Fanfic: Amarras do passado (Adaptada)- Terminada | Tema: Vondy

Dulce arrumou o cabelo despenteado pelo vento e se virou para estudar o efeito. Servia. Adorava aquelas noites em que podia usar um vestido de grife e sair com o marido... especialmente quando era por uma boa causa, como o banquete de entrega da bolsa de estudos da Uckermann.

Mas, nos últimos dois anos, Christopher lhe proporcionara muitos momentos de Cinderela como aquele. Primeiro fora o casamento de contos de fadas que até mesmo a mãe dela aprovara, então a levara, com os dois meninos, para uma longa viagem pelos melhores museus europeus. Depois da lua de mel, instalaram-se na linda casa dele no Arizona, então já totalmente preparada para receber bebês.

O silêncio lhe chamou a atenção.

— Christopher?

Nenhuma resposta.

Ela deixou o luxuoso banheiro, mas Christopher não estava no quarto nem no closet. Onde estaria o marido fujão? A limusine chegaria a qualquer momento. E se tivesse que adivinhar...

Saiu para o corredor em direção ao berçário e parou. Um sorriso lhe abriu os lábios. Devia saber que encontraria Christopher ao lado do berço. De novo.

— Pierce, vamos nos atrasar.

— Não sei se consigo deixá-la. — Não afastou os olhos da filha. — Esta será nossa primeira noite fora desde que ela nasceu. Não esperava que fosse tão difícil.

Ele superara suas tendências de viciado no trabalho. Todas as tardes corria para casa, nunca perdia um jantar com a família e não levava trabalho para as férias.

Franziu a testa.

— Acha que Bel vai conseguir?

Dulce se juntou a ele ao lado do berço.

— Bel mudou muito, sabe o quanto gosta de passar o tempo com as crianças. Ela consegue lidar com dois garotinhos saudáveis e um anjinho de um mês.

— Shawna é perfeita. — Passou um dedo de leve no rostinho rosado da filha.

— Sim, ela é, e pare de tentar acordá-la para dizer boa noite de novo.

Ele se tomara um pai protetor para os meninos e o bebê, e Dulce amava aquilo. Quando Christopher abriu o coração, abriu-o completamente.

Christopher olhou para ela, então olhou de novo e a percorreu dos pés à cabeça. O peito inchou e a respiração saiu entre os dentes cerrados. A fome que lhe tomou as feições a aqueceu toda. O desejo lhe tomou o ventre. Embora dormisse nos braços dele todas as noites, parecia que havia uma eternidade desde que o tomara, e seu corpo precisava dele. Terrivelmente.

Dulce o virou para si e ajeitou a gravata-borboleta. Christopher ficava tão delicioso naquela camisa branca e calça de smoking que ela quase esqueceu o compromisso social e o arrastou para a cama. Então passou a mão pelo peito dele e o desejo cresceu, mas se obrigou a dar um passo para trás e combateu o impulso de beijar aquela boca.

— E bom usar alguma coisa além de roupas de maternidade ou de professora.

Ele lhe acariciou o cabelo da nuca.

— Foi você que insistiu em voltar a trabalhar enquanto os meninos estão no jardim de infância.

Verdade.

— E adoro o que faço. Tenho o melhor de dois mundos... um trabalho de meio período e meu tempo de mãe. Adoro meus alunos, e senti falta deles durante minha licença-maternidade. Já lhe agradeci por me ajudar a conseguir meu emprego?

Ele sorriu, malicioso.

— Depende de como planeja mostrar sua gratidão. Você está muito, muito sexy esta noite, sra. Uckermann.

Quando ele falava naquela voz profunda e a olhava como se quisesse devorá-la, Dulce sentia-se realmente desejável. Em palmou-lhe o queixo macio pela barba recém feita e gostou tanto da suavidade da pele como gostava da sensação dos pelos ásperos em suas partes mais sensíveis.

— Talvez, depois do banquete, possa me mostrar como estou sexy.

As sobrancelhas se ergueram, e a esperança brilhou nos olhos cor de avelã.

— Não é cedo demais?

— O médico me deu sinal livre hoje.

As narinas dele se abriram mais. Christopher passou os braços pela cintura dela e baixou a cabeça. O corpo quente pressionou o dela, e os lábios estavam a um milímetro dos dela quando o som de pés pequenos correndo abalou o silêncio do berçário. Christopher suspirou, frustrado, e a libertou.

— Me pegue, mamãe — exigiu Graham, agora com quase 3 anos.

Dulce observou o rostinho sujo de comida e hesitou.

— Venha para o papai, campeão. Não queremos sujar o lindo vestido da mamãe.

Christopher ergueu o filho, que imediatamente deitou o rosto molhado no ombro do pai.

— Sua camisa... — se preocupou Dulce.

— O paletó vai cobrir. Você, por outro lado... Esse vestido é lindo demais, não deve trocá-lo. Ficará com ele até que eu o tire.

Cody também chegou, e Christopher o pegou, lidando bem com as duas cargas que se mexiam como se tivesse nascido para aquilo.

Bel seguiu os meninos, elegante apesar de usar apenas jeans e camiseta. Dulce se sentira insegura sobre se tornar amiga de uma ex-amante de Christopher, mas nem uma vez, nos últimos dois anos, durante as visitas frequentes de Bel, percebera qualquer coisa entre o marido e ela.

— A limusine acabou de chegar e vou cuidar da dupla dinâmica. Divirtam-se na festa. E sim, Christopher, estou como celular pronto se quiser um vídeo dos seus filhos.

Ele ruborizou.

— Fiz isto apenas uma vez.

— Duas — disseram ao mesmo tempo Bel e Dulce, então sorriram uma para a outra.

E Dulce o amava por isto.

Ele entregou os garotos a Bel e estendeu a mão. Dulce a tomou e deixou que o calor da palma dele aquecesse sua alma. Mal teria podido acreditar dois anos antes, mas não havia lugar nenhum em que preferisse estar do que ao lado do homem que uma vez usara uma armadura para esconder seus sentimentos.

Fim

Bom, gostaria de agradecer por todos os comentários que tive, por vocês terem favoritado a fic e principalmente por acompanha-la. Obrigada de coração!!!