Fanfic: Me Ame Como Sou - (Adaptada) VONDY | Tema: Vondy

— Duke — disse atordoada, enquanto esfregava o nariz um tanto dolorido. — Desculpe-me. Você está bem?

Uma vez que Duke tinha a constituição de um sólido guarda-roupa de madeira maciça e, portanto, considerava-se invencível, limitou-se a abrir um sorriso largo.

— Estou ótimo. — Ele estendeu a imensa mão e afastou-lhe algumas mechas de cabelo solto do rosto. — Desculpe-me quanto a isso.

— A culpa foi toda minha.

Parada ao lado do corpulento Duke, dono de seu metro e noventa e cinco e cento e dez quilos, a irmã mais nova dela, Holly, parecia uma delicada e frágil miniatura.

— Dulce, o que, afinal, você está fazendo? — A irmã olhou para as chaves do carro na mão dela, para as roupas um tanto displicentes e os cabelos em desalinho naquele coque improvisado, e colocou as mãos na cintura fina. — Se tivesse sido qualquer outra mulher exceto você, eu não teria perguntado. A maioria das mulheres não seria vista nem morta usando o que você está vestindo. Mas, sabendo que você não dá a menor importância a sua aparência e, levando em conta que está com as chaves do carro na mão, eu tenho de perguntar.

Por favor, não o faça, pensou Dulce, contendo um suspiro.

A irmã, impecável num elegante terninho pêssego, os cabelos castanhos, realçados por luzes em tons mais claros, brilhando, a maquiagem e as jóias discretas, continuou fitando-a com olhos azuis faiscantes, seu tom acusador:

— Você se esqueceu de que nos convidou para jantar aqui hoje, não foi?

Ela os convidara? Fora mais como se alguém tivesse praticamente torcido seu braço atrás das costas até que o convite saísse de seus lábios. De qualquer modo, era verdade.

— Bem... — Ficar desejando tanto Christopher devia estar afetando o cérebro dela de algum modo.

— Dulce — disse a irmã num súbito tom queixoso e desesperado, como se o mundo tivesse começado a desmoronar a sua volta. — Você prometeu.

Holly estava determinada a fazer com que sua família adorasse seu namorado, Duke, tanto quanto ela. Pelo fato de os pais desejarem apenas o que era melhor para a filha, era improvável que aquilo acontecesse. Mas Holly estava convencida de que, se conseguisse o apoio e a aprovação da irmã mais velha, os pais aceitariam de bom grado o rapaz. Como se ela tivesse toda aquela influência, pensou Dulce, contendo-se para não revirar os olhos. Apenas porque era considerada a sensata da família.

A montanha de músculos... também conhecida por Duke... fez com que as duas entrassem na casa. Para um jogador de futebol americano, era gentil e paciente o bastante. Era bonito também, com seus cabelos loiros, olhos verdes e pele bronzeada. Mas, na opinião de Dulce, a irmã era jovem demais para se concentrar em qualquer outra coisa além de seus estudos na universidade. Cursando o penúltimo semestre da faculdade de Belas Artes, ela deveria estar pensando em sua futura carreira, em conquistar sua independência antes de se unir a um rapaz aficionado por esportes que parecia um tanto alheio a tudo mais. Duke lhe passava a impressão de ser um típico garotão californiano, imaturo demais ainda; de não estar pronto para o tipo de relacionamento estável e duradouro com que Holly sonhava. Era evidente que gostava da bonita jovem, que estivesse até apaixonado, mas aonde aquilo os conduziria naquela fase tão tenra de suas vidas?, perguntava-se Dulce. E como poderia ajudá-los?

— Holly, acalme-se — dizia Duke, despertando-a dos pensamentos. — Talvez Dulce apenas tenha precisado resolver um assunto de último minuto.

Dulce agarrou-se àquela desculpa como se fosse uma tábua de salvação.

— Exatamente. Eu havia esquecido de comprar a sobremesa. Comprei bifes, batata e espigas para assarmos na churrasqueira do pátio. Com a ameaça de chuva, achei que seria melhor preparar tudo na minha grelha elétrica dentro de casa mesmo. Por que vocês dois não começam a pôr as coisas na grelha, enquanto vou rapidamente até a confeitaria mais próxima?

Holly começou a protestar, mas Duke abraçou-a pelos ombros e sorriu.

— Não tenha pressa, Dulce. Iremos nos arranjando até você chegar.

Dulce lançou-lhe um olhar desconfiado. Oh, podia ser sensata, mas não era cega. Conhecia aquele olhar de desejo tanto quanto qualquer mulher. Duke sempre tinha aquela expressão ardorosa no rosto quando estava com Holly. Oh, ela se apressaria, sem dúvida. Não importava que sua irmã já tivesse idade o bastante para tomar suas próprias decisões quanto a sua vida sexual. Dulce não tinha a intenção de ajudar e incentivar.

Deixou a casa rapidamente em direção a seu carro e, mesmo com aquele assunto de família para ocupar sua mente, não pôde deixar de pensar em Christopher. Ele já teria telefonado para outra mulher para lhe fazer companhia? O carro dele permanecia estacionado na vaga, mas as janelas de sua casa estavam escuras.

Ela não sucumbiria como tantas outras mulheres. Sem dúvida, sucumbir seria fabuloso, mas algo temporário demais. E, afinal, Dulce era a sensata da família.

Que maldição.