Fanfic: Até eu te encontrar | Tema: Romance, realidade, misticismo, bruxaria, wicca, amor, suspense, aventura
Flávia passou o sábado em casa. Acendeu um incenso que comprou na MinaZen, como vinha fazendo quase todos os dias, estudou um pouco de Biologia Celular e Química Orgânica e depois ficou lendo A Hora das Bruxas I. Quando escureceu, resolveu deixar os "arquivos Mayfair" de lado e foi se arrumar para o jantar na casa de Sônia.
A expectativa para saber mais sobre seus pais estava deixando-a inquieta. Sempre fora grata aos seus tios por tê-la criado, mas a falta de informações sobre seu passado a incomodava muito. Toda vez que tocava no assunto, seus tios se esquivavam das perguntas, davam respostas vagas ou apenas mudavam de assunto, principalmente quando era sobre sua mãe.
Flávia saiu do banho e foi para o quarto. Não teve pressa em se arrumar, embora a vontade fosse de sair correndo e entrar logo no apartamento de Sônia, mas sabia que era melhor esperar o casal amigo de sua vizinha chegar.
Ela se arrumou com calma, colocando um vestido preto de alças, que descia justo até a cintura e depois abria em uma saia levemente rodada. O decote era quadrado; discreto. Colocou um brinco de argolas médias e uma fina pulseira de prata. Calçou as sandálias de salto e ajeitou seus cachos. Pôs o perfume, pegou a bolsa e deu uma última olhada no espelho, sentindo a ansiedade e o nervosismo crescerem no estômago. Estava pronta. Pronta para saber mais sobre seus pais, pronta para saber toda a história de sua família materna, todo o seu passado, algo que ela não esperava mais descobrir. Respirou fundo e deixou seu apartamento em direção ao de Sônia. Tocou a campainha e esperou apenas alguns segundos. Sônia abriu a porta sorridente, com Rabisco correndo em direção a Flávia.
— Ei, Rabisco, de gravatinha! — Flávia pegou o cachorrinho no colo, reparando no pequeno adereço que ele ostentava em torno do pescoço.
— É claro, ele precisa receber as visitas elegantemente. — Sônia sorriu e abriu espaço para que Flávia entrasse. Ela reparou no casal que estava sentado no sofá. A mulher devia regular idade com Sônia, tinha os cabelos pretos lisos cortados na altura do ombro, enquanto o homem era um pouco mais velho e tinha a pele bem branca. Flávia não precisou de muito tempo para perceber que era estrangeiro, mesmo antes de ele falar um português carregado no sotaque inglês.
— Esta é a Laura e este é o Phill — Sônia apresentou o casal. — Esta é Lauren, filha deles.
Flávia virou na direção do corredor do apartamento e viu lauren vindo lá de dentro. Ela parecia ter a sua idade. O cabelo loiro-escuro bem escorrido e pequenas sardas nas bochechas.
— Não repara na criatividade do nome, mas meu pai é inglês e os dois resolveram fazer uma homenagem à minha mãe — brincou Lauren.
— Eu achei bonito — disse Flávia, com sinceridade. Ela se sentou em uma poltrona que havia de frente para o sofá, enquanto Lauren se acomodou ao lado de seus pais.
— O George está na cozinha, inventando algum cardápio maluco para jantarmos — comentou Sônia, sentando em uma poltrona ao lado de Flávia.
— Tudo que ele faz é ótimo — comentou Laura.
— É verdade... — Phill balançou a cabeça, concordando com sua esposa. Ele se levantou. — Se vocês me dão licença, vou até lá ver se ele precisa de um provador oficial — disse e deixou a sala, para que as mulheres se sentissem mais à vontade. Laura ficou olhando Flávia por um longo tempo.
— É impressionante como você lembra sua mãe.
— A Sônia me falou que você a conheceu também. — Flávia sorriu.
— Sim, conheci Lizzy e seu pai. Era um casal tão bonito...
— Eu quero que vocês me contem tudo que sabem sobre ela.
Sônia e Laura se entreolharam, mas Flávia não percebeu. Sua euforia não deixava que percebesse nada além do fato de estar em uma reunião com antigos amigos de seus pais.
— Bom, não tem muita coisa para contar, além do que eu já te falei — esclareceu Sônia.
— Sua mãe era uma pessoa adorável. Seu pai era bem galanteador, que o Phill não me escute. — Laura riu. Lauren revirou os olhos. — Os dois eram tão perfeitos juntos... Lembro da alegria de sua mãe quando ficou grávida e depois quando você nasceu...
— Você chegou a me conhecer? — perguntou Flávia.
— Não... A última vez que vi sua mãe foi quando ela veio para o enterro do seu avô. Muito triste, ele era uma pessoa adorada aqui na UFV, quase todos de Viçosa foram até Ponte Nova para o enterro. Depois disto, não a vi mais. — Laura deu um longo suspiro. O celular de Lauren começou a tocar e ela, que estava ao lado da mãe, se levantou e foi para a varanda atender. Laura continuou a falar. — Você precisa ir a Ponte Nova. Sônia me disse que você nunca foi lá.
— Não... Mas tenho curiosidade. Só que não conheço ninguém lá.
— Ah, isso dá-se um jeito. Você não conhece ninguém da família da Lizzy lá, Sônia? Mesmo que um parente distante?
— Não sei, acho que não. — Sônia ficou pensativa. — Tem tempos que não vou lá, perdi contato com todo mundo. Mas posso tentar me lembrar de alguém, se você quiser, Flávia.
— Ah, sim, por favor, eu quero muito, Sônia.
— Vou ver o que consigo. Tenho algumas poucas clientes de Ponte Nova, elas devem saber algo. — Sônia sorriu.
— Mesmo que não vá conversar com ninguém, pelo menos conhecer a cidade. Tem de ir, ver o jardim de Palmeiras, seu avô que projetou!
— Sério? — Flávia ficou interessada.
— Palmeiras é um bairro de Ponte Nova. O seu avô fez o projeto do jardim da praça do bairro. Muito bonito.
— Fiquei curiosa para conhecer... Por falar em conhecer, como você conheceu minha mãe, Laura?
— Através da Sônia. Nós éramos amigas já e depois fiquei amiga da sua mãe. Formávamos um quarteto, lembra, Sônia? — perguntou Laura, enquanto Sônia concordava com a cabeça.
— Quarteto? Quem era a outra? Ou outro? — Flávia estava curiosa. Qualquer coisa vindo da sua mãe lhe interessava. Por não conhecer nenhum parente do lado materno, qualquer assunto relacionado a isto lhe despertava atenção.
— Era a Carmem. Ela também é daqui de Viçosa.
— Eu acho que você não a conhece, Flávia — explicou Sônia, e se lembrou de algo. — Mas acredito que você conheça a filha dela, a Carla. Ela estava saindo da minha loja naquele dia que você foi comprar incenso.
— A Carla? — Flávia se espantou.
— É, ela é estranha, né? — comentou Laura. — Minha filha que diz que ela não se dá muito bem com o pessoal da escola. Acho que é culpa da Carmem. Ela ficou muito estranha depois da morte do marido, com essas coisas todas.
Sônia olhou para Laura com um olhar de reprovação e ela percebeu que falou demais.
— Não entendi. Como assim? — perguntou Flávia.
— Ah, besteira de uma mulher viúva, de querer proteger a filha, mimar, dar tudo que ela quer, essas coisas — Laura desconversou. — Depois você tem de ir à minha casa, tenho várias fotos antigas da gente para te mostrar.
— Puxa, quero ver, sim.
— Você não tem nada aí, Sônia?
— Ih, Laura, acho que não. Você sabe como eu sou com essas coisas, não sou de guardar.
— Ah, não tem problema, eu tenho várias, guardo tudo em álbuns, adoro fotografias. Vou falar com a Lauren para marcar com você, quem sabe amanhã mesmo?
— Se não for incomodar... — Flávia estava feliz em ver Laura tão atenciosa e eufórica. Parecia que estava mais eufórica que ela mesma.
— Imagina, não vai incomodar nada!
Lauren colocou a cabeça para dentro da sala.
— Flávia, se já tiver terminado de conversar aí, vem aqui, tá?
— Sim, já estou indo. — Flávia se levantou e foi até a varanda.
— Impressionante como ela lembra demais a Lizzy, não paro de repetir isso — disse Laura, olhando na direção que Flávia foi.
— Sim, eu havia lhe falado. — Sônia abaixou o tom de voz. — Só cuidado com o que fala, ela ainda não sabe tudo da mãe, temos de ir aos poucos.
— Eu sei... Mas ela vai ter de saber. Ela é igual a Lizzy.
— Sim. E a força, você sentiu?
— Sim, maior que da Lizzy. Incrível. Ela teria muito orgulho da filha.
As duas ficaram balançando a cabeça, concordando em silêncio.
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Na varanda, Flávia estava parada ao lado de Lauren, que encerrava seu telefonema.
— Era uma amiga da escola. Ela chamou para ir até o Galpão, parece que a festa lá vai ser boa hoje. Quer ir?
— Você vai agora? — perguntou Flávia, se debruçando na grade, ao lado de Lauren.
— Não, minha mãe me mataria se eu saísse antes do jantar. E a festa também começa mais de noite. Eu pensei em jantarmos e irmos pra lá.
— Pode ser. Não tenho nada planejado para depois do jantar. — Elas ficaram em silêncio. — Você estuda onde?
— No Coluni. Sabe onde é?
— Acho que sim. É dentro da UFV, né?
— Sim, atrás do prédio de Laticínios.
— Você gosta de lá?
— Adoro. Tem muita gente legal. Claro, como tudo lugar, tem gente chata também. Mas é bom, o ensino é bom demais, e o mais legal é estar dentro da UFV, já sentir o clima de universidade dali.
— Você pretende estudar lá depois?
— Sim, quero fazer Nutrição, igual minha mãe.
As duas sorriram. Lauren continuou falando das qualidades do Coluni, enquanto Flávia apenas a observava. Ela sentiu, assim como foi com Felipe e Gustavo, que ali estava nascendo uma grande amizade. As duas foram interrompidas por alguém chamando lá embaixo na rua.
— Fala, Caloura, o que você faz no apartamento dos outros?
Flávia olhou para baixo e viu Felipe parado, sorrindo, com as mãos no bolso da calça jeans.
— Ei, Felipe. Eu te falei que tinha um jantar hoje na casa da minha vizinha.
— Ah, é mesmo... — Felipe balançou os ombros. Olhou para Lauren e a reconheceu. — Mas o que a minha vizinha faz aí na sua vizinha?
Lauren apenas sorriu, acenando para ele. Flávia olhou para ela e novamente para Felipe.
— Não sabia que vocês se conheciam.
— Ela mora em frente à minha casa — disse Felipe.
— Eu não, você que mora em frente à minha. Eu já morava lá quando você veio para cá — Lauren corrigiu.
— Verdade. — Ele balançou a cabeça. — Mas então, Caloura, o que acha de ir ao Galpão hoje?
— Eu e a Lauren estávamos mesmo falando disso agora há pouco.
— Beleza, então você vai?
— Sim.
— A gente se encontra lá.
Felipe ia saindo, quando Flávia o chamou.
— Você veio aqui só para isso? Não era mais fácil ligar para o meu celular?
— Estou ali no Lenha com o Mauro e o Bernardo, aí resolvi ver se você queria tomar um chopinho lá. Mas como já tem programa para agora, a gente se vê mais tarde.
— Ah... — Flávia balançou a cabeça de leve. — Então, até mais tarde.
Felipe acenou para as duas e saiu, indo em direção ao Lenha.
— Quer dizer que você mora em frente ao Felipe? — perguntou Flávia, surpresa.
— Moro, aquela casa branca que tem bem em frente à deles — disse Lauren. — Não sabia que vocês eram amigos.
— Sim.
— Mas você é amiga dele ou do Luigi? Porque você faz Agronomia, né? O Felipe não faz Engenharia de Alimentos?
— Sim, não somos colegas de curso. Digamos que o Felipe me salvou do trote este ano.
— Ah, entendi. Ele é muito comédia, né?
— Ele é um amor — comentou Flávia.
— Hum, senti algo aí?
— Não, imagina. Ele é só meu amigo.
Lauren ficou olhando para ela, sem acreditar muito.
— É sério. Ninguém acredita nisso? Pode, sim, haver uma amizade entre homens e mulheres sem segundas intenções.
— Eu sei, estou só te enchendo. — Lauren riu de Flávia. Ficou pensativa por alguns instantes. — Você chegou a conhecer o Ricardo?
— Não. Só mesmo do que o Felipe fala dele.
— Nossa, o Ricardo era lindo demais, Flávia, um espetáculo da natureza! Eu adorava ficar observando ele da varanda da minha casa. O quarto dele era de frente, ele sempre deixava a janela aberta. Que homem lindo!
Flávia riu do jeito de Lauren falar.
— Eu nunca vi uma foto dele, acredita?
— Sério? Nossa, você tem de ver, ele era lindo demais. Um desperdício o que aconteceu. E uma pena. Ele era muito legal.
— O Felipe não cansa de repetir isso.
— É, parece que eles eram super unidos.
— Eram sim. O Felipe fala que o Ricardo era o irmão que nunca teve. Ele e o Luigi. — Flávia fez uma careta quando falou o nome de Luigi.
— Você não gosta do Luigi? — Lauren se espantou. Flávia ficou alguns segundos quieta, refletindo sobre o que ela havia falado. Nunca havia parado para pensar nisso, mas realmente nutria uma antipatia por Luigi, sem nem saber por quê.
— Não... Eu acho que não. — Flávia sorriu nervosamente. Com a pergunta de Lauren e seu comentário antes, ela reparou que, cada vez que ouvia o nome dele, isso a irritava.
— Parece que sim. Você é a primeira pessoa que eu conheço que não gosta dele. O que ele te fez? — Lauren estava curiosa.
— Na verdade, nada. Eu nem o conheço. Não posso dizer que não gosto dele.
— Hum...
— O que foi?
— Sei lá. É estranho, porque pelo jeito que você falou, parece que não vai com a cara dele.
— Eu nem sei como é a cara dele. — Flávia riu. Realmente aquilo soava estúpido. — Eu acho que não tenho nada contra ele. Mas é que o Felipe só fala dele. É Luigi pra cá, é Luigi pra lá. O menino já tem um nome meio esnobe e ainda tem uma namorada...
— A Carla? Você a conhece? — disse Lauren alto. Flávia se arrependeu de ter tocado nesse assunto. Elas estudavam na mesma escola, provavelmente Lauren a conhecia, podiam até ser amigas.
— Não, bem, eu, é... — Flávia não sabia o que falar.
— Relaxa, eu também não curto muito ela. Aliás, ao contrário do namorado, é difícil achar alguém que goste dela. Acho que só ele mesmo.
Flávia sentiu um pouco de alívio com o que Lauren falou. Tinha gostado dela e queria que a amizade crescesse. Podia sentir que as duas seriam grandes amigas, mas não pretendia estragar tudo no dia em que se conheciam.
— É, o Felipe também não curte muito ela. Nem o Mauro.
— Sério, aquela menina é estranha demais, meio doente... O Luigi tá enfeitiçado por ela.
— O Felipe fala isso — disse Flávia, sem dar atenção ao assunto.
— Fala? O que ele sabe sobre isso? — Lauren se espantou. Ela fez a pergunta um pouco mais baixo do que seu tom de voz normal.
— Sabe sobre o quê?
— Sobre o lance de ela ter enfeitiçado o Luigi.
Flávia estranhou a pergunta e sorriu.
— É só uma brincadeira dos meninos da casa dele. Eles não gostam da Carla e brincam com isso, dizendo que ela fez macumba, feitiço, sei lá o quê, para que o Luigi se apaixonasse por ela. Eles a chamam de bruxa. — Flávia começou a rir, lembrando das conversas que tivera sobre o assunto com Felipe e Mauro.
— Mas isso não é brincadeira, isso é assunto sério.
Flávia parou de rir. Ela percebeu que Lauren não estava rindo.
— Ah, qual é, você não acredita nisso!
— Nunca duvide de nada.
— Fala sério, essas coisas de bruxaria, feitiço, isso não existe.
Lauren ia responder quando George chegou na varanda.
— Meninas, o jantar está pronto. Venham se deliciar.
Lauren decidiu dar o assunto por encerrado, percebendo que Flávia já havia esquecido o que elas falavam havia poucos instantes. Percebeu que era melhor deixar aquilo tudo de lado. Pelo menos, por enquanto.
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Após o jantar, Flávia e Lauren se despediram de todos da casa de Sônia e saíram. Chegaram ao Galpão por volta de meia-noite e meia. A porta tinha um pequeno movimento, mas não estava muito cheio, e conseguiram entrar facilmente. Subiram a escada ao ar livre e Flávia reparou como o local era agradável. À direita, havia algumas mesas e a entrada para o salão de onde vinha a música, e à esquerda, algumas pessoas conversando. Elas encontraram Felipe sentado em uma das mesas, com uma garota. Ele acenou e as meninas foram em sua direção.
— Oi, Caloura, finalmente você chegou. — Felipe levantou, cumprimentando Flávia. Ele olhou para Lauren. — Vizinha.
— Oi, Felipe. Onde estão os meninos? — perguntou Flávia.
— Lá dentro. — Felipe olhou para a garota que estava sentada ao seu lado. — Esta é a Paola.
As duas cumprimentaram a garota, que as olhou de cima a baixo com uma expressão não muito amigável. Flávia e Lauren se despediram de Felipe e entraram no salão, onde havia um bar. À esquerda, havia outro espaço, com o palco ao fundo. A banda tocava rock nacional e várias pessoas dançavam. O espaço era bem rústico, mas Flávia achou bastante diferente e agradável, assim como a parte ao ar livre. Viu Mauro no bar e foi em direção a ele.
— Oi, Mauro — disse Flávia.
— Oi, você veio. — Ele abraçou a amiga. Lauren o cumprimentou apenas balançando a cabeça. Não conhecia Mauro muito bem.
— Está sozinho aí?
— O Bernardo e o Felipe já se arranjaram, fiquei sozinho. Sempre sozinho, a não ser quando a Bruna vem me visitar.
— É isso aí, tem de se manter fiel à namorada — disse Flávia. — Mas agora você não está sozinho, nós te faremos companhia. Você conhece a Lauren?
— Sim, minha vizinha de frente. — Ele sorriu, e Lauren retribuiu. — Na verdade, conheço mais só de cumprimentar. Você estuda no Coluni, certo?
— Sim. E você na UFV.
— Faço Veterinária.
— Eu pretendo fazer Nutrição.
— Legal — disse Mauro. — Mas e aí? Vocês não bebem nada?
— Bebemos, claro. Está muito quente aqui dentro — Lauren concordou.
— Dudu, manda mais duas latinhas aí e dois copos — pediu Mauro a um rapaz atrás do balcão, que rapidamente trouxe as bebidas. Mauro serviu as duas meninas e completou seu copo também. — Um brinde a nós.
Os três bateram os copos plásticos, quando Flávia sentiu uma mão no seu ombro. Ela olhou para trás e viu Gustavo, de mãos dadas com uma garota.
— Flavinha, que bom te ver aqui! Achei que você tinha um jantar hoje. — Gustavo a abraçou.
— Eu tive, mas vim para cá depois.
— Legal. — Ele sorriu. — Esta é a Mirela.
Flávia cumprimentou a garota, que estava sorridente. Ela reparou na diferença entre a atitude dela e de Paola.
— Que bom te conhecer, o Gustavo não para de falar em você.
— A Flavinha é a irmã que eu não tive.
— Posso dizer o mesmo dele. — Flávia virou para trás. — Este é o Mauro e esta é a Lauren, meus amigos.
Lauren virou-se para ver quem Flávia a apresentava e prendeu o fôlego. Ficou olhando para aquele garoto de cabelo castanho-claro, todo arrepiado com auxílio de um gel, que usava uma blusa preta e calça jeans. Ele não era lindo, mas era bem charmoso e ela sentiu as pernas bambas. Nunca havia passado por algo assim antes e se lembrou de Sônia, que sempre dizia que ela conheceria alguém especial através de uma amiga. Havia chegado o dia e assim como Sônia lhe falou, ela o reconheceu de imediato. Na época, achara isso tudo muito estranho, pois conhecia todos os amigos de suas amigas, mas sabia que Sônia nunca errava em suas previsões. Ela estava certa.
Gustavo cumprimentou Lauren e Mauro. Lauren foi acordada de seus pensamentos por Mirela, que a chamava.
— Oi, Lauren, não sabia que você vinha. — Ela deu um beijo na bochecha de Lauren.
— Vocês se conhecem? — perguntou Gustavo, sem se mostrar muito interessado.
— Ela estuda comigo no Coluni. — Mirela sorriu. Lauren tentou retribuir, mas não conseguia sorrir muito. Gustavo mexia com ela de um jeito estranho, mas estava acompanhado. E por Mirela, uma garota bonita e bem legal, de quem Lauren sempre gostou.
— Que bom, assim fica tudo em família — disse Gustavo, dando um beijo na boca de Mirela. Lauren não gostou do que viu.
— O que vocês acham de dançar um pouco? — perguntou Flávia.
Todos concordaram e foram mais para perto do palco, sentir a vibração da banda. Lauren às vezes olhava para Gustavo, que parecia encantado com Mirela. Ela sentia um pouco de ciúmes, mas iria esperar. Ele seria dela, disso tinha certeza desde o momento em que o vira. Já havia esperado até aquele dia para ele aparecer em sua vida, podia esperar mais algum tempo.
Autor(a): biiviegas
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Flávia acordou com o celular tocando. Virou-se para pegá-lo, sem abrir os olhos. — Alô? — perguntou, tentando disfarçar a voz de sono. — Te acordei? — Era Lauren. — Não, pode falar. — Ai, desculpa, não sabia que você estava ...
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