Fanfic: Até eu te encontrar | Tema: Romance, realidade, misticismo, bruxaria, wicca, amor, suspense, aventura
A segunda semana de aula correu tranquilamente. Flávia tentava se acostumar ao falatório de Luigi na aula de Química Analítica. Para sua sorte, na de Física Mecânica tinha Gustavo para salvá-la. Ainda não estava satisfeita com o fato de ele não lhe dar atenção, ficando a aula toda conversando com Luigi, mas pelo menos estava livre de ter de se sentar ao lado do namorado da Carla.
O que não lhe agradou foi quando o viu entrar na aula prática de Termodinâmica. Flávia virou os olhos quando percebeu que ele mudara seu horário para ficar junto dela e de Gustavo. Luigi dissera que estava tentando mudar também a prática de Mecânica e isto a irritou. Irritava ainda mais o fato de ele e Gustavo estarem se tornando grandes amigos.
— Por que todo mundo tem de amar esse garoto? — perguntava-se.
Não entendia por que não gostava dele. Tudo bem, tinha o fato de namorar uma garota insuportável como Carla e o quase atropelamento duas semanas atrás, mas, fora isso, ele sempre era simpático, atencioso e agradável. Talvez fosse implicância ou simplesmente querer ser diferente de todos, mas ainda não conseguia gostar completamente dele.
Naquele sábado, Flávia se sentia mais calma. Luigi havia ido para Alfenas levar as coisas de Ricardo, e Carla foi junto. Era noite, e Flávia e Felipe assistiam a um filme na casa dele e o ar parecia mais leve, talvez pelo fato de saber que Carla não apareceria ali.
— Vocês vão procurar alguém para morar aqui? — perguntou Flávia, quando o filme acabou.
Ela e Felipe estavam deitados em dois colchonetes que ele havia colocado no chão da sala. Estavam sozinhos. Mauro tinha viajado para Belo Horizonte, era aniversário de Bruna.
— Ainda não conversamos sobre isso. Vamos deixar o Luigi resolver quando voltar de Alfenas. Mas acho que vai acabar acontecendo, embora vá ser estranho ter alguém aqui, no lugar de Ricardo... — Felipe virou de lado, para ficar de frente para Flávia.
— Imagino. — Ela virou de lado também, ficando de frente para ele. Decidiu mudar o assunto. — Sabe, eu estava pensando em juntar uma turma e passar um fim de semana em Tiradentes. O que você acha?
— Hum, acho uma boa. Acredita que não conheço Tiradentes?
— Acredito, porque eu, que moro mais perto de lá, só fui poucas vezes à cidade.
— Pois é, Baixinha, temos de prestigiar a história mineira. — Ele sorriu. — Podemos ir no feriado de 7 de setembro, mesmo caindo num sábado. Pelo menos deve ter mais movimento de turistas na cidade.
— Boa ideia. Vou falar com a Lauren e o Gust.
— Ok. Vou ver se o Mauro e o Luigi topam.
Flávia sentiu vontade de fazer uma careta, mas não queria que Felipe percebesse que não tinha gostado da sugestão de chamar Luigi; afinal, era o melhor amigo dele. Suspirou e mudou novamente o assunto.
— Vai hoje à festa que vai ter no Galpão?
— Talvez. O que você acha de irmos juntos daqui a pouco?
— Não sei. Acho que vou ligar para o Gust e ver se ele vai.
— Por que não pode ir só comigo? — Felipe franziu a testa.
— Porque a probabilidade do Gustavo chegar lá, ficar com alguém e me deixar sozinha é menor — tentou brincar com a situação, embora pensar em Felipe com alguém ainda a machucasse. E vou precisar de alguém para me consolar se isto acontecer, pensou.
— Puxa, já vi que meu filme é queimadaço com você.
— Só um pouco.
— O Bernardo deve ir também.
— E?
— E aí que ele vai estar lá para te fazer companhia. — Felipe deu uma gargalhada, provocando Flávia.
— Não vou nem comentar.
Os dois ficaram em silêncio, sorrindo um para o outro. Felipe levantou o braço e passou a mão no cabelo de Flávia, terminando o carinho em seu rosto. Contornou os lábios dela com os dedos e Flávia fechou os olhos, com o coração disparado. Sem pensar muito, Felipe a puxou para perto, fazendo com que ela sentisse a respiração dele em seu rosto, e a beijou intensamente. Flávia não resistiu e se entregou aos braços de Felipe.
— Já te falei que você beija muito bem? — sussurrou ele e voltou a beijá-la. — Acho que não vai ter festa no Galpão hoje.
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Flávia acordou com a claridade da manhã e percebeu que estava na casa de Felipe. Os dois haviam dormido na sala, do jeito que estavam na noite anterior.
— Sua burra! — disse baixo, levantando cuidadosamente para não acordá-lo. Não queria ficar ali porque sabia que isto só iria machucá-la ainda mais. Não aguentava mais ver Felipe sempre agindo como se nada tivesse acontecido todas as vezes que ficavam juntos. Doía demais, mas também não conseguia evitá-lo. Queria ficar com ele, gostava de seus beijos e de sentir seu abraço, gostava muito dele.
Calçou seu tênis e saiu, abrindo bem devagar a porta. Ficou parada no portão, olhando para a casa de Lauren, decidindo se ia até lá ou não. Ainda era cedo, mas não queria ir para casa. Atravessou a rua e sua decisão foi tomada quando Laura abriu a janela.
— Oi, Flávia, acordou cedo — disse Laura, sorrindo.
— Você também. — Flávia retribuiu o sorriso, sem graça. — A Lauren já acordou?
— Já sim, pode ir até o quarto dela.
Flávia entrou na casa e foi até o quarto da amiga, que estava deitada na cama, escutando música.
— Ei, Lauren.
— Flá! Acordou cedo hoje. — Lauren se levantou, encostando-se à cabeceira da cama. Flávia se sentou em frente a ela.
— É. Lauren...
— O que foi? O que aconteceu?
— Eu e o Felipe...
— Já vi tudo!
— Pois é, nós ficamos ontem. Eu dormi na casa dele — disse ela bem baixinho.
— Rolou? — Lauren estava curiosa pelos detalhes.
— Não! Só ficamos, só nos beijamos.
— Menos mal, amiga. — Lauren suspirou e segurou a mão de Flávia. — Eu estranhei quando não te vi no Galpão, nem ele. Não consegui falar no seu celular.
— Deixei desligado.
— E como foi?
— Não sei... Foi bom. Mas ao mesmo tempo eu sabia que aquilo não deveria estar acontecendo. Tinha consciência de que seria só ontem, que depois continuaria na mesma e eu poderia sofrer mais. Mas queria muito estar ali, com o Felipe. Não sei como definir, é algo entre bom e ruim. Bom porque, nossa... Ficar com ele é bom, claro. Mas ruim porque eu sei o que vai acontecer. Nossa, como gostaria de conseguir falar não para ele...
— Mas você não é de ferro, né? Não tem como resistir, se você ainda gosta dele.
— Eu sei, mas, para falar a verdade, não queria que tivesse acontecido. Preferia que ele não tivesse tentado. E nem tente mais, porque eu não vou conseguir não ficar com ele.
— Agora já era. Não fique se martirizando porque só vai piorar a situação. E se alguma outra vez ele tentar e você quiser, deixa rolar. Não dá para ser racional o tempo todo. Curte o momento e deixa para pensar nas consequências depois.
— Que raiva de mim mesma... — Flávia deitou no colo de Lauren. — Que raiva de gostar desse menino.
— Puxa, amiga. — Lauren passou a mão nos cachos ruivos de Flávia.
— Vai, me conta da festa de ontem. Preciso que você me distraia. — Ela se levantou, balançou a cabeça e tentou tirar Felipe dos pensamentos. — Você não tinha dito que não ia ao Galpão?
— Não ia mesmo, mas na última hora uma amiga me ligou, insistiu, implorou tanto que não tive como negar. E não me arrependo de ter ido. O Gustavo estava lá. — Lauren deu um sorriso malicioso.
— Sério? Conta tudo. O que aconteceu?
— Calma, não aconteceu nada, infelizmente.
— Ainda. — Flávia sorriu. Estava funcionando, já não pensava mais em Felipe naquele momento.
— Ainda, se Deus quiser. — Lauren suspirou, eufórica. — Nós conversamos muito, a noite toda.
— Que bom!
— É. Foi muito bom mesmo. Ficamos a noite toda juntos. Tudo bem que só conversamos como amigos, mas é um começo.
— Claro — concordou Flávia. Lembrou da viagem para Tiradentes. — Ah, eu e o Felipe pensamos em juntar uma turma e ir para Tiradentes no feriado de 7 de setembro. Será que teus pais te liberam para você ir? Pensei em convidar o Gust.
— Mas é claro que eles vão ter de liberar! Se o Gustavo for, eu tenho de ir também. Que dia cai 7 de setembro?
— Sábado.
— Hum. — Lauren fez uma careta. — Pensei que teria mais alguns dias com o Gustavo lá.
— Se der certo a viagem, você vai ter muitos dias com ele. — Flávia riu da amiga. — Depois você fala com seus pais. Só vou chamar o Gust se você for mesmo.
— Valeu. — Lauren mordeu o lábio. Queria voltar no assunto "Felipe" com Flávia, mas estava receosa. — Flá, desculpa tocar nisso de novo, mas e o Felipe lá? Ele pode ficar com outra...
— Ele pode ficar com outra aqui. — Ela deu de ombros.
— Eu sei, mas lá vai ser diferente, vamos estar todos juntos o tempo todo.
— É... Mas não vou deixar de passear e me divertir por causa disso. Não vou fazer minha vida em função dele.
— Você está certa. Só que tem a possibilidade de ele querer ficar com você...
— Ah, não quero pensar nisso.
— Mas pode acontecer.
— Não acho que vá acontecer. Acho que ele não vai tentar lá. Vai tentar aqui, algum dia que estiver entediado, sem nada melhor para fazer.
— Ai, credo, não fala assim!
Algumas batidas na porta interromperam a conversa das duas. Era Sônia, que havia chegado havia pouco e fora lá dar um oi para as meninas. Quando viu Flávia, ela ficou quieta, parada em uma espécie de transe. Olhou seriamente para a vizinha:
— Não se preocupe. Essa angústia vai passar, ele vai fazer acabar, aquele por quem você espera. Esteja atenta.
Sônia balançou a cabeça, saindo do transe, e sorriu para Flávia, que sentiu um arrepio percorrer todo seu corpo. Ela olhou para Lauren que sorria.
Autor(a): biiviegas
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Eram seis e meia da manhã de sábado, 7 de setembro. Sônia tocou a campainha do apartamento de Flávia, que atendeu rapidamente. — Oi, achei que era o Felipe — disse ofegante. — Ainda não. — Sônia sorriu. — Sei que você está indo viajar daqui a ...
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