Fanfic: Até eu te encontrar | Tema: Romance, realidade, misticismo, bruxaria, wicca, amor, suspense, aventura
Na segunda-feira, após o almoço, Lauren decidiu ir até a MinaZen, conversar com Sônia. Entrou na loja e a encontrou arrumando algumas coisas nas prateleiras atrás do balcão. Rabisco descansava em uma almofada nos fundos da loja e levantou a cabeça ao ver a menina, balançando o rabinho. Quando ela parou em frente ao balcão, o maltês voltou a deitar.
— Oi, Sônia!
— Oi! Como foi a viagem? — Sônia exibia um sorriso, já sabendo o que ouviria.
— Para que a pergunta se você já sabe a resposta? — A felicidade era evidente no rosto de Lauren. — Nós estamos namorando.
— Eu te falei para ter paciência que este dia chegaria.
— Nem acredito. Foi tudo perfeito.
— Você merece ser feliz.
— Concordo com você. — As duas riram. Neste momento, Carla entrou na loja e fez uma careta ao ver Lauren ali.
— Quero três velas laranja e dois pacotes de pó do amor — disse, em tom arrogante.
— Anda incomodando muito as salamandras? — perguntou Lauren. Carla ignorou o comentário e Sônia lhe lançou um olhar de repreensão.
— Carla, Carla. Você ainda insiste nisso? Você sabe que não vai adiantar nada. — Sônia balançou a cabeça negativamente.
— Não me interessa sua opinião. E guarde suas adivinhações de bruxa para quem pede — disse Carla, olhando para Lauren.
— Já te falei várias vezes. Não se pode fazer magia para interferir na vida dos outros sem sofrer as consequências.
— Dê o que eu pedi e pronto. Não vim aqui para escutar sermão. Se não quer vender, vou até Belo Horizonte ou Juiz de Fora ou compro pela internet.
Sônia balançou novamente a cabeça. Pegou o que Carla queria, embrulhou e entregou a ela, que saiu da loja dando passos fortes.
— Não sei por que você continua vendendo para ela. Deixe que compre em outro lugar. — Lauren suspirou.
— Esta é a única loja esotérica de Viçosa e não posso negar venda a uma cliente.
— Pode sim, se ela está prejudicando a vida dos outros.
— A única vida que ela está prejudicando e vai prejudicar é a dela mesma.
— E a da Flávia? E a do Luigi?
Sônia se espantou com o comentário de Lauren.
— Então você já sabe?
— Sei. — Lauren balançou a cabeça. Olhou em direção à porta, como se estivesse se certificando de que ninguém entraria. — Descobri ontem. Na verdade, a Carla me ajudou a descobrir. Não tinha como não perceber. — Lauren contou sobre os olhares de Carla para Flávia e Luigi na cachoeira, e o modo como eles pareciam se completar quando estavam conversando sozinhos. — Você sabe há muito tempo que é o Luigi?
— Desde que eu o vi na vida de Flávia, aquele dia na sua casa. Eu sabia que a alma gêmea dela estava por perto, mas apenas naquele dia vi seu rosto, ao ver uma imagem dele ao lado dela.
— A Flá não gosta dele. Engraçado isso.
— Ela acha que não gosta.
— Mas ela tem a maior implicância com ele. Como pode?
— Com o tempo, ela vai ver quem ele é. No momento, a Carla está interferindo nisso. Se não fossem as magias que ela faz, provavelmente eles já estariam juntos.
— Então, é o que eu falei! Ela está prejudicando os dois.
— Não, prejudicando não. Ela está atrapalhando no momento, apenas isso. Mas eles têm a vida toda para ficarem juntos. É apenas uma questão de tempo.
— Mas e se a Carla conseguir? E se a Flá continuar detestando o Luigi? A gente tem de fazer algo, Sônia.
— Isso não cabe a mim nem a você. — Sônia suspirou quando Lauren cruzou os braços. — Lauren, não podemos interferir em nada. Existe muita magia envolvida. A Flávia é forte, pode se cuidar sozinha.
— Será?
— Pode sim. Não se preocupe, ela ficará bem.
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O sol prometia ficar forte na quarta-feira e Flávia aproveitou para ir a pé para a UFV, enquanto o início da manhã ainda estava fresco. Ela caminhava em direção à universidade quando escutou uma buzina. Ao virar para trás, viu a caminhonete de Luigi encostando. Ele baixou o vidro do carro e sorriu.
— Quer uma carona?
— Eu deixei meu carro em casa para ir a pé e agora vou pegar carona?
Luigi não respondeu, apenas desceu do carro. Flávia reparou em como ele estava bonito naquele dia, embora usasse uma calça jeans surrada e um moletom verde-escuro. Nos pés, uma bota marrom.
— Você só compra roupa verde para realçar seus olhos? — perguntou, se arrependendo no mesmo instante. Não queria demonstrar que vinha reparado nele.
Luigi fez uma cara de espanto e olhou para o moletom que usava.
— Na verdade, esta blusa era do Ricardo...
Flávia engoliu em seco, aumentando ainda mais o arrependimento pela pergunta fora de hora, mas ele pareceu não se importar.
— Vem, quero te mostrar um lugar — disse, praticamente empurrando-a para dentro da caminhonete. Sem ter como escapar, Flávia se sentou e fechou a porta.
— E a aula?
— Fica pra semana que vem. — Ele entrou no carro e colocou o cinto de segurança. — Não se preocupe, o Gustavo mudou lá para casa ontem e eu o intimei a copiar tudo hoje. É uma forma de retribuir a nova moradia.
— Luigi seguiu em direção à saída de Viçosa.
— Aonde você está me levando? — Flávia estranhou.
— Relaxa, não vou te sequestrar.
Após andarem alguns minutos em uma estreita estrada de terra, chegaram a uma clareira com uma pequena cachoeira. Flávia saiu do carro e observou o local. Luigi chegou ao seu lado rapidamente.
— Nossa, como é bonito aqui! E calmo.
— Eu sabia que você ia gostar. — Ele tirou a blusa de moletom, o sol já estava um pouco forte àquela hora. Jogou o casaco dentro do carro, através da janela aberta. Flávia notou que ele usava uma camisa verde-claro por baixo.
— Não falei? — Apontou para a camisa e ele riu.
— Eu não faço de propósito. Para dizer a verdade, nunca havia reparado nisso.
— Sei. — Ela se virou para observar mais a cachoeira. Aproximou-se da margem do pequeno lago formado pela retenção das águas que caíam ali.
— Eu sempre venho aqui quando quero me desligar dos problemas, do mundo. Descobri por acaso, uma vez que tive uma briga feia com a Carla. Saí dirigindo sem rumo e vim parar aqui — disse Luigi, como se estivesse confessando algo para si mesmo.
— É muito bonito... — Flávia se abaixou para sentir a temperatura da água e um arrepio percorreu seu corpo. Fria, como imaginou. Luigi tirou as botas, as meias e a camisa.
— Vem — chamou e estendeu uma das mãos para ela.
— Aonde?
— Nadar — disse, como se fosse uma coisa óbvia.
— De roupa?
— É, o que é que tem de mais?
— Você é maluco!
— Vai dizer que você nunca nadou de roupa?
— Já, mas... — Flávia mordeu o lábio inferior, hesitante.
— Então, o que tem? Eu trouxe toalha no carro, não tem problema. — Ele deu de ombros. — Se quiser tirar a roupa, eu não me importo. — O sorriso malicioso dele sumiu ao perceber que Flávia não havia gostado da brincadeira. — Desculpa, era só para descontrair o ambiente.
Flávia ficou parada, pensando. Usava uma calça jeans, uma blusa de manga curta preta e uma jaqueta jeans. No pé, tênis. A cachoeira estava convidativa e a vontade de entrar falou mais alto.
— Ok.
Flávia tirou a jaqueta e o tênis e entrou na água, sentindo o frio percorrer todo seu corpo. Não se importou e mergulhou. Luigi sorriu e entrou atrás dela. Os dois nadaram por algum tempo, às vezes brincando um com o outro, às vezes sozinhos. Depois, se sentaram em uma pedra para escorrer o excesso de água das roupas e secarem um pouco ao sol. Ele ficou olhando para ela.
— Eu acho esse seu colar muito bonito. Tem algum significado esta estrela?
Flávia olhou para baixo, pegando o pingente na mão.
— É um pentagrama.
— Bonito... Presente de algum fã?
— Não... Minha mãe me deu quando fiz cinco anos, dizendo que era para me proteger. Foi o último presente que ela me deu.
Luigi percebeu um pouco de tristeza no olhar de Flávia e decidiu mudar o assunto. Não queria vê-la de baixo-astral naquele dia.
— Foi mais fácil do que eu pensava — disse ele, sorrindo maliciosamente com o canto esquerdo da boca.
— O quê?
— Te convencer.
— Não precisa de muito para me convencer a entrar em uma cachoeira. Eu amo água, adoro nadar. Acho que em outra vida fui um marinheiro. Ou um peixe.
— Pois eu acho que você foi uma sereia que enfeitiçava os homens. Como faz hoje em dia.
Ele a encarou e Flávia prendeu a respiração por um momento. Os dois ficaram se olhando e ela percebeu Luigi se aproximando. Sem pensar muito, se levantou.
— Acho que está na hora de irmos embora — disse, indo para perto da caminhonete.
Autor(a): biiviegas
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