Fanfics Brasil - APRENDENDO A VIVER NA GLÓRIA - Parte III 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA)

Fanfic: 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA) | Tema: Cristianismo, Islamismo, Fé, Amor


Capítulo: APRENDENDO A VIVER NA GLÓRIA - Parte III

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Acompanhei meu visitante à porta e convidei-o
para voltar. Ele nunca voltou, mas outros vieram, alguns bem
preparados para a batalha e com concepções errôneas tão grandes!
Jamais me esquecerei do que acusou os cristãos de adorarem três
deuses distintos.
— A assim chamada Trindade consiste em Deus, Maria e
Jesus! — Disse ele. — Vocês, os cristãos, dizem que Deus tomou
uma esposa, Maria, e de sua união nasceu Jesus. Alá não pode ter
esposa! — Riu ele.
Orei rapidamente. E uma linha clara de pensamento veio-me
à mente.
— Você lê o Alcorão? — perguntei.
— É claro.
— Bem, então você deve lembrar-se de que o Alcorão diz que
o Espírito de Deus foi dado a Cristo? — Tinha indagado a mim
mesma com freqüência como podia o Alcorão conter verdades tão
maravilhosas como esta?! — Você talvez tenha ouvido falar de
Sadu Sundar Sing, o Sik devoto a quem Jesus apareceu em uma
visão. A explicação que Jesus deu da Trindade foi: "Assim como no
sol há calor e luz, e a luz não é calor e o calor não é luz, e ambos
são um, embora manifestem-se de formas diferentes, assim
também eu e o Espírito Santo procedemos do Pai, trazemos luz e
calor ao mundo ... Entretanto não somos três mas um, assim como
o sol é um."
Quando parei de falar a sala estava em silêncio. Meu hóspede
meditava profundamente. Por fim, levantou-se, agradeceu-me o ter
passado algum tempo com ele e em silêncio deixou a casa.
Ao observar sua figura esguia descendo a entrada de carro
encascalhada ocorreu-me indagar de mim mesma se minhas
curtas palestras com pessoas como o inglês e este zelote estavam
realmente sendo usadas pelo Senhor. Não tinha como saber;
nunca mais tive notícias deles. Mas isso não era importante. Talvez
eu nem devesse preocupar-me com os resultados. A única coisa
que realmente importava para mim era a obediência. Se o Senhor
me pedia que falasse com essas pessoas, era justamente isto que
devia fazer.
À medida que o inverno se transformava em primavera, o
Senhor parecia apresentar-me outras maneiras de testemunhar.
Fui a Lahore e depois de uma boa mas estranha e incomunicativa
conversa com meu filho Khalid, comprei cem exemplares da Bíblia
a fim de distribuir a qualquer pessoa que se interessasse em
possuir um. Comprei também grande quantidade de folhetos.
Distribuía-os em toda oportunidade que encontrava; deixava-os
também nos banheiros públicos. Não tenho certeza de que isto
tenha dado algum resultado. Certa vez ao voltar ao banheiro onde
tinha deixado um pacote de folhetos, vi que esse pacote havia
diminuído. Olhei para a cesta de lixo. Ali, amassados, estavam os
exemplares que faltavam.
— Parece tudo tão sem propósito, Senhor — disse eu. —
Estou fazendo o que o Senhor deseja? Por que, Senhor, — disse eu
erguendo as mãos em súplica — não pude, uma única vez, ver os
resultados do testemunhar de ti? — Pensava no inglês convertido
ao islamismo, no general, em todos os criados que haviam fugido e
nas centenas de vezes em que tinha conversado com pessoas de
minha família e amigos — nem uma destas vezes havia produzido
frutos visíveis. — Tudo é tão curioso, Senhor! Simplesmente não
compreendo por que o Senhor não me está usando.
À medida que orava a sensação da presença de Cristo
aumentava naquela sala. Ele parecia encher a atmosfera de poder
e conforto. Ouvi, no coração, a sugestão distinta: "Bilquis, tenho
somente uma pergunta a fazer-lhe: pense nas vezes em que você
conversou com seus amigos, e com sua família. Pense nas vezes
em que aceitou as pessoas que vieram a fim de discutir. Você
sentiu minha presença durante essas conversas?"
— Sim, Senhor. Sim, deveras, senti-a.
— Minha glória estava lá?
— Sim, Senhor.
— Isso é tudo o de que você precisa. É assim, muitas vezes,
que acontece com os amigos e com a família. Os resultados não
são problema seu. Você deve preocupar-se somente com a
obediência. Busque minha presença, não os resultados.
Assim continuei em minha trajetória. O estranho é que ela se
tornava cada vez mais estimulante e revigoradora. Uma vez que o
Senhor havia desviado minha atenção dos "resultados" para sua
presença, eu podia ter a alegria de ver amigo após amigo, parente
após parente sem o mínimo sentimento de frustração. Aprendi a
aproveitar as oportunidades. Quer a conversa versasse sobre
política ou roupas, pedia que Deus fizesse surgir uma questão que
me desse uma abertura. Por exemplo, certa vez ao conversar com
uma sobrinha, a palestra foi levada para meu ex-marido, que agora
era embaixador paquistanense ao Japão.
— E se Khalid viesse à sua casa? — sorriu ela, levantando o
sobrolho.
Olhei-a nos olhos. — Dar-lhe-ia boas-vindas. Servir-lhe-ia
chá. — Minha sobrinha olhou para mim com incredulidade. — Já
lhe perdoei — continuei. — E espero que ele me tenha perdoado
tudo o que fiz para magoá-lo.
— Como é que a senhora pode perdoar dessa maneira?! —
Minha sobrinha sabia que a separação tinha sido muito difícil.
Expliquei ser verdade que por mim mesma não podia perdoar.
Havia pedido a Jesus que me ajudasse. — Você percebe —, disse
eu. — Jesus convidou-nos para levar nossos fardos a ele. Jesus
desfez o meu fardo de ódio.
Minha sobrinha ficou imóvel por uns instantes.
— Bem, — disse ela — Esse é um Cristianismo do qual ainda
não tinha ouvido falar. Se a senhora vai agir dessa maneira eu
serei um dos primeiros a vir aprender a respeito de seu Jesus.
Ainda aqui fiquei desapontada. Tinha grandes esperanças.
Cria deveras que minha sobrinha voltasse ao assunto mas nunca
mais o fez.
Também houve dias em que a glória me deixou durante esse
período. Sempre acontecia do mesmo modo. Eu caía na armadilha
de Satanás: convencia-me ele de eu estar fazendo um bom
trabalho, de que meus argumentos eram realmente profundos!
Certo dia, por exemplo, um amigo perguntou-me:
— Por que você tem de ser tão exclusiva? Você terá de admitir
que todos nós adoramos o mesmo Deus, quer a pessoa seja cristã,
muçulmana, hindu, budista ou judia. Podemos dar-lhe nomes
diferentes e irmos a ele de diferentes direções, mas no final é o
mesmo Deus.
— Você quer dizer que ele é como o topo de uma montanha
ao qual todos os diferentes caminhos levam?
Ele se ajeitou na cadeira equilibrando sua xícara de chá e
assentiu com a cabeça. Então lancei-me ao ataque.
— Bem —, disse eu — ele pode ser o topo da montanha mas
só existe um caminho que leva a ele, e esse é mediante Jesus
Cristo. O Senhor disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida."
Não simplesmente um caminho —, acrescentei categoricamente —
mas o caminho.
Meu amigo depôs sua xícara de chá, fez uma careta e sacudiu
a cabeça.
— Bilquis, — disse ele — será que ninguém ainda não lhe
disse que você parece muito orgulhosa?
E instantaneamente eu sabia que o homem sentado à minha
frente falava por Deus. Meus argumentos estavam corretos. Eram
bíblicos e sãos. Mas o Espírito havia-se retirado. Bilquis estava
certa. Bilquis ditava a verdade. Rapidamente fiz uma oração de
arrependimento e pedi que o Senhor tomasse o controle.
— Sinto muito —, falei. — Se pareço convencida por ser cristã,
então não estou agindo como Cristo deseja. Quanto mais aprendo
a respeito de Cristo tanto mais preciso de ser corrigida. O Senhor
tem tanto a ensinar-me e sei que neste exato momento ele está
falando através de você.
Meu visitante saiu, talvez um pouco mais perto do Senhor,
talvez não. Duvido que jamais venha a saber. Mas sei que eu
estava, passo após doloroso passo, aprendendo a ouvir e a
obedecer.
Então certa noite tive outra daquelas experiências
assustadoras que estavam acontecendo depois de ter-me tornado
cristã. Estava em meu quarto preparando-me para dormir quando
repentinamente senti a presença poderosa do mal à janela.
Instantaneamente voltei-me para meu protetor, que me advertiu a
não chegar perto da janela. Caí ao chão orando, pedindo que o
Senhor me cobrisse como a galinha cobre seus pintainhos e senti-me
totalmente protegida. Ao levantar-me, a presença da janela
havia desaparecido.
Na manhã seguinte fui de carro à casa dos Mitchell. O sol
brilhava iluminando as ruas mas por dentro ainda me estremecia.
Chegando à porta da casa deles, senti certa hesitação em
mencionar o que me havia acontecido, com receio de eles não
compreenderem.
À porta, Synnove abraçou-me, então afastando-se, seus olhos
azuis questionaram-me.
— O que há, Bilquis? — perguntou ela.
— Bem —, aventurei-me — por que as coisas assustadoras
continuam acontecendo depois da pessoa tornar-se cristã?
Levou-me para a sala de estar onde nos assentamos.
— Realmente não sei o que você quer dizer —, respondeu ela
com ar curioso. — Alguém a ameaçou?
— Não alguém —, respondi — mas alguma coisa.
— Oh? — fez ela. Levantou-se e foi buscar a Bíblia. — Aqui —,
disse ela assentando-se e folheando as páginas da Bíblia. —
Efésios 6 fala desse tipo de coisas. — Leu: "Pois não é contra carne
e sangue que temos de lutar, mas sim contra os principados, contra
as potestades, contra os príncipes do mundo destas trevas, contra
as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes."
Levantou os olhos para mim.
— Deve ser isso —, disse eu e contei-lhe o que tinha
acontecido naquela noite.
Ela ouviu com atenção. Perguntou:
— Por que você não conversa com os Old. acerca disso?
— Bem —, disse eu, dando uma risada nervosa — nem
mesmo sei se desejo falar mais acerca disso.
E assim ainda pensava no inicio de nossa reunião com os Old
naquela noite. Decidi não mencionar o assunto. Simplesmente
estaria me expondo ao ridículo, pensei. Provavelmente era só
minha imaginação.
Entretanto, ao conversar com Marie Old sentada no sofá
defronte à lareira, não pude deixar de mencionar o assunto. Tentei
parecer despreocupada.
— Aconteceu-me uma coisa muito estranha na noite passada,
Marie — disse eu. — Tive uma experiência por demais assustadora
e não posso explicá-la.
Ken, seu marido, geralmente descontraído, estava sentado
numa cadeira à janela atrás de nós lendo um livro. Ao ouvir-me,
abaixou o livro, olhou para nós e percebendo minha relutância em
falar a respeito dessa experiência, tranqüila e gentilmente levou-me
a explicar o episódio todo.
Ao terminar, tentei rir.
— E também —, disse eu alegremente — pode ser que eu
tivesse comido caril demais no jantar na noite passada.
— Não diminua as coisas pelas quais o Senhor a faz passar —,
disse ele calmamente. — As coisas sobrenaturais realmente
acontecem. — Deu volta ao sofá e sentou-se numa cadeira à nossa
frente; compenetrado.
Explicou a presença sobrenatural do mal e como Deus às
vezes permite que ela sobrevenha a nós como uma prova.
Exemplificando citou no Antigo Testamento a permissão que Deus
deu a Satanás para afligir a Jó; no Novo Testamento Deus permitiu
que o maligno tentasse a Cristo no deserto. Estas duas ocasiões,
ressaltou Ken, foram provas. E em cada caso, acrescentou ele, a
pretendida vítima de Satanás emergiu vitoriosa por causa de sua fé
sincera em Deus. Não pude deixar de lembrar-me do ataque que
sofri duas noites antes do meu batismo.
A aprendizagem continuava lentamente. Mas o que eu não
sabia ao meditar com gratidão no ensino confortador de Ken, era
que o Senhor já tinha começado um processo que me deixaria cada
vez mais solitária; solitária mas não a sós. Processo esse que me
afastaria mais e mais de minha família, levando-me a uma família
grande e protetora; que me afastaria das raízes em Wah que tanto
significavam para mim, fazendo com que criasse raízes profundas
em uma cidade nova.
Por causa das provas de resistência vindouras ele me fazia
passar, muitas vezes, por situações nas quais eu tinha de
depender somente dele.



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Autor(a): grandeshistorias

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