Fanfic: Até eu te encontrar | Tema: Romance, realidade, misticismo, bruxaria, wicca, amor, suspense, aventura
No domingo, véspera do início das aulas do segundo semestre, Viçosa já começava a se agitar com o retorno dos estudantes que moravam em outras cidades e estados. Flávia e Lauren haviam voltado de Lavras no dia anterior. Lauren estava ansiosa para encontrar Gustavo, o que deveria acontecer em breve.
Já Flávia teve um noite ruim. Acordou várias vezes, perdeu o sono e demorou a voltar a dormir. Quando eram seis horas da manhã, desistiu e levantou da cama. Decidiu ir até a padaria, aproveitar que havia acordado cedo para comer um pão quentinho, saído na hora. Se tivesse pão de queijo, também iria comprar. Enquanto se arrumava, se lembrou de Felipe e como ele adorava aquele pão de queijo. Será que já havia voltado? Pensava que não; provavelmente chegaria naquela noite ou até de madrugada, como a maioria dos estudantes.
Flávia foi caminhando até a padaria e ficou feliz por encontrar, além do pão recentemente saído do forno, o pão de queijo que havia sido feito havia poucos instantes. Seria bom, depois de uma noite ruim, saborear um pão fresquinho.
Comprou tudo de que precisava e caminhou de volta para casa. Quando ia começar a atravessar a rua, da sua esquerda veio uma caminhonete preta em alta velocidade. Não estava lá antes, disso Flávia tinha certeza, afinal havia prestado atenção se não vinha nenhum carro. Foram poucos segundos para que tudo acontecesse. Ela se jogou para o lado, evitando ser atropelada, bateu o braço direito na traseira de um carro que estava estacionado e caiu no chão. Sentiu uma raiva imensa crescendo porque pôde ver dentro do carro um casal se abraçando e beijando.
— Idiota, não olha por onde anda? — gritou.
Instintivamente, pegou uma pedra que estava ao seu lado e jogou, batendo na traseira da carroceria da caminhonete e fazendo um grande barulho. O motorista deu uma leve freada e olhou para trás. Flávia estava apoiada no carro parado, fora da visão dele, e a caminhonete foi em frente como se nada tivesse acontecido.
— Babaca — disse, checando o cotovelo esfolado. Naquele momento, começou a sentir o cheiro forte do perfume, aquele que a perseguia. Fahrenheit. Levantou e balançou a cabeça, não era hora para delírios, não havia ninguém ali perto.
Ela chegou em casa e, assim que entrou, foi ao banheiro lavar o cotovelo para tirar a sujeira do machucado. Sentiu a água fria escorrer pelo braço, em seguida, um arrepio. Os cortes, mesmo que pequenos e parecendo superficiais, ardiam muito. Não sabia se era a raiva que intensificava a dor, mas quanto mais ardia, mais raiva sentia. Secou o braço e foi para a sala. Pensou em passar alguma coisa no machucado, mas desistiu. Ela se sentou no sofá e ficou alguns minutos quieta. Olhou para as sacolas da padaria e suspirou. O acontecimento a fez perder a fome. Teve vontade de ligar para Lauren, mas ainda era cedo demais. Viu a TV e pegou o controle remoto. Um pouco de distração iria lhe fazer bem.
Flávia se deitou ao longo do sofá, de lado; não estava com ânimo para abrir o sofá-cama. Sem perceber, adormeceu antes de começar a prestar atenção no que passava na televisão. Foi acordada algumas horas depois pelo telefone. O barulho a fez dar um pulo e sentar rapidamente no sofá. Colocou a mão no peito e percebeu que estava assustada, sem saber por quê.
— Alô?
— Flávia, te acordei? — A voz de Lauren soou com um pouco de remorso.
— Estava cochilando no sofá, mas não tem problema.
— Ai, desculpa! Pensei que você estaria acordada a essa hora.
— Eu estava... Levantei cedinho e fui até a padaria, mas quando voltei cochilei no sofá. — Flávia suspirou. Lauren percebeu sua hesitação em um suspiro.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não... Bem, mais ou menos... Ia até te ligar quando voltei da padaria, mas era cedo demais... — Flávia ficou alguns segundos quieta e olhou em direção à mesa da sala. — Se você não estiver fazendo nada e quiser vir até aqui, podemos tomar café da manhã juntas. O pão só não está mais quentinho.
— Eu vou sim. Daqui a uns dez minutos no máximo estou aí.
— Ok, estou te esperando.
Flávia desligou o telefone e foi para a cozinha. Pegou uma toalha e forrou a mesa da sala. Voltou para pegar pratos, talheres e xícaras. Como estava com tempo, decidiu fazer um café, embora não ligasse muito para a bebida. Mas sabia que, depois de uma noite maldormida, iria lhe fazer bem ter um pouco de cafeína no sangue. Arrumou toda a mesa e, logo após o café ficar pronto, a campainha tocou. Flávia foi atender a porta.
— Oi, Flávia — disse Lauren, entrando. — Vim seguindo o cheirinho de café.
— Decidi fazer enquanto te esperava.
— O cheiro está bom.
— Espero que o gosto também.
As duas se sentaram nas cadeiras em frente à mesa e começaram a se servir.
— Mas e aí? O que aconteceu? — perguntou Lauren. Ela percebeu a mudança na expressão de Flávia. — Se você não quiser falar, não tem problema...
— Não, tudo bem. Como falei, tinha pensado em te ligar, mas era cedo demais... — Flávia suspirou e tentou se acalmar. — Quase fui atropelada hoje.
— Meu Deus! — Lauren levou as mãos até a boca. — Como foi isso? Onde? Você se machucou?
— Não. Quero dizer, esfolei meu cotovelo. — Flávia levantou o braço para Lauren ver. — Mas estou bem. Só morrendo de raiva.
— Me conta direito como foi isso.
— Eu perdi o sono, aí resolvi ir até a padaria, aproveitar que estava cedinho para pegar pão quente. Na volta, quando ia atravessar a Santa Rita, veio um idiota em uma caminhonete preta imensa na minha direção e quase me atropelou. O que mais me deixou com raiva é que o babaca não estava prestando atenção na rua, estava se agarrando com a namorada dentro do carro.
— Caminhonete preta?
— Sim. — Flávia suspirou, ainda com raiva. — Aproveitei que ele não estava prestando atenção e joguei uma pedra no carro. Pelo menos, acertou a parte de trás, espero que tenha amassado ou arranhado. — Flávia riu e Lauren acompanhou.
— Mas espera... Era uma Hylux cabine dupla?
— Sei lá. Foi tudo tão rápido, não reparei a marca. Só deu para perceber que era uma caminhonete preta imensa.
— Uma caminhonete preta imensa? Não têm muitas desta cor aqui em Viçosa, embora seja uma cor básica... Por acaso tinha escrito Alfenas atrás da carroceria?
— Tinha. — Flávia levantou os ombros, sem entender a pergunta de Lauren.
— Era o Luigi! Então ele já voltou?
Flávia sentiu seu sangue ferver novamente e um frenesi pelo seu corpo. Então era o famoso Luigi, que todos amavam. Já não ia muito com a cara dele, mesmo sem conhecê-lo, só pelo fato de namorar Carla, que deixava claro não sentir nenhuma simpatia por ela. Flávia sentiu mais raiva e sua antipatia por Luigi aumentou ainda mais.
— Então era o Luigi — comentou, balançando a cabeça, pensativa.
— Sim, uma caminhonete preta, escrito Alfenas atrás, só pode ser ele, ainda mais com uma garota dentro, a Carla...
— É, a Carla. — Flávia fechou a mão e a apertou em cima da mesa.
— Você não gosta dela, não é mesmo?
— Eu nunca tive nada contra ela, só a achava meio estranha e metida, mas ela sempre faz questão de deixar claro que não gosta de mim, então...
— É, ninguém gosta dela mesmo... Só mesmo com muito feitiço para o Luigi aguentá-la. Eu não o conheço, mas ele parece ser um cara legal.
— Eles devem se merecer. — Flávia fez uma careta. — Bem que eu senti o perfume dele depois que a caminhonete foi embora. Não sei como não associei tudo: o perfume, o casal, o escrito ALFENAS.
— Espera aí, o perfume? Que papo é esse?
Flávia deu outro suspiro e apoiou o queixo em uma das mãos.
— Uma vez eu senti o perfume na casa dele, Fahrenheit. O Felipe disse que o Luigi usa esse perfume.
— Mas como você sentiu o perfume dele na rua? Isso não tem como, ele passou de carro.
— Eu não sei... Vai ver ele toma banho de perfume.
— É sério. Isso é estranho demais.
Flávia deu de ombros.
— Isso é o de menos. Pior é a raiva que estou sentindo dele. Se já não gostava desse Luigi babaca antes, agora então...
Lauren balançou a cabeça e começou a rir.
— Será que o Felipe já chegou também?
— Não sei. — Flávia abaixou os olhos. — Acho que nem quero saber.
— Quer... Mas está com medo de encontrá-lo, porque não sabe qual vai ser sua reação.
— É verdade... Acho que meu coração vai explodir quando eu encontrar o Felipe.
— Ou não. — Lauren sorriu. — Vai que você não sente nada?
— Nada é difícil. Posso não ficar tão balançada, mas sentir algo, vou sentir, eu sei. Minha mão fica gelada só de pensar nele.
— Se ele estiver aqui, deve ir ao Leão hoje. Você vai?
— Não. Não queri ir lá e ver algo que possa me machucar. Prefiro encontrá-lo amanhã na UFV. As chances de ele ter uma garota pendurada no pescoço são menores. Também estou cansada, dormi mal, acordei cedo e ainda teve esse incidente. — Flávia levantou o cotovelo para Lauren.
— Eu também não vou. Provavelmente o Gustavo não vai estar lá.
— Amanhã tenho aula com ele às oito. — Flávia sorriu maliciosamente.
— Hum... Acho que vou dar uma volta pelo trailer amanhã, no intervalo das minhas aulas.
— Pode ir — disse Flávia. — Minha meta este semestre é fazer vocês namorarem.
— Deus te ouça.
Autor(a): biiviegas
Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Flávia e Gustavo saíram da Biologia após a aula teórica de Zoologia, que foi às oito da manhã, e foram em direção ao trailer que ficava no estacionamento entre o PVA e o prédio de Engenharia Florestal. Lá, encontraram Mauro e Felipe conversando, sentados em um banco embaixo de uma árvor ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo