Fanfics Brasil - A ENCRUZILHADA - Parte I 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA)

Fanfic: 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA) | Tema: Cristianismo, Islamismo, Fé, Amor


Capítulo: A ENCRUZILHADA - Parte I

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"Oh, Pai, meu Pai... Deus Pai."
Hesitantemente, disse o nome dele em voz alta. Tentei
maneiras diferentes de falar com ele. E então, como se algo se
houvesse desfeito dentro de mim, descobri que acreditava que
deveras ele me ouvia, assim como meu pai terreno sempre o havia
feito.
"Pai, oh, meu Pai Deus", clamei, com confiança crescente.
Minha voz parecia inusitadamente alta no grande quarto,
enquanto me ajoelhava no tapete ao lado da cama. De repente,
aquele quarto já não estava vazio. Ele estava lá! Eu podia perceber
sua presença. Podia sentir-lhe a mão colocada gentilmente sobre
minha cabeça. Era como se eu pudesse ver seus olhos, cheios de
amor e compaixão. Ele estava tão perto que coloquei minha cabeça
sobre seus joelhos, como a criancinha sentada aos pés do pai.
Fiquei ali ajoelhada por um longo tempo, soluçando quietamente,
flutuando em seu amor. Conversei com ele, pedi desculpas por não
tê-lo conhecido antes. E de novo, sua compaixão amorosa, como
um cálido cobertor, envolveu-me toda.
Reconheci ser essa a mesma presença amorosa que havia
encontrado naquela tarde fragrante em meu jardim. A mesma
presença que muitas vezes havia sentido ao ler a Bíblia.
— Estou confusa, Pai... — disse eu. — Tenho de acertar uma
coisa imediatamente —. Levei a mão à mesa de cabeceira onde
tinha a Bíblia e o Alcorão lado a lado. Apanhei ambos os livros e
levantei-os, um em cada mão.
— Qual, Pai? — disse eu. — Qual destes é o teu livro?
Então uma coisa admirável aconteceu. Nada igual jamais
havia acontecido em minha vida. Ouvi uma voz dentro de mim,
uma voz que me falava tão claramente como se eu repetisse as
palavras mentalmente. Palavras afáveis, e ao mesmo tempo cheias
de autoridade.
— Em qual dos livros você me conhece como Pai? Respondi:
— Na Bíblia.
Era disso que eu precisava. Agora não havia dúvida em
minha mente de qual livro era o dele. Olhei para o relógio e fiquei
admirada ao descobrir que haviam passado três horas. Entretanto,
eu não estava cansada. Desejava continuar orando, queria ler a
Bíblia, pois agora sabia que meu Pai falaria por intermédio dela. Só
fui para a cama quando percebi que minha saúde o exigia. Mas
cedo na manhã seguinte, disse às criadas que não queria ser
perturbada; peguei de novo a Bíblia e reclinei-me no divã.
Principiando com Mateus, comecei a ler o Novo Testamento palavra
por palavra.
Fiquei impressionada por ter Deus falado a seu povo em
sonhos, cinco vezes na primeira parte de Mateus! Falou com José a
respeito de Maria. Advertiu os sábios quanto a Herodes, e três
vezes mais dirigiu-se a José a respeito da proteção ao menino
Jesus.
Todo o tempo que eu podia encontrar para a Bíblia ainda era
pouco. Tudo o que eu lia, parecia dirigir-me para algum tipo de
comunhão mais íntima com Deus.
Encontrei-me numa grande encruzilhada. Tinha encontrado
pessoalmente o Deus Pai. Sabia, dentro do coração, que devia
entregar-me totalmente a seu filho Jesus ou então voltar-lhe as
costas por completo.
E tinha certeza de que todos os que eu amava aconselhar-meiam
a dar as costas a Jesus. Veio-me à mente a lembrança de um
dia especial e precioso, muitos anos atrás, quando meu pai me
levou à mesquita de nossa família. Estávamos a sós. Entramos na
câmara de abóbada alta. Pegando-me pela mão, papai contou-me,
com grande orgulho e forte identificação, que vinte gerações de
nossa família haviam cultuado ali.
— Que privilégio é o seu, minha pequena Quicha, de fazer
parte desta verdade antiga!
Pensei em Tooni. Por certo que essa jovem mulher já tinha
problemas suficientes. E também havia meus outros filhos;
embora vivessem longe, eles também ficariam magoados se eu "me
tornasse cristã". E também havia meu tio Fateh, que me observara
com tanto orgulho no dia em que completei quatro anos, quatro
meses e quatro dias de idade e comecei a aprender a ler o Alcorão.
E havia a amada tia Amina e todos os meus outros parentes —
algumas centenas de "tios", "tias" e "primos". No Oriente, a família
torna-se biraderi, uma comunidade, e cada membro é responsável
pelo outro. Eu podia magoar a família de muitas maneiras; podia
até mesmo interferir no casamento de minhas sobrinhas, uma vez
que teriam de viver à sombra de minha decisão se eu escolhesse
unir-me aos "varredores de ruas".
Mas acima de tudo preocupava-me com meu netinho Mamude; o
que lhe aconteceria? Meu coração deu um pulo ao pensar no pai
de Mamude. Era um homem muito fútil, que podia muito bem
tentar tirar-me o menino se eu me tornasse cristã, o que
claramente mostraria minha instabilidade mental.
Nesse dia, enquanto lia e meditava em meu quarto, esses
pensamentos queimaram-me o coração. Ao reconhecer a dor que
eu poderia infligir aos outros, tal pensamento tornou-se demais
para mim e levantei-me chorando. Enrolei-me num xale e saí para
o jardim frio, o meu refúgio, onde parecia poder pensar melhor.
— Oh, Senhor —, clamei, enquanto andava pelo caminho
encascalhado — será que realmente desejas que eu deixe minha
família? Pode um Deus de amor desejar que eu faça os outros
sofrerem? — E na escuridão de meu desespero, tudo o que podia
ouvir eram suas palavras, as palavras que acabara de ler em
Mateus:
Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim,
não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua
filha mais do que a mim, não é digno de mim...
Mateus 10:37
Este Jesus não contemporizava. Não aceitava competição.
Suas palavras eram duras e constrangedoras; palavras que eu não
queria ouvir.
Basta! Não podia mais suportar a pressão da decisão.
Impulsivamente corri para casa, mandei chamar Manzur e disse à
caseira espantada que eu ia a Rawalpindi. Ficaria fora por alguns
dias. Se precisasse de mim podia encontrar-me em casa da minha
filha. Manzur levou-me a Rawalpindi onde passei vários dias
fazendo compras: brinquedos para Mamude, perfumes e saris para
mim. Não fiquei surpresa, ao continuar minhas compras, de
encontrar-me afastando do calor da presença de Deus. Certa vez,
quando um balconista desenrolava certa peça de fazenda,
mostrando-me as gemas bordadas num desenho rico, de súbito vi
a forma da cruz no padrão. Murmurei qualquer coisa e fugi. Na
manhã seguinte voltei a Wah sem a determinação de permanecer
muçulmana e sem a determinação de tornar-me cristã.



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Autor(a): grandeshistorias

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Então, certa noite, ao descontrair-me ao lado da lareira,apanhei a Bíblia de novo. Mamude dormia. A sala de estar estavaem silêncio. O vento do jardim batia contra as janelas; o fogocrepitava.Eu havia lido todos os evangelhos e o livro de Atos, e nessanoite havia chegado ao último livro da Bíblia. Apocalipse fascinava-me,embora compreendesse ...


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