Fanfic: Em nome do Amor - 2° TEMPORADA | Tema: AyA Ponny Cowboy Hot

Alguns quilômetros longe da fazenda, Maite e Dulce encerravam mais um dia expediente na livraria.

- Dul, você já viu o livro caixa? - perguntou Maite, sua voz soava preocupada, enquanto ela colocava as cadeiras viradas em cima das mesas.

- Já, infelizmente já. - Dulce suspirou e parou de secar os copos. - Essa coisa toda com o Herrera abalou Anahí de uma forma que eu nunca vi, nem mesmo com Derrick. Mas eu sei que ela vai cair na real quando perceber que o sonho dela ta indo pro buraco...

- Eu espero que sim, gosto muito de trabalhar aqui, além da vantagem de passar o dia todo com você. - corou e sorriu quando Dulce se aproximou, colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

- Eu gosto disso mais ainda, não vejo a hora de podermos contar pra sua avó... - falou, apaixonada, e quando ia beijá-la foi interrompida pelo som do sino e separaram-se rapidamente, embaraçadas - Me desculpe, já fechamos... - Dulce falou com mal humor e revirou os olhos quando viu um peão entrando pela porta.

- Oi Mai, na verdade vim falar com você se não for incomodo... - ele tirou o chapéu e a encarou tímido.

- Er...claro, imagina. - falou sem jeito - Dul, esse é o Charles e Charles, essa é a Dulce Maria - olhou pra Dulce e viu a confusão em seus olhos, não fazia idéia do que o mesmo queria com ela - Charles e eu somos amigos de infância , ele trabalha no Haras Herrera. - falou, enquanto sorria para o rapaz que lhe retribuiu o sorriso.

Dulce não gostara nada do jeito que Charles olhava pra Maite, mas precisava disfarçar o ciúmes, então fingiu que estava organizando as canecas atrás do balcão, mas atenta a conversa dos dois.

- Então, Charles... Você tá sumido, em que posso te ajudar? Você precisa de comprar algum livro ou algo assim? - perguntou, tentando ser prestativa. Tivera um flerte em sua adolescência por ele, na época não sabia que viria a gostar de mulheres, porém Charles era atraente e ela o achava um homem bonito e viril, apesar de não sentir nada por ele além de um grande carinho.

- Na verdade, não tem nada a haver com livros Mai... - sorriu sem jeito e tirou o chapéu - Encontrei dona Helena essa semana e ela me disse que você ainda não tinha par para o baile, então... - limpou a garganta, nervoso. Ele tinha sentimentos muito fortes por Maite, mas ela sempre fora tão tímida que tinha medo de assustá-la com toda sua brutalidade. - Ela meio que sugeriu que eu podia ir com você... Se quiser, é claro. - acrescentou rapidamente e corou.

Maite não estava preparada para esse pedido, de canto de olho viu o rosto de Dulce ficar vermelho de raiva e a mesma quase deixou cair uma xícara no chão. Mai respirou fundo e coçou a testa, como sairia dessa? Como explicaria a avó que estava querendo ir com uma mulher? Certamente a velha teria um treco quando soubesse da verdadeira história entre ela e Dulce, então tomou sua decisão.

- Claro, eu adoraria ir com você Charles. - agora tentara sorrir, mas o que surgiu em seus lábios fora algo totalmente forçado. De repente, se viu rodeada por largos e musculosos braços, que a tiraram do chão.

- Oh Mai, que bom. Essa noite vai ser maravilhosa, você não vai se arrepender! - Charles falou animado, fora mais fácil do que ele imaginava. Ele realmente precisava de um empurrãozinho pra que tomasse coragem em relação a Maite. Tascou um beijo no rosto da morena e foi embora, com a promessa que ligaria para combinar o horário de buscá-la.

Maite fechou os olhos e contou até dez, preparando-se pra encarar uma furiosa Dulce. Não queria magoar nenhuma das duas mulheres da sua vida, mas enquanto sua avó vivesse, preferia vê-la feliz. Dulce teria que esperar e se ela a amasse de verdade, esperaria.

- Dul... - falou, querendo se explicar.

- Pensei que nós duas íamos juntas... - falou, enquanto tentava desatar o nó do avental - Me poupe das suas explicações novamente, Maite. Já estou farta...

- Dulce, não fala assim vai... - se aproximou, cautelosamente - Você sabe que pra mim é complicado, minha vó...

- Para de usar sua avó como desculpa! - exclamou nervosa com a situação e com o avental - Que porra aconteceu com esse avental? - pegou uma tesoura e cortou o nó, jogando a peça no lixo - Você acha que eu tenho cara de idiota Mai? Eu te amo muito, mas você nem disse pra esse tal de Charles que ia pensar, simplesmente aceitou e nem se preocupou com o que eu iria pensar. - falou, gesticulando pra si mesma.

- Odeio quando você fala dessa maneira, como se eu não ligasse pro nosso relacionamento, tanto quanto você. - disse acuada, não gostava quando Dulce falava daquela forma, porque no fundo sabia que ela tinha razão.

- Me poupe, você sabe que é verdade. - revirou os olhos e começou a juntar suas coisas, colocando-as em sua bolsa - Você quer nos esconder, tem vergonha de dizer pra sua avó e pra todos que você namora uma mulher! - disse sem olhá-la.

- E dai, qual o problema em eu ficar nervosa com isso? Eu não sou descolada como você e realmente me importo com o que as pessoas vão pensar sobre mim, principalmente minha avó. - falou com os olhos embaçados pelas lágrimas, assim como Dulce.

- Então que você se foda junto com todas essas pessoas! Porque pra mim as únicas opniões que importam, são das pessoas que me amam. Duvido que a cidade toda te ama e queira te ver feliz... - falou com ironia, limpando uma lágrima não derramada - E quanto a sua avó, se ela te ama de verdade, também aceitaria a forma de você viver sua vida, independente com quem fosse. Mas o problema aqui não são as pessoas e nem sua família - sorriu com deboche - quem não se aceita aqui, é você. - Dulce virou as costas e saiu da loja, deixando uma Maite sozinha e abalada. A mesma caiu em um choro penoso e de partir o coração. Ela olhou ao redor, sentindo todas as palavras de Dulce lhe acertando em cheio, mas nada podia fazer, ainda não se sentia pronta para contar à todos a verdade e nem mesmo Dulce lhe diria como e quando fazer.

-

Cláudia andava impaciente pela sala, enquanto encarava o celular. Já haviam passado cinco minutos do horário marcado. Tudo havia sido planejado aos mínimos detalhes, não podia haver falhas. Finalmente ela daria o troco em Anahí por toda humilhação e por ter roubado o homem de sua vida. Também causaria dor em Alfonso, agora que já não mais o queria, mas se vingaria por ter lhe trocado.

Finalmente o celular tocou, mas era tanto seu nervosismo que quase o deixara cair.

- Finalmente, imbecil! Conseguiu? - perguntou ao homem do outro lado da linha, enquanto se olhava no espelho.

- Sim, peguei o convite com um dos caras que vai viajar pra casa dos pais... - respondeu o homem rudemente.

- Ótimo, mas não quero saber da vida de mais ninguém, a não ser do nosso casalzinho. - sorriu pra si mesma, sentindo-se vitoriosa antes do tempo.

- Cláudia, não sei se essa é a coisa certa a fazer... E se acabar dando merda? - perguntou o homem.

- Fica tranquilo, vai ser só um sustinho... - Cláudia gargalhou, não conseguia conter a felicidade em poder se vingar, estava tudo saindo tão perfeitamente - Acho que o sinal do céu que estávamos esperando foi Anahí ter te procurado hein? Sorte a nossa, Heitor... - debochou, enquanto se sentou no sofá.

- Cala a boca e não a machuque. - bufou Heitor, tentando acreditar - Você a assusta e a deixa em paz, assim estamos quites! - desligou em seguida e ficou pensativo, se essa era a coisa certa a se fazer. Cláudia era sua prima, a única família que restara e sentia-se em dívida com ela por indiretamente ter lhe arranjado o emprego na fazenda. Sabia que ela não seria louca de machucar fisicamente Anahí, mas não tinha tanta certeza assim...

Cláudia sorriu para o celular, como seu priminho era tolo de pensar que não machucaria Anahí depois da surra que ela lhe dera. Graças a Deus quase ninguém da cidade conhecia seu parentesco com Heitor, assim ficaria muito mais livre pra fazer o que quisesse. O convite que ele lhe conseguiu vinha em boa hora, se bem que só o utilizaria para atravessar os portões do Haras, depois disso fazia questão de que ninguém a visse. Foi até a varanda e ascendeu um cigarro, enquanto repassava em sua mente, tudo que faria no próximo sábado.