Fanfics Brasil - A ENCRUZILHADA - Parte II 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA)

Fanfic: 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA) | Tema: Cristianismo, Islamismo, Fé, Amor


Capítulo: A ENCRUZILHADA - Parte II

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Então, certa noite, ao descontrair-me ao lado da lareira,
apanhei a Bíblia de novo. Mamude dormia. A sala de estar estava
em silêncio. O vento do jardim batia contra as janelas; o fogo
crepitava.
Eu havia lido todos os evangelhos e o livro de Atos, e nessa
noite havia chegado ao último livro da Bíblia. Apocalipse fascinava-me,
embora compreendesse muito pouco dele. Lia, como se
estivesse sendo guiada, cheia de uma confiança estranha. Então,
de repente cheguei a uma sentença que fez o quarto rodopiar. Era
o versículo vinte do capítulo três de Apocalipse:
Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a
minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e
cearei com ele e ele comigo.
Faltou-me o fôlego e o livro caiu-me ao colo.
Este era meu sonho, o sonho em que Jesus havia ceado
comigo! Na época em que tive esse sonho eu não havia lido o livro
do Apocalipse. Fechei os olhos e uma vez mais podia ver Jesus
sentado à mesa em minha frente. Podia ver-lhe o sorriso afetuoso,
sua aceitação. E a glória também estava lá! Do mesmo modo que
estivera com o Pai. Era a glória que pertencia à sua presença!
Agora eu sabia que meu sonho tinha vindo de Deus. O
caminho estava claro. Eu podia aceitá-lo ou rejeitá-lo. Eu podia
abrir a porta, pedir-lhe que entrasse permanentemente, ou podia
fechar-lhe a porta. Teria de tomar a decisão já, de uma maneira ou
de outra.
Tomei minha decisão e ajoelhei-me à frente da lareira.
— Ó Deus, não esperes nem mais um instante. Por favor,
entra em minha vida. Meu ser inteiro está aberto para ti. — Não foi
preciso lutar nem preocupar-me acerca do que aconteceria. Havia
dito "sim". Cristo estava agora em minha vida, e eu o sabia.
Que coisa mais linda! Em poucos dias eu havia encontrado
Deus o Pai e depois Deus o Filho. Levantei-me e comecei a
preparar-me para dormir, com a mente em torvelinho. Será que eu
ousava dar um passo mais? Lembrei-me que no livro de Atos, no
dia de Pentecoste, Jesus havia batizado seus seguidores com o
Espírito Santo. Devia eu seguir esse mesmo padrão?
— Senhor —, disse eu, enquanto descansava a cabeça no
travesseiro — não tenho ninguém para dirigir-me a não ser o
Senhor mesmo. Se o Senhor deseja que eu receba o batismo no
Espírito Santo, então, é claro, desejo o que o Senhor deseja. Estou
pronta —. Sabendo que havia colocado a mim mesma
completamente em suas mãos, adormeci.
Era ainda escuro quando acordei num estado de expectativa
vibrante naquela madrugada de 24 de dezembro de 1966. Olhei
para o relógio fluorescente e os ponteiros marcavam três horas da
manhã. O quarto estava muito frio mas eu me queimava de
emoção.
Arrastei-me para fora da cama e caí de joelhos no tapete frio.
Ao levantar os olhos, parecia estar olhando para uma grande luz.
Lágrimas quentes escorriam-me pelas faces enquanto levantava as
mãos para ele e clamava:
— Ó Deus Pai, batiza-me com teu Espírito Santo! Peguei a
Bíblia e abri-a onde o Senhor dizia:
Porque João, na verdade, batizou com água, mas
vós sereis batizados com o Espírito Santo, não
muito depois destes dias. Atos 1:5
— Senhor —, clamei, — se estas palavras tuas forem
verdadeiras, então dá-me esse batismo agora —. Amontoei-me no
chão frio com o rosto em terra, e continuei a clamar:
— Senhor —, solucei — não desejo levantar-me deste lugar
até que me dês esse batismo —. De repente, fiquei cheia de
espanto e admiração. Pois naquele quarto silente, antes do nascer
do sol, eu vi o rosto dele. Algo passou através de mim, ondas após
ondas de um oceano purificador, inundando-me até as pontas dos
dedos das mãos e dos pés, lavando-me a alma.
Então as ondas poderosas diminuíram de intensidade; o
oceano celestial aquietou-se. Eu estava completamente limpa.
Alegria explodiu dentro de mim e clamei louvando-o e
agradecendo-lhe.
Horas mais tarde, senti o Senhor erguer-me. Ele desejava que
eu me levantasse. Olhei para fora das janelas e vi que já era quase
aurora.
— Ó Senhor —, disse eu, enquanto me deitava na cama. —
Será que o céu do qual o Senhor fala é melhor do que isto?
Conhecer-te é alegria; adorar-te é felicidade; estar perto de ti é paz.
E isto é céu!
Duvido que tenha dormido duas horas naquela madrugada.
Parecia não ter passado tempo nenhum quando minhas criadas
entraram para ajudar-me a vestir. Foi a primeira manhã, que me
lembre, em que não disse nenhuma palavra dura contra elas. Ao
contrário, reinava certa atmosfera de calma e paz no quarto
inundado de sol. Raisham até murmurou uma canção enquanto
me escovava o cabelo, coisa que nunca havia feito antes.
Durante todo aquele dia andei pela casa, louvando a Deus
silenciosamente, quase não podendo conter a alegria interior. Na hora
do almoço Mamude tirou os olhos das panquecas e disse:
— Mamãe, a senhora está tão sorridente; o que lhe aconteceu?
Passei a mão pela cabeça dele, emaranhando-lhe o cabelo
preto e lustroso.
— Dê-lhe um pouco de ralva —, disse ao cozinheiro. Este
prato, feito de trigo, manteiga e açúcar era o seu doce favorito.
Disse a Mamude que celebraríamos o Natal na casa dos Mitchell.
— Natal? — disse Mamude.
— É um feriado —, disse eu — parecido com o Ramazan (ou Ramadan) —. E
isso, Mamude compreendia. Ramazan era o mês do ano
muçulmano em que Maomé recebeu sua primeira revelação. De
modo que nesse mês, todo ano, os muçulmanos jejuam do nascer
ao pôr-do-sol, quando os tambores trovejam nas mesquitas e
enchemo-nos de guloseimas, doces, frutos amargos, folhas de
espinafre fritas em manteiga, berinjela delicadamente cozida e
kabobs suculentos. Natal, supunha eu, devia parecer um pouco
com o Ramazan, e eu estava certa. Quando David foi-nos
encontrar à porta de sua casa, delicioso cheiro de comida flutuava
ao seu redor, e ouviam-se risos dentro da casa.
— Entrem! Entrem! — exclamou ele, levando-nos para uma
sala de estar cheia do espírito festivo. Uma árvore de Natal
brilhava no canto e o riso dos dois filhos de Mitchell, um
pouquinho mais velhos que Mamude, escapavam de outro quarto.
Mamude, alegremente, uniu-se a eles no brinquedo.
Já não podia mais conter minha alegria.
— David! — exclamei, usando o seu primeiro nome sem nem
mesmo perceber — agora sou cristã! Fui batizada com o Espírito
Santo!
Ele olhou para mim por alguns instantes, então levou-me
para dentro da casa.
— Quem lhe falou acerca do batismo no Espírito Santo? —
perguntou ele, os olhos cor de cinza bem abertos. Ele começou a
rir alegremente e a louvar a Deus. Ao ouvir seus "aleluias!"
Synnove entrou correndo na sala, vindo da cozinha e David
perguntou-me novamente:
— Quem lhe contou?
— Jesus contou-me —, sorri. — Li-o no livro de Atos; pedi-o a
Deus e o recebi.
Tanto David como Synnove pareciam desnorteados. Então
correram para mim. Synnove colocou os braços ao meu redor e
desfez-se em lágrimas. David uniu-se a ela. Então, nós três, de
braços dados, louvamos a Deus pelo que havia feito.
Nessa noite comecei um diário de todas as coisas
maravilhosas que o Senhor estava fazendo por mim. Se eu
morresse — e eu não tinha idéia do que podia acontecer a mim
uma vez que se espalhasse a notícia de eu ter-me tornado cristã —
queria, pelo menos, que este registro da minha experiência
permanecesse. Enquanto escrevia minhas experiências, não tinha
idéia de que Deus fazia preparações a fim de começar minha
educação.



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Autor(a): grandeshistorias

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