Fanfics Brasil - OS SONHOS - Parte I 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA)

Fanfic: 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA) | Tema: Cristianismo, Islamismo, Fé, Amor


Capítulo: OS SONHOS - Parte I

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Só fui pegar a pequena Bíblia cor de cinza no dia seguinte.
Nem Tooni nem eu nos referimos à Bíblia novamente depois de eu
ter levado a conversa para outro assunto. Mas por toda a longa
tarde as palavras da passagem fervilhavam logo abaixo da
superfície da minha consciência.
Cedo, na noite do dia seguinte, retirei-me para meus
aposentos onde planejava descansar e meditar. Levei comigo a
Bíblia e acomodei-me nas almofadas macias do meu divã. Uma vez
mais folheei as páginas da Bíblia e li outra passagem enigmática:
Pois Cristo significa o final da luta pela justificação-
pela-Lei, e isto para todos os que nele crêem.
Romanos 10:4 (Phillips)
Abaixei o livro por alguns instantes. Cristo? Ele era o fim da
luta? Continuei a ler.
O segredo reside no vosso próprio coração e na
vossa boca. ...Se abertamente admitirdes pela
vossa própria boca que Jesus Cristo é o Senhor, e
se crerdes no coração que Deus o ressuscitou dos
mortos, sereis salvos. Romanos 10:8-9 (Phillips)
Coloquei o livro de lado outra vez, sacudindo a cabeça. Isto
contradizia diretamente o Alcorão. Os muçulmanos sabiam que o
profeta Jesus era simplesmente humano, que o homem não
morreu na cruz, mas foi levado ao céu por Deus e um sósia fora
colocado na cruz em seu lugar. Agora, viajando por um céu inferior,
esse Jesus algum dia voltará à terra para reinar por quarenta anos,
casar-se, ter filhos e depois morrer. De fato, ouvi dizer que existe
um pedaço de chão para uma sepultura especial conservado vago
para os restos mortais do homem em Medina, a cidade onde
Maomé também foi enterrado. No dia da ressurreição, Jesus
levantar-se-á e comparecerá juntamente com os outros homens
para ser julgado perante o Deus todo-poderoso. Mas esta Bíblia
dizia que Cristo ressuscitara dos mortos. Era blasfêmia ou...
Minha mente rodopiava. Eu sabia que todo aquele que
invocasse o nome de Alá seria salvo. Mas crer que Jesus é Alá? Até
Maomé, o último e maior dos mensageiros de Deus, o selo dos
profetas, foi somente mortal.
Deitei-me de costas, cobrindo os olhos com a mão. Se a Bíblia
e o Alcorão apresentam o mesmo Deus, por que há tanta confusão
e contradição? Como é que podia ser o mesmo se o do Alcorão é
um Deus de vingança e castigo e o da Bíblia cristã é um Deus de
misericórdia e perdão? Não vi quando adormeci. Normalmente
nunca sonho, mas nessa noite sonhei. O sonho era tão real, os
acontecimentos tão rotineiros, que na manhã seguinte achei difícil
tivessem sido somente fantasias. Eis o que vi.
Eu me encontrava ceando com um homem que
sabia ser Jesus. Ele tinha vindo visitar-me em
minha casa e ficara por dois dias. Ele estava
sentado à mesa em frente de mim e em paz e
alegria jantávamos. Repentinamente o sonho
mudou. Agora eu estava no topo de uma montanha
com outro homem. Ele vestia-se com uma capa e
calçava sandálias. Como é que de uma maneira
misteriosa, sabia o seu nome? João Batista. Que
nome estranho! Encontrei-me contando a esse
João Batista a conversa recente que tivera com
Jesus. "O Senhor veio e hospedou-se em minha
casa por dois dias", disse eu. "Mas agora ele se foi.
Onde está ele? Devo encontrá-lo! Talvez você, João
Batista, pudesse levar-me a ele!"
Foi esse o sonho. Acordei gritando o nome de João Batista!
Nur-jan e Raisham entraram correndo no quarto. Pareciam
embaraçadas com minha gritaria e começaram, apressadamente, a
preparar minha toalete. Tentei contar-lhes meu sonho enquanto
trabalhavam.
— Oh, que bom! — sorriu Nur-jan, apresentando-me a
bandeja de perfumes.
— Sim, foi um sonho abençoado — murmurou Raisham
enquanto me escovava o cabelo. Fiquei surpresa que como cristã,
Raisham não tivesse mostrado mais entusiasmo. Ia perguntar-lhe
a respeito de João Batista mas parei a tempo; afinal de contas,
Raisham era simples aldeã. Mas quem era esse João Batista? Eu
ainda não havia encontrado o nome na porção que lera da Bíblia.
Nos próximos três dias continuei lendo, tanto a Bíblia como o
Alcorão lado a lado, passando de um livro para o outro. Encontrei-me
pegando o Alcorão por um sentimento de dever, e depois
avidamente voltava-me para o livro cristão, lendo aqui e ali,
examinando esse mundo novo e confuso que acabara de descobrir.
Toda vez que abria a Bíblia enchia-me um sentimento de culpa.
Talvez isto resultasse da minha criação rígida. Mesmo depois de
me tornar mulher, papai tinha de aprovar todo livro que eu devia
ler. Certa vez meu irmão e eu levamos um livro, às escondidas,
para o nosso quarto. Embora fosse um livro totalmente inocente,
ficamos muito assustados, ao lê-lo.
Agora enquanto abria a Bíblia, reagia da mesma maneira.
Uma história chamou-me a atenção. Contava que os líderes
religiosos judaicos trouxeram uma mulher apanhada em adultério
ao profeta Jesus. Tremi, sabendo que sorte a aguardava. Os
códigos morais do Oriente antigo não eram muito diferentes dos
nossos no Paquistão. Os homens da comunidade têm o dever, por
tradição, de punir a mulher adúltera. Enquanto lia a respeito
dessa mulher, em pé, perante seus acusadores, eu sabia que os
próprios irmãos, tios e primos estavam na linha de frente, prontos
para apedrejá-la.
Então o profeta disse: "Aquele que dentre vós estiver sem
pecado seja o primeiro a atirar a pedra" (João 8:7).
Vacilei, enquanto com os olhos da mente observava os
homens saindo um a um. Em vez de supervisionar a morte horrível
dela, Jesus havia forçado os acusadores a reconhecer sua própria
culpa. O livro caiu em meu colo enquanto ali permaneci em
profunda meditação. Havia algo tão lógico, tão correto no desafio
desse profeta. O homem falava a verdade.



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Autor(a): grandeshistorias

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Então três dias mais tarde tive um segundo sonho estranho:Eu estava em meus aposentos quando uma criadaanunciou que um vendedor de perfumes esperavapara ver-me. Levantei-me, enlevada, do meu divã,pois nessa época havia falta de perfumesimportados no Paquistão. E tinha muito medo deficar sem meu luxo favorito. E então, no meusonho, ale ...


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