Fanfics Brasil - Capítulo 3 Até eu te encontrar

Fanfic: Até eu te encontrar | Tema: Romance, realidade, misticismo, bruxaria, wicca, amor, suspense, aventura


Capítulo: Capítulo 3

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  Flávia e Felipe estavam parados no estacionamento do ginásio, de frente para o palco, mas a uma longa distância, onde as pessoas não estavam tão apertadas umas às outras e dava para andar sem esbarrar nos outros, além de poderem dançar livremente. E também onde dava para ficar parado, sem fazer nada, ou apenas conversando, como eles faziam. Felipe bebia uma latinha de cerveja enquanto batucava o pé esquerdo. Flávia estava ao seu lado, com os polegares enfiados nos bolsos da sua calça jeans, os outros dedos livres no ar. A banda tocava rock nacional e ela estava feliz por ter ido.
   — Valeu por me trazer. Estou curtindo.
   Felipe sorriu para ela, um sorriso lindo e largo.
   — Eu sabia que você ia curtir, Caloura. — Ele bebeu mais um gole da latinha e ofereceu para Flávia, que aceitou. — Domingo vou te levar no Leão.
   — O que seria isto? — perguntou ela, bebendo a cerveja e fazendo um pouco de careta. Ainda não conseguia se acostumar com o gosto azedo da cevada.
   — É um bar muito legal que tem aqui. Domingo rola música ao vivo, lota demais. A rua em frente fica entupida, carro sofre para passar lá.
   — Parece interessante. — Ela se contorceu ao pensar no tumulto que devia ser o local. Não curtia muito confusões, gente se acotovelando ao seu redor e aquela sensação claustrofóbica de estar rodeada milhas e milhas por várias pessoas.
   — É legal, sim. — Felipe começou a rir. — Não precisa ficar lá no meio da multidão. Dá para ficar mais atrás, igual estamos aqui. Bom, eu te levo lá e você decide se gosta ou não. De qualquer forma, tem de ir para conhecer, aposto que você vai gostar.
   — Acho que não vou ter mesmo como fugir de você domingo.
   — Certamente que não. Mas o legal de lá é ir durante a semana, no final da noite. Ou seria no início da madrugada. — Ele deu de ombros. — É bom terminar a noite lá, jogar sinuca. Te falei que tem mesa de sinuca lá dentro? — Ele a olhou e Flávia balançou a cabeça negativamente. — Muito legal. Jogar sinuca, tomar um feijão amigo.
   — Caldinho de feijão?
   — Sim. — O rosto dele se iluminou. Flávia percebeu a felicidade de deixar Felipe alegre. Ele realmente era uma pessoa fácil de agradar.
   — Eu adoro caldinho de feijão. E sinuca!
   — Você joga? Não acredito! — Felipe se espantou.
   — Sim. Meu tio é viciado, digamos assim. Ele colocou uma mesa na fazenda. Sempre que vamos para lá, matamos o tempo jogando sinuca.
   — Hum, então vamos fazer um torneio entre nós para ver quem é o melhor.
   — Ah, só nós dois não tem graça.
   — Bom, não sei se consigo tirar o Mauro de casa tanto assim para render nosso torneio. O Luigi e o Ricardo não estão aqui...
   Flávia percebeu a expressão de Felipe mudar e ela não queria vê-lo triste.
   — O que mais tem para fazer aqui? Além do Leão? — A estratégia deu certo. A pergunta fez o rosto de Felipe mudar e voltar a exibir aquele sorriso de que ela tanto gostava.
   — Tem coisa demais, é só procurar. Sempre rola festa da UFV. Dos formandos, sabe, mas também dos cursos. Churrasco na casa dos amigos também. Quando não tem nada para fazer, o povo arruma algo. Acho que o fato de estar todo mundo longe de casa ajuda. Tem também o Galpão. Nossa, eu amo aquele lugar. Tem o Lenha, ali perto de casa, na sua rua, você já deve ter visto. De dia é restaurante por quilo, de noite também funciona como restaurante mais para barzinho; às vezes, tem música ao vivo. É bom que dá para voltar a pé bêbado para casa. — Os dois riram.
   — Já vi que você é uma espécie de agenda cultural de Viçosa.
   — Querendo saber de festas, basta falar comigo. — Felipe olhou para ela, orgulhoso. — E em Lavras? Você saía muito lá?
   — Mais ou menos.
   — Eu já fui muito lá, antes de passar no vestibular aqui em Viçosa.
   — Sério? — Flávia gostou do que escutou. Era bom saber que alguém naquele lugar possuía uma ligação com sua antiga vida, de alguma forma. Nem que fosse com sua cidade.
   — É. Você conhece o Macarrão?
   — Quem em Lavras não conhece o Macarrão?!
   — Pois é. Eu namorei a Samantha, a irmã dele.
   — Oh. — Flávia não conseguiu esconder dele o espanto no rosto. — Então você é o cara de Alfenas que ela namorou. Eu me lembro de você!
   — Jura?
   — Sim! Eu sabia que já tinha te visto em algum lugar, mas não associei.
   — Faz muito tempo. — Ele deu de ombros novamente.
   — Sim... — Ela olhou para ele um pouco distante. — Posso fazer uma pergunta?
   Felipe balançou a cabeça.
   — Você jura que não vai se ofender?
   — É difícil eu me ofender.
   — Como você aguentou a Samantha tanto tempo? Ela é insuportável!
   Felipe olhou para Flávia por alguns segundos e começou a rir. Ele não conseguia se controlar e ria cada vez mais alto, fazendo as pessoas em volta olharem para ele. Flávia olhou ao redor, com um sorriso sem graça no rosto.
   — Essa é boa. — Ele tentou recuperar o fôlego. — Sabia que você não é a primeira a me perguntar isso? O Ricardo e o Luigi não a suportavam e viviam me perguntando como eu aguentava a Sam. — Felipe parou de falar, com a mão no peito, ainda tentando recuperar o ar depois de rir tanto. — Sei lá, Caloura. Acho que essas coisas de apaixonar fazem isso com você. Simplesmente não vemos os defeitos das pessoas enquanto estamos junto delas.
   — Ah... Então você foi apaixonado por ela?
   — Eu acho que sim. Bom, foi namorico de adolescente, primeiro namoro, mas hoje não tem mais importância. Aliás, hoje acho que consigo ver como ela tinha algumas atitudes chatas mesmo.
   — Algumas? Deus me livre, aquela garota é uma mala sem alça.
   Felipe continuou rindo de Flávia. A cerveja acabou, mas ele não foi pegar outra logo em seguida. Olhou para Flávia e parecia que ia começar a falar algo quando ela percebeu uma mudança em sua expressão. Virou para trás e percebeu uma garota se aproximando dos dois. Era um pouco mais alta que Flávia, mas não muito, e tinha o cabelo comprido, liso e loiro. Ela parou ao lado de Flávia, mas ignorando-a completamente.
   — Felipe, Felipe, você não perce uma. — A voz era em um tom de desaprovação e Flávia pensou por alguns segundos quem era ela afinal, para falar com o Felipe daquele jeito. Uma ex-namorada? Prima? Irmã?
   — Qual é, Carla, seu namorado está a quilômetros de distância. Não me torra. — A expressão dele era de raiva.
   Carla. Flávia se lembrava desse nome, pela conversa com Mauro, e, pelo que Felipe falou, ela fez facilmente a associação. Era a namorada do tal Luigi, o irmão do Ricardo.
   — Ih, está estressadinho já na primeira semana de aula? — Carla desviou o olhar de Felipe e o pousou em Flávia. Ela a olhou de cima a baixo, analisando cada centímetro seu, com uma cara de desprezo maior ainda do que quando chegou ali.
   — Rolo? — perguntou ela, ainda olhando para Flávia, mas era para Felipe a pergunta.
   — O que isso te interessa? — Felipe suspirou. — Essa é a Flávia, caloura de Agro.
   Flávia ia responder "prazer", embora não tivesse nenhum em conhecer aquela garota que até agora só foi irritante, mas Carla rapidamente tirou os olhos dela e voltou a falar com Felipe, como se ela não estivesse ali.
   — Você falou com o Luigi esses dias?
   — Falei ontem, por quê? — Felipe revirou os olhos.
   — Tem alguns dias que ele não me liga...
   — Ele disse que vai te ligar no fim de semana, então, se eu fosse você, ficaria em casa sábado e domingo, o dia todo ao lado do telefone, esperando.
   Carla esboçou um sorriso, mas percebeu que Felipe estava curtindo com a sua cara. Ela cerrou os olhos e não fez questão de esconder a raiva que sentiu dele. Saiu de perto dos dois pisando fundo e Felipe soltou uma gargalhada.
   — Pega a vassoura que você deixou estacionada em frente ao RU, viu? — disse ele alto, mas provavelmente Carla não ouviu.
   — Quem é ela? — perguntou Flávia, já sabendo a resposta. Foi mais uma reação automática a toda aquela cena que assistiu. Felipe suspirou, olhando na direção de Carla.
   — É a mala da namorada do Luigi. Essa sim, é mala.
   — Simpática, ela — Flávia foi sarcástica.
   — Demais... eu não sei o que o Luigi viu nela. Parece até que a garota fez macumba e enfeitiçou o coitado. Nem o Ricardo aguentava.
   — Bom, lembra da Samantha?
   Felipe balançou a cabeça e ficou alguns segundos pensando.
   — É, agora eu entendo meus amigos. Mas, cara... essa Carla é muito mais insuportável que a Sam.
   — Depende do ponto de vista. O tal do Luigi, pelo visto, não acha.
   — Eu não sei o que deu no meu amigo. Eu pensei que agora, ele longe, o namoro ia acabar. E o cara lá na Europa, cuidando da mãe, a menina não dá um sossego.
   Flávia ficou alguns minutos quieta. Não queria pensar no sofrimento da família de Luigi com a perda de Ricardo. Devia ter sido algo bem difícil. Apesar de ser muito nova na época do acidente de seus pais, se lembrava da dor e do vazio que sentiu durante muito tempo. Ela balançou a cabeça, tentando mudar seus pensamentos, e se lembrou da atitude de Carla. Será que o tal Luigi era tão chato quanto a namorada? Esperava que não, afinal ele morava com Felipe, era um de seus melhores amigos e Flávia sabia que, quando ele voltasse, teria de conviver muito tempo com ele. Seus pensamentos foram interrompidos por uma mão que cutucou seu ombro.
   — O que você está fazendo aqui?
   — Gustavo! — Flávia pulou no pescoço do amigo. — Nossa! Eu estava te procurando.
   — Custei para acreditar que era você mesma.
   — Bom, não tive muita escolha, fui sequestrada na padaria pelo Felipe, que me trouxe aqui. — Ela apresentou os dois, que trocaram um cumprimento de mãos.
   — Aí, Felipe, você conseguiu o impossível.
   — Ai, credo, Gust, você falando até parece que sou uma freira.
   — Não uma freira... mas você fica hibernando em casa e isto não está certo.
   — Concordo plenamente, cara — comentou Felipe. — Ela disse que você ia trazê-la amanhã, mas amanhã está longe demais, então resolvi trazer hoje.
   — Fez bem.
   — Ei, isso é um complô contra minha pessoa? Eu estou aqui ouvindo tudo.
   Gustavo puxou a cabeça de Flávia contra seu peito, dando um abraço na amiga. Uma garota morena, alta e muito bonita se aproximou de Felipe.
   — Oi, Felipe.
   — Olá, Letícia.
   — Não te vi ontem.
   — Eu estava por aí.
   Os dois ficaram se encarando e Flávia e Gustavo trocaram um olhar rápido, percebendo o que estava rolando.
   — Felipe, eu vou até ali com o Gustavo falar com algumas pessoas da nossa turma.
   Felipe a olhou.
   — Ok, Caloura. Amanhã a gente se vê, ok? — Ele deu uma piscadinha para Flávia.
   — Ok. — Ela saiu rindo, balançando a cabeça.



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Autor(a): biiviegas

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  Era Sexta-feira e Flávia voltava para casa em seu último dia de aula na primeira semana em Viçosa. Estava cansada, mas feliz pelos amigos que fizera e pela maneira como tudo estava acontecendo até o momento. Não se arrependia da decisão que tomara, de sair de Lavras e construir sua nova vida em um lugar diferente, com pessoas ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • _Estefani_Silva Postado em 19/10/2017 - 10:09:37

    Meu Deus!!!! Eu amo esse livro <3 <3


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