Fanfics Brasil - VENTOS DE MUDANÇA - Parte II 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA)

Fanfic: 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA) | Tema: Cristianismo, Islamismo, Fé, Amor


Capítulo: VENTOS DE MUDANÇA - Parte II

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Quando o avião decolou, fiquei olhando para fora da janela
até ver o Paquistão desaparecer no nevoeiro. Embora soubesse que
voltaria dentro de alguns dias, alguma coisa advertia-me de que
em um sentido muito real isto era apenas o princípio. Embora
houvesse de retornar fisicamente a meu lar, em outro sentido eu
jamais voltaria. Este grupo de cristãos era agora a minha família.
Qual seria o significado de tudo isso? A idéia espantava-me.
Do aeroporto de Cingapura fomos direto para o salão de
conferências; as reuniões já tinham começado.
E repentinamente, muito para minha surpresa, descobri que
minha reação a este grupo de cristãos reunidos era bem diferente.
Havia milhares de homens e mulheres no salão de
conferências, o maior conglomerado de pessoas que eu já tinha
visto. Quando entrei no salão cantavam o hino "Quão Grande És
Tu". Senti a presença emocionante e familiar do Espírito de Deus.
Quase que instantaneamente eu queria chorar, não de tristeza,
mas de alegria. Nunca antes havia visto tão grande multidão
louvando ao Senhor. Mal podia compreender a extensão de tudo
isso. Tanta gente de tantos países! Raças diferentes, diferentes
roupas! Galerias de cristãos em louvor que parecia elevar-se para
sempre.
Isto era diferente! Não parecia nada com o grupo de pessoas
no avião. Então percebi o que tinha acontecido. Repentinamente
tudo ficou muito claro. As pessoas no avião, estavam tímidas,
nervosas e talvez até com medo — medo da novidade, medo de
voar. Blefavam e faziam pose, não no Espírito apesar do linguajar
cristão. Moviam-se no Espírito tanto quanto eu ao repreender um
dos criados ou reagir violentamente a um tio quando tentava
pressionar-me de volta ao islamismo. O problema era a linguagem.
O falar cristão havia-me enganado. Devia ter reconhecido o
"cristianês", por assim dizer, o disfarce de uma dor.
Mas aqui, no centro de conferências era diferente. A hora
social havia terminado, o culto começara. Se a profecia que eu
havia recebido significasse estar com grupos como este, isso eu
podia apreciar e aceitar.
Uma coisa ainda me preocupava. Deveria eu realmente ficar à
frente destes milhares de pessoas e testemunhar a elas? Uma coisa
era contar minhas experiências aos conhecidos em Wah. Mas aqui?
Com todas estas pessoas de aparência estranha, de tantos
continentes diferentes? Não me sentia nada segura. Apressei-me
para o hotel onde tentei descontrair-me. Olhei para fora da janela,
para Cingapura que fervilhava de gente. Que diferença entre
Cingapura, Londres e Paris! As pessoas apertando-se nas ruas,
mascates anunciando seus produtos em cantilenas monótonas,
carros trafegando pelo meio da multidão, constantemente
buzinando. A própria multidão parecia ameaçar-me; vinha-me o
mesmo sentimento que tivera no salão de conferências. Tremi,
fechei a cortina e fui para o outro lado do quarto. Sentei-me e
tentei acalmar-me.
— Oh, Senhor — clamei. — Onde está teu Espírito
confortador?
Subitamente lembrei-me de uma experiência da infância:
andava com papai pelo mercado de Wah. Papai preveniu-me que
permanecesse a seu lado, mas sempre ativa, eu desejava correr.
Certo dia separei-me dele. Uma exposição de flores chamou-me a
atenção e corri para lá. Subitamente compreendi que meu pai já
não estava a meu lado. Enchi-me de pânico e explodi-me em
lágrimas.
— Ó papai —, solucei — vem socorrer-me! Eu jamais fugirei
de ti! — Falava eu ainda quando o vi, alto e esbelto correndo para
mim por entre a multidão. Eu estava com ele de novo. Tudo o que
queria agora era permanecer a seu lado.
Sentada, no quarto de hotel, compreendi que de fato tinha
deixado meu Pai celeste outra vez. Ao permitir-me ficar ansiosa,
havia fugido de sua presença confortadora. Quando aprenderia
que não posso preocupar-me e confiar em Deus ao mesmo tempo?!
Descontraí-me, recostei-me na cadeira e senti paz novamente.
— Obrigada, Pai —, disse, chorando de alívio. — Por favor,
perdoa-me o afastar-me de ti. Tu estás aqui, e também estás no
salão de conferências. Estarei segura.
Alguns minutos depois, no saguão do hotel, senti uma mão
pressionar-me o braço e ouvi uma voz familiar. Voltei-me e vi o Dr.
Mooneyham.
— Madame Sheikh! É tão bom vê-la aqui! — O Dr.
Mooneyham parecia muito contente em me ver. — Ainda está
disposta a falar? — Era como se ele tivesse lido meu pensamento.
— Não se preocupe comigo —, disse sorrindo. — Estarei bem.
O Senhor está aqui.
O Dr. Mooneyham, parado estudava meu rosto, como se
procurasse um modo de interpretar minhas palavras. Afinal, eu
estivera usando o "cristianês" também, e se o levasse a sério,
possivelmente se enganaria como me havia enganado no avião. Os
olhos do Dr. Mooneyham pareciam ler minha própria alma. Logo
pareceu satisfeito.
— Bem —, disse ele abruptamente. — Você está escalada
para amanhã de manhã. — Olhou para o relógio. — Você terá
muito apoio em oração.
O Dr. Mooneyham tinha-me compreendido corretamente. O
sentimento de segurança durou por toda a manhã seguinte
também, quando deveras me levantei perante aqueles milhares de
pessoas a fim de contar-lhes a maneira estranha em que o Senhor
me havia encontrado. Não foi difícil falar. Ele estava comigo
enquanto eu tropeçava nas palavras procurando dizer alguma
coisa. Ele abraçava-me estimulando-me e assegurando-me de que
era ele quem estava comunicando e não eu. E enquanto as pessoas
me rodeavam em comunhão amorosa depois da palestra, pareciame
ter dado o primeiro passo em direção a um novo tipo de
trabalho para o Senhor.
O Senhor também arranjou para que eu conhecesse um
homem que seria de grande influência em minha vida, embora
nessa época eu não soubesse disso. Fui apresentada ao Dr.
Christy Wilson, um amável cavalheiro, pastor de uma igreja para
os estrangeiros em Kabul, no Afeganistão. Encontramos comunhão
no Espírito do Senhor enquanto falávamos a respeito de seu
trabalho.
Em breve as reuniões se acabaram e eu estava a caminho de
casa. Uma vez mais percebi que a viagem toda tinha um caráter
estranhamente premonitório, como se Deus tivesse pedido que eu
fosse com ele a Cingapura a fim de aprender mais acerca de um
trabalho que tinha para mim.
Bem, disse para mim mesma, pelo menos estarei sediada em
Wah. Talvez eu não me importasse demais em viajar de vez em
quando; deixar meu lar confortável e seguro de vez em quando.
Enquanto o carro saía da rodovia Tronco Grande em direção
à nossa casa, que aparecia segura por entre as árvores eu não
tinha como saber que o processo de emancipação ia destruir um
pouco mais dessa segurança.



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Autor(a): grandeshistorias

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