Fanfic: Até eu te encontrar | Tema: Romance, realidade, misticismo, bruxaria, wicca, amor, suspense, aventura
Flávia acordou com o celular tocando. Virou-se para pegá-lo, sem abrir os olhos.
— Alô? — perguntou, tentando disfarçar a voz de sono.
— Te acordei? — Era Lauren.
— Não, pode falar.
— Ai, desculpa, não sabia que você estava dormindo.
— Não tem problema. — Flávia se levantou. Olhou para o relógio digital, que não estava funcionando. Havia desligado para limpar e se esquecera de arrumá-lo. — Que horas são? — perguntou, abrindo a cortina.
— Umas duas e meia da tarde.
— Nossa, dormi muito! — Flávia se levantou.
— Isso costuma acontecer aos domingos. — Lauren riu. — Estou te ligando para confirmar se você vem mesmo aqui em casa.
— Vou, sim.
— Que bom! Assim a gente conversa mais. Deixa contar para minha mãe, ela já separou vários álbuns de fotografia aqui e daqui a pouco vai preparar um lanche para nós.
— Ok, vou tomar um banho, me arrumar rápido e vou aí, tá?
— Tá. Vem logo.
Flávia desligou o telefone e foi se arrumar. Colocou uma calça jeans e uma blusinha branca. Resolveu ir a pé, já que Lauren morava perto de sua casa. Gostava de caminhar e tentava fazer isso sempre que podia. Em menos de dez minutos ela chegou à casa da amiga, que atendeu a porta.
— Vem, vamos para o meu quarto.
Lauren puxou Flávia. Antes de entrar, ela olhou pra frente, mas não viu nem Mauro nem Felipe na casa deles. Seguiu Lauren até seu quarto. Lauren chegou logo depois.
— Querida, que bom que você veio. — Ela deu um abraço em Flávia e foi até a mesa de estudos da filha. — Separei estes álbuns para você ver.
— Obrigada — agradeceu Flávia, pegando o primeiro de quatro álbuns e sentando-se na cama de Lauren, ao lado dela. Laura ficou em pé, ao seu lado. Começou a olhá-lo e logo viu fotos de seus pais.
— Seus pais, claro, não preciso falar, eu, a Sônia. Este é o Armando, meu namorado na época. E esta é a Carmem, e o Onofre, marido dela, só que nesta época eles eram só amigos. Mas o Onofre já gostava dela.
Flávia reparou como Carmem lembrava muito Carla.
— Fique à vontade vendo os álbuns, qualquer coisa pergunta para Lauren. Eu vou até a cozinha ver como está meu bolo.
— Por favor, não quero incomodar.
— Imagina, querida, não é incômodo nenhum — disse ela e saiu.
— Realmente você é uma cópia da sua mãe — disse Lauren, olhando algumas fotos.
— É. Fico feliz por isso. — Flávia sorriu.
— Acho tão lindo essa história de os dois se apaixonarem à primeira vista. Com meus pais também foi assim. Minha mãe estava com esse cara aí, mas meu pai apareceu e os dois se apaixonaram. E minha mãe trocou o Armando pelo meu pai, para desespero dos meus avós.
— Mas por quê? Eles não gostavam do Phill?
— Eles tinham o pé atrás, pelo fato de meu pai ser estrangeiro. Acho que pensavam que ele iria "roubar" minha mãe, levá-la para longe e nunca mais trazer de volta. Sossegaram só quando meu pai falou que não voltaria para a Inglaterra.
— Como foi que eles se conheceram? — perguntou Flávia, com curiosidade. Desviou os olhos do álbum para Lauren.
— Meu pai veio da Inglaterra para Viçosa dar uma palestra na universidade. Minha mãe estava andando na UFV, com a Sônia e a sua mãe. Elas iam lá para sua mãe se encontrar com seu pai. Aí meus pais se viram e se apaixonaram logo. Meu pai não pensou duas vezes antes de largar tudo e vir para cá. Hoje, ele dá aula na UFV.
— Aula de quê?
— De Fitopatologia. Doença de plantas.
— Sim, sei o que é — Flávia voltou a olhar os álbuns. — Sua mãe fez Nutrição, certo?
— Fez. Mas foi mais tarde, eu já tinha nascido. Ela também dá aula na UFV e um dia eu vou ser aluna dela.
— Se Deus quiser. — Flávia olhou para a amiga e ficou quieta. — Eu não pensava que essas coisas de amor à primeira vista aconteciam.
— Eu sempre acreditei nisso, por causa da história dos meus pais. E da dos seus, que eu já conhecia da minha mãe contar.
— Deve ser algo interessante de se sentir.
— Se é. — Lauren suspirou e ficou olhando para frente. Flávia reparou no tom de voz diferente dela.
— Isso já aconteceu com você? — Flávia se espantou. Ela fechou o álbum que segurava.
— Sim e não. — Lauren sentiu seu rosto corar. Lembrou da noite anterior, quando viu Gustavo pela primeira vez.
— Sim e não?
— Sim, porque eu já me apaixonei à primeira vista. Não, porque ele não se apaixonou ainda.
— Nossa... Que coisa... Achei que os dois se apaixonavam juntos.
— Nem sempre. — Lauren fez uma careta. — Ele está com alguém. Bom, não sei se ele está namorando, mas quando eu o vi pela primeira vez, ele estava acompanhado.
— Mas sua mãe também estava acompanhada quando viu seu pai pela primeira vez.
— É, mas ela não estava envolvida. — Lauren percebeu que Flávia não entendia o que ela queria falar. — Deixa eu te explicar. Se a pessoa está com alguém, se está envolvida, mesmo que seja empolgação de momento, ela não vai perceber você na hora. Pode levar um tempo; essas coisas de amor não são precisas.
— Sei como é. Mas como você sabe que ele é o seu amor?
— Eu não sei explicar, apenas sei. Você sente algo diferente. Não tem como explicar, Flávia, só sentindo mesmo, e na hora você sente. Você simplesmente olha para a pessoa e sabe que ela é a sua alma gêmea.
Flávia balançou a cabeça, concordando. Estava perdida em seus pensamentos.
— Você falou alma gêmea, isso me lembrou de algo. Algo que a Sônia falou.
— Então ela também já falou para você?
— Como?
— A Sônia tem o poder, digamos assim, de adivinhar, prever algumas coisas que vão acontecer. Mas o que ela mais gosta é de falar sobre amor com as pessoas.
— Que bom que ela também encontrou o amor dela.
— Pois é, mas ela demorou. A Sônia custou para dar papo para o George, achava que ele não gostava mesmo dela, que só queria fazer hora.
— Engraçado, logo ela que prevê essas coisas.
— É, ela diz que com os outros é mais fácil. Que o futuro dela, ela não vê com clareza, mas o dos outros sim. Comigo foi assim, a Sônia disse que eu iria conhecer minha alma gêmea em breve. Ela falou isso no réveillon.
— Hum, então é isso. Eu a vi fazendo algo parecido uma vez, mas não comigo. Foi com o Gustavo.
— Com o Gustavo? — Lauren se espantou, mas Flávia não percebeu.
— É, na sexta ele foi estudar lá em casa e ela falou algo do tipo, que ele iria encontrar em breve a alma gêmea dele.
— Ah... — Lauren sorriu, feliz com o que Flávia havia dito para ela.
— Eu até brinquei com o Gustavo, mas ele não pareceu acreditar muito. Eu também não acreditava, até saber dessas histórias dos nossos pais.
— Quem sabe um dia a Sônia faz essa previsão para você?
— Quem sabe? — concordou e voltou a olhar os álbuns de fotografia.
💋 💋 💋
Flávia ficou a tarde toda na casa de Lauren, conversando. Gostou do ambiente de lá, de ficar junto com uma família de verdade, de ver o modo carinhoso com que todos se tratavam. Ficara horas observando o jeito gentil de Phill com Laura; dava para perceber o quanto eles se amavam. Flávia tentou imaginar se com seus pais era assim também.
Quando escureceu, ela e Laura decidiram ir até o Leão. Chegando lá, encontraram Gustavo junto com Mirela, encostados em um carro parado na rua. Lauren não gostou novamente da cena, ainda mais pelo fato de Mirela ser sempre simpática.
— E aí, Flavinha, estudou Cálculo hoje? — perguntou Gustavo, abraçando a amiga, sem soltar a mão da namorada.
— Não, fiquei o dia todo na casa da Lauren.
— Tem prova sábado que vem.
— Eu sei, mas a prova é só sábado, hoje ainda é domingo.
— Gente, vou lá dentro comprar um refrigerante — disse Lauren. Queria dar uma volta, sair dali um pouco. Flávia pensou em ir junto, mas olhou para dentro do Leão e o bar estava lotado. Para chegar até sua porta, havia uma multidão, e isso a desanimou.
— Eu vou com você, também estou com sede — disse Mirela, sorrindo. Lauren ficou parada, congelada. — Vamos? — perguntou Mirela, dando um selinho em Gustavo e puxando Lauren pela mão, para dentro do bar.
— Esse bar desanima de entrar aos domingos — comentou Gustavo.
— Nem fala, estava pensando exatamente isso. Detesto muvuca.
— Eu também. — Ele fez uma careta. Flávia olhou para ele.
— Então, encontrou sua alma gêmea? — Ela riu. Ele virou os olhos.
— Você não esquece isso, não é mesmo?
— Não. Ainda mais que hoje eu e a Lauren estávamos comentando sobre isso.
— É? O que vocês falaram?
— Ela falou da Sônia, que ela costuma mesmo prever esse tipo de coisa. Ela falou isso para a Lauren e aconteceu.
— Sério? A Lauren encontrou a alma gêmea dela? — Gustavo estava interessado no assunto. Parecia levar aquilo um pouco a sério agora.
— Encontrou.
— E cadê a alma dela? — perguntou Gustavo, como se procurasse entre as pessoas.
— Não funciona assim. Eu acho. — Flávia riu, dando um tapa no braço dele. — Ela já conheceu o cara, sentiu que é ele, mas o cara tem namorada.
— Hum, aí é brabo.
— Mas você não respondeu à minha pergunta... A Mirela? É ela?
— Não sei. — Gustavo deu de ombros. — Espero que seja. Eu gosto dela.
— Hum, acredite em mim, não deve ser ela.
— Como você sabe?
— Essa sua falta de convicção, Gust. Acho que, se fosse, você estaria mais empolgado.
— Não me importo. Eu a acho legal, ela é divertida. Não me importo se não for ela. Enquanto a pessoa certa não aparece, vou me divertindo com as erradas.
Flávia balançou a cabeça, rindo. Mirela e Lauren voltaram.
— O Felipe está ali — disse Lauren, mostrando Felipe para Flávia.
— Ah, vou lá falar um oi para ele. — Flávia foi andando, deixando Lauren com Gustavo e Mirela. Ela olhou para os dois.
— Eu vou ali falar com uma amiga. — Lauren saiu de perto. Não queria ficar segurando vela logo de Gustavo.
Flávia se aproximou de Felipe e percebeu que ele estava acompanhado. Ela viu que conhecia a garota.
— Ei, Caloura. — Felipe sorriu. Flávia o abraçou e olhou para a menina que estava ao lado de Felipe. Esta sorriu.
— Oi, tudo bom? — disse a garota.
— Oi, Paola, tudo. — Flávia a cumprimentou de volta.
— Paola? Meu nome é Letícia. Você não se lembra de mim, da calourada?
Flávia ficou parada, com os olhos arregalados. Estava sem graça e só então reparou que não era a mesma garota da noite anterior. Lembrou do primeiro dia em que havia ido à calourada, de Letícia com Felipe lá. Atrás de Letícia, Felipe não parava de rir.
— Sim, Letícia, desculpa, eu me enganei. Sou péssima com nomes — disse Flávia, envergonhada. Percebeu que Letícia não acreditou muito no que ela falou.
— Quem é Paola? — perguntou Letícia para Felipe. — Aposto que é mais uma das duas conquistas, uma qualquer, assim como eu.
— Eu não sei quem é Paola. — Felipe balançou os ombros, rindo.
— Desculpa, foi um erro meu, realmente não sou boa para guardar nomes.
Letícia olhou para Flávia e riu.
— Não tem problema, já estou acostumada com esse aqui, cada dia é uma garota nova, não é mesmo?
Flávia apenas deu um sorriso amarelo e saiu de perto deles. Balançou a cabeça, com raiva dela mesma, quando sentiu seu braço sendo segurado por alguém. Era Mauro.
— Oi, Mauro.
— E aí, Flávia? Gostou de ontem? — perguntou ele, dando um beijo na bochecha dela.
— Sim, o Galpão é bem legal.
— Fico feliz por você ter gostado. E por ter ido me fazer companhia.
— Imagina, sempre que quiser e precisar.
— Bom, sempre que precisar será toda vez que sair com o Felipe. Ele está sempre me trocando por alguma garota, não que eu esperasse que ele ficasse comigo. — Mauro riu. Flávia se lembrou do acontecimento recente com Letícia.
— Nem fala nisso. Acabei de dar um fora imenso com a menina que está junto dele agora.
Mauro olhou para Felipe.
— A Letícia. Ela é legal.
— Pois é. Eu achei que a conhecia de algum lugar, não lembrava que tinha sido da calourada. Pensei que era a mesma garota de ontem. Chamei-a de Paola.
Mauro começou a rir sem parar.
— Só você mesmo, Flávia, para me fazer rir assim.
— Você ri, né? Queria ver se tivesse sido com você.
— E ela?
— Parece não ter ligado. Disse que já está acostumada.
— É verdade. Para estar com o Felipe, tem de se acostumar. Ele não leva ninguém a sério, não fica direto com ninguém.
— Eu já percebi isso.
— Precisava ver ele junto do Ricardo. Eles faziam muita hora com algumas garotas.
— Ai, que horror.
— Ah, era engraçado. Claro, não faziam hora com todas, a maioria já sabia que não iria ter futuro ao lado deles. Mas tinha algumas que eram muito chatas, que grudavam, viviam ligando, indo lá em casa. Um saco.
— Posso imaginar — disse Flávia. Lauren veio em direção aos dois e cumprimentou Mauro.
— Flávia, já tô pensando em ir embora.
— Já? Chegamos tem pouco tempo.
— Eu sei — disse Lauren desanimada. Espirou Gustavo e Mirela com o canto dos olhos. — Eu que estou um pouco cansada, dormi mal esta noite.
— É, aqui está bem cheio, está desanimando — Flávia concordou.
— Se vocês forem embora, posso ir junto? Aqui já deu o que tinha de dar — disse Mauro.
— Por mim, tudo bem. — Flávia deu de ombros. Os três foram andando na direção do carro dela.
— Vocês estão com fome? Pensei em ir até o Lenha comer uma pizza, o que acham? — Mauro sugeriu.
— Eu acho uma boa — disse Lauren.
— Eu também — Flávia concordou.
Autor(a): biiviegas
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A véspera da Semana Santa chegou rápida. Era quarta-feira à noite e Flávia estava no quarto de Lauren, observando-a arrumar a mala. — Vocês não vão ficar mesmo em Itabira até domingo? — perguntou Flávia. — Minha mãe até queria, mas nã ...
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