Fanfics Brasil - O BATISMO COM FOGO E COM ÁGUA - Parte II 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA)

Fanfic: 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA) | Tema: Cristianismo, Islamismo, Fé, Amor


Capítulo: O BATISMO COM FOGO E COM ÁGUA - Parte II

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Dirigimo-nos de volta pelas ruas tortuosas de Wah. Sentamo-nos
em silêncio por alguns instantes com os Mitchell na sala de
estar, em oração. Então Ken suspirando profundamente, inclinou-se
para frente e disse a todos nós:
— Tenho certeza de que todos nós concordamos em que Deus
tem dirigido Bilquis de uma maneira muito singular até agora. E se
ela insiste em que a urgência em ser batizada vem de Deus, então
não sirvamos de empecilho. — Voltou-se para David: — Você vai a
Abbottabad. Que tal se Marie e eu levássemos Bilquis lá hoje, e
encontrássemos você e Synnove, e arranjássemos para Bilquis ser
batizada lá nesta tarde? Esqueçamos Peshawar.
Subitamente isso parecia a coisa certa e todos nós
começamos a fazer as preparações. Corri para casa, disse a
Raisham que colocasse na mala um conjunto de roupas extra;
roupas estas, disseram os Old de que eu iria necessitar.
— Algo que seja resistente à água — dissera Ken.
Entretanto, no meio de tudo isso sentia-me inquieta. Sentia
até mesmo a diminuição da proximidade do Senhor. Não me tinha
ele dado, de várias maneiras, uma instrução específica e urgente?
Não me tinha ele dirigido a batizar-me com água agora?
Um pensamento cruzou-me a mente. Desfiz-me da idéia. Era
inimaginável.
Mas ao persistir o pensamento, perguntei ao meu Senhor, em
oração:
— Será que podia ser, Deus Pai?
E assim no dia 24 de janeiro de 1967 teve início um batismo
muito incomum.
Raisham estava em pé, à minha frente, em resposta a meu
chamado.
— Sim —, disse de novo. — Por favor, encha a banheira.
Tornou a seu dever, com uma expressão de incredulidade no
rosto; eu nunca havia tomado banho a esta hora do dia.
Raisham anunciou que o banho estava pronto. Mandei-a sair.
O que então fiz pode ter alguns problemas teológicos. Mas eu não
estava pensando em termos teológicos. Estava simplesmente
tentando obedecer a um impulso forte, apoiado pelas Escrituras.
Eu devia ser batizada agora, e com os impedimentos que, percebia
eu estarem-se juntando, tinha receio de esperar até a tarde.
De modo que por desejar mais do que qualquer outra coisa
no mundo permanecer na presença do Senhor, e a maneira de
fazer isso era mediante a obediência, fui ao banheiro e entrei na
banheira. Ao sentar-me, a água quase me chegava ao ombro.
Coloquei a mão sobre minha própria cabeça e disse em voz alta:
— Bilquis, eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. — Afundei-me na água de modo que meu corpo inteiro
ficasse totalmente imerso.
Saí da água regozijando-me, clamando e louvando a Deus.
— Oh, Pai, obrigada. Sou tão feliz! — Eu sabia que meus
pecados haviam sido lavados e que eu era aceitável à vista do
Senhor.
Não tentei explicar a Raisham o que tinha feito e ela com seu jeito
costumeiro e reservado não perguntou. Dentro de alguns minutos
estava vestida, esperando que os Old viessem levar-me ao meu
batismo em Abbottabad. De novo, não sabia qual seria a teologia
da situação, mas conhecia meus motivos; esses amigos cristãos
tinham tanto cuidado de mim, tinham-me ajudado tanto, haviam
passado por muita coisa por mim e eu não desejava complicar
ainda mais a situação. Prosseguiria com o batismo, embora certo
instinto me dissesse que eu já tinha feito o que o Senhor desejava.
Tentei ler a Bíblia mas meu espírito regozijava-se de tal modo que
eu era incapaz de concentrar-me. Estava de volta à glória, assim
como sempre voltara, ao obedecer-lhe explicitamente, tendo a
Bíblia como única diretriz.
— Begum Sahib, Begum Sahib?
Levantei os olhos, era Raisham. Dizia ela que os Old estavam
embaixo, esperando.
Disse a Mamude que ficaria fora o resto do dia. Achei melhor
ele não se envolver demais no acontecimento que poderia ter
conseqüências desagradáveis. Então desci para juntar-me a Ken e
a Marie.
Levamos duas horas de viagem até Abbottabad, por uma
estrada alinhada de pinheiros de ambos os lados. Não mencionei
meu batismo na banheira. Em vez disso, falei das muitas vezes que
havia passado por esta mesma estrada indo a acampamentos com
a família, seguida por vários carros carregados de bagagem.
Silenciosamente, perguntava-me a mim mesma se devia sentir-me
desleal a essa antiga herança.
Quando chegamos à missão encontramos os Mitchell
esperando juntamente com um médico canadense e sua esposa:
Bob e Madeline Blanchard, nossos anfitriões. Com eles estava um
senhor paquistanense.
— Esse cavalheiro —, disse Synnove — é Padri Bahadur, o
ministro que a batizará.
Olhei para as outras pessoas; estavam também presentes um
médico anglicano e outro ministro paquistanense.
— Talvez isso seja profético, Bilquis —, disse Synnove. —
Pode ser que por sua causa muitos cristãos se unam, pois esta
talvez seja a primeira vez no Paquistão que os batistas, os
presbiterianos e os anglicanos tenham-se unido numa cerimônia
de batismo.
Reinava certa atmosfera de emoção na sala: portas fechadas,
cortinas cerradas; fiquei imaginando como devia ter sido no
primeiro século quando os cristãos faziam os batismos nas
catacumbas embaixo de Roma.
Enquanto nos preparávamos para a cerimônia, olhei ao meu
redor e perguntei:
— Mas onde está o tanque?
Não existia nenhum. Ken disse que eu teria de ser aspergida.
— Mas Jesus foi imerso no rio Jordão —, disse eu. Havíamos
atravessado um rio logo antes de chegar à sede da missão.
— Por que não me levam de volta ao rio? — perguntei; então
lembrei-me de que estava fazendo muito frio e que os outros
também teriam de entrar na água e eu não queria forçar a questão.
Especialmente por ter certeza de já ter recebido o sacramento.
E assim fui batizada de novo, desta vez por aspersão.
Enquanto estava sendo aspergida, pensei em como o Senhor devia
estar rindo. Depois da cerimônia, levantei os olhos e vi lágrimas
descendo pelas faces dos outros na sala.
— Bem —, sorri — esta choradeira toda certamente não me
encoraja nada!
— Oh, Bilquis —, Synnove limpava o nariz; veio até mim, e
lançou os braços ao meu redor e não pôde prosseguir.
— Parabéns! — disseram todos, um a um. Synnove cantou
um hino, Ken leu a Bíblia; e já era hora de voltar para casa.
Foi uma viagem calma. Não havia ansiedade entre nós; era
bom estar com os cristãos. Dissemos adeus, outra vez, por entre
lágrimas e entrei em casa.
Meu humor agradável foi desfeito no instante em que cheguei.
A caseira correu para mim, olhos arregalados, ansiedade na voz:
— Ó Begum Sahib, sua família esteve aqui perguntando pela
senhora! Dizem que sabem que a senhora está-se misturando com
os cristãos, e...
Levantei a mão.
— Pare com isso! — ordenei, silenciando a conversa. — Diga-me
quem veio.
Enquanto a caseira recitava os nomes dos que tinham vindo
à minha casa naquele dia, uma nova apreensão inundou-me o ser.
Estes eram os membros mais velhos de minha família, tios, primos,
tias, pessoas que somente viriam à minha casa desta maneira por
causa de um assunto vitalmente importante.
Meu coração desfaleceu. Nessa noite jantei com Mamude,
tentando não deixar meus temores aparecerem, mas logo que ele
foi para cama eu também me retirei para meus aposentos. Olhei
para fora, através da filigrana da janela; a neve tinha parado de
cair e à luz da lua invernal podia distinguir os esboços do jardim
que tanto amava! Ao meu redor percebi o conforto da antiga e
querida casa, meu santuário, meu retiro.
E agora? Ser-me-ia permitido conservar a casa? Era um
pensamento estranho, pois sempre tivera a segurança da família,
do dinheiro e do prestígio. Entretanto, sentia, sem dúvida alguma
que esse pensamento também era profético. Os poderes que eu
sabia estarem-se juntando contra mim haviam começado já a
manifestar-se através de minha família. Muito do meu "poder",
muito de minha "segurança", estavam na família. O que
aconteceria, se de repente todos eles começassem a opor-se a mim?
Certamente este era o motivo pelo qual o Senhor insistira em
que me batizasse imediatamente. Ele me conhecia. Ele sabia onde
eu era mais vulnerável.
Deixei-me ficar a olhar para fora da janela. A sombra
oscilante das árvores brincava nas filigranas da janela.
— Ó Senhor! — orei — por favor, não deixes que eles me
ataquem todos de uma vez. Por favor, que venha um de cada vez.
Nem bem acabava de murmurar estas palavras quando ouvi
uma batida na porta. A criada do andar térreo entrou e entregou-me
um pacote.
— Isto acaba de ser entregue — disse ela. Rasguei o
embrulho, com impaciência, e encontrei uma Bíblia com a seguinte
dedicatória: À nossa querida irmã, no dia do seu aniversário.
Estava assinado: "Ken e Marie Old".
Apertei-a contra o peito, agradecendo a Deus amigos tão bons.
Abri-a então, e meus olhos caíram numa página em que estas
palavras pareciam se destacar: Eu os espalharei para longe...
Naquele instante o significado destas palavras era-me um
mistério.



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Autor(a): grandeshistorias

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