Fanfics Brasil - Capítulo 26 Até eu te encontrar

Fanfic: Até eu te encontrar | Tema: Romance, realidade, misticismo, bruxaria, wicca, amor, suspense, aventura


Capítulo: Capítulo 26

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   domingo amanheceu com o sol mais forte do que o de costume. Apesar de ser final de inverno, ninguém esperava o calor que estava fazendo em Tiradentes. O tempo ajudava, já que a programação para aquele dia era visitar a Cachoeira da Viúva de manhã, antes de voltarem para Viçosa. A ideia inicial era ir até a Cachoeira Bom Despacho, mas na pousada indicaram a da Viúva. Apesar de ter uma queda d'água menor, era menos visitada e, por isto, estaria mais vazia naquele feriado.
   Flávia acordou e virou na direção da cama de Lauren, que estava sentada, olhando fixamente para a amiga.
   — Até que enfim, achei que você não ia acordar nunca!
   — Que horas são?
   — Quase oito.
   — Nossa! Pensei que era mais tarde, pelo jeito que você falou. — Flávia riu e se sentou, bocejando.
   — Estou acordada desde sete horas. A gente precisa conversar. Quero saber de tudo de ontem; quando vim dormir, você já estava apagada.
   — Eu é que quero saber tudo! Vai contando.
   Lauren suspirou e sorriu.
   — O Gustavo é incrível. Foi tudo perfeito, como sempre imaginei.
   — Que bom! Fico feliz. — Ela se levantou e foi até a cama da amiga, onde se sentou. — Eu nem acreditei quando ele falou que estava a fim de você.
   — Ele disse isso? Quando? O que ele falou?
   — Ontem, quando eu fui mais cedo para a praça com ele.
   — O que ele falou exatamente? Conta tudo.
   — Ele disse que vinha te observando, que sentia uma atração por você e que estava pensando em investir. E investiu.
   — Sério que ele falou isso?
   Flávia balançou a cabeça.
   — Fico muito feliz por você. — As duas se abraçaram.
   — E você? Quando vi você com o Felipe, nem me espantei. Eu disse que isto ia acontecer.
   — É, você falou que ele tentaria ficar comigo aqui. Mas acho que ele ficou só porque não tinha outra opção.
   — Ah, qual é? Aqui tem muita mulher.
   — Sei lá. — Deu de ombros. — Ele chegou quando eu estava conversando com um carinha daqui. Acho que ele só me beijou com medo de eu ficar com outro. Não aguento mais isso, Lauren. Um dia a gente fica junto, no maior chamego, ele todo carinhoso... No outro, é como se nada tivesse acontecido.
   — Esse Felipe, vou te contar, viu? Que carinha mais estranho!
   — Nem me fala. — Flávia levantou e tirou a camisola, colocando o biquíni e, por cima, um short e uma blusinha. Não queria ficar pensando em Felipe, gostava dele e adorava seus beijos, o que tornava tudo pior. — Mas e você e o Gust? Tão namorando?
    — Não sei... Não ficou nada explícito.
    — Devem estar... Do jeito que ele falou.
    — Tomara. — Lauren também trocou de roupa. — E você e o Felipe? Vão ficar hoje?
   — Isso é que nunca fica explícito. Nunca se sabe o que se passa na cabeça do Felipe.
   — Você quer?
   — Sim, mas duvido que vá rolar. Não sei se vai ter clima com todo mundo junto na cachoeira. — Flávia levantou as sobrancelhas e deu um longo suspiro. — Agora vamos tomar café.


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   A Cachoreira da Viúva ficava a cerca de 10 quilômetros de distância da cidade. Depois de estacionarem os carros ainda tinha uma caminhada de alguns minutos, que foi recompensada quando todos chegaram ao local. Uma pequena queda d'água gerava um belo e grande lago, represado por pedras e cercada por vegetação por todos os lados.
   Felipe e Bernardo logo tiraram a blusa e caíram na água. Flávia e Lauren, acompanhadas de Gustavo desde o café da manhã, estenderam uma canga próxima ao lago. Lauren, Bruna e Flávia tiraram a roupa e as duas primeiras se sentaram. Mauro deu um beijo na namorada e entrou na água.
   — Não vai entrar, Lauren? — perguntou Gustavo.
   — Não... Não sou muito chegada à água gelada. — Ela fez uma careta.
   — Nem eu — disse Bruna, olhando o namorado dentro do lago.
   — Pois eu adoro — comentou Flávia, entrando de uma vez na água.
   — Você se importa se eu for? — perguntou Gustavo baixinho para Lauren.
   — De jeito nenhum. Vai lá, desde que não me faça entrar.
   — Jamais vou te obrigar a isso. — Ele sorriu, deu um beijo nos lábios dela e entrou.
   — Que fofo. — Bruna sorriu.
   — Demais. — Lauren suspirou, feliz.
   Carla e Luigi estavam parados atrás delas, em pé.
   — Carla, vou entrar. Você vai?
   — Deus me livre, esta água deve estar supergelada. Além do mais, vai que aparece algum bicho.
   — Não tem bicho, Carla, no máximo alguns pequenos insetos.
   — E inseto é o quê? — Ela fez uma careta. — Além do mais, você sabe que eu passei aquele creme no meu cabelo, não vou entrar — disse Carla, pegando as pontas do cabelo para olhar.
   — Isso é frescura, já disse que seu cabelo está ótimo.
   — Não está. Ele está super-ressecado, nunca ficou assim. Você sabe disso.
   As meninas olhavam aquela discussão sem nexo. Bruna controlava o riso enquanto Lauren reparava no cabelo de Carla.
   — Você fica passando coisas demais no cabelo, por isso ele está assim. — Luigi era paciente com a namorada.
   — Viu? Você mesmo acabou de falar que meu cabelo está estranho! — Carla fez uma voz manhosa e Luigi virou os olhos. — Não sei por que meu cabelo anda estranho. Minhas unhas também, não param de quebrar e lascar.
   — Bom, eu que não entendo nada desse papo de mulher, vou entrar na água.
   Luigi se esquivou das reclamações de Carla dando-lhe um beijo e entrando na água. Carla foi para uma pedra, um pouco distante das meninas.
   — Não quer sentar com a gente? — perguntou Lauren. Carla apenas a olhou com desprezo e balançou a cabeça, negativamente.
   — Essa garota é estranha demais. Não sei qual é a dela — cochichou Bruna.
   — O problema é que ela tem medo de qualquer menina roubar o Luigi.
   — Sério? Cruzes... Ela é doente então. — Bruna e Lauren riram alto, o que fez Carla, mesmo sem ter escutado o que conversavam, fechar ainda mais a cara para as duas.


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   Após nadar um pouco, Flávia se sentou em uma pedra próxima à queda d'água. Ficou ali parada, com os olhos fechados, sentindo o sol aquecer sua pele em contraste com o frio de algumas pequenas gotas que salpicavam em seu corpo, vindas da cachoeira. Logo sua concentração foi atrapalhada pela chegada de Luigi, que se sentou ao seu lado.
   — É lindo aqui, não?
   Flávia apenas balançou a cabeça, concordando. Mesmo de olhos fechados, sentia o olhar dele sobre ela. Tinha certeza de que o sorriso com convinhas estava ali em seu rosto.
   — Eu gosto de estar em contato com a natureza — disse, olhando finalmente para Luigi. Flávia riu, devido à alusão do que havia dito à filosofia Wicca. Estou cada vez mais "bruxa", só não estou percebendo isto, pensou.
   — Deu para perceber que você fica à vontade aqui na cachoeira. Aliás, você foi a única menina que não teve medo de água fria. — Ele sorria para ela, mostrando as covinhas. O sol fazia o verde dos seus olhos ficarem mais intensos e Flávia desviou o olhar, virando o rosto pra frente e encarando Carla.
   — Acho que sua namorada não está gostando da nossa conversa — disse, indicando Carla e reparando o quanto ela olhava para os dois do outro lado do lago, com uma expressão de raiva.
   — Deixa. — Ele deu de ombros. — Ela pode até achar que sim, mas não manda em mim.
   — Se ela pudesse, me lançava um raio com os olhos e me matava agora mesmo — sussurrou Flávia. Luigi deu uma gargalhada alta. Todos olharam para eles. — Isso, vai Luigi, atiça ainda mais a raiva dela.
   — Você se importa? — perguntou ele, ainda rindo.
   — Não. Quem vai aguentar a Carla reclamando e brigando vai ser você.
   — É verdade. — Ele viu Felipe nadando a poucos metros dos dois. — Seu namorado parece não se importar.
   — Ele não é meu namorado — disse Flávia, com raiva na voz. Pensou em responder algo rude, mas Gustavo chegou e se sentou com os dois, perto dos pés de Flávia.
   — Este lugar é mágico.
   — Também acho, Gust. — Flávia se virou para o amigo, ficando de costas para Luigi, que se intrometeu na conversa.
   — É, aqui é lindo demais — disse Luigi, puxando Flávia de modo que desbloqueasse sua visão para Gustavo. O gesto quase a fez cair, mas Luigi a segurou e ela ficou presa em seus braços, praticamente deitada. Ele tentou ignorar o olhar fulminante que ela lhe deu e ficou segurando-a por um tempo. O contato da pele de Flávia com a dele fez algo parecido a uma corrente de eletricidade passar pelo seu corpo. Luigi teve vontade de beijá-la ali mesmo, mas resistiu e desviou o olhar para Gustavo. — Eu quero falar com você desde ontem, mas de noite você estava um pouco ocupado. — Os dois riram. Luigi olhou para Flávia que permanecia quieta, encarando-o. Tentou decifrar sua expressão, mas não conseguiu. Balançou a cabeça e continuou conversando com Gustavo. — Conversei com o Felipe e o Mauro, e como você está procurando lugar para morar, pensei em você ir lá para casa, morar com a gente. Tem um quarto sobrando.
   — Você está falando sério? — Gustavo olhou espantado para ele, sorrindo. Flávia se sentou dos braços de Luigi e também o olhou espantada. Ele percebeu que o espanto de Gustavo era alegria, o de Flávia era de... raiva?
   — Sim. Se quiser, será bem-vindo — disse, fixando seus olhos em Flávia, que desviou o rosto e olhou para frente.
   — Claro que quero! Olha que máximo, Flávia, não é demais?
   — É. Demais mesmo. — Ela voltou a olhar com raiva para Luigi, que não estava mais se importando com isso.
   De longe, Carla observava o modo com Luigi olhava e falava com Flávia. Não estava gostando. Ao reparar bem na cena, teve uma sensação ruim e começou a ficar desesperada. Sem querer, notou que havia acontecido o que tanto temia: a alma gêmea de Luigi aparecera. Carla ficou atordoada. Não sabia o que fazer naquele momento e ficou ali parada, apenas observando. Mil coisas passavam pela sua cabeça, mas não conseguia pensar com clareza. Seu pior pesadelo estava tomando forma e começando a virar realidade. Fechou os olhos, respirou fundo e virou o rosto para o lado. Aquela cena a machucava.
   Viu Lauren olhando para ela e depois para Flávia e Luigi. Carla se desesperou ao ver Lauren balbuciar as palavras "Meu Deus". Ela havia percebido tudo, também sabia. Com raiva nos olhos, Carla encarou Lauren, como se dissesse que a mataria caso revelasse algo para Flávia. Lauren entendeu e assentiu, voltando a conversar com a Bruna. Não planejava mesmo contar nada para a amiga, pelo menos por enquanto.


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   Carla chegou em casa desesperada. Encontrou Carmem na cozinha, fazendo um sanduíche.
   — Mãe, você precisa me ajudar — disse, jogando a mala no chão ao lado da geladeira.
   — O que aconteceu? Você está branca! A viagem foi ruim?
   — Aconteceu o pior. Ela está aqui.
   — Ela quem?
   — A alma gêmea do Luigi! — berrou Carla.
   Carmem suspirou e puxou a filha, fazendo-a se sentar.
   — Você tem certeza?
   — Tenho. Você precisava ver os dois na cachoeira, o jeito de eles se olharem, de conversar... E a idiota da Lauren sabe disso também.
   — A Lauren? Não estou entendendo nada, me explica isso direito. O que a Lauren tem a ver com isso?
   — A Flávia, a alma gêmea do Luigi. Ela é amiguinha da Lauren.
   — Entendi. — Carmem balançou a cabeça, andando de um lado para o outro na cozinha. — O Luigi? Como ele está em relação a esta menina?
   — Eu não sei... Eu já vi os dois conversando, acho que por enquanto é só amizade. Parece que ela gosta do Felipe.
   — Hum, então essa paixão por esse Felipe está atrapalhando o caminho que a leva ao Luigi. Isso é bom.
   — Eu sei, mas isto não vai durar a vida toda, ainda mais que o Felipe é instável. Eles ficam às vezes, mas ele não assume namoro. Uma hora, ela pode cansar e começar a reparar no Luigi.
   — Carla, este é um risco. Você sabe muito bem disso. Você sempre soube que um dia ele encontraria sua alma gêmea, mesmo com toda as magias para afastá-los.
   — Eu sei, mas você me prometeu que eu ficaria com o homem que amo. Você prometeu que ele não ficaria com sua alma gêmea, mesmo que a encontrasse.
   — Eu prometi e vou ajudar, calma. Se depender de mim, ele não te larga nunca. Só temos de ter certeza primeiro se realmente é ela, para podermos afastá-la dele.
   — Eu tenho certeza, eu senti, eu vi. — Carla se levantou, não conseguia ficar parada. — Por que tem de acontecer tudo de uma vez? Já não basta a droga do meu cabelo estar seco, quebradiço, um horror, minhas unhas também andam estranhas e agora essa menina surge do nada para me deixar pior?
   — Calma. Já estamos tentando melhorar seu cabelo e suas unhas. E vamos conseguir afastar essa menina do Luigi, se ela for mesmo sua alma gêmea, mas primeiro vamos ter certeza. — Carmem foi até o quarto e voltou segurando uma vela laranja. — Pergunte às salamandras. Elas lhe darão a resposta.
   — Não é melhor irmos para o ar livre?
   — Você vai aguentar esperar?
   — Não. Quero saber agora.
   — E o que você vai fazer se for sim?
   — Eu sei que é sim.
   — Se a chama ficar muito grande, as chances de separá-los serão poucas, mesmo com todas as magias que conhecemos.
   — Eu sei disso. E estou torcendo para não ficar tão grande.
   Carla pegou a vela e colocou em um suporte. Fechou os olhos e se concentrou por alguns segundos, pensando em Luigi e Flávia, e a acendeu. Carmem se afastou, para não atrapalhar a magia.
   — Peço ajuda aos ciganos e às salamandras. Peço que clareiem meus pensamentos e eliminem minhas dúvidas. Preciso saber se a Flávia é a alma gêmea do Luigi. — Carla abriu os olhos e ficou vigiando a chama da vela. Depois de um instante a chama ficou alta, muito alta, como Carla nunca tinha visto. — Pelas Deusas, mãe... A resposta é sim, mil vezes sim. — Carla correu para os braços de Carmem, aos prantos.



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Autor(a): biiviegas

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • _Estefani_Silva Postado em 19/10/2017 - 10:09:37

    Meu Deus!!!! Eu amo esse livro <3 <3


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