Fanfics Brasil - Capítulo 2 Até eu te encontrar

Fanfic: Até eu te encontrar | Tema: Romance, realidade, misticismo, bruxaria, wicca, amor, suspense, aventura


Capítulo: Capítulo 2

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  semana correu tranquila. A amizade com Gustavo crescia a cada dia e Flávia ficou contente por tê-lo conhecido logo. Ela aproveitou a ausência de aulas no seu horário na quinta-feira para colocar a casa em ordem. Havia decidido comprar um apartamento em Viçosa com parte da herança de sua mãe, que falecera em um acidente de carro junto com seu pai quando ela tinha cinco anos. Optara pela compra porque possuía dinheiro para isto, era melhor do que ficar pagando aluguel; afinal, ficaria na cidade por, pelo menos, cinco anos. Encontrou um simpático apartamento de dois quartos quase no final da Santa Rita, uma larga avenida com duas pistas separadas por um grande canteiro central. O que mais lhe agradou foi a sacadinha que ele possuía. Não era muito grande, mas deu para colocar um poltrona confortável e aconchegante, onde poderia descansar no final da tarde vendo o movimento da rua.
   Flávia acordou por volta das dez da manhã, desencaixotou algumas coisas e depois fez um macarrão com molho de tomate para almoçar. Descansou e retornou a arrumação. No final da tarde, decidiu ir até uma padaria próxima comprar algumas coisas para lanchar e para o café da manhã do dia seguinte.
   Saiu de seu apartamento e se assustou com uma pequena lambida na sua perna. Olhou para baixo e viu um maltês muito branco abanando o rabo.
   — Rabisco! — Uma mulher de cerca de 40 anos falou em tom de repreensão. — Desculpa, ele te assustou?
   — Não, imagina. — Flávia se abaixou para brincar com o cachorro, que aceitou prontamente suas carícias.
   — Ele não é assim, geralmente é bem desconfiado. Acho que gostou de você.
   — Não tem problema, adoro cachorros. E fico feliz em saber que ele gostou de mim. — Flávia se levantou.
   — Eu me chamo Sônia, sou sua vizinha de andar.
   — Flávia.
   As duas se cumprimentaram e Sônia ficou olhando para Flávia.
   — Bonito colar.
   Flávia olhou para baixo e tocou o pequeno pingente que havia no colar que usava.
   — Presente da minha mãe... é um pentagrama.
   — Sim, eu sei.
   — Minha mãe adorava pentagramas. Gostava de vários símbolos, mas o pentagrama era o que gostava mais. Embora fosse muito pequena quando ela me deu, lembro que disse que era para dar sorte.
   Sônia sorriu.
   — Eu tenho uma loja de produtos esotéricos aqui na Santa Rita mesmo. Chama MinaZen. Se quiser, passa lá depois.
   — Ah, sim, já tinha visto. Estava mesmo nos meus planos. Adoro incenso, velas aromáticas.
   — Estarei te esperando lá então. — Sônia se despediu. — Vem, Rabisco — chamou ela, e Rabisco saiu saltitando, abanando o rabinho.
   Flávia ficou um tempo parada no corredor, lembrando dos pais, do acidente terrível e do quanto seus tios foram bondosos, cuidando dela esses anos todos. Balançou a cabeça e foi em direção à padaria, que ficava perto de sua casa. Lá, parou diante do vidro do balcão e observou a variedade de pães e doces.
   — Indecisa, Caloura? — Uma voz falou alto. Flávia olhou rapidamente para trás e viu Felipe parado, encostado na entrada da padaria, com as mãos no bolso. Ele exibia aquele lindo e largo sorriso no rosto.
   — Isso, fala mais alto, que o pessoal em Belo Horizonte não ouviu que eu sou caloura.
   — Relaxa, a fase de trotes já passou. — Ele se aproximou e deu um beijo em sua testa.
   — Não tenho medo de trotes.
   — Então segunda eu devia ter te deixado entregue aos tubarões.
   — Hum, vou ter de ficar te agradecendo pro resto da vida?
   — Não, me convidar para lanchar na sua casa com tudo pago já basta. — Ele aumentou o sorriso, se é que isto era possível.
   — Ok, está convidado. Deixa só eu escolher o que comprar.
   — Leva o pão de queijo. É bom demais.
   — Ei, eu convido, eu escolho o cardápio.
   — Ah, mas o pão de queijo daqui é maravilhoso. Eles colocam queijo por cima do pão antes de assar. Fica muito bom.
   — Tá, já me convenceu. — Flávia suspirou. Levou vários pãezinhos de queijo, mussarela, presunto e pão de sal.
   — Não sei pra que tanta coisa; você vai ver, vamos comer só o pão de queijo — disse Felipe, pegando as sacolas das mãos de Flávia.
   — Você parece uma criança, sabia?
   — Sabia. — Ele riu. — Está de carro?
   — Não, moro aqui pertinho, na Santa Rita mesmo.
   — Sério? Eu moro ali, na rua de cima — ele apontou. — Você sempre mora perto de mim. Acho que está me perseguindo.
   — Nem vou comentar esta.
   Chegaram à casa de Flávia, e Felipe reparou no sofá-cama azul que havia na sala, encostado à parede esquerda, em frente a uma televisão, que estava em um rack à direita. Uma mesinha de jantar pequena, para quatro pessoas, ficava ao lado do sofá, atrás da porta que Flávia havia fechado.
   — Podemos comer o pão de queijo vendo TV?
   — Criança. — Flávia não conseguia parar de rir de Felipe. Ao mesmo tempo que parecia um bom homem, fazia coisas que lhe lembrava um menino.
   — Eu juro que não deixo cair nem um farelo no chão.
   — Ok. O que você quer beber?
   — O que você tem?
   — Suco, refrigerante, leite.
   — Cerveja?
   — Cerveja não combina com pão de queijo.
   — Cerveja combina com tudo.
   Flávia virou os olhos.
   — Hum, tem suco de uva? — perguntou ele.
   — Não.
   — Não? Você disse que tinha suco.
   — Mas não de uva. Eu não gosto de suco de uva.
   — Mas por quê?
   — Sei lá... Não gosto, não tem um poquê.
   — Que ser humano não gosta de suco de uva?
   — Eu, Felipe, eu. Vou trazer refrigerante.
   Flávia foi para a cozinha e trouxe dois copos e a garrafa de refrigerante, colocando tudo em cima de uma pequena mesinha de vidro que ficava entre o sofá e a TV.
   — Você mora sozinha?
   — Sim — respondeu ela, sentando ao lado dele no sofá.
   — Não sente solidão?
   — Bom, não tem nem uma semana que estou aqui, então ainda é cedo para falar.
   Ele balançou a cabeça, concordando.
   — Eu sou a primeira visita que você recebe?
   — Sim.
   — Hum, que honra!
   — E você? Mora só com o Mauro?
   — Não, sou eu, o Mauro, o Luigi e o Ricardo. — Felipe rapidamente mudou de assunto. — Vai à calourada hoje? Eu não te vi lá essa semana.
   — Eu não fui.
   — O quê? Não foi? Tá doida? Em Viçosa não se perde nenhuma festa!
   — Eu tinha muita coisa para fazer, estava um pouco cansada da mudança, desanimada.
   — Não, não, você tem de ir. Acaba amanhã.
   — Eu sei, amanhã eu vou, já combinei com o Gustavo.
   — Gustavo? Quem é esse? Seu namorado? — perguntou ele, em tom malicioso.
   — Não, meu amigo de curso. Ele também tentou me persuadir a ir à calourada todos esses dias.
   — Bom, você o acompanha amanhã, hoje você vai comigo.
   — Ah... Não sei se estou a fim. — Flávia fez uma careta para ele.
   — Não tem de estar, tem de ir. Nós vamos lanchar aqui, você se arruma, depois vamos lá pra casa, que é aqui perto, eu troco de roupa e vamos para a UFV.
   — Você tem o plano todo esquematizado, né?
   — Sim, não adianta dizer não.
   Flávia suspirou e Felipe entendeu isto como um sim. Ficaram vendo TV enquanto comiam e depois Flávia foi se arrumar. Após o banho, vestiu uma calça jeans e uma blusinha azul de alça. Voltou para a sala e encontrou Felipe deitado no sofá-cama.
   — Vejo que já está à vontade.
   — Esse sofá é bom demais! — disse ele, se levantando e dobrando o sofá. — Posso dormir aqui algum dia desses?
   — Tudo para te deixar feliz.
   — Legal. — Ele colocou aquele sorriso no rosto.
   — Só não espere café da manhã na cama.
   — Não tem problema. Tendo esse pão de queijo, está bom demais.
   Eles desceram e Flávia abriu a porta do seu Palio verde-escuro. Entraram e Flávia seguiu para a casa de Felipe.
   — Eu tinha um carro aqui até o ano passado — disse Felipe, um pouco nostálgico.
   — O que aconteceu com o carro?
   Ele não respondeu, apenas levantou o dedo.
   — Minha casa é aquela ali. Aquele é o esconderijo da Máfia — brincou Felipe. Estacionaram em frente a uma casa marrom bem claro. — Vem, o Mauro deve estar na sala vendo TV, vocês ficam conversando enquanto eu me arrumo.
   — Ele vai também?
   — Não, o Mauro é casado.
   Entraram e encontraram Mauro vendo TV. A sala possuía dois sofás verde-claros, dispostos formando um L, um para três e outro para duas pessoas. A TV estava de frente para o sofá maior, que ficava embaixo da janela, enquanto o menor era encostado na parede de frente para a porta de entrada. Atrás dele, na parede, havia um pôster do filme O Poderoso Chefão. Flávia percebeu a alusão à república. Não havia mais nada ali.
   — Não falei que ele estaria vendo TV? Totalmente previsível — disse Felipe, indo para seu quarto. Flávia e Mauro se cumprimentaram e ela sentou no meio do sofá maior. Mauro estava deitado no menor.
   — Indo para a calourada? — perguntou Mauro.
   — Sim. Não quer ir conosco?
   — Não, vou ficar em casa, mais tarde vou falar com a Bruna, ela ficou de me ligar.
   — Ah... o Felipe disse que você é casado...
   — É. Não sei se casado seria a melhor palavra. Eu e a Bruna estamos juntos há muito tempo. Nós temos uma filha.
   — Que fofo. Mas você não sai por isso?
   — Eu saio, sim, mas não sempre, igual os meninos daqui de casa. Sem a Bruna não tem muita graça. Sabe, ela engravidou, sem estar planejado. Mas decidimos arriscar. Eu a amo demais.
   — Fico feliz em ver que deu certo. — Flávia olhou para os lados. — Ainda não conheço os companheiros de república de vocês.
   — Companheiros? Não, tem só o Luigi, mas ele trancou esse ano, volta só ano que vem.
   — Ah. O Felipe disse que eram dois.
   Mauro sentou no sofá e espiou pelo corredor para ver se Felipe vinha. Ele começou a falar baixo.
   — Ele devia estar se referindo ao Ricardo, melhor amigo dele.
   — Isso, era esse o nome. — Flávia sentou na ponta do sofá em que estava para escutar direito o que Mauro falava.
   — O Ricardo morreu ano passado, em um acidente de carro.
   — Nossa! — Ela arregalou os olhos.
   — É. Era o carro do Felipe, ele que tava dirigindo. Ele ficou arrasado. Às vezes, é difícil para ele agir como se o Ricardo não estivesse mais aqui. É por isso que o Felipe não perde mais nenhuma festa, nada. Vive como se fosse para ele e para o amigo.
   — Entendi.
   — O Ricardo era a pessoa mais alegre que eu já conheci, sabe? Era aquele cara amigo mesmo, animado demais. Nunca vi o cara triste. E você podia contar com o Ricardo para qualquer coisa. — Mauro deu outra espiada em direção ao corredor, mas a porta do quarto de Felipe ainda estava fechada. — O Luigi é o irmão do Ricardo. Ele ficou mais arrasado ainda com o acidente. Estavam os três no carro. Ele trancou esse ano e foi viajar, acho que pela Europa, com a mãe, para tentar espairecer, parece que a mãe dele não está nada bem com isso tudo. E ele também. Era apegado demais ao irmão. Os três, o Felipe, o Luigi e o Ricardo, cresceram juntos em Alfenas e vieram para cá. Quando o Ricardo e o Felipe passaram no vestibular, o Luigi veio junto, fazer o terceiro ano aqui.
   — Deve ter sido uma coisa horrível para eles.
   — Se foi! O acidente aconteceu no final do ano, depois das aulas. Eles estavam vindo de Ubá, teve uma festa de uma amiga da Carla, a namorada do Luigi, lá. Ela também estava no carro. Eles se machucaram muito, apenas o Ricardo não sobreviveu. Todos ficaram arrasados. O Felipe ficou um tempo se culpando por tudo. Acho que ele ainda se culpa, por isso age dessa forma, fazendo tudo que pensa que o Ricardo gostaria de fazer.
   — Puxa, não tinha ideia de uma coisa dessas. Ele parece uma pessoa tão feliz!
   — É. Ele sempre foi, não tanto quanto o Ricardo. Acho que agora ele absorveu a alegria dos dois e tenta viver pelos dois.
   Flávia olhou na direção do corredor e sentiu um aperto no peito por Felipe. Este chegou na sala quando eles terminaram de conversar.
   — Vamos? — perguntou, com o sorriso largo no rosto. Flávia ficou feliz por ele não ter escutado nada da conversa.
   — Bom, divirtam-se — disse Mauro.



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Autor(a): biiviegas

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • _Estefani_Silva Postado em 19/10/2017 - 10:09:37

    Meu Deus!!!! Eu amo esse livro <3 <3


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