Fanfic: Em nome do Amor - 2° TEMPORADA | Tema: AyA Ponny Cowboy Hot

- Você precisa me ajudar De, por favor, eu te imploro. – Anahí ainda chorava, os olhos vermelhos e inchados. 

Dean não sabia o que fazer, ela parecia tão frágil, como se fosse quebrar a qualquer momento. Ele se levantou e puxou papéis toalha da máquina, voltou e secou o rosto de Anahí carinhosamente. Ajudou ela a se levantar e fez com que lavasse o rosto. Continuou afagando suas costas, até que ela se acalmou.

- Primeiro de tudo, como você conseguiu se livrar da sua sombra? – Perguntou, com uma sobrancelha erguida. Anahí tentou sorrir, mas acabou fazendo uma careta.

- Eu pedi que ela fosse na farmácia buscar um remédio de cólicas e prometi que continuaria aqui dentro. Bem, foi uma mentira parcial... – Ela deu os ombros e olhou o reflexo no espelho, gemendo em seguida com o que via.

- Você tem certeza que está...grávida? – Sua voz soltou um leve tremor. Tinha medo do que Anahí pudesse sofrer na mão do esposo.

- Se quatro testes positivos não são o suficiente, então eu não sei. – Falou baixinho, olhando os exames no chão da cabine. Dean os pegou, jogando no lixo e lavando as mãos em seguida.

- Senhora Anahí? – A voz de Priscilla soou do outro lado da porta. Ela segurou os braços de Dean com força. - Trouxe seu remédio.

- Ainda estou aqui, me dê 5 minutos! – Pediu e o encarou. – Você precisa me ajudar, Alfonso não pode saber ainda. Ele vai me mandar fazer um aborto. – Abraçou a barriga, com instinto de proteção automático – Me prometa que você não vai deixar isso vazar, Dean. Prometa, agora! – Exigiu em desespero.

- Eu prometo, é claro que te ajudo. Você tem certeza que ele chegaria a esse extremo? – Ela suspirou, e pensou.

Alfonso nunca falara em aborto propriamente dito, mas estava na cara que ele não iria querer a criança. As coisas não estavam tão bem entre eles desde o jantar. Brigavam todos os dias por coisas bestas, ele implicava com a faculdade, ela estava esgotada naquele ambiente.

- Sinceramente, eu não sei. Só que não vou pagar pra ver. Alfonso não vai tirar o meu bebê de mim. – Disse entredentes, com a mão sobre a barriga.

Ele assentiu e a abraçou forte. Anahí segurou as lágrimas mais uma vez. Queria tanto que esse momento fosse de felicidade, ela pudesse preparar uma surpresa para Alfonso para contar que lhe daria mais um herdeiro. Infelizmente ela vivia essa dura realidade, em que o próprio esposo rejeitaria o filho. Sangue do seu sangue. E provavelmente ele a acusaria de ter sido de propósito, apesar de ter esquecido totalmente que os antibióticos que tomara durante o mês que passou, cortara os efeitos do anticoncepcional. Ela não sabia de quantas semanas estava, mas era provável que seria um pouco mais de dois meses. 

Meu Deus, fora tão ingênua!

- Ai meu Deus, eu tomei vinho semana passada. – Arregalou os olhos, apavorada – E café e chá...- Gemeu com medo e passou a mão no rosto. – Juro por Deus que não fiz de propósito, eu não quero perder o meu bebê, não outra vez. – Soluçou.

Não que ela pudesse esquecer um só dia de Ava, mas se tocou que sua primeira gestação fora uma gravidez ectópica. O medo de ocorrer novamente a consumia juntamente com a ansiedade. Estavam corroendo Anahí pouco a pouco e isso não faria bem nem para a mãe e nem para o bebê.

- Temos que procurar um médico Any, mas aqui não vai ser bom, ele vai descobrir. Eu vou te levar em Houston. Toma. – Entregou o próprio celular – Eu vou entrar em contato com você e vamos combinar, ok? – Ela assentiu, com os olhos úmidos novamente. – Vai ficar tudo bem, querida. Eu prometo. – Segurou o rosto de Anahí e beijou sua testa.

Ela respirou fundo e lavou o rosto novamente, se preparando para sair. Dean decidiu que sairia depois de 15 minutos, assim daria um tempo para que ninguém desconfiasse de nada. Ele estava pensativo, se perguntava se seria realmente o certo a fazer ajudando Anahí dessa forma. Não queria acabar com o casamento dela, muito menos se intrometer. Mas se ela achava que Alfonso era capaz de força-la a fazer um aborto, ele acreditava e a apoiaria. Nenhuma mulher deveria ser forçada a nada, muito menos matar uma criança que carregava no ventre. Anahí já sofrera muito e ele, como seu amigo, lutaria com todas as forças para que ela fosse feliz com o seu bebê. Nem que pra isso ele a ajudasse a fugir das garras de Alfonso Herrera.

- Tudo bem, senhora? – Priscilla perguntou preocupada, quando Anahí saiu do banheiro. Estendeu uma sacola de papel e Anahí agradeceu, guardando o remédio na bolsa.

- Agora sim. Eu só comi um sanduíche estragado na lanchonete e fiquei com um pouco de dor no estômago. Será que poderíamos ir embora? – Sorriu forçadamente.

Priscilla a observou atentamente, por detrás das lentes dos óculos escuros e por fim, assentiu. Anahí respirou, aliviada e seguiram para o estacionamento.

*

Os papéis da contabilidade estavam espalhados sobre a mesa de mogno. Alfonso estava com a cabeça doendo de tanto que refizera os cálculos, mas eles não batiam. Tinha alguma coisa errada, ele sabia. Era bom com números, mas desde que contratara um contador para ajuda-lo, os problemas começaram a aparecer. No que serviria como auxílio, apenas lhe rendeu preocupação. Ele abriu o frasco de comprimidos e jogou dois dentro da boca, engolindo com um gole de água. Mais uma vez os números não coincidiam. Passou uma rápida mensagem para Carlos, que não tardou em chegar.

- Tem alguma coisa errada com essa planilha de novilhos. – Ele entregou a pasta para Carlos, que começou a conferir, linha por linha. Quando chegou ao fim, Carlos suspirou.

- Alguém está superfaturando essas notas. – Disse, direto.

- Era o que eu temia. Torci para estar errado, mas infelizmente se você chegou na mesma conclusão que eu... – Ele socou a mesa e começou a andar de um lado para o outro, decidindo qual seria seu próximo passo.

- Eu vou dar uma conferida nas câmeras de segurança e vou refazer todos os cálculos eu mesmo. Talvez eu possa te ajudar, dando uma segunda opinião. – Alfonso assentiu, grato.

Seu celular tocou novamente e ele quando viu o número no visor, tentou ter alguma esperança.

- Herrera. Tem certeza disso? Era tudo que eu precisava saber. Me mande o endereço. – Desligou rapidamente. – Eu o encontrei.

Alfonso havia posto homens para colocarem o Texas de cabeça para baixo em busca de Heitor. Todos motéis e hotéis foram revirados, câmeras de segurança foram violadas e pessoas foram interrogadas. Ele conseguiu a prova que precisava para confirmar que Heitor estava por trás de todas ameaçadas contra Anahí. A prisão fora pouco, pois Heitor dera um jeito de escapar. Ele resolvera então, fazer justiça com suas próprias mãos. Nada como uma boa dose de dinheiro para manter as pessoas caladas.

- Onde ele está? – Carlos se levantou, abruptamente.

- O covarde se escondeu no México, em Juárez. – Sorriu, desafiador – Preciso que você mande preparar meu jato. Tenho um problema a resolver.

- Tem certeza disso? Eu posso ir com você, se quiser. - Ofereceu.

Alfonso colocou uma pedra de gelo em seu uísque e encarou Carlos, os olhos verdes sombrios e gélidos.

- Cansei de ser bonzinho. Ninguém derrama o sangue de um Herrera e sai impune. Dessa vez ele vai pagar. Sangue por Sangue. – Tomou sua bebida em um só gole e Carlos apenas assentiu, com o rosto duro.

Ele entendia do que Alfonso falava. O vira sofrer por Anahí, por Ava e por Gio. Estava assombrado e com medo de tudo à sua volta. Ninguém merecia viver uma vida assim, cercado de seguranças em todos os lados. Afastara a própria filha para que fosse seguro, pois na própria casa era ameaçado. Ele, como bom texano e cowboy, tinha como lema a liberdade. A família também estava acima de tudo e de todos. Carlos apenas fez o que fora pedido e se retirou, deixando um Alfonso sombrio e recluso para trás.

Anahí saltou do carro e foi direto no escritório do esposo. Alfonso estava sentado na poltrona de coro favorita, com um copo na mão e olhando para o nada. Ela se aproximou, temerosa, torcendo para que seu medo não a entregasse.

- Ei baby, tudo bem? Priscilla disse que você tinha dor no estômago. – Ele a olhou e ela encarou os olhos verdes. Falar sobre a gravidez estava na ponta da língua, mas não. Não era a hora ainda.

- Sim, eu... comi algo que não me fez bem. Achei melhor vir pra casa e descansar. – Ela jogou a bolsa em cima do sofá e Alfonso estendeu a mão, fazendo-a se sentar em seu colo.

- Eu te amo Anahí. Mato e morro por você... – Ele escondeu o rosto em seu pescoço e inalou o perfume dela profundamente. Anahí fechou os olhos e suspirou. – Faço tudo por você, baby. – Repetiu, baixinho.

- Tudo menos ter um filho comigo. – Murmurou, tentando arrancar qualquer coisa dele. Alfonso deixou o braço cair e a encarou.

- Menos ter um filho com você. – Repetiu, rude.

- Porque? Só me diz isso... – Pediu, segurando o rosto dele. Ela estava desesperada por uma resposta, por alguma luz. Precisava saber o que tanto o incomodava. Ele suspirou, não querendo voltar naquele assunto. Mas caso seus planos dessem errado, ela precisava saber a verdade.

- Porquê da primeira vez eu quase te perdi e perdi Ava. – Desviou o olhar, com as narinas dilatadas. O olhar de Anahí suavizou imediatamente.

- Bebê, não vai acontecer a mesma coisa. Eu juro. – Ela fez com que ele a encarasse novamente e sorriu de lado.

- Eu não vou arriscar Anahí. Não suportaria mais uma perda e essa é minha palavra final. Se você tentar de alguma maneira me enganar, não conte comigo. Não vou assistir você se destruir por puro capricho! – Murmurou, o maxilar cerrado.

Ela se levantou, abismada com as palavras dele. Quase levou a mão ao ventre, mas ficaria óbvio. Trêmula, ela apanhou a bolsa novamente e se dirigiu a porta. Como era cruel que ele falasse daquela maneira, quando o próprio filho já estava sendo gerado dentro dela. Segurou o choro, mantendo a dignidade. Ela suportaria tudo que viesse dele, qualquer merda que ele jogasse. Menos, que ficasse sem o seu filho. O amor de mãe já aflorava em suas veias e falava mais alto do que seu coração.

- Tenho um trabalho da faculdade para terminar, nos falamos depois. – Falou, soando firme e com um olhar impassível no rosto.

- Irei viajar e não sei quando volto. Priscilla e Carlos ficaram aqui, caso precise de alguma coisa. – A encarou.

Então ela viu aí a oportunidade perfeita para que fosse ao médico, e torceu internamente para que Dean entrasse em contato com ela.

- Precisarei ir em Houston comprar alguns livros da faculdade que não encontrei aqui. – Deu a primeira desculpa que viera em sua cabeça e sorriu, falsamente. – Quero ir sozinha, preciso de um tempo longe...disso. – Se referiu a situação e se surpreendeu quando ele apenas assentiu.

- De acordo. – Respondeu, tomando o resto da bebida. Apesar dele ser um idiota comprovado com certificado e tudo, Anahí quis correr para os braços dele. Parecia tão perdido...

Ela se segurou e assentiu, deixando para trás somente o rastro de seu perfume. Alfonso suspirou e trancou a porta do escritório, apertou um botão que havia atrás do livro mais fino de sua biblioteca. A estante se abriu no meio, escorregando para os lados, deixando livre uma pequena passagem que dava para outra sala, uma feita com aço inoxidável e sem janelas. Observou seu esconderijo de armas e se pôs a pensar qual delas usaria.