Fanfic: Em nome do Amor - 2° TEMPORADA | Tema: AyA Ponny Cowboy Hot

Os dias tinham sido difíceis para Alfonso desde o acidente. Na noite do baile, saira desesperado em busca de Anahí. A chuva não cooperou e quando entrou na estrada em direção à cidade, a visão do carro de Anahí capotando havia parado seu coração por alguns segundos. Ele gritou, fora de si, como se pudesse impedir dessa forma. Mas fora inevitável. Anahí estava presa dentro do carro, desacordada e sangrando. Ele estacionou o carro, deixando as portas abertas, sem se importar com a água inundando-o. Rapidamente desceu pela ribanceira, já com o celular na mão ligando para a emergência. Sabia que não devia mexer em uma pessoa traumatizada. Abriu a porta do carro, sentia o smoking encharcado, pesado. Ajoelhou-se no chão, ao lado de Anahí. Chorando e pedindo a Deus que não à levasse. Era como se tudo acontecesse em câmera lenta, não reparou quando sentiu a mão em seu ombro, forçando-o a se afastar. Também estava fora de si, na hora que o colocaram na ambulância. Ele somente conseguiu segurar a mão fria de Anahí entre a sua, enquanto as grossas lágrimas escorriam por seu rosto.

Agora ele estava ali, na sala de espera silênciosa, porém cheia. Anahí tivera que ser dopada depois que descobrira que não estava enchergando. Além dessa sequela, ela tinha um braço quebrado, algumas escoriações na cabeça que levaram alguns pontos e arranhões superficiais na perna. Ele estava arrasado e quase não conseguira contar a verdade para todos que estavam ali. Carlos trouxera uma bolsa com roupas e itens para que ele pudesse passar a noite. Dulce e Maite estavam sentadas em cadeiras opostas, Carlos e Berta estavam abraçados, enquanto Berta estava com um terço na mão, rezando fervorosamente. Ele não se lembrava como, mas já havia ligado para o pai de Anahí, pedindo que ele viesse o mais rápido possível.

Com os cotovelos apoiados em ambos os joelhos, ele rodava a aliança de noivado pelo dedo. Soltou um suspiro pesado. Não haviam palavras que pudessem consolá-lo naquele momento. Seu maior medo era perder o amor de sua vida e graças aos céus, ela estava viva. Com sequelas, mas viva. Eles iam superar aquilo, ele estaria lá para ela, o tempo todo.

- Sr. Herrera? - a voz do médico chegou aos seus ouvidos, ele estava parado na porta da sala, com ar de cansaço. - Posso dar uma palavra com o senhor? - Alfonso simplesmente assentiu com a cabeça e seguiu o médico, até a porta do quarto de Anahí.

- Descobriu alguma coisa doutor? Sabe como curá-la? - perguntou abatido, porém o fio de esperança ainda existia dentro dele.

- Sim, descobri - suspirou, cansado - Fizemos todos os exames possíveis Alfonso e nenhum deles acusou um problema fisiológico que possa explicar a cegueira da Anahí.

- Desculpe, não entendi. O que isso quer dizer? Se não existe problema, porque ela ainda está cega? - perguntou nervoso. Ele precisava saber que existia algo impedindo Anahí de enxergar e ai sim poderiam tratá-la.

O médico respirou fundo antes de responder, aquele caso era quase um em um milhão. Nunca pensou que veria algo assim, pois era muito raro, ainda mais em uma pessoa tão jovem quanto Anahí.

- O que eu quero dizer, Alfonso, é que a cegueira de Anahí é psicológica. - soltou, direto.

- Psicológica? Eu nem sabia que isso era possível. Então será muito mais fácil fazê-la enxergar, não é? - encostou na parede, aliviado. Mas o alívio só durara poucos segundos, pois assim que olhou a expressão séria no rosto do médico, começou a se assustar novamente.

- Geralmente essa cegueira é causada por um trauma emocional grave. A mente e o corpo estão tão intimamente ligados que, quando a pessoa passa por alguma situação de estress alto, acaba por haver uma repercussão física também. Nós médicos ainda não podemos dizer como isso ocorre, mas podemos dizer que talvez seja um mecanismo do próprio corpo e da própria mente, quando não querem lidar com alguma situação. - explicou e Alfonso seguiu calado - Precisamos dar tempo a ela, não podemos forçá-la. Vamos torcer para que depois do tratamento, ela esteja calma e tranquila e ai, quem sabe, volte a enxergar novamente.
A família precisa estar perto, principalmente pela próxima notícia que preciso dar a vocês. - disse, tentando manter-se imparcial. Foram tantas desgraças em uma noite só que se pudesse, trocaria de lugar com qualquer outra pessoa naquele momento. Odiava dar aquele tipo de notícia.

- Ah, pelo amor de Deus! - exclamou pesaroso - Mais desgraça? - cansado, passou a mão pelo rosto. Queria que aquele pesadelo terminasse o mais rápido possível. Queria levar Anahí para casa e cuidar dela, para que se recuperasse logo.

- Sim, mas essa notícia preciso dar para os dois. Por isso te chamei, Anahí acabou de acordar e chamou por você. - sorriu e bateu na porta, e entrando no quarto logo em seguida. - Como está a paciente mais requisitada desse hospital? - perguntou brincalhão.

- Não me diga que já tem gente lá fora passando vergonha... - riu fracamente. Depois do diagnóstico e da explicação da sua cegueira, Anahí sentiu-se mais confiante. Sabia que dependia dela e sabia que não estava sozinha. Ela iria superar aquilo e mais do que nunca, estava grata por estar viva.

Alfonso rapidamente se aproximou da amada, segurando sua frágil mão e beijando.

- Alfonso? - ela perguntou incerta. Ainda tinha que se acostumar em viver na escuridão, mas podia sentir a presença de dele, até mesmo cega.

- Sim, baby. Como está se sentindo? - ela virou o rosto em direção da voz e sorriu timidamente. Alfonso beijou sua testa demoradamente e lhe deu um selinho logo em seguida, que Anahí pensou ter sido rápido demais.

- Ainda com um pouco de dor de cabeça, mas as enfermeiras tem cuidado muito bem de mim aqui. - tateou a mão de Alfonso e foi subindo sua mão pelo braço dele, delicadamente, até chegar em seu rosto - Você precisa tomar banho, fazer a barba e comer. - mandou, enquanto acariciava a pele àspera.

- Não se preocupe comigo, afinal, viemos parar aqui por sua causa, lembra apressadinha? - brincou e Anahí corou. - Conversaremos mais tarde sobre isso, o Dr. precisa nos contar algo. - sentou-se na beira da cama dela e olhou o médico, que estava parado, com as mãos no jaleco. Anahí olhou para frente, esperando a voz sair para que pudesse direcionar sua cabeça. Ela já sabia qual era a notícia.

- Você veio falar do meu bebê, não é doutor? O que eu perdi no acidente... - falou baixinho. Seu coração acelerou ao tocar no assunto, e seus lindos olhos azuis se encheram de lágrimas. Ela respirou fundo, esperando. Sentiu o aperto na mão, vindo de Alfonso. E quase podia adivinhar que naquele momento, ele estava com o olhar cravado nela.

- Any...bebê? Você sabia que estava grávida e não me disse? - perguntou tentando se manter calmo. Não queria arrumar uma dicussão com Anahí naquele estado, mas seria uma tremenda covardia, se ela soubesse e não tivesse contado.

- Não, você entendeu mal. - balançou a cabeça devagar, para não enjoar - Depois do acidente, quando desmaiei...eu a vi Alfonso, eu vi nossa filha. Ela me disse que tinha que partir, que o tempo dela já havia acabado. - sussurrou com a voz rouca e emocionada. - Oh Alfonso, ela era tão linda... - soltou um soluço abafado, enquanto uma lágrima solitária escorreu por seu rosto. - Eu a matei, por imprudência minha eu a matei. Eu matei nossa filha. - tateou o peito de Alfonso com as mão boa e escondeu seu rosto ali. Aspirando aquele perfume, que sempre a confortara em momentos tristes. Alfonso não sabia o que fazer, ainda não estava entendendo muito bem. Tudo parecia surreal. Anahí, grávida. Anahí, perdera o bebê. Anahí, cega. Era muita informação para processar, ele estava atônito. Envolveu os braços em Anahí e olhou para o médico, como se pedisse alguma explicação.

- Anahí, se acalme por favor. Se não vou ter que pedir para te sedarem novamente. - falou, com um aperto no coração - A culpa não foi sua, a culpa não foi do acidente. Nada que você pudesse fazer poderia evitar a morte do seu bebê...

- Claro que poderia, eu nem estava me alimentando direito, bebi uma taça de champanhe na festa, tomei café... - soluçou, com o rosto vermelho - Tantas coisas erradas eu fiz, oh céus...

- Impossível. Any, vire pra cá...por favor. - implorou o médico e Anahí obedeceu, ainda chorando baixinho. Sentia um aperto no peito, a culpa fazia seu coração bater apertado. - Quando você chegou ao hospital, estava sofrendo um aborto. Com uma rápida ecografia, posso afimar com certeza que a sua gravidez não iria pra frente, porque era uma gravidez ectópica. Entendeu porque você não teve culpa? É algo que acontece naturalmente e... - continuou antes que os dois pudessem falar - não quer dizer que você não possa engravidar novamente. Eu sinto muito pelo seu bebê, de verdade. - falou sincero - Vou deixar vocês sozinhos e mais tarde eu volto pra checar você, ok?

Anahí não tinha forças para falar, simplesmente concordou com a cabeça e se aconchegou nos braços de Alfonso. Ele tirou as botas e praticamente deitara ao lado de Anahí. Não importava se podiam ser pegos ou se era contra as regras do hospital. Estavam os dois ali, em luto pela vida que não tivera a chance de nascer. Alfonso suspirou pesadamente e sentiu seus olhos arderem. Nunca chorou tanto quanto nas últimas horas.

- Ela era perfeita. - falou Anahí, quebrando o silêncio, após alguns minutos. - Tinha os seus olhos mas os cabelos parecidos com o meu. Era tão suave e delicada... - falou enquanto acariciava o peito de Alfonso.

- Me conte mais... - pediu baixinho. Não sabia se acreditava ou não nessa "visão" de Anahí, mas aquelas palavras estavam lhe trazendo tanto conforto, que pareciam até verdade.

- Ela tinha as bochechas coradas, parecia feliz. Me chamou de mamãe e disse que nos amava. Disse para pararmos de brigar... - soltou um risinho ao se lembrar - Ava, ela se chamava Ava. - soltou um suspiro sôfrego e ficaram ali, abraçados. Juntos, como deveria ser, porém, sofrendo o luto por sua garotinha.