Fanfic: Em nome do Amor - 2° TEMPORADA | Tema: AyA Ponny Cowboy Hot

O sol estava a pino e Alfonso continuava a descarregar os blocos de feno do caminhão. Era um serviço que qualquer um de seus funcionários poderia fazer, mas nenhum deles estava à vista.

- Em todos esses anos, sempre quando te vejo trabalhando sozinho é porque algo aconteceu entre você e a Any. – Carlos se aproximou, se apoiando na caçamba da caminhonete.

Alfonso parou seu serviço por um momento e passou a toalhinha que pendia do bolso traseiro do seu jeans na testa encharcada de suor.

- Desembucha Carlos, quero terminar isso antes do almoço. Ainda tenho muita papelada pra lidar no escritório e não tenho tempo para suas brincadeiras.

Carlos suspirou, como sempre Alfonso era difícil de lidar, mas ele não desistiria fácil. Tornara-se seu braço direito, seu amigo, seu irmão mais velho e ainda agia super protetor como se fosse seu pai. Na opinião dele, apesar de ser um homem maduro, às vezes agia como uma criança perdida. O garoto precisava de orientação, afinal.

- Poncho, não precisa agir desse jeito comigo pois eu não irei sair daqui enquanto você não me falar o que está acontecendo e parar de assustar todo mundo ao redor. Você não percebe o quanto está atrasando o trabalho de todos, porque ninguém consegue ficar a mais de três metros perto de você? – Perguntou Carlos, no limite de sua paciência.

Alfonso bufou e em seguida soltou vários palavrões.

- Bem, isso é minha culpa. Quem mandou eu contratar esse bando de maricas né? – Jogou o feno com força dentro do celeiro e Carlos balançou a cabeça, decepcionado.

- Estou esperando... – Falou, com os braços cruzados e desencostando da caminhonete.

Alfonso chutou algumas pedrinhas que estavam em sua frente, totalmente frustrado consigo mesmo. Na verdade, tinha vergonha de dizer o que sentia a Carlos. O homem era vivido e se envergonharia da sua postura com Anahí. Mas precisava conversar com alguém, precisa colocar para fora todos seus pesadelos mais sombrios, só que ele não gostava do pensamento de ser exposto dessa forma para Anahí.

- Anahí quer ter um filho.

Carlos seguiu calado, como forma de demonstrar que estava ouvindo atentamente.

- Eu... eu não posso. – Alfonso estava com o bolo na garganta e o forçou a engolir. Seu coração palpitava forte e agora suava, mas não em decorrência do calor de trinta e oito graus que fazia ali fora e sim pelo nervosismo.

- Filho, como assim? Vocês dois se amam, tem um casamento maravilhoso, são estáveis financeiramente e sua filha logo estará indo para a faculdade. Não há nada desfavorável nessa situação Poncho.

Alfonso sentou-se na beirada da caçamba e passou novamente a toalha pelo rosto. Ele olhou para Carlos, que viu em seus olhos o medo e a dor escondidos profundamente. Ele queria contar tudo para o amigo, mas decidiu que não conseguiria. Não agora. Não sem antes falar com sua mulher.

- Eu nunca contei para Anahí sobre isso Carlos, queria muito poder desabafar com você, mas eu sinto que é algo que preciso resolver com ela primeiro. – Suspirou pesadamente – O problema é que eu não estou pronto pra isso e a mulher tem me deixado louco com essa história de filhos. Hoje de manhã tivemos uma grande discussão sobre isso e eu fui um grosso. A deixei falando sozinha e vim trabalhar. Sei que ela se sente solitária, que ela abriu mão da vida na cidade pra ficar aqui cuidando da casa e da Gio. Ela nunca reclamou, é a porra da esposa perfeita pra mim.

- Então você precisa dar um jeito de contornar essa situação, filho. Porém, ela não pode pensar que essa decisão só convém a ela ou com o que ela quer. Vocês precisam decidir isso juntos e esse conselho serve para você também. Quando uma mulher fica entediada até esse ponto, coisa boa não vem por aí. Eu te garanto isso. Se você não pode lidar com o fato de conversar com ela sobre ter um filho, é melhor estar preparado pra aceitar o que quer que ela planeje para distrair a cabeça. E eu te juro, ela arrumará algo. – Falou Carlos com convicção. O homem mais velho apertou seu ombro e deu meia volta, indo em direção ao Haras para fiscalizar o trabalho.

Poncho teve que morder a língua para não contar para Carlos toda a verdade. Contar que ele não passou pelo luto da mesma forma que Anahí. Que ele teve que ser forte todos os momentos em que viu a esposa despedaçada pela falta de Ava e que ele fora o único a juntar seus pedaços, enquanto não havia ninguém para segurar os dele. Ele não chegou a "ver" sua filha da mesma forma que Any viu, mas no momento que soube que a havia perdido, um pedaço do seu coração havia morrido também. Ele nunca contou para a esposa sobre as noites em que ele ia para a varanda e chorava pela perda da sua menininha. Anahí já tinha tantas coisas para lidar, que ele não podia suportar lhe dar a tarefa de ainda consolá-lo, enquanto ela quem precisava ser cuidada em primeira mão. Ele também teve que se segurar para não contar o quão apavorante fora quase perder Anahí naquela noite horrível, a qual ainda tinha pesadelos com ela presa dentro do carro e inconsciente. Pesadelos estes que há vários anos não os tinha, mas temia que com toda essa pressão sobre si, acabasse desencadeando tudo novamente.

Ele tinha medo de perder Anahí, de perder o novo bebê e o maior medo de todos era de que quando perdesse a pessoa que mais amasse no mundo, ele iria entrar em um modo de autodestruição pois ele não conseguia cogitar a hipótese de viver em um mundo onde Anahí não existisse.

-

Anahí estava sentada em seu carro que estava estacionado dentro do campus da universidade comunitária local. Ela segurava o panfleto, que Dulce havia lhe dado, com tanta força, que as bordas estavam amassadas. Aquele era um dos sonhos que queria realizar, além de ser mãe pela segunda vez, é claro. Mas enquanto Alfonso não esfriasse a cabeça e decidisse conversar sobre o assunto, ela poderia correr atrás do próximo passo.

Ela leu sobre o curso de Língua Inglesa que a tanto tempo lhe interessava, desde que cursou Literatura na faculdade e havia puxado algumas matérias. Os horários eram flexíveis e pela noite, portanto teria um ponto extra ao seu favor, caso Alfonso arrumasse problemas. Ela estava tão animada que já podia se imaginar dentro da sala de aula novamente, era tão empolgante se sentir útil novamente!

Ela pegou sua bolsa e verificou se estava com os documentos necessários para fazer a matricula. Com tudo correto, ela procurou no mapa do folheto onde estava localizado o prédio de admissões. Ao andar pelos corredores, acenou para alguns conhecidos e alguns alunos que faziam equitação no Haras.

Meia hora depois ela ia em direção ao seu carro, satisfeita por ser a mais nova aluna do curso da faculdade local. Nada poderia lhe tirar a felicidade, nem mesmo o cabeça dura do seu amado esposo. Ela sorriu pra si mesma, já imaginando a reação de Alfonso quando lhe contasse que voltaria a estudar. Ele subiria pelas paredes e eles iriam fazer um sexo maravilhoso depois da briga. Aquele pensamento lhe deixou molhada, mas antes que pudesse fantasiar mais um pouco com seu sexy e delicioso marido, ela percebeu um papel preso entre o para brisas do seu carro.

Olhou para os lados, para ver se a pessoa que o havia colocado ali, ainda estava por perto. Mas percebeu que estava sozinha. Dando os ombros, ela abriu o papel e tremeu quando leu o bilhete.

"Aproveite enquanto pode, vadia. "

- Que tipo de brincadeira estúpida é essa? – Exclamou com raiva, enquanto amassava o bilhete e o colocava dentro da bolsa. De jeito nenhum deixaria de mostrar aquela palhaçada para Alfonso. Ela queria que ele fizesse picadinho do engraçadinho que lhe escreveu isso.

Abriu a porta do carro, mas antes que pudesse entrar, um enorme carro preto passou em alta velocidade, com alguém dentro atirando em todas as direções. Anahí gritou quando ouviu os barulhos e imediatamente se abaixou. Seu coração retumbava forte em seu peito e ela tremia descontroladamente. Queria ligar para Alfonso, mas sentia-se grudada no chão. Não podia continuar ali, estava vulnerável demais. Quem poderia prever se os loucos voltariam? Ela com certeza não. Como se pesasse mil quilos, ela se levantou rapidamente, mas não sem deixar de perceber outro pedaço de papel que estava no chão.

"Dá próxima vez eu não irei errar, está avisada. "

- Oh Deus... – As lágrimas escorriam livremente pelo seu rosto corado e ela entrou no carro, trancando todas as portas imediatamente.

Ela sabia que não impediria ninguém se meter uma bala em sua cabeça, caso quisesse, mas tal ato lhe dava uma pequena sensação de segurança.

Pegou o celular no fundo da bolsa e imediatamente discou o número de Alfonso assim que seus dedos obedeceram ao seu comando.