Fanfic: Diário de uma Stalker | Tema: Comédia, Suspense, Escolar, Colegial, Slice of Life

Era 22 de março, início do ano letivo. Os alunos da nossa turma ainda se conhecendo e criando amizades.

Na classe, todos eram rostos novos para mim! Exceto a Pamela, uma garota que faz parte das lideres de torcida do time de futebol do colégio, o centro das atenções, bonita, carismática e com tudo em cima, chama ainda mais atenção depois de ter pintado seu cabelo de vermelho escuro.

Outro colega antigo era o Fábio, um garoto que sempre sentou na carteira em frente à mesa dos professores, na fileira do meio. Usa óculos e é um nerd! Esta sempre estudando e nunca deixa atrasar um único trabalho e sempre tira notas perfeitas nas provas, foi o melhor aluno dos primeiros anos. Por outro lado não é sociável e sempre foi alvo de bulling pelos demais alunos, já tinha se tornado comum pegarem sua mochila e sumirem com suas coisas. Apesar de ser bonitinho e ter um cabelo legal não era muito meu tipo.

E o ultimo a fazer parte da nossa antiga turma era o Felipe, um cara forte e alto, típico valentão que não faz nada além de causar brigas e meter medo nos outros alunos do colégio. Por algum motivo essa atitude atraia as garotas, e elas sempre ficavam em sua volta, bando de sem noção!

O resto da turma são apenas pessoas que eu via nos corredores, pátio e refeitório. Apesar desses três colegas antigos na minha turma, nunca fui intima de nenhum deles.

Foi então que no dia 22 de março, estava eu sozinha sentada em uma mesa no refeitório, como de costume sempre trago meu almoço de casa e evito gastar fora, quando escuto alguns gritos vindos do pátio que fica logo ao lado, curiosa como sou fui ver o que era.

Ao chegar lá, não tinha ninguém, o pátio estava vazio, o que fugia a lógica, já que normalmente quando tem algum briga todo mundo vai ver! Continuei seguindo o som das vozes e fui parar perto do muro do colégio com a rua, em um canto escuro com árvores antigas e bancos quebrados, onde só o pessoal do terceiro ano fica.

Me aproximei mais do muro entre as árvores para não ser notada, e vejo o Felipe de frente para o muro gritando, sem entender o porque dele estar ali sozinho falando com a parede, caminho um pouco mais para o lado e vejo também o Fábio contra o muro, todo acuado e agarrando sua mochila preta.

Eu não estava entendendo nada, mas boa coisa não me parecia! Me agachei atrás de uma árvore e peguei minha câmera na mochila, como faço parte do clube de fotografia, é normal alguns  membros terem suas próprias câmeras, em seguida tirei o flash e comecei a fotografar enquanto ouvia a conversa deles.

- Então como vai ser?  Vou precisar te arrebentar pra tu entender!?

- Por favor... não... não bata em mim Felipe, eu...eu não posso fazer isso...

 - Não é uma escolha quatro olhos! Esse ano você vai fazer todos os meus trabalhos e me dar a respostas das provas... se não eu acabo contigo!

- Eu... eu vou contar... para os profes...

- Conte e eu não me responsabilizo pelo que vai acontecer contigo! Você vai ficar quieto como sempre foi, e fazer exatamente o que eu falar! Comece pelo trabalho de matemática da semana que vem, ou então... já era moleque! – com sua mão direita pega os óculos do rosto de Fábio e o quebra.

Cara, que idiota, se aproveitando porque é mais forte e forçando o outro a estudar por ele! Eu já sabia que o Felipe era desses, mas é a primeira vez que vejo esse tipo de coisa!

Ainda escondida tirei o máximo de fotos que consegui, aproveitei que estava em um bom ângulo e não economizei. Depois de toda a ameaça, Felipe antes de ir embora pega a mochila de Fábio a força, abre, espalha todas suas coisas no chão, chuta para longe e sai caminhando.

Chorando, o garoto agora sem óculos e com seu uniforme branco do colégio todo sujo, se abaixa e lentamente vai juntando seus pertences pelo chão. Sei que não é certo, mas mesmo assim antes de ir até ele tirei mais algumas fotos daquela triste cena. Guardei minha câmera de volta na mochila e fui até ele.

- Ei Fábio, me deixa te ajudar! – fui caminhando até ele.

- Renata? O que está fazendo aqui? – me questionou se levantando e limpando seu rostocheio de lágrimas.

- Nada não, tava aqui pelo pátio e ouvi uns gritos, dai vim ver o que era...

- Então você viu...

- Sim, desculpe...

- Eu preciso ir para casa, vou ficar um tempo sem ir ao clube de informática...

- Hã? Por quê?

- Preciso de tempo para fazer os dois trabalhos... – voltou a juntar seus pertences.

- Como assim? Você deve dar queixa, contar isso tudo para os professores e para direção!

- Você o ouviu certo? Se eu não fizer pode ser pior... eu fiquei sabendo que ele tem muitos amigos de outros colégios, um pessoal mais velho, se ele chamar mais gente, não quero nem pensar...

- Mas assim ele vai continuar te seguindo! É errado isso!

- Renata, eu aprendi desde cedo que o mundo não é justo, eu tento ser o mais correto possível, e mesmo assim me dou mal, não quero deixar o que esta ruim pior... obrigado por se preocupar mas isso é problema meu!  Agora vou para casa, até mais!

-Até...

Completamente sem ânimo algum, Fábio recolhe seu óculos quebrado do chão, coloca sua mochila rasgada nas costas e sai caminhando em direção ao portão com seu uniforme todo sujo.

Olha, fazia tempo que não ficava com tanta raiva de alguém, sério!

Eu até podia levar as fotos que tinha para os superiores, mas é como o Fábio disse: se Felipe descobrir que alguém contou é pior. Fui caminhando para a sala do clube de fotografia pensando em uma solução para esse caso. Tipo, não sou alguém que se importa muito com a vida dos outros, mas ver alguém que conheço ser ameaçado e humilhado assim me deixou furiosa.

 Ao chegar à sala, fui direto para um notebook que estava ali disponível, peguei minha câmera, conectei e abri as fotos na tela. No total foram 14 flagras da agressão e mais 5 do Fábio sozinho chorando. Como já estava acostumada com fotos, as imagens e posição ficaram ótimas, dava pra ver direitinho quadro por quadro o acontecimento.

Foi então que pensei: se eu tiver mais fotos assim do Felipe, posso entregar anonimamente, assim com sorte ele pega uma suspensão ou quem sabe até expulsão! Mas isso só ia deixar ele com mais raiva, e ainda descontar no Fábio, tinha que achar outra solução.

A ideia inicial era a mesma, como ele é um idiota deve acabar dando mole de novo, e quando isso acontecer eu estaria lá com minha câmera. Nos dias seguintes, em todos os momentos que não tinha aula ou atividades eu o seguia discretamente, na internet consegui pegar algumas informações sobre ele.

Três dias depois do ocorrido, no intervalo entre uma aula e outra, eu estava sentada em minha carteira perto da janela, e percebo que o meu alvo se levantou e saiu da sala. Iria ficar meio óbvio sair logo em seguida e ir atrás dele, então falei com a representante de classe, Sofia, que precisava ir até a sala dos professores, para falar sobre um trabalho que estava em dúvida, como não sou nem um pouco suspeita por nada recebi permissão, peguei minha mochila e sai.

Fui o seguindo pelo corredor bem de longe, ele subiu as escadas até uma sala no ultimo andar que estava sendo reformado, só o fato de ele estar ali era suspeito!

Ainda o seguindo, peguei minha câmera e fiquei observando-o de longe. Antes de entrar na sala, Felipe fica de frente para a porta, olha para os lados, e não vendo ninguém entra, minha sorte é que eu parei no final da escada.

Era muito arriscado, se Felipe me visse seguindo ele iria sobrar para mim! Segui pelo corredor bem devagar e cheguei perto da sala, à porta estava fechada, andei mais um pouco até a janela da sala para o corredor e espiei.

Dentro, estava ele e mais dois alunos do terceiro ano, bem no canto da sala perto do material de construção fumando e jogando conversa fora. Já se sabia que tinha um pessoal que fumava no pátio escondido, mas não dentro do prédio. Não era grande coisa, mas já ajudava nas minhas provas!

Pela janela, tirei exatas 36 fotos em pouco mais de dez minutos, e antes dele e seus amigos saírem da sala, eu já estava bem longe! Já tinha o suficiente, agora só precisava pensar em um jeito de usar essas fotos e o deixar encurralado.