Fanfics Brasil - AVISOS DE TEMPESTADE - Parte IV - Últimos Capítulos 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA)

Fanfic: 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA) | Tema: Cristianismo, Islamismo, Fé, Amor


Capítulo: AVISOS DE TEMPESTADE - Parte IV - Últimos Capítulos

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Ficou então decidido. Khalid voltaria a Lahore. Iríamos
encontrar com ele lá a fim de dar andamento aos papéis.
Foi assim que numa manhã quente de julho de 1972, Tooni,
Mamude e eu estávamos quase prontos para a viagem a Lahore a
fim de ver corretores para tratar da venda de minhas propriedades.
Ao sair da casa, a beleza do jardim atingiu-me. As flores de verão
estavam em sua maior beleza e até as fontes pareciam borbulhar
mais alto que de costume.
— Estaremos de volta em algumas semanas —, disse eu aos
criados reunidos nos degraus da frente da casa. Todo mundo
parecia aceitar essa idéia. Todo mundo, isto é, menos Nur-jan e
Raisham. Nur-jan subitamente explodiu em lágrimas e saiu
correndo.
Tristemente subi ao meu quarto a fim de apanhar alguma
coisa que tinha esquecido. Ao voltar de novo para o hall a fim de
descer, Raisham estava de pé em minha frente. Tomou minha mão,
com os olhos molhados de lágrimas.
— Deus vá com a senhora, Begum Sahib — disse ela
suavemente.
— E ele contigo. — Respondi.
Raisham e eu ficamos paradas no hall em silêncio, nada
dizendo mas compreendendo tudo. De alguma forma percebi que
eu não mais veria esta pessoa alta e esbelta de novo — ela, com
quem me tornara tão íntima. Apertei-lhe a mão e sussurrei:
— Não há ninguém que possa pentear meu cabelo como você.
Raisham levou as mãos ao rosto e saiu correndo. Estava a
ponto de fechar a porta do quarto quando algo me deteve. Entrei
de novo no quarto e fiquei parada em pé. Um silêncio pairava sobre
o quarto mobiliado de branco. O sol matinal entrava pela janela do
jardim. Foi aqui que me encontrara com o Senhor.
Dei as costas para o quarto e para meu precioso jardim, onde
tantas vezes havia sentido a presença do Senhor; saí da casa e
caminhei em direção ao carro.
Existiam pessoas em Lahore a quem ficaria extremamente
feliz em rever. Primeiro, é claro, Khalid, sua esposa e a filha
adolescente. Também havia a possibilidade de ver os Old. Eu tinha
escrito que iria a Lahore. Sua nova missão ficava numa vila a
alguma distância da cidade, mas esperava ver estes velhos e
queridos amigos.
Lahore, como de costume em julho, estava terrivelmente
quente; das ruas subia o vapor da chuva da última monção. Ao
passarmos pelas ruas movimentadas do centro da cidade, um alto-falante
num minarete acima de nós, irradiava a voz metálica da
oração do meio-dia de um muezim. O trânsito subitamente
diminuiu enquanto os carros e caminhões procuravam
estacionamento. Os motoristas desciam para a calçada, estendiam
seus tapetes de oração e começavam a se prostrar.
Tooni só pôde ficar conosco por pouco tempo por causa de
obrigações anteriores. Depois de arrumarmos os papéis
necessários e de termos uma conversa curta, Khalid levou-nos à
estação ferroviária para que Tooni pegasse o trem. Na estação,
tivemos um instante de pungência, um período mais triste do que
eu poderia compreender. Segundo planejado, Mamude veria sua
mãe de novo em alguns dias. Entretanto todos nós percebemos
algo inusitado nessa despedida. Mamude, com quase dez anos de
idade, tentava conter as lágrimas ao beijar a mãe. Tooni chorava
abertamente enquanto abraçava o filho. De repente eu também
estava chorando e os três nos abraçamos na plataforma de
embarque.
Finalmente, Tooni jogou o cabelo cor de castanha escura para
trás e sorriu:
— Ora, animemo-nos, isto não é um funeral.
Sorri, beijei-a de novo; Mamude e eu a seguimos com os olhos
enquanto embarcava no trem. O trem apitou e os vagões
começaram lentamente a sair da estação; uma dor profunda
invadiu-me o coração. Procurei o rosto de Tooni na janela.
Localizei-a. Mamude e eu jogamos-lhe beijos.
Avidamente, fixei o rosto de Tooni na mente, gravando-o na
memória.
O dia seguinte gastei-o com corretores de imóveis que me
preveniram de que a venda de minhas propriedades levaria várias
semanas. Khalid assegurou-nos que seríamos bem-vindos por todo
o tempo que quiséssemos permanecer em sua casa.
A única coisa que me perturbava é que não teria comunhão
espiritual. Agora sabia por que os discípulos saíram dois a dois. Os
cristãos precisam uns dos outros para apoio e conselho.
Telefonei para os Old. Que bom foi ouvir de novo a voz de
Marie! Rimos, choramos e oramos no telefone. Embora tivessem
um programa muito ocupado que os impedia de vir a Lahore, é
claro que podiam colocar-me em contato com cristãos na cidade.
Marie mencionou especialmente a esposa de um professor
universitário, Peggy Scholorholtz.
Estranho! Por que meu coração bateu mais rápido ao som
desse nome?
Dentro de minutos, Peggy e eu estávamos conversando no
telefone. Dentro de horas, ela estava na sala de visitas de Khalid.
Ao ver-me, seu rosto transformou-se em sorriso.
— Diga-me, Begum Sheikh —, disse ela — é verdade que você
encontrou Jesus pela primeira vez em um sonho? Como é que veio
a conhecer o Senhor?
Ali, na sala de visitas, contei a Peggy minha história toda,
justamente como tinha começado seis anos atrás. Peggy ouviu com
toda atenção. Ao terminar, ela pegou minha mão e disse a coisa
mais espantosa.
— Gostaria que você fosse aos Estados Unidos comigo!
Olhei para ela, estonteada. Mas de novo meu coração
disparava.
— Estou falando sério — disse Peggy. — Parto em breve a fim
de colocar meu filho na escola. Ficarei nos Estados Unidos por
quatro meses. Você poderia viajar comigo e falar a nossas igrejas lá!
Ela estava tão entusiasmada que eu não quis arrefecer-lhe o
ânimo.
— Bem, — disse eu sorrindo — agradeço muito seu convite.
Mas deixe-me orar a esse respeito.
Na manhã seguinte uma criada entregou-me um bilhete. Li-o
e dei uma risada. Era de Peggy. Dizia: "Você já orou?" Sorri,
amassei o bilhete e não fiz nada. Era um absurdo até mesmo
pensar a respeito disso.
A menos que. ... Subitamente os acontecimentos dos dois
anos passados vieram-me à mente numa onda enorme. Os sonhos.
As advertências. O incêndio. Minha decisão de fazer o que quer
que o Senhor desejasse — ainda que significasse deixar minha
terra natal.
Não, não tinha realmente entregue a pergunta de Peggy ao
Senhor. Mas agora o fiz. Coloquei a viagem em suas mãos. Era
difícil porque uma parte de mim, que eu não compreendia, sabia
que se eu partisse não seria só por quatro meses, seria para
sempre.
— Senhor, di-lo-ei uma vez mais. Tu sabes quanto desejo
permanecer em minha terra. Afinal tenho 52 anos de idade, e essa
não é uma boa idade para começar tudo de novo.
— Mas, — suspirei — mas ... essa não é a coisa mais
importante, não é? Tudo o que realmente importa é permanecer
em tua presença. Por favor, ajuda-me, Senhor, a jamais tomar
uma decisão que me venha afastar de tua glória.



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Autor(a): grandeshistorias

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Estranho! Depois de o Senhor mudar meu modo de pensarquanto a deixar o Paquistão, surgiram repentinos empecilhos.Um, por exemplo, que parecia intransponível era uma lei quediz que os cidadãos paquistanenses só podem tirar 500 dólares dopaís. Como meu dependente, Mamude podia levar 250 dólares.Como é que Mamude e eu pode ...


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