coração batia rápido e ela sentia suas têmporas pulsarem. As lágrimas antes escondidas, desciam agora descontroladamente. Sua maquiagem, antes perfeitamente feita, agora escorria juntamente com seu orgulho.

Puxando novamente o vestido, ela voltou para o mesmo corredor da onde veio, procurando uma saída da igreja. Até que a encontrou e saiu. Parecia que a pressão antes exercida sobre ela dentro da capela despareceu ao sair ao ar livre. Ela retirou as sandálias, jogou seu véu no chão e correu. Correu até chegar em sua casa, seu abrigo. Viu seu reflexo no espelho e se sentiu a pior mulher da face da terra.

A humilhação que sentia, podia ser refletida em cada soluço que ela soltava. Com uma raiva súbita, Anahí começou a rasgar seu vestido de noiva com as próprias mãos. Gritos saiam de sua boca, a dor era demais... ela precisava descontar em alguma coisa.

Seu vestido estava em frangalhos - assim como minha dignidade, pensou - , sua meia calça estava rasgada em várias partes, seu cabelo se desfez e seu rosto estava em um estado lamentável. Ela não parecia a noiva perfeita que se olhava no espelho algumas horas atrás. Ela parecia uma mulher com o coração partido em milhões de pedaços. Uma mulher que depositou a fé em alguém que destruiu completamente seus sonhos.

Se sentando no chão, a única coisa que ela via em sua própria imagem eram seus olhos. Vazios, sem expressão.

- Deus, Any! – ela virou o rosto pra porta do quarto e viu Dulce com a mão na boca. O espanto no rosto da amiga pelo estrago que havia feito em si mesma.

- Porque o maldito filho da puta não me disse antes que não queria casar? Era só ter dito "Ei cachorra, não quero mais casar com você. Cancele tudo!" Não, eu tinha que parecer uma idiota esperando por alguém que não viria por mim, que nunca me amou! Oh meu Deus, como eu sou tola! – Se pôs a chorar novamente, seus soluços mais altos do que nunca. Rapidamente Dulce se sentou ao lado da amiga e a abraçou, fazendo carinho em suas costas.

- Sim querida, ele é um grande filho da puta! Espero que ele não apareça em minha frente novamente, se não ele é um homem morto! – seus pulsos se fecharam com o ódio que saia em ondas pelo seu corpo.

Anahí chorou até dormir e Dulce velou o sono da amiga. Não sairia de lá até garantir que ela estava, estável. Sabia que ela não ficaria bem por um longo tempo. Any era louca por Derrick. Sempre pareceu um cara bastante apaixonado. Flores, bombons e corações sempre pra Anahí. Impossível sua amiga ficar imune ao charme dele, tanto que, logo estavam namorando e o pedido foi feito. Ela nunca pensou que o vagabundo estava curtindo com a cara da sua melhor amiga. Ele merecia um Oscar, pois enganou a todos muito bem com seu jeito polido de homem apaixonado. Nunca viu um indicio de que ele não queria se casar, muito pelo contrário. Acompanhou Anahí em tudo relacionado o casamento, sempre a presenteava, a levava pra jantar fora. Ele era perfeito. Talvez esse foi o problema, pensou Dulce. Ele era perfeito, até demais.