Eu bati minha cabeça com força contra o lado de madeira da carroça puxada a cavalo, quando a roda direita caiu em um buraco grande. Irritado, eu rolei e meu nariz foi imediatamente atacado pelo o cheiro de carne podre que vinha do prato no canto da gaiola. Meu tratador não se preocupou em limpar o prato desde que saímos de Nova York e, embora minha barriga protestasse, eu simplesmente não podia reunir forças para escolher entre os restos de ontem.
Depois de um trecho lânguido, eu andei lentamente até o meu prato de água e raspei minha língua no interior seco. Eles não se preocuparam em me dar água desde ontem também.
Lambendo meus bigodes secamente em uma vã tentativa de molhar a minha boca, eu vagava para a lona que estava batendo contra a lateral da minha gaiola e levantei o nariz para o céu. Chuva. Senti o gosto dela na ponta da minha língua, havia chovido há poucas horas nesta parte do país e as nuvens estavam limpando.
Não estava tão frio aqui como em Nova York. Eu fiquei no mesmo zoológico na cidade da Nova Inglaterra por dez anos até que o proprietário gentil morreu e seu filho de meia-idade bêbado assumiu. Ele jogou fora os poucos lucros que seu pai havia guardado na primeira semana. Dois meses mais tarde, todos os treinadores de animais haviam ido embora. Dentro de seis meses, os animais que não haviam sido vendidos estavam morrendo de fome.
Eu era a última atração que havia restado. Minha gaiola sempre foi popular desde que fui considerado exótico e eu sempre tentei fazer um bom show para o velho. Eu gostava dele e ele me tratava bem. O filho me manteve tanto tempo quanto possível. Eu literalmente não podia morrer de fome, apesar de ter tentado em alguns momentos não muito orgulhosos do passado, e a renda que ganhava para ele manteve colecionadores fora da jogada. Mas, eventualmente, uma oferta que ele não pôde recusar apareceu e eu fui vendido a um pequeno circo itinerante.
Meu novo tratador não era do melhor tipo. Ele era esquecido, muitas vezes eu era deixado sem água ou comida fresca, e ele era negligente, o que muitas vezes resultava na morte de seus animais. Ele tinha um pônei muito bem treinado que trabalhava com uma mulher. Não se preocupou em garantir que a arena estivesse completamente plana e livre de pedras, e o pônei caiu. A amazona quebrou o pescoço e a perna do pônei estalou. Eles sacrificaram o pônei. Não sei se a mulher sobreviveu ou não, mas nunca mais a vi.
