paulinhamatozinhos: Continuando.
julizinha...: Mais três capítulos...
Saída
O vento gritava à nossa volta enquanto mergulhávamos em queda livre pelo céu, girando como a casa de Dorothy no centro do tornado. Diego conseguiu nos estabilizar numa posição de bruços. Ele segurou meus pulsos e abriu nossos braços em um arco. Menos de um segundo após nos estabilizarmos, ouvimos um grito acima de nós. Um pássaro de ferro estava em nosso encalço.
Diego ergueu meu braço esquerdo no ar e demos uma violenta guinada para a direita, ganhando velocidade. O pássaro nos seguiu. Diego ergueu nossos braços direitos e oscilamos para a esquerda. O pássaro agora estava em cima de nós.
— Segure-se, Dul! — gritou Diego.
Ele puxou nossos braços de volta e inclinou nossa cabeça para baixo. Disparamos adiante como uma bala. O pássaro dobrou as asas e mergulhou conosco.
— Vou nos virar! Tente atingi-lo com um raio! Pronta?
Assenti e Diego nos fez girar no ar. Agora estávamos de costas para o chão e eu tinha uma excelente visão da barriga do pássaro. Rapidamente, disparei uma sucessão de raios e consegui irritá-lo o suficiente para nos livrar dele. Errei o olho, mas acertei o bico. O pássaro não gostou nada disso, bateu asas e se afastou, gritando, furioso.
— Segure-se!
Diego tornou a nos virar e nos estabilizou mais uma vez. Ele puxou o cordão de abertura e ouvi o tecido deslizando ao ser liberado no vento. Com um estalido, quando ele se abriu o paraquedas do Lenço se abriu e se inflou. Diego apertou os braços em minha cintura e desacelerou nossa descida. Então me soltou para agarrar os batoques e controlar as linhas direcionais.
— Tente mirar no estreito entre as duas montanhas! — berrei.
O grito horrível que ouvimos indicava que os pássaros haviam nos encontrado. Três deles começaram a nos rondar, procurando nos prender com as garras e os bicos. Tentei usar meu poder do raio, mas era muito difícil atingi-los nos olhos dessa distância. Em vez disso, abri a mochila e peguei o arco.
Diego adernou para a esquerda e eu disparei uma flecha. Ela passou zumbindo acima da cabeça de um dos pássaros. A segunda flecha acertou-lhe o pescoço e, imbuída com o poder do raio, eletrocutou o pássaro, que despencou, ferido. Um outro nos atingiu com sua asa afiada, fazendo-nos rodopiar, mas consegui irritá-lo o suficiente para que se afastasse, voando em outra direção.
O terceiro pássaro foi esperto. Ele circundou minha linha de visão a fim de permanecer atrás de nós o máximo possível. Quando atacou, abriu um grande buraco no tecido com as garras. O paraquedas danificado nos lançou em outra queda livre. Diego tentou nos guiar, mas o vento sacudia violentamente o velame rasgado.
De repente o paraquedas começou a se consertar sozinho. Os fios se entrelaçavam de um lado a outro no tecido até parecer que o Lenço jamais havia sido danificado. Quando ele se inflou novamente, Diego puxou o batoque para nos conduzir na direção correta.
O pássaro furioso reapareceu e conseguiu se esquivar de minhas flechas. Seus gritos estridentes foram respondidos por outros.
— Temos que pousar!
— Estamos quase lá, Dul!
Pelo menos uma dezena de aves vinha a toda velocidade em nossa direção. Teríamos sorte se sobrevivêssemos tempo o bastante para alcançar o solo. O bando circulava, gritando, batendo as asas e estalando os bicos.
Estávamos quase lá. Se pudéssemos aguentar mais alguns segundos... Um pássaro veio direto para cima de nós. Ele era rápido e não o vimos até o último momento. A criatura abriu o bico para nos partir em dois. Eu podia quase ouvir o ruído dos meus ossos sendo triturados, imaginando a ave de metal me cortando ao meio.
Disparei várias outras flechas, mas errei todas. O vento de repente nos virou e eu nada podia fazer na nova posição. Diego manobrou o paraquedas, conduzindo o velame numa perigosa descida e numa curva fechada. Fechei os olhos e senti um solavanco quando nossos pés tocaram a terra sólida.
Diego deu alguns passos, correndo, e então me empurrou de cara na grama. Ele se deitou em cima de mim enquanto freneticamente nos livrava do cordame.
— Mantenha a cabeça abaixada, Dul!
O pássaro estava bem em cima de nós. Ele deu uma bicada no paraquedas e puxou, partindo-o ao meio. Encolhi-me ao ouvir o ruído medonho do tecido especial sendo rasgado. Frustrado, o pássaro largou o paraquedas e nos circundou, preparando-se para outro ataque. Diego se libertou, pegou o chakram na mochila e o lançou, enquanto eu me agachava e recolhia as dobras do paraquedas.
— Por favor, se reconstitua.
Nada aconteceu. Diego tornou a atirar o chakram.
— Uma ajudinha aqui, Dul!
Lancei algumas flechas e, com o canto do olho, vi o tecido se mover. Ele começou a se reconstituir, lentamente a princípio e, em seguida, cada vez mais rápido. Então encolheu, voltando ao tamanho original.
— Distraia-os mais um pouco, Diego. Eu sei o que fazer!
Peguei o tecido e disse:
— Recolha os ventos.
Os desenhos foram substituídos, as cores mudaram e o Lenço cresceu. Retorcendo-se sobre si mesmo, ele se inflou e se esticou, criando uma grande sacola que se abriu na brisa. Uma forte rajada de vento atingiu meu rosto e fluiu para o interior da sacola. Quando ele perdeu intensidade, outro vento me fustigou o corpo por trás e começou também a encher a sacola. Logo, ventos vindos de todas as direções estavam me castigando. Eu me sentia golpeada por todos os lados e mal conseguia segurar a sacola cheia de ventos poderosos.
Por fim, as rajadas cessaram, de modo que eu não sentia nem mesmo a mais leve brisa, mas a sacola se agitava com violência. Kishan estava cercado por 10 pássaros e mal conseguia mantê-los à distância com o chakram.
— Diego! Fique atrás de mim!
Ele levou o braço para trás e, com um poderoso impulso, soltou o chakram. Enquanto a arma girava no ar, ele correu para mim, agarrou a sacola do outro lado e pegou o chakram segundos antes de ele me decapitar.
Ergui uma sobrancelha enquanto ele sorria.
— Muito bem. Pronto? — gritei. — Um, dois, três!