Fanfics Brasil - OS SONHOS - Parte II 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA)

Fanfic: 𝔸𝕋ℝ𝔼𝕍𝕀-𝕄𝔼 a chamar-lhe Pai (CONCLUÍDA) | Tema: Cristianismo, Islamismo, Fé, Amor


Capítulo: OS SONHOS - Parte II

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Então três dias mais tarde tive um segundo sonho estranho:
Eu estava em meus aposentos quando uma criada
anunciou que um vendedor de perfumes esperava
para ver-me. Levantei-me, enlevada, do meu divã,
pois nessa época havia falta de perfumes
importados no Paquistão. E tinha muito medo de
ficar sem meu luxo favorito. E então, no meu
sonho, alegremente pedi que a criada fizesse entrar
o vendedor de perfumes.
Ele estava vestido à maneira dos vendedores de
perfumes dos dias de minha mãe quando esses
mercadores iam de casa em casa vendendo seus
produtos. Ele usava um casaco preto e levava seu
produto numa valise. Abrindo a valise, tirou uma
jarra dourada. Removendo a tampa, entregou-me a
jarra. Ao olhar para ela fiquei sem fôlego; o
perfume brilhava como cristal líquido. Eu ia tocar o
líquido com o dedo, mas ele levantou a mão.
— Não —, disse ele; e pegando a jarra dourada foi
colocá-la sobre minha mesa de cabeceira. — Isto se
espalhará pelo mundo todo — disse ele.
Quando acordei, na manhã seguinte, o sonho ainda estava
vívido em minha mente. O sol entrava pela janela, e eu ainda podia
sentir o cheiro daquele perfume; a fragrância deliciosa ainda
enchia o quarto. Ergui-me e olhei para a mesinha de cabeceira,
como que esperando ver a jarra dourada ali.
Mas, onde estivera a jarra, agora estava e Bíblia!
Um formigamento passou-me pelo corpo. Sentei-me à beira
da cama meditando em meus dois sonhos. O que significariam? Eu
não havia sonhado em anos; agora tinha tido dois sonhos vividos
em seguida. Havia alguma relação entre eles? Relacionavam-se
eles com meu encontro recente das realidades do mundo
sobrenatural?
Nessa tarde saí para meu passeio costumeiro no jardim.
Meus sonhos ainda me perturbavam. Mas agora algo mais fora
acrescentado. Era como se eu sentisse uma deliciosa e estranha
alegria, uma paz que ia além de qualquer coisa que havia
conhecido antes. Era como se eu estivesse perto da presença de
Deus. De repente, ao sair de um pequeno bosque para uma área
inundada de sol, o ar ao meu redor pareceu tomar vida com outra
fragrância adorável. Não era fragrância de flores — era tarde
demais para qualquer dos jardins florescer — mas uma fragrância
mui real, não obstante.
Um tanto agitada voltei para casa. De onde viera essa
fragrância? O que estava acontecendo comigo? Com quem podia eu
conversar a respeito do que me acontecia? Teria de ser alguém que
tivesse conhecimento da Bíblia. Eu já tinha deixado de lado a idéia
de interrogar meus criados cristãos. Em primeiro lugar, nem podia
pensar em pedir informações a eles. Provavelmente não tinham
lido a Bíblia e não saberiam de que eu estava falando. Não, eu
tinha de conversar com alguém que tivesse educação formal e
conhecesse esse livro.
Ao considerar essa questão uma idéia chocante veio-me à
mente. Lutei contra ela. Esse seria o último lugar aonde deveria ir
procurar ajuda.
Mas o nome continuou voltando a mim de um modo tão
insistente que finalmente toquei a campainha chamando o Manzur.
— Quero que você prepare o carro. — E então, como que
pensando melhor, acrescentei: — Eu mesma vou dirigir.
Os olhos de Manzur dilataram-se.
— A senhora mesma?
— Sim, eu mesma, se faz favor. — Ele saiu, relutante.
Raramente eu havia dirigido o carro tão tarde da noite. Eu havia
servido como oficial no exército real hindu, na divisão das
mulheres, durante a Segunda Guerra Mundial e tinha dirigido
ambulâncias e carros do comando por milhares de quilômetros em
todos os tipos de terreno. Mas o tempo de guerra era uma coisa e
ainda assim sempre dirigira em companhia de alguém. Uma filha
da nobreza Nawab não devia dirigir seu próprio carro na vida
normal, especialmente à noite.
Mas eu sabia que não podia arriscar que Manzur soubesse o
que eu estava planejando fazer, pois logo os criados estariam
comentando. Estava convencida de que havia somente uma fonte
onde podia encontrar resposta para minhas indagações: quem era
João Batista e o que significava esse perfume.
De modo que foi com relutância extrema, nessa noite, que me
dirigi ao lar de um casal que eu mal conhecia, o Reverendo e a Sra.
David Mitchell que haviam visitado meu jardim naquele verão.
Esses missionários cristãos eram as últimas pessoas com as quais
gostaria de ser vista.



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Autor(a): grandeshistorias

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