Fanfic: Até eu te encontrar | Tema: Romance, realidade, misticismo, bruxaria, wicca, amor, suspense, aventura
Lauren dormiu na casa de Flávia, em um colchonete no chão do quarto da amiga, ao lado de sua cama. Ela acordou sentindo a cabeça latejar e se virou para cima. Flávia estava de olhos abertos, encarando-a.
— Acordada tem muito tempo?
— Mais ou menos — respondeu Flávia em um sussurro.
— Podia ter me chamado. — Ela ficou olhando para a amiga. — Minha cabeça está doendo.
— A minha também.
— Acho que a batida ficou forte demais.
— Foi bom. Isso me ajudou.
Lauren olhava para Flávia. Sabia o quanto estava sofrendo. Já havia passado pela experiência de ver o garoto que gostava com outra. No momento, o que ela mais via era Gustavo com Mirela.
— Essa sensação é horrível, né?
— Eu já sabia que aconteceria, mais cedo ou mais tarde. — Flávia suspirou. — Até que demorou mais do que eu pensava.
— O que você vai fazer agora?
— Nada. Que é o mesmo que eu já vinha fazendo. — Flávia ficou um instante quieta. — Dói muito, Lauren. Dói demais dentro do peito, parece que meu coração vai explodir. Ao mesmo tempo que é uma coisa boa, também é ruim, porque machuca, aperta meu coração.
— Você não quer fazer a simpatia da alma gêmea? — sugeriu Lauren.
— Não. Deixa acontecer naturalmente.
— Eu sei, também prefiro assim. Não é para interferir, é apenas para ajudar a chamar.
Flávia fez uma careta.
— Deixa como está.
Lauren preferiu mudar de assunto.
— E o Bernardo?
— Nem me fale. — Flávia virou os olhos.
— Foi bom?
Flávia não respondeu de imediato.
— Se eu te falar que não lembro direito, você acredita?
— Acredito. — Lauren riu. — Vai ter repeteco?
— Nem... Não quero nada com ele.
— Eu acho o Bernardo bonitinho.
— Você acha todo mundo bonitinho.
Lauren colocou a língua para fora e riu. Levantou e começou a dobrar o lençol.
— Acho que ele é meio bobo. Sempre achei, não sei o que me deu para ficar com ele.
— Eu sei.
— Eu também. — Flávia suspirou. — A batida, mais aquela cena do Felipe beijando outra, me levou direto pros braços do Bernardo. Resultado: fiz uma besteira.
— Quem não faz de vez em quando? Uns beijos não matam ninguém.
— É.
Lauren terminou de dobrar tudo e olhou para Flávia.
— O que vamos almoçar? — perguntou, vendo que já passava do meio-dia.
— Pensei em irmos almoçar no Lenha. Não estou com paciência nem clima para fogão hoje.
— Eu topo. A comida lá é sempre boa.
As duas se arrumaram e foram andando em direção ao restaurante. Quando estavam quase chegando, viram Felipe e Mauro saindo do Lenha.
— Era só o que me faltava — disse Flávia, desanimada. Ela viu Felipe sorrindo e acenando. — Eu não mereço isso.
Lauren apenas riu. Encontraram os dois na porta do restaurante e cumprimentaram-se.
— Caloura, quero falar com você.
— Agora? Vim almoçar com a Lauren.
— É rápido. — Felipe fez uma cara de súplica.
— Eu vou ali dentro falar com o George — disse Lauren, saindo de perto deles.
— E eu vou indo para casa. Até. — Mauro se despediu. Ficaram só os dois, se encarando.
— Fala — disse Flávia, sem ser seca.
— É... Acho que isto pode soar um pouco estranho.
— O quê?
— O que aconteceu ontem...
— E o que aconteceu ontem?
— Você e o Bernardo.
Flávia cerrou os olhos, sentindo um pouco de raiva.
— Eu realmente acho que isso não é da sua conta.
— Eu sei, mas você é minha amiga e sei como é o jeito dele.
— E? — Flávia não gostou de escutar a palavra "amiga".
— Não gostei de ver vocês dois juntos.
Flávia ficou parada, tentando assimilar o que ele havia dito. Não tinha gostado? O que isto significava? O coração dela batia acelerado e, por um momento, pensou que tudo havia mudado e que poderia ter uma chance com ele.
— Você não gostou? Eu não acho que você tenha de gostar.
— Eu sei, a vida é sua e você faz o que quiser. Mas é que o Bernardo não é um cara para se levar a sério.
— E você é?
— O quê? — Felipe se espantou com Flávia.
— Você é o cara para se levar menos a sério que eu conheço e vem falar do outro?
— Eu sei, mas é que ele é diferente. Eu o conheço bem, ele fica iludindo as garotas. Sempre fez isso, desde que chegou aqui. Até na cidade dele deve fazer isso.
— Já sou bem grandinha, sei o que faço. Se sobrevivi a você, vou sobreviver a ele.
Flávia virou de costas, deixando Felipe sozinho na porta do Lenha, e entrou. Ficou com muita raiva por perceber que ele não sentiu ciúmes, apenas agiu como um amigo. Andou até a mesa que Lauren ocupava.
— Ele ainda está na porta? — perguntou Flávia, sentando. Lauren olhou discretamente.
— Está... Mas já está indo embora. — Ela olhou para Flávia. — O que aconteceu?
— Você não vai acreditar. Ele veio falando que não gostou de eu ter ficado com o Bernardo, que ele não é confiável etcetera, etcetera.
— Sério? Que cara de pau!
— Nem me fale. Estou com uma raiva danada, Lauren. Ele pode sair agarrando a primeira vagabunda que aparece e eu não posso ficar com ninguém?
— Vai ver ele quer te proteger, sei lá.
— Se ele quisesse me proteger, nem tinha ficado comigo. Que raiva. — Flávia respirou lentamente, tentando se acalmar. Olhou para Lauren. — Eu quero fazer a simpatia da alma gêmea. Hoje, agora, sei lá. Não aguento mais sofrer pelo Felipe.
— Calma, não é assim. Temos de conseguir tudo que precisamos antes, para a magia. Não é bem assim.
Flávia deu um longo suspiro e ficou olhando para Lauren.
— E demora muito para conseguir as coisas?
— Não, só que tem de esperar até amanhã. Hoje é domingo, não tem nada aberto aqui em Viçosa onde possamos comprar as coisas. Se você quiser, a gente almoça amanhã no bandejão e depois vem pra cidade comprar tudo.
— Pode ser. — Flávia estava visivelmente desanimada. — Espero que funcione.
— Claro que vai funcionar. Se funciona pra todo mundo, por que não funcionaria pra você? Ah, e temos de passar na loja da Sônia para comprarmos algumas coisas.
— Ai, que vergonha! — Flávia escondeu a cabeça entre os braços, que estavam apoiados na mesa.
— Vergonha por quê? Ela vai adorar saber que você está se embrenhando no mundo da magia.
— É... Já vi que depois de amanhã ela não vai mais me deixar em paz.
— Não mesmo. O que você acha de comer agora?
— É uma boa. Apesar de que o Felipe fez a minha fome sumir.
As duas se levantaram e foram para o buffet. Serviram-se, passaram na balança para pesar os pratos e voltaram para a mesa.
— Por falar em Sônia, olha ela ali — disse Lauren, enquanto começava a comer.
Flávia virou a cabeça para trás e viu Sônia entrando no Lenha.
— Olá, meninas. Como foi a noite de ontem?
— Ih, nem pergunta — disse Lauren, fazendo uma careta.
— É, não preciso nem perguntar. Pelas carinhas de vocês, já dá para ver que não foi boa.
— Senta aí. — Lauren apontou uma cadeira. — A gente quer falar com você.
Sônia se sentou e ficou olhando as duas. Lauren encarou Flávia.
— Vai, Flávia, fala.
Flávia olhou para Sônia e deu um sorriso sem graça.
— Não precisa falar nada, Flávia. Eu sei o que você quer. — Sônia segurou as mãos de Flávia, fechou os olhos por um tempo e depois olhou para ela. — Eu acho que você deve, sim, fazer a simpatia. Vai te ajudar.
Flávia sorriu. Não conseguia deixar de se espantar com o jeito de Sônia perceber as coisas ao seu redor.
— Obrigada. Isso foi mais fácil do que eu pensei.
— Não sofra, querida. Sua alma gêmea está no seu destino. Ele vai aparecer. Mas não tem problema você apressar isso.
— É. Estou precisando da minha alma gêmea aqui.
— Eu sei. Essas coisas do coração são complicadas. Mas não pense que quando você conhecer a pessoa que está predestinada à sua vida, tudo ficará mais fácil.
— Você falando assim dá até medo.
— Pior que o Felipe não pode ser — brincou Lauren.
— Eu não posso te falar nada porque você ainda não o conheceu. Mas não é porque conhecemos logo a pessoa que tudo fica fácil.
— Eu que o diga. — Lauren suspirou.
— Você pode me ajudar com a simpatia? — perguntou Flávia para Sônia.
— Sim, claro, vou ficar feliz em te ajudar. Quem sabe isso não te anima a estudar um pouco a Wicca?
— Você pode fazer comigo amanhã?
— Amanhã, não. Vamos deixar para sexta-feira, é um dia mais propício à magia do amor. Sexta-feira é o dia consagrado a Afrodite, a Deusa do Amor e da Paixão. Pode deixar que eu preparo tudo, você só precisa me encontrar lá em casa por volta das cinco da tarde.
— Você que manda. — Flávia sorriu.
— Agora vou deixar vocês almoçarem em paz e vou lá falar com meu amor. — Sônia se levantou, Flávia e Lauren terminaram de almoçar.
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Após saírem do Lenha, Lauren e Flávia se despediram e cada uma foi para sua casa. Flávia fez o curto trajeto pensando em Felipe. Sentia-se mal pelo modo como o tratou mais cedo e queria se desculpar, mas não iria até a casa dele. Tinha seu orgulho.
Flávia subiu o lance de escadas que levava ao primeiro andar e se assustou com o que viu. Felipe estava parado ao lado da porta do apartamento dela.
— O que você está fazendo aqui?
— Quero conversar com você, com calma. Estava esperando você sair do Lenha, vi que viria para cá e me adiantei.
Felipe abriu o apartamento e os dois entraram. Reparou que ele estava um pouco sem graça.
— Senta, Felipe.
Ele obedeceu. Olhou para Flávia, seu semblante era de tristeza. Ela se sentou ao lado dele no sofá.
— Estou me sentindo mal, Flávia. Não devia ter falado com você daquele jeito.
— Não, imagina. Eu que não devia ter sido tão grossa contigo.
— Você está certa. — Ele ficou em silêncio por alguns instantes. — Não tenho de me meter na sua vida.
— Eu entendi o que você quis dizer. Mas devo confessar que fiquei mesmo com raiva. Nunca critiquei nenhuma das milhares de garotas com quem você já ficou. Não acho que você tenha esse direito.
— Eu sei, sei que estou errado. Peço desculpas, não queria te ofender ou te magoar.
Flávia deu um longo suspiro. Tinha várias coisas na cabeça para falar para ele, mas desistiu. Não iria se expor.
— Olha, por que não esquecemos que conversamos lá no Lenha? Finge que estamos nos vendo pela primeira vez hoje.
Felipe sorriu.
— Eu não quero brigar com você nem quero ficar mal com você; Apenas quero que permaneça tudo como era antes — disse ela, usando as palavras dele.
— Está certo. Tudo como antes. — Ele a abraçou. — E aí? Vamos ao Leão hoje à noite?
Autor(a): biiviegas
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Era sexta-feira, cinco horas da tarde. Flávia havia acabado de voltar da sua última aula do dia na UFV e estava parada na porta da casa de Sônia fazia alguns minutos. Ainda não tinha certeza se realmente queria fazer a simpatia, mas, sempre que fechava os olhos, a imagem de Felipe beijando outra garota lhe vinha à cabeça, ...
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