Fanfic: Em nome do Amor - 2° TEMPORADA | Tema: AyA Ponny Cowboy Hot

Anahí abriu os olhos, mas logo os tampou com as mãos. A claridade era forte e ela demorou um tempo para se adaptar. Percebeu que estava deitada em uma relva macia e verde. Ela passou a mão pela grama e inspirou o perfume das milhares de flores que a cercavam. Se levantou calmamente e observou que não estava mais em seu vestido de festa da noite anterior e sim um vestido branco, leve e rodado, de alças. Sentiu-se linda, mesmo sem se olhar no espelho.

Por um instante se perguntou se estava morta, se aquele lugar era o céu. Olhou ao redor e não conseguia ver ninguén por perto, se fosse o céu, provavelmente haveriam outras pessoas ali, não é? Ela sorriu ao ver a paisagem à sua frente. Parecia muito com o local em que Alfonso a pediu em casamento. Casamento. Olhou a sua mão direita, porém a aliança não estava mais lá. Se ajoelhou entre a grama novamente, procurando desesperadamente o anel. Suspirou, frustrada. Talvez ela tivesse perdido quando o carro capotara.

Conferiu atentamente seus braços e suas as pernas, passando, por último, as mãos sobre o rosto, mas não achara nenhum machucado como consequência do seu capotamento. Achara estranho, pois conseguia se lembrar muito bem da dor que sentira. A dor no ventre fortíssima havia tomado seu ser, ela sabia disso. Franziu o cenho, confusa. Observou mais atentamente o local que estava. Podia ouvir o canto dos passarinhos ao longe, tudo era muito verde e colorido ao mesmo tempo. As montanhas se estendiam até se perderem de vista. Ela não conseguia explicar a sensação de paz que a inundava. Começou a andar até o lago e percebera que estava descalça. Mesmo sabendo que tudo era forrado com grama, parecia que estava pisando em nuvens. Se ajoelhou na beira do lago, a água era tão cristalina que podia ver os peixes nadando tranquilamente. Não sentia sede, nem fome, nem dor. Era literalmente um paraíso.

- Alfonso! - chamou, ainda ajoelhada, olhando ao seu redor. - Alfonso, cadê você? - sua voz soava estranha, como se estivesse cantando e não simplesmente fazendo uma pergunta. Pôs as mãos sobre o pesçoso, mas não sentia nada. Tudo parecia normal.

- Ele não pode te ouvir, não sabe que você está aqui. - falou uma doce voz que veio atrás de si.

Anahí se virou rapidamente, com a mão sobre o peito, assutada. Ela se levantou rapidamente, sem tirar os olhos da linda garotinha a sua frente. Não poderia ter mais que 5 anos de idade. Tinha os olhos verdes, parecidos com os de Alfonso. Mas o cabelo, lembrava o dela. Eram castanhos chocolate, com grandes cachos nas pontas e batiam até no meio das costas. Ela vestia o mesmo vestido que o seu, mas em um tamanho menor.

- Oi? Você sabe aonde estamos? - perguntou, sorrindo. Sentia uma sensação familiar, não podia descrever. - Está sozinha? Sou Anahí. - falou, estendendo a mão para a garota.

Anahí foi surpreendida por uma tentativa de abraço e rapidamente se abaixou para ficar na altura da menina.

- Eu estou aonde deveria estar e você também. Não estou sozinha, estou com você! - falou a menina docemente e beijou a face de Anahí, que ampliou ainda mais o sorriso com aquele gesto, sentiu o coração se aquecer e uma súbita vontade de chorar.

- Qual o seu nome? - perguntou à criança.

- Qual nome você acha que combina comigo? - respondeu com outra pergunta, a menina.

- Hm...não sei, acho que Ava. - respondeu Anahí, passando a mão pelos cabelos da garota.

- Então meu nome é Ava e você é minha mamãe. - disse sorrindo e deitou a cabeça no ombro de Anahí, como se aquela revelação não fosse impactante o bastante.

Anahí simplesmente sorriu, nunca pensou que seria tão bom ter uma filha. Mas aquela afirmação, simplesmente bateu em cheio em seu coração e ela não cogitou outra possibilidade. Ela sentia em seu íntimo, Ava era sua filha. Sua filhinha amada.

- Minha filha... - disse com um sussurro  dolorido, apertou a garota fortemente em seus braços e aspirou o perfume inocente que exalava dela. A menina respondeu prontamente os carinhos da mãe e franziu o cenho quando viu uma lágrima escorrer pelo rosto de Anahí.

- Mamãe, não chora. Porque a senhora está chorando? - levantou a cabeça e com os pequenos polegares, limpou o rosto de Anahí.

- Porque.. porque você não é real, mas eu queria tanto que fosse. - segurou o rosto da menina em suas mãos, acariciando as bochechas rosadas com o polegar. Queria gravar aquela imagem na sua mente pra sempre.

- Eu sou real mamãe... - Ava soltou uma risadinha fofa, como se não pudesse acreditar na tolice que Anahí acabara de falar. - Eu fui real. Aqui, dentro de você. - passou as mãozinhas pelo ventre de Anahí - Mas eu tive que partir, meu tempo já havia acabado... - falou tristemente, fazendo biquinho.

Anahí se lançou em um choro compulsivo, como alguém poderia ter tirado sua filha, se nem mesmo tivera a chance de tê-la em seus braços? Nem mesmo sabia que estava grávida, não se cuidou. Sofrera um acidente desnecessário e agora sua filha não existia mais. Pelo menos não no mundo real. Seus soluços aumentaram e ela não conseguia se conter. Sentia dor. Dor, de não saber que havia gerado uma vida. Dor, por não ter cuidado do seu bebê enquanto podia. Dor, por tê-la perdido sem a chance de conhecê-la. Dor, porque a amava e sabia que logo teria que deixá-la.

- Shiiii... - consolou Ava, fazendo carinho nos cabelos da mãe. - Você precisa ser forte agora, eu sempre vou estar com você. Nada mais importa agora, mamãe. Você precisa ser forte... - falou a garota, sabiamente.

- Any... Meu amor, acorda... - a voz de Alfonso soou longe, como um eco. Anahí pensou estar alucinando, mas ele lhe chamou mais uma vez.

- É ele! É meu papai... - sorriu Ava, limpando o rosto de Anahí - Você precisa contar pra ele, vocês precisam parar de brigar. - Ava segurou o rosto se Anahí e olhou diretamente em seus olhos - Ninguém teve culpa, me entende? Certas coisas acontecem e não podemos controlar... Não se culpe. - disse com confiança e o coração de Anahí se acalmou, ela sorriu e fungou, ainda com os olhos marejados - Eu amo vocês, sempre vou amar. Não se culpe... - Anahí beijou o rosto da filha e suspirou, feliz.

Estava em paz.

- Baby, por favor...eu preciso de você. - a voz de Alfonso resoou novamente e ela deu uma última olhada na paisagen ao redor. Suspirou. Sentiria falta daquele lugar perfeito. Sentiria mais falta ainda de Ava.

- Eu te amo filha... - sorriu para a garota.

- Eu te amo mamãe...- Ava também sorriu. E de repente tudo ficou preto.

- Any? Baby? - Alfonso falou com a voz suave e ela sentiu a grande mão calejada tocando sua face.

- Poncho... - falou com a voz rouca, levou a mão até o pescoço, ainda sem abrir os olhos.

Sua cabeça doía, latejava. Parecia que uma manada de touros havia passado por cima de si. Não conseguia abrir os os olhos, tinha medo do que poderia ver. Tinha medo do que viria a seguir, não queria encarar a realidade.

- Anahí? Eu sou o Dr. Pontes. Que bom que acordou, seu noivo estava a ponto de colocar o hospital a baixo, desde que você chegou. - falou, com um mixto de divertimento e deboche na voz. Alfonso bufou e Anahí soltou um riso fraco, já podia imaginar tudo que ele aprontara ali. - Se por gentileza, você puder abrir os olhos pra mim. Preciso fazer alguns exames. - pediu, educado.

- Ainda bem que você voltou pra mim baby... - Alfonso estava aliviado, a beijou na testa sorrindo.

- Você não vai se livrar de mim tão cedo Herrera... - falou com a voz fraca. Ela abriu os olhos, devagar. Sentia medo de que a luz piorasse sua dor de cabeça. - Doutor, será que você podia por favor tirar a faixa do meu rosto? -

Alfonso olhou em pânico para o médico, que apenas franziu o cenho para o cowboy. Tinha alguma coisa errada, e Alfonso não estava gostando nada daquilo. Ele segurou firme uma das mãos de Anahí, tentando passar confiança, mas na verdade estava surtando. Não havia faixa nenhuma cobrindo o rosto de Anahí. Ele podia ver os olhos azuis, abertos, brilhantes, mas vazios.

Limpou a garganta, nervoso. - Baby... - olhou sumplicante para o médico, em busca de ajuda. Não queria ser ele a dar aquela notícia a ela.

- Alfonso? Que está acontecendo? - perguntou Anahí, temerosa. Soltou sua mão da de Alfonso e imediatamente começou a passá-la por toda cabeça. A faixa só cobria a parte superior do seu crânio, não havia nada para tapar seu olhos. Porque então não conseguia enxergar? Ela arfou e o pânico começou a aflorar dentro de si, quando finalmente percebeu.

Estava cega.