Fanfic: Até eu te encontrar | Tema: Romance, realidade, misticismo, bruxaria, wicca, amor, suspense, aventura
O último mês de aula passou voando. Flávia mal percebeu, envolvida com as provas finais e a viagem de férias, de volta a Lavras. Tentava imaginar como iria encarar seus tios, agora que sabia da verdade sobre sua mãe. Provavelmente não contaria nada a eles. Sua tia só iria se preocupar mais e tentaria a todo custo tirá-la de Viçosa. O melhor a fazer era ficar quieta e deixar tudo como antes. Se ela perguntasse sobre Ponte Nova, falaria que não iria à cidade, que não tinha curiosidade de conhecer. Ou então diria que foi um dia, deu uma volta e pronto. Já havia visto o que tinha para ver. Talvez a segunda opção deixasse Tereza mais calma.
O fato de Lauren passar o mês de julho em Lavras a estava agradando. Assim teria uma companhia todos os dias para ajudá-la a não ficar deprimida.
Flávia estava em casa, arrumando sua mala para a viagem no dia seguinte. Com todas as últimas provas do semestre acontecendo ao mesmo tempo, não tivera tempo de arrumá-las antes, como sempre fizera. Lauren estava junto, esperando que terminasse para as duas irem ao Lenha.
— Nem acredito que vamos viajar amanhã — comentou Lauren, eufórica. — Estou doida para conhecer Lavras e a sua fazenda.
— Estou feliz que você vai comigo.
— Eu e o Felipe.
— Ele vai só pegar carona até Lavras. — Flávia suspirou. — Quem dera se fosse ficar o mês todo lá comigo. — Balançou a cabeça. — O que estou falando? Tenho de dar graças a Deus que vou ficar um mês inteirinho sem vê-lo. Quem sabe isto não me ajuda?
— Vai ajudar, você só precisa ter calma. Não dá para ser imediatista, nem com toda a magia do mundo.
— Eu sei, vou tentar. — Ela fechou a última mala e olhou para Lauren. — Pronto, terminei. Agora vou tomar banho e me arrumar rapidinho para irmos.
Flávia pegou suas coisas e foi para o banheiro, enquanto Lauren ficou no quarto escutando música. Quarenta minutos depois, as duas seguiram para o Lenha, onde encontraram Gustavo sentado em uma mesa.
— Ei, Gust, o que faz aí sozinho? — perguntou Flávia, dando um beijo na bochecha do amigo.
— Estou esperando vocês. — Ele sorriu. Lauren sorriu de volta e sentou ao lado dele.
— E a Mirela? Não vem? — Flávia olhou para Lauren, que perdeu o sorriso que tinha no rosto.
— Nós terminamos — disse Gustavo, sem sentimentos na voz. Deu um longo gole no copo de cerveja que estava à sua frente. Flávia e Lauren se olharam e as duas sorriram. Era visível a felicidade de Lauren, mas ele não percebeu.
— Terminaram? Sério?
— Terminamos, não tô te falando, Flavinha?
— Mas terminaram mesmo ou estão só dando um tempo?
— Terminamos mesmo, para valer. Você sabe que eu não estava empolgado nem apaixonado.
— Sim, sim. — Flávia balançou a cabeça, concordando. Lauren só olhava para Gustavo, que observava seu copo.
— Mas e vocês, meninas? Empolgadas com a viagem? — Ele sorriu para as duas.
— E como! — disse Flávia. Lauren continuava muda. Flávia olhou para ela e fez sinal com a cabeça, para que a amiga falasse algo antes que ele percebesse a felicidade no seu rosto.
— Vai ser legal passar as férias com a Flávia — disse Lauren, quase gaguejando.
— Imagino o que vocês vão aprontar lá. — Gustavo sorriu maliciosamente.
— Nós somos comportadas. — Flávia fez uma careta para ele. — Que horas você vai viajar?
— Daqui a duas horas. Só vim tomar um chope para relaxar e para encontrar vocês e dizer um tchau.
— Você bem que podia ir com a gente até Lavras. De lá ia para São Paulo.
— Ah, Flavinha, bem mais prático ir direto daqui para São Paulo. Chegando lá, ainda tenho de pegar outro ônibus para Ribeirão.
— Mas você não vai ter nossa companhia.
— Mas amanhã, na hora que vocês chegarem a Lavras, eu estarei quase em casa.
— Sem graça.
A conversa foi interrompida por Felipe, que entrou no Lenha e se sentou com eles.
— E aí, Felipe. — Gustavo o cumprimentou.
— Achei que você já tinha ido — disse Felipe, apertando a mão de Gustavo.
— Vou daqui a umas horas.
— E vocês, meninas? Tudo pronto para nossa viagem de amanhã, Caloura?
— Tudo. — Flávia olhou para ele com uma expressão séria. — Felipe, acabamos o semestre hoje, você bem que podia parar de me chamar de Caloura, né?
— Hum... Vou pensar em um apelido bem legal para você.
— Eu não preciso de apelidos. Flávia está bom.
— Aí não tem graça. — Ele ficou alguns segundos quieto e depois sorriu. — Acho que Baixinha combina bem.
— Baixinha?
— É. Você é baixinha.
— Eu não sou baixinha. Você que é alto. Eu sou da altura da Lauren. — Flávia franziu a testa, demonstrando não gostar do novo apelido.
— Baixinha está bom. E não reclama! — Ele deu uma gargalhada. — Você tinha de estar em casa agora, descansando pro volante amanhã.
— Estou contando com você para dirigir, Felipe. Vê se não fica na rua até tarde — ela brincou, esquecendo das provocações dele.
— É claro que vou dirigir, se quiser dirijo a viagem inteira. Estou sentindo falta do meu carrinho. Vamos ver se consigo trazê-lo em agosto.
— Será que seu pai te libera do castigo? — perguntou Flávia.
— Acho que sim. — Felipe deu um largo sorriso, como se lembrasse de algo. — O Luigi está voltando para Viçosa semestre que vem, acabei de saber. Ele me ligou agora, já chegou de viagem e já está em Alfenas.
— Pensei que ele só voltava ano que vem — comentou Lauren.
— Era o planejado, mas resolveu voltar antes, não sei por quê. Com ele voltando, pode ser que meu pai não encha mais tanto minha paciência e libere o carro.
— Finalmente vamos conhecer o famoso Luigi — disse Gustavo.
— Vocês vão gostar dele. — Felipe bebeu um pouco da sua cerveja e sorriu. — Nem acredito que ele está de volta. Que falta faz um grande amigo.
Flávia ficou quieta. Aquela conversa a irritou e não soube por que sentiu aquilo. Não queria ficar daquele jeito na véspera de viajar ou isto ia fazê-la perder o sono. Tentou mudar o assunto.
— E o Mauro? Onde ele está?
— Maurão já foi para BH. Assim que viu que passou em todas as matérias, pegou o primeiro ônibus pra casa.
— Hum, entendi — disse Flávia.
Os quatro ficaram conversando por mais uma hora, depois saíram do Lenha.
— Bom, gente, deixa ir que meu ônibus é daqui a pouco.
— Não quer que eu te leve, Gust?
— Não precisa, Flavinha. Eu moro perto da rodoviária, nem estou levando tanta coisa. Rapidinho chego lá.
Gustavo se despediu dos três e saiu.
— Amanhã, como combinamos? — perguntou Felipe.
— Eu passo na casa de vocês e a gente vai. Sete horas da manhã estou lá.
— Ok, vou avisar meu pai que vamos sair nesse horário. Ele ficou de ir até a rodoviária de Lavras me buscar.
Flávia se despediu de Felipe e Lauren e foi para casa. Não demorou muito a dormir. Naquela noite, ela teve um sonho tranquilo, em que um desconhecido a salvou de toda a dor e tristeza que vinha sentindo nos últimos meses. Durante o sonho, era como se sentisse o perfume do desconhecido. Fahrenheit. Era a única coisa marcante no sonho. Adorava aquele perfume e isso a ajudou a ter uma noite mais calma.
Autor(a): biiviegas
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A viagem foi tranquila. Felipe dirigiu até Barbacena e de lá Flávia pegou o volante até sua cidade. Ao chegar em Lavras, foram direto para a rodoviária. — Tem certeza de que não quer almoçar lá em casa? — Não, Baixinha, obrigado. Meu pai já deve estar m ...
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